Bulletproof escrita por _Rouse_


Capítulo 5
Capítulo 5




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    Consegui convencer o gerente a nos dar o último andar, onde seria mais fácil ver o prédio todo, o lugar perfeito para as câmeras de segurança. Era um quarto por dupla. Jenny rapidamente me escolheu. Neal ficou com Matthew, e após muitos protestos Philip aceitou ficar com Joey. Depois de instalar as câmeras no meu quarto, segui para o de Matthew, eu vestia a minha roupa de trabalho, que estava um pouco suja de pó, assim como meu cabelo. Mas nada que me impedisse de ser quem eu sou. Talvez... um pouco (Muito ) metida.

    Entrei sem pedir licença. E por esse ato impensado paguei caro, fechei os olhos com urgência ao ver Neal e Matthew, em uma pequena competição... Bem pequena mesmo. Os garotos correram para se cobrir, os dois vermelhos, Matthew se trancou no banheiro, e deixou Neal do lado de fora, se contorcendo. Mas não demorou muito para Neal perceber a inutilidade de ficar batendo a testa na porta, então se escondeu debaixo da cama.

- O que você veio fazer aqui?! – Neal reclamou.

- Nada não Cmzinho.

- Do que você me chamou?

- De Cmzinho.

- Por quê? – Neal corou.

- Vocês usaram uma régua ou uma lupa? – Zoei.  Tomei coragem, e me esforçando para não fazer careta, segui até a janela.

- Veio fazer o que?! – Neal cuspiu as palavras.

- O que você não estava fazendo, meu trabalho.

- É meu trabalho cuidar do menino.

- Você mesmo disse: Cuidar, e não tirar a virgindade da criança!

- Cala a boca.

- Calma Cmzinho, Calma. Não se irrite. Graçinha.

- Graçinha?!

- É. No diminutivo.

- Humpf. – Neal se irritou e cobriu a cabeça com as mãos.

- Isso. Cobre a cabeçinha. – Comentei.

- Humpf! – Neal soltou um muxoxo.

    Ignorei-o, e depois de espiar pela janela, amarrei meu cinto especial na maçaneta da porta do banheiro. Chequei se o nó estava firme, e se o cinto, agarrado em minha cintura, estava bem preso. Com um sorriso felino ativei as garrinhas nas pontas dos meus tênis, que me ajudariam a não cair. Andei até a janela, me apoiei nela, e pendi meu corpo para trás, de maneira que minha bunda, encostada na janela, sustentasse, junto com minhas pernas, a metade do meu corpo que ficou do lado de fora, da cintura para cima. Virei de ponta cabeça. E recordei que se não estivesse fazendo isso em uma janela, para não cair, e sim em um colchonete, minha ex-professora de ginástica chamaria minha posição de ponte.

    O meu sangue começou a descer pela cabeça, me dando um pouco de tontura, maldita gravidade! Olhei ao redor. O mundo que de vez em quando parece irrelevante, aquele em que babás levam as crianças em seus carrinhos coloridos para passear, em que cachorros passam pelas calçadas arrastando seus donos, e onde pombas se alimentam de pobres velinhas... Quer dizer, as velinhas alimentam as pobres pombas... Com pão, esse mundo, agora mais próximo do que nunca, era... uh... Tá bom, ele nunca vai deixar de ser irrelevante. Mas parece bom.

    O parque que ficava na frente do hotel, era muito vistoso, cheio de árvores, crianças, carrinhos, cachorros, seus donos, velhas, e pombas... Bom... Era lindo! Saquei meu mini binóculos e comecei a trabalhar, tinha que ver se a área era segura, em uma comum revisão diária, e, claro, tinha que procurar um lugar perfeito para colocar a câmera de segurança... Uma pessoa em especial me arrancou de meus devaneios, não era alguém comum, era... Diferente.

    Musculoso, alto, loiro, de olhos verdes, e perfeito. Mas não era a sua beleza que me cativara, e sim sua expressão, medo, angústia, curiosidade, talvez havia um pouco de orgulho ali, e muuuuuita atenção. O cara estava com a mesma expressão que Philip faz quando joga videogame... Concentração? Um sentimento de dever?! É isso, o gostoso estava em algum tipo de dever.

    Ele sacou uma câmera de fotos, do bolso, e começou a tirar fotos! Mas, não fotos de qualquer coisa... Fotos do prédio! Do vigésimo andar! Da janela! De mim! A não...

1.       Ele é um fotógrafo sem nada pra fazer da vida, e por isso ele está tirando fotos do vigésimo andar do hotel.

2.       O Hotel talvez precise de uma propaganda e o contratou para tirar fotos dos apartamentos.

3.       O cara era um dos mafiosos enviados para cumprir as ameaças á meu chefe...

    Mesmo que nenhuma das opções seja... bom, seja convincente, eu não poderia nunca entrar em pânico. Saquei minha arma e minha câmera do bolso...

1.       Se o cara fizer algum movimento estranho... Não sai daqui vivo.

2.       Se ele só ficar tirando fotos e anotando coisas em um caderninho... Eu ia me convencer de que ele é um fotógrafo desocupado, e tiraria uma foto dele, para minha coleção de caras bonitinhos. Sim, eu tenho uma coleção de caras bonitinhos. E aproveitaria para rastrear ele. Sabe? Um encontro não ia me fazer mal...

    Ele se moveu bruscamente, de um jeito natural, seu corpo fluiu suavemente, como o de um gato, ele colocou sua mão no bolso e começou a sacar alguma coisa preta...

    Meio aturdida, puxei a arma pra frente de meu corpo e apontei em sua mão, no primeiro tiro e ele largaria a arma e no segundo ele não conseguiria mais correr... Calculei freneticamente as chances de acertar um cão, seu dono, uma velha, uma baba, um nenê ou uma pomba... Mas decidi atirar. Minha mira não seria afetada pela minha posição.

- Hoje não... – Sussurrei com um sorriso enorme na boca, torcendo para que o bonitinho tirasse uma foto de mim apontando para ele, imaginando a cara que ele faria, e desejando acertar sua perna naquele instante. Por quê? Simplesmente porque é meu trabalho impedir ataques á autoridade de meu chefe.  E porque eu amo meu trabalho.

    Meu dedo latejou com uma vontade insana de puxar o gatilho, de ouvir aquele som ensurdecedor, de sentir a força que ter minha velha arma me trazia percorrer pelo meu corpo viciado. Quando estava prestes a ceder a tanta tentação, senti um golpe, e do nada a corda começou a se chacoalhar, me puxei de volta para o quarto, bem a tempo de ver Matthew sair do banheiro.

    Quando a mula abriu a porta, o cinto se soltou da maçaneta, e veio voando em minha direção atingindo bem o meio da minha barriga, sem ar, tentei berrar, pedir ajuda, mas estava usando todas as minhas forças para me segurar na janela, e não cair do vigésimo andar...

    Ficou difícil me sustentar, meu corpo ficou mais pesado, não consegui mais agüentar meu peso, antes eu estava me sustentando com a bunda, e agora ela parecia ser esmagada contra a janela.

    Abri as pernas o máximo possível, e me joguei para trás. Fiquei ainda mais pendente, mas como o planejado, as garrinhas na ponta do tênis se agarraram na parede, no topo da janela. Suspirei aliviada. Bem que eu sabia que não conseguiria me segurar ali por muito tempo, mas aquilo pouparia minhas forças até que eu formasse um plano. E minha bunda deixaria de sofrer.

- CHLOE! – Matthew correu até a janela e infelizmente agarrou minha perna que estava presa, ele a contorceu puxando-a para dentro do quarto.

- MATTHEW!

- CHLOE!

-MATTHEW!

-CHLOE!

-MATTHEW!

-CHLOE!

- CACETE MATTHEW LARGA A PORRA DA MINHA PERNA! – Berrei sem pensar, e quando me dei conta... Estava pendurada do vigésimo andar do hotel... Com uma perna esticada para dentro do quarto, e a outra, toda ralada, do lado de fora. Pensei naquilo... Eu estava fazendo um... Es... Pacate... Ou seria Spacarte?! Não ouso lembrar como minha ex-professora chamaria aquilo, mas estou convicta de que a posição dói. E muito! – Não! PEGA! PEGA! PEGA!PEGA!

