Mundos Distantes escrita por LauraPavessi


Capítulo 27
O retorno...


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 27. Mais um contado pela Duda. O segundo que eu posto hoje porque eu quero terminar logo essa fanfic pra começar uma nova. Deixem reviews, pelos céus! :(



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  Tentei fingir um sorriso, mas acho que fiz uma careta.

  "To... Tokio Hotel!"

  Não era difícil pra ninguém perceber que eu sangrava por dentro. Ainda bem que a maioria dos olhares desviou-se de mim, e foi para os "vencedores". Mas ainda restavam aqueles olhares das pessoas mais cruéis que estavam presentes, que apreciavam a minha dor como quem vai assistir a execução de um criminoso, e ainda se diverte com tal fato.

  Eles já tinham feito a comemoração de praxe que certamente devem estar cansados, depois de tantos anos de prêmios. Vinham na direção do palco agora. Eu procurava olhar para Gustav e encontrar o único olhar amigo que eu podia encontrar naquele lugar, mas ele estava com os olhos baixos. Eu tinha certeza que ele não queria olhar pra mim pra sentir a minha agonia. Gustav conheceu-me tão bem nesses últimos 4 anos, que pode enxergar minha alma só em olhar rápidamente pra mim. E eu acho que nessa hora, minha alma não era a coisa mais agradável a se observar. Traindo as minhas aspirações de conseguir adiar o máximo possível colocar os olhos em Bill, eu o vi, vindo em minha direção, como na noite passada. Mas dessa vez, eu não tinha Júlio pra me levar pra longe daqui. Eu estava desprotegida, exposta às feridas que eu mesma cultivei durante esses anos. Ele olhava para os lados, exasperado, procurando alguém. Passou os olhos por mim umas três vezes, rapidamente, como quem passa os olhos por um mendigo dormindo sobre suas trouxas de pertences sujos em algum metrô. Eu pensei que estava sendo cortada em mil pedaços, da maneira mais dolorosa possível. Como ele poderia me ferir mais? Como ele poderia fingir que não me conhece depois de tudo que foi dito pela sua própria boca há quatro anos atrás? Ah, e essa dor de cabeça que insiste em piorar a minha dor? Eles moviam-se mais depressa do que o natural, e logo, estavam subindo os degraus ao palco. Eu parecia uma criança assustada, com uma clara expressão de dor no rosto. Mesmo que eu tentasse esconder, com parte do cabelo sobre meus olhos verdes da cor da água cristalina de alguma fonte, coloridos pelas lentes de contato; eu continuava os observando aproximar, como quem enxerga a própria morte a vir. Quando já estavam à minha frente, Gustav finalmente olhou pra mim, e eu pude ver nos seus olhos que ele sentia a minha dor. Bill parou à minha frente, ainda olhando para os olhos fingindo estar emocionado por ter ganho o prêmio, e então olhou para mim. Dentro dos meus olhos. Eu, que me enxerguei dentro daqueles olhos castanho-claro, percebi pelo choque que eles expressavam, que ele não sabia que era eu... A Duda, de quatro anos atrás. Eles se contraíram, sua sombrancelha se arqueou e eu percebi que ele estava caíndo em um precipício, quando ele fechou os olhos com força. Quando tornou a abrir os olhos, sua expressão era calma, serena. Toda a aflição que antes ele continha naquele olhar havia-se dissipado, talvez se perdido no ar. Ele pôs as mãos no troféu, e eu não esperei nem ele começar a falar para sair dalí, o mais rápido possível, sem dar em vista que estava fugindo - mas acho que não fui bem sucedida em minhas intenções - todos devem ter percebido.

  Já atrás das cochias, isso não importava nada. Eu só tinha que pegar minha bolsa com os meus remédios... Mas... Onde ela estava? Eu estava em crise, e não conseguia achar minha bolsa! Saí correndo pelos corredores, tentando achar meu produtor, ou qualquer outra pessoa que achasse minha bolsa ou fosse comprar meus "remédios". Ninguém aparecia. Eu evitava olhar pro rosto das pessoas que estavam alí, porque sei o que eu enxergaria. Eu estava suando frio, só conseguia andar apoiada na parede... Uma mulher pegou o meu braço, e perguntou se eu estava bem. Quando olhei pro rosto dela, enxerguei uma aberração, e continuei correndo. Pelos céus, a sensação era de morte. Eu não sabia onde estava, mas em certo momento, em um daqueles corredores escuros e barulhentos, eu caí ao chão. Fiquei lá, ao chão, me contraindo de dor. Sentindo frio, calor, ânsia de vômito, fome e dor em todo o corpo, e na minha alma. Eu continuei alí, encolhida no chão, raspando as unhas contra minha pele, querendo rasgá-la pra achar a dor e então, desmanchá-la com minhas próprias unhas. Uma silhueta magra se aproximou de mim. Abaixou-se, e colocando meu pescoço em seus braços, uma voz que eu bem conhecia, falou baixinho em um inglês com sotaque alemão:

  "O que você fez consigo mesma, Duda?"

  Eu pude sentir uma lágrima dele cair sobre uma de minhas boxexas.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Reviews ou eu não escrevo mais. [invisível]Brincadeira.[/invisível]