CAPITULO DOIS

 No dia seguinte, acordei com uma sensação diferente da que eu fui dormir. Afinal de contas, em pouco tempo eu me veria longe dessa casa e estaria livre em um lugar familiar e acolhedor.

Claro que para muitas pessoas o colégio não é tudo isso, mas eu não me refiro à parte de aprender e sim a parte em que estarei perto dos meus amigos. Lá eu posso falar sobre essa mudança insuportável que está acontecendo em minha vida. Lá o tempo passa mais rápido e quanto mais rápido que se passar o tempo, mais rápido o dia acaba e menos tempo preciso esperar para ter minha casa de volta.

Depois de decidir que roupa usar e vesti-la, desci a escada rapidamente ansiosa para ver o que me esperava no café da manhã. Após toma-lo, corri para a porta da frente até que meu pai que estava terminando o café me gritou uma coisa da qual eu tinha esquecido.

- Sum! Espera! O Austin ainda não desceu! – gritou ele – Você não se esqueceu de que ele é quem vai leva-la de agora em diante para a escola, não é?

- Claro que não, pai!- gritei frustrada em resposta – Eu só pensei que ele já estava lá fora me esperando.

Virei-me intrigada para escada e a subi devagar até o quarto do Austin. Estava trancado. Contentei-me em gritar.

- Ei, você não vai querer chegar atrasado hoje ou vai? – não houve resposta.

Bati na porta com força e fiquei batendo até que de repente a porta se abriu e ele saiu.

-Pronto. Já estou aqui. Agora dá pra andar logo? – falou ele com um olhar ainda sonolento – Não estou a fim de me atrasar.

Olhei para ele estupefata enquanto passava por mim.  

Pouco tempo depois, estávamos no carro. Ficamos calados o caminho todo. Quer dizer, só nos falamos num breve momento em que tivemos uma pequena discussão sobre em que estação de rádio deixar, mas acabamos decidindo que era melhor deixar o rádio do carro desligado.

De repente, para meu grande alívio, estávamos passando pelo portão da escola, entrando no estacionamento. Desci do carro correndo, combinei o horário que iríamos nos encontrar para voltar para casa e fui encontrar com minhas amigas que estavam me esperando no portão de entrada da escola.

- SUM! – gritaram elas.

- Oi, meninas! Que alívio vê-las de novo. – falei enquanto, abraçava elas. Parecia que eu era uma sobrevivente de um navio naufragado que estava perdida em uma ilha deserta sozinha durante anos e tinha finalmente voltado para a sociedade. Dramático, não é?

- Meninas, vocês não sabem da última! – falou Blair – Vocês não sabem quem me convidou para ir ao baile de boas vindas que a Kelly Prescott está organizando!

- Ai, meu deus! Quem? Fala logo, B! Ta me matando de curiosidade! – falou Mel, ansiosa.

- Simplesmente, o Seth Cohen.

- Mentira! – gritamos eu e Cooper em uníssono.

- Verdade verdadeira. – jurou B - Ai, meu deus! Eu tenho que escolher que vestido que vou usar! Vocês vão me ajudar, não vão?

- Claro! – dissemos Cooper e eu em uníssono mais uma vez.

A esse ponto, estávamos na frente da sala onde seria a minha primeira aula. Combinamos de nos encontrarmos no almoço.

Nessa aula, aconteceu uma coisa muito estranha. Tudo bem era aula de trigonometria. Qualquer coisa relacionada a essa matéria é estranha para mim.

Só que não era em relação à aula, mas sim ao que aconteceu durante ela.

O professor Boone dividiu a turma em duplas para fazermos um exercício que ele tinha passado. A minha dupla acabou sendo o Jacob Black, que é um dos garotos mais disputados da escola principalmente agora que terminou o namoro com a Kelly.

Nunca nos falamos muito. Só uns cumprimentos nos corredores de vez em quando, mais nada além disso. Porém, durante o exercício, conversamos como se fossemos amigos desde o jardim de infância. E depois, ele ainda me acompanhou até o meu armário e esperou até que eu pegasse o livro que eu iria usar na minha próxima aula e me seguiu até a sala onde ela seria e foi quando finalmente se despediu com um “Até o almoço, Sum!”.

Estranho. Muito estranho...

Passei as duas outras aulas pensando no porquê dessa súbita mudança de comportamento quando o sinal para o almoço tocou e eu fui correndo a procura da B e da Cooper para dividir com elas o ocorrido.

- Meu deus, Sum! Não acredito que você não vê a explicação para isso. – declarou B com grande surpresa.

- É, S. Isso só pode significar uma coisa. – concordou a Cooper - Ele deve está a fim de você.

- Não sei não, meninas. – falei – Até hoje a gente mal se falava. E, além disso, ele é o capitão do time de basquete. Ele gosta do tipo, animadoras de torcida.

- Você realmente não se vê com tanta clareza assim, não é? – disse B.

Decidi que isso era um assunto do qual eu não queria mais falar. Comecei a despejar em cima delas tudo que eu estava sentindo em relação a morar com o meu pai.

- É, nós vimos você chegando com o Austin hoje – falou a Cooper – Sempre achei que vocês fossem terminar juntos.

- Só pode ser brincadeira, não é? – falei incrédula – Eu e Austin Langdon! Dá até vontade de rir!

- Sério, Sum! – começou a B – Você tinha que se ver brigando com ele. Vocês parecem tão ligados quando fazem isso. E o jeito como ele olha para você às vezes. Eu posso jurar que ele tem um amor enrustido por você.

- Cala a boca! Chega, não quero mais falar sobre isso, ta bom? – quando o sinal indicando o final do almoço tocou para meu alívio.- E é melhor irmos logo para não nos atrasarmos para a aula de fotografia.

Fomos em silêncio para a sala. Quer dizer, eu fui em silêncio. Elas foram tagarelando alguma coisa sobre o baile atrás de mim. Estava muito confusa tentando achar uma solução lógica sobre tudo que aconteceu hoje. Não tinha como piorar.

Ou melhor, tinha. Porque, quando finalmente entrei na sala, vi que tinha um visitante nem um pouco ilustre na nossa aula. Era o editor chefe do jornal da escola que vai passar a semana nos acompanhado até escolher um fotógrafo para o jornal da escola. Claro que eu tinha me inscrito, o que eu mais queria era fotografar e, ao contrário das meninas, eu estava lá porque queria levar aquilo como profissão e não um simples hobby. Quer saber quem era o editor chefe do jornal? Eu te digo: Austin Langdon.