    Matthew, muito confuso, se esticou para fora da janela, tentando pegar minha perna, que eu sacudia incansavelmente, e acabou levando um chute no meio da fuça! Ele ficou ainda mais tonto, e se inclinou demais para fora do prédio, e acabou caindo também. Ótimo! Agora eu estava me sentindo perfeita! Pendurada do vigésimo andar, depois de uma seção de ginástica, com uma perna presa na parede, e tentando segurar o filho do meu chefe, se eu o soltasse ele cairia, e morreria.  Mas não era esse o problema, minha dificuldade era saber que ele estava pelado.

    - Ah! – Matthew berrava e se contorcia, ralando ainda mais minha perna.

- Para de gritar Matthew! - Ele sacudiu suas pernas e jogou a cabeça para trás, golpeando-a acidentalmente em uma saliência da parede. Agora ele estava inconsciente. Pelo menos assim ele não grita!

    Procurei uma escapatória... Haviam vários jeitos de sair desta situação... Mas nenhum era plenamente agradável...

1.       Largar o idiota, perder meu emprego, e sobreviver.

2.       Puxá-lo para dentro, e torcer para cair em um lugar macio.

3.       Pedir ajuda...

4.       Forçar a outra perna para dentro, abrir um espacate ou Spacarte do lado de dentro do quarto, puxar meu corpo para dentro, e depois puxar Matthew...

Qual vai ser?!

    1... Parece bem atrativa, mas perder o emprego está fora do conceito! Meu chefe me mataria! Esta no contrato. A 2... Eu não salvaria Matthew se não pudesse me salvar, eu largaria ele! 3... Não! Se eu pedir ajuda, Neal-peladão vai aparecer! No way! 4... Dor física... É eu sofreria! Mas... eu sobreviveria, salvaria Matthew, e manteria meu emprego... Opção numero 4! 

    Forcei a perna para dentro, ela ardeu um pouco, mas logo entrou, abri o Spacarte ou Espacate e me puxei para dentro. Meu corpo não queria colaborar, e a fadiga parecia pronta para me assombrar é como se alguém dissesse “Você está de dieta. Mas pode comer meu pedaço de Croissant” só que esse alguém dizia “Você está viva. Solte a criança gorda.”.

- Ãh!

    Consegui passar meu corpo de volta pro quarto, mas puxar Matthew estava difícil. Pensei no quanto ele pesava... Bastante, com todos aqueles músculos... Mas ele também era baixinho... Parecia um Rotweiller... Gemi alto, e o puxei com toda minha força. Ele não podia pesar tanto assim! Eu malho todos os dias! Antes de tomar banho! De tarde e de manhã! Eu sou forte.

“EU TENHO A FORÇA!”

    Relembrei aquele desenho tosco do musculoso erguendo um tipo de espada... E tentei imitá-lo. Peguei Matthew pelos cotovelos, e o ergui, consegui passar seus braços para dentro do Hotel, e não demorei para passar o resto.

    Joguei-me na cama, e senti uma movimentação vinde de baixo do móvel, Neal rapidamente saiu. E encarou, horrorizado, a cena. Gaguejou assustado. E correu até mim. Matthew sangrava seriamente. E eu também.

       Segurei minha perna com força, ela não estava só um pouco ralada, não dava para ver a pele, apenas sangue. Meus braços também jorravam o liquido vermelho. E minha perna que ficara pendurada estava meio que... fora do lugar... Praguejei. O estrago fora grande comigo, mas Matthew tinha um monte de arranhões pelo corpo todo, e sangrava. Sangrava muito. Bem mais que eu. Fiquei preocupada e fui ajudá-lo. Empurrei Neal.

- Rápido Neal coloque uma cueca! – Exigi. – E então traga a maleta prateada que está embaixo da minha cama! Vai! Vai! Vai! – Apontei para meu quarto, nervosa.

    Neal não me obedeceu seriamente apenas foi buscar minha maleta, assim mesmo, pelado. Quando a recebi mandei novamente que ele se vestisse, mas ele insistiu, só queria me ajudar. Peguei uns produtos para limpar as feridas de Matthew. E depois de estocar o sangramento pude ver que não eram tantos machucados assim... Eram apenas arranhões pequenos, que sangravam pra caralho... Passei uma pomada em suas feridas, e coloquei uns curativos nelas. Avistei uma toalha perto da janela, e usei-a para cobrir-lo.

    Eu queria me curar, mas Neal não permitiu, e carregou Matthew, ainda inconsciente até uma cama, logo me puxou pra seu colo, carregando-me para a outra cama, provavelmente a sua. Era macia, macia demais. Ele esticou minhas pernas, e eu senti calafrios.  Ele limpou as feridas, suas mãos voando por meus machucados com um toque suave, com certeza bem mais suave do que o meu fora em Matthew. Passou pomada delicadamente, fiquei com as pernas brancas, e cobriu tudo com curativinhos distribuindo delicadamente seus dedos por minhas pernas, mais leves do que o toque da assa de uma borboleta, mais delicado do que o sono pesado que estava me causando. Na perna que estava fora do lugar, ele fez uma massagem, e fortemente a forçou a voltar ao devido lugar. Senti dor no começo, mas não fez nada contra o sono.

-Ai. Obrigada. – Sussurrei de um jeito que mais parecia um miado. Eu parecia mesmo uma gatinha que ficara exposta ao sol tanto tempo que estava cansada, um pouco suada, quentinha, e mole, sem força alguma.

- Não foi nada. – Neal piscou para mim de um jeito engraçado, por primeira vz notei seus olhos muito azuis... e pensando neles, lembrei do cara, o cara bonitinho!  Tentei falar, mas Neal me calou, me deitando. Tentei resistir, mas estava fraca, Ele me cobriu com o edredom, e acariciou meu cabelos, me fazendo me sentir como uma criança, quando seu pai a deixa no quarto, e murmura...

- É hora de dormir. – Neal disse, e então fechou meus olhos com suas mãos. 

- Não. – Mesmo tentando resistir com todas as forças, era como se um buraco me tragasse para dentro da escuridão, e não houvesse volta, não houvesse caminho. – Neal.

- Uh? – Ele se aproximou, e notei que ele não estava pelado... Quando fora que ele colocara uma roupa?

- Neal? – Perguntei em reflexo, e ele se inclinou sobre mim.

- Oi?

- O que você está fazendo de roupa? – Perguntei ainda meio grogue.

- Por quê? Quer que eu tire? – Ele deu um sorriso meio malicioso e meio zombeteiro.

- Não com o Matthew aqui no quarto. – Pensei em voz alta, e me arrependi quando ele gargalhou.

- Você não está bem... está?

- Não. – Sorri levemente.

- E não vai lembrar de nada amanhã, não é?

- É.

- Então vou lhe contar um segredo. – Neal se aproximou do meu ouvido.

- Não! – Gritei. – Eu tenho um segredo para contar primeiro- Gargalhei como se aquilo fosse divertido, afinal, era! O mundo a minha volta estava mais colorido, cheio de bolinhas, listras, estrelas, ele rodava. – Mas antes você tem que parar de girar! – Reclamei tentando lhe dar um tapa na cabeça. E acertando minha própria perna. – Ai! Cacete. Vem. – Puxei-o para frente, seus olhos estavam cor-de-rosa, e sua pele estava azul, seu cabelo era verde, e listrado. Sua roupa tinha bolinhas... Eu não sei o que aconteceu, mas garanto que nunca vi tantas cores na vida! – Uhhh... To me sentindo no arco-íris! Tô em um?

- Não. – Neal riu cobrindo a boca.

- Então onde estou?

- No hotel, você acabou de ser pendurada de uma janela!

- Isso eu sei sua anta! Tá achando que eu estou loca?! Ah! – Cobri minha boca indignada. – Você acha que eu sou burra?!

- Não. – Neal riu mais alto agora. – Talvez. – Ele Não se segurou e gargalhou de vez. – Sim.

- Deixa eu te contar um segredinho. – Fiz sinal com o indicador, chamando-o para uma conversinha...

- Uh.

- Uh... Vem cá. – Puxei-o para ainda mais perto, com a gola de sua camisa em mãos.

- O que foi? – Ele sussurrou em meu ouvido, preocupado. 

    Abri minhas mãos em seu peito, sentindo sua força, cravei de leve minhas unhas nele, pois me sentia tonta, se caísse para trás não daria muito certo... E puxei-o ainda mais, ficando muito perto mesmo.

- Chloe- Ele gemeu meio envergonhado pela minha atitude, provavelmente entendendo errado. Aproximei minha boca de sua orelha, e estiquei meus lábios até encostá-los no lóbulo da mesma, quando a senti...


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Notas finais do capítulo

Tia Rouse (nééé Rose)



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