Mundos Distantes escrita por LauraPavessi


Capítulo 28
O reconhecimento...


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 28. Depois de anos, eu continuo. (Risos). Logo a história termina, é. Duda que conta esse também.



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  Os últimos meses tinham feito parecer com que minha vida já tivesse acabado, e por ter sido má em alguns aspectos, eu estava tendo a provinha do inferno. Mas no quê e em que dor, seja ela o quão forte fosse, poderia eu pensar se os olhos do Bill, os quais eu estive tão longe durante esses anos, estavam olhando nos meus agora? Se a atenção dele era para mim? Vendo que ele se preocupava comigo, no que mais eu poderia pensar a não ser que no seu rosto, nas suas palavras, na sua pele... E que logo ele iria embora, mais uma vez.

 

 - O que você faz aqui, seu cretino? - Eu disse, me afastando dele o mais rápido que minha condição deplorável permitia.

 

 - Porquê você fez isso? Você não pensa, Duda? Você não vê o que faz? - falou Bill, me olhando com uma boa dose de raiva mas também, uma dose carregada de piedade. Eu sabia que ele não queria deixar transparecer, mas eu via. Ele estava com pena de mim.

 

 - Me deixe em paz, vá para lá com a sua banda e seus fãs, me deixe sozinha com o lixo o qual eu me tornei. - exclamei, me levantando apoiada na parede, dando passos largos para me distanciar dele. Não funcionou muito bem. Ele não estava quase morrendo e realmente insistia em trazer memórias desagradáveis à minha cabeça.

 

 - Só me responda uma coisa, Eduarda. - disse, seguido de uma breve pausa para retomar o fôlego. Curiosa pela pergunta e ferida pela voz que eu tanto amava, desisti de andar e esperei suas palavras. - O quanto eu te feri?

 

 - O quanto você pode ver. - Eu pude sentir o impacto da afirmação. Ele fechou os olhos enquanto eu dizia. - Quando você foi embora eu quis matar tudo que me lembrasse você. Pelos sentimentos que você me fez sentir, sendo que não poderia nunca correspondê-los inteiramente. E eu, adquiri como objetivo em minha vida, tornar-me maior do que você. Os cigarros e tudo o mais eram a via mais próxima disso. O custo, foi esse. Isso que você vê sangrar em mim. - Ele fez silêncio. Alguns segundos que para nós dois, passaram devagar demais.

 

 - Eu nunca quis ir embora. Eu não sabia o que fazer.

 

 - Não me diga isso agora, não me importa saber ou não!

 

 - Pois eu acho que você deveria. Deveria saber que eu não quis isso tudo, que eu realmente amava você. - Ele pausou para pegar um ar mais uma vez, já que as palavras saiam atrofiadas de seus lábios, penso que ele tinha tanta urgência porque talvez imaginasse que eu fosse desfalecer alí, na frente dele, a qualquer instante. - Seu amigo me aconselhou fazer isso, Tom me aconselhou isso e depois, eu simplesmente via você fazendo as coisas erradas e todos me diziam que eu fiz o certo, que você era na verdade uma interesseira e que tudo aquilo de antes era um papel que você encenava...

 

 - E você acreditou. Obrigada, Bill Kaulitz, por toda confiança depositada em mim. - Falei, com as lágrimas pregadas nos olhos, tentando me manter em pé. As coisas começaram a girar e como de costume, quando me perdi na minha dor, ví me carregarem para algum lugar e então, meus olhos se fecharam. Mas dessa vez, era Bill quem me levava, não o meu segurança.

 

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 Acordei com minha cabeça pesada, mas boa parte da dor tinha passado. Tinha meus cabelos (agora loiros) presos para trás e estava vestindo o casaco que antes estava no Bill. Ele estava do meu lado, olhando para o céu. Vasculhando o lugar, ví que devia ser a cobertura do hotel em que nós estávamos hospedados. Me lembrei de uma situação parecida há alguns anos atrás, no sul do Brasil... Mas bem, aqui é Los Angeles, era noite e dava pra ver quase todas as luzes da cidade dalí.

 

 - Como teria sido? - Bill falou, agora olhando para mim. Eu demonstrei não ter entendido. - Você sabe, se tivéssemos ficado juntos?

 

 - Não sei... Talvez nenhum de nós estivesse aqui agora. - Eu disse, calmamente. Acho que minha angústia, raiva ou seja lá o que fosse, havia passado.

 

 - Eu gostaria de ter tentado. - Ele disse, e se calou por uns instantes. Estava sentado ao meu lado até o momento. Passou a mão em minha testa, pra tirar alguns cabelos que estavam grudados nela pelo suor, levantou-se, e estendeu a mão para que eu fizesse o mesmo. Andamos até uma das pontas do hotel e então, ele observou meu rosto. - Eu consigo reconhecer você ainda. Ouvi dizerem que você fez algumas cirurgias no rosto... Ele está mesmo diferente. Lá no palco, você era outra pessoa. Seu olhar era diferente, seu modo de andar e falar... Mas aqui eu enxergo claramente na minha frente, a Duda pela qual eu era apaixonado.

 

 - É uma pena. Meu propósito era ter mudado. - Eu disse, ainda friamente, mas eu sabia que nunca conseguiria mudar quem eu realmente sou.

 

 - Não diga isso. Não há no mundo, ninguém mais fascinante que você. Não aquela que eu ví receber e entregar prêmios algumas horas atrás, mas você aqui. - Ele disse, estudando minha reação. Eu desviei o olhar.

 

 - Não foi suficiente para fazer você me querer com você. - afirmei, passado algum tempo, voltando a olhar para ele. - De nada me bastou seu amor mudo.

 

 - Eu só não tive forças para gritar. E você não ouviu meus sussurros.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Se tem alguém lendo, deixa reviews, poxa. :(