CAPITULO TRÊS

E, para minha infelicidade total, a professora ainda me escolhe para fazer todas as atividades com ele e botar ele a par de tudo que estava acontecendo e que iam acontecer.

- Bom dia, Sta Hubbard ! – disse ele com um tom de deboche e com, confesso, um sorriso nos lábios que fez com que meu coração desse uns pulinhos estranhos. Isso me deixou ainda com mais raiva.

- Oi para você também, Austin. – disse sem animação.

Expliquei para ele o que iríamos fazer e por quê. Enquanto fazia isso, ele me olhava com um olhar estranho, me avaliando de cima para baixo. Foi quando percebi que ele era um garoto. Lógico que eu não sou nenhuma doente mental e que eu não tinha dúvida quanto ele ser do sexo masculino. Não, eu estava pensando em uma outra coisa quando percebi que meu rosto estava queimando. Fiquei furiosa por estar me sentindo assim em relação a ele.

Ele percebeu minha mudança repentina de humor.

- Então, Summer, como você está hoje? O mesmo de sempre ou será que dessa vez está de bom humor?– começou ele implicando.

Olhei para ele com o meu rosto queimando, só que queimando de raiva. Isso foi o suficiente para ele rir e continuar implicando.

- É... acho que é o de sempre ou até pior.

- Olha, - comecei – será que você pode fingir que não é absolutamente insuportável pelo menos por enquanto. Já é o bastante ter que suportar essa sua cara na casa do meu pai e no carro. Aqui não. Você não vai conseguir estragar mais uma das coisas que eu mais gosto, ok?

Ele ficou me olhando como que tentando entender a minha reação e ficou totalmente furioso com o que concluiu. Foi nesse momento que o sinal tocou e ele levantou rapidamente para a porta como se não suportasse mais ficar do meu lado.

- O que foi que deu nele? – perguntou a Cooper enquanto estávamos jogando vôlei na aula de educação física.

- Espero que um ataque de simancol. – disse ainda com raiva.

Acho que esse foi o sinal para ela de que eu não estava com vontade de falar sobre aquilo, já que passamos o resto do jogo e da ida até o estacionamento em silêncio. Me despedi delas e fui em direção ao carro do Austin.

A volta para casa foi silenciosa com uma leve tensão no ar. Ao chegarmos, Mary nos aguardava na sala para nos dar as boas vindas.

Fui direto para o meu quarto batendo a porta furiosamente. Não estava com fome. Queria esquecer de tudo aquilo e resolvi que um ótimo modo de fazer aquilo seria fazendo a redação para a aula de história. Estava certa, esqueci. Só que quando acabei a redação, me vi pensando naquilo tudo de novo. Resolvi checar meus e-mails. Tinha um do THEGUY. Era perfeito, ele com certeza me faria esquecer tudo de estranho que aconteceu na minha vida hoje.

THEGUY : OI. COMO FOI SEU DIA HOJE?

Resolvi mentir.Já que eu queria esquecer de tudo aquilo, por que falar a ele?

LOVELYPRINCESS: ÓTIMO.E O SEU?

THEGUY: TEM CERTEZA? EU ACHO QUE NÃO.

Ele não poderia saber.

LOVELYPRINCESS: O QUE VOCE QUER DIZER COM ISSO?

THEGUY: QUE O SEU DIA NÃO FOI TÃO BOM ASSIM. PRINCIPALMENTE NA SUA AULA DE FOTOGRAFIA.

Ou poderia?

LOVELYPRINCESS: COMO VOCÊ SABE DISSO?

THEGUY: O QUE EU POSSO DIZER É QUE NÃO É TÃO AMIGÁVEL DA SUA PARTE FALAR PARA UMA PESSOA, EM ESPECIAL UMA COM QUE VOCE ESTÁ DIVIDINDO A CASA, QUE ELA É INSUPORTÁVEL E QUE DESTRÓI TUDO DO QUE VOCE GOSTA.

Como...?

LOVELYPRINCESS: QUEM TE FALOU ISSO? VOCE NÃO ENTENDE. NÃO SABE TUDO QUE EU ESTOU PASSANDO. VOCE MAL ME CONHECE.

THEGUY: A PARTIR DO QUE ACONTECEU HOJE, EU ACHO QUE EU SEI MUITO BEM QUE TIPO DE PESSOA VOCÊ E´. DO TIPO PATRICINHA FÚTIL INDEFESA QUE NA VERDADE É A MAIS ESPERTA DE TODOS.

LOVELYPRINCESS: E VOCÊ? VOCÊ DEVE SE ACHAR O CARA, NE´? MAIS VOCE ESTA MAIS PARA UM INTROMETIDO METIDO A SALVADOR DOS POBRES E OFENDIDOS.

THEGUY: ACHO QUE ALGUEM AQUI ESTÁ FINALMENTE MOSTRANDO AS GARRAS. NÃO ACREDITO COMO PUDE SER TAO IDIOTA A PONTO DE ACREDITAR QUE VOCE ERA ESPECIAL. NA VERDADE VOCE É COMO TODAS AS OUTRAