Mundos Distantes escrita por LauraPavessi


Capítulo 26
A aceitação...


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 26, contado pela Duda também. Não sei até quando ela vai ser a narradora, mas depois eu vejo. Perdão pela demora, mais uma vez.



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  Acordei no meu quarto, com o sol batendo na minha cara. Quem será que tinha sido o idiota que deixou as cortinas abertas quando eu deixo expressamente claro que é pra deixarem as minhas cortinas fechadas? Levantei com certa dificuldade da cama, com uma terrível dor de cabeça à qual eu já estava até começando a me acostumar, e fui fechar a cortina. Lá em baixo tinham cerca de quinhentas garotas. Com certeza não eram pra mim. Céus! Eles têm de escolher até mesmo o hotel em que eu estou? Fui, meio melancólicamente inconsolável tomar meu banho, depois de ver que já eram 3 horas da tarde no relógio ao lado da minha cama. Depois da minha rotina normal da "manhã", vesti a roupa que minha estilista pessoal havia deixado separada para mim (certamente com medo de que eu escolhesse alguma roupa horrível ou desistisse de tal procedimento e fosse nua mesmo) e ajeitei meu cabelo do jeito que eu gostava. Depois dos "remédios" que eu havia "tomado", sempre ficava dessa maneira, me sentindo bem. Conformada. Então, desci as escadarias e entrei no carro. Quando começaram os flashes, eu soube que tínhamos chegado no tapete vermelho. Desci do carro com o "meio sorriso" que era o único que eu conseguia expressar nessas cerimônias de culto à falsidade e futilidade. Fui dando rápidas entrevistas para os canais de fofoca, respondendo negativamente às perguntas do gênero "Você está com anorexia, sim?" e tudo estava indo muito bem... Até que tocaram no maldito assunto:

 

  "Todo mundo sabe que você foi muito apaixonada por Bill Kaulitz na sua infância..."

  "Adolescência." - Eu corrigi. Loira escrota.

  "Que seja. Continuando..." - eu e ela, sabíamos bem que todas as entrevistadoras do mundo inteiro, com excessão das brasileiras, me odiavam mortalmente. - "Vocês até tiveram uma histórinha de amor, não é? Pois então... Você veio aqui pra tentar seduzir o alemão mais uma vez?"

  Eu juro que estava à um fio de estrangular aquela desgraçada... Mas então, eu respirei fundo e fiquei suave mais uma vez.

  "Não, querida, eu vim aqui justamente pelos ossos do ofício, pra responder algumas perguntas estúpidas e para entregar o prêmio, seja lá para quem ele vai ir. Boa noite, Susan." - E continuei andando, dando alguns autógrafos às meninas que estavam expremidas contra a grade, aguentando até mesmo os seguranças antipáticos. Eu conseguia me ver naquelas meninas. E quando o fazia, não conseguia evitar torcer o nariz.

 

  Depois de todo o tumulto comum ao qual eram os "tapetes vermelhos" nos últimos tempos, consegui achar minha mesa e me sentar, junto a algumas pessoas que trabalhavam comigo e eu mal conhecia, e junto aos músicos da minha banda. O decorrer da cerimônia foi tranquilo, mas eu estava começando a sentir aquela dor de cabeça voltar... Mas estava chegando a minha vez de entregar o prêmio. Soava muito bem pra mim, a hipótese de me esconder no banheiro com os meus "remédios" e não entregar o prêmio, mas eu não queria nem pensar no que viria depois disso... Então, era melhor pra mim aguentar firme mais um pouco. Tirei um cigarro do bolso, acendi e traguei. Um, dois, e assim foi a carteira toda. Já estava na hora de ir pros bastidores, daqui à dois prêmios, era o que eu entregaria. "Artista do Ano". Então, fui andando, quando de repente todos olharam para mim. Eu olhei para os dois rapazes que entregavam o prêmio, e era "Artista Revelação", só aí me lembrei que estava indicada pra essa categoria. Droga. Fingi espanto e contentamento, e fui para o palco receber o prêmio. 

  "Ahn... Bem, eu estou realmente espantada e... Lisonjeada. Fico feliz pelo reconhecimento ao trabalho que... Eu faço." - Eu tinha a noção de que não sabia o que falar e estava parecendo ridícula, então mechi meu cabelo pra parecer espontânea e cool, e terminei. - "Então, obrigada." - Antes de descer do palco, enquanto recebia os aplausos, passei os olhos por todas as mesas que estavam nos lugares dos artistas... Não o vi. Ou, não o reconheci.

    Continuei o trajeto que fazia antes, deixei que as maquiadoras retocassem a maquiagem e logo estava na hora de subir no palco. Fui andando até a cochia que dava espaço ao palco, e então alguém me puxou pra trás, pelo braço. O frio não era apenas na barriga, mas em todo meu corpo. Olhei para o escuro procurando um rosto e o reconheci. Era meu produtor.

  "Eddy, espera aqui, tá bem? Tem gente que foi indicada que está atrasada e eles vão dar o comercial antes do teu prêmio." - Ele falou, apressado. - "Quando for pra você entrar, eu venho aqui avisá-la, ok?", - e então entrou dentro de uma porta qualquer. Eu estava sériamente pensando em ir pro banheiro resolver essa dor agora, mas o tempo não seria suficiente. Fiquei por alí, escorada numa parede, contemplando o barulho de todas as conversas juntas, e pensando se a voz dele estaria misturada nessas. Como previsto, não demorou muito e meu produtor apareceu lá longe, aflito, apontando na direção do palco e fazendo gestos de alguém que está empurrando outra pessoa para o palco. Eu entenderia facilmente, não precisava essa demonstração exagerada e, sinceramente, ridícula.

  Fui, como quem estava indo à forca, para o palco. Mais uma vez, todos estavam olhando pra mim. Eu tinha a impressão de que estavam só esperando eu cair um tombo com meus grandes saltos para abrirem-se em gargalhadas. Felizmente, não dei essa alegria a eles. Segurei o envelope que estava em cima da banca que estava alí e comecei a falar, tentando ao máximo um tom animado:

  "Todos sabem o quanto é difícil manter uma carreira estável e sem decepcionar seus fãs. Então, estão aqui os artistas que saíram-se melhor em 2012!" - Olhei para o telão, esperando pela dor. Ela chegou rápido, os Tokio Hotel foram o segundo nome anunciado. Os outros, passaram despercebidos pra mim. Só me restava torcer, torcer muito, com todas as minhas forças, que minha força não fosse colocada à prova de tal maneira. Eles não podiam ter ganho esse prêmio. Eu tinha que abrir o envelope, o enorme lugar estava em absoluto silêncio, esperando o meu anúncio. Comecei a abrir... O mais lentamente que pude, o envelope. Li.

 

 

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

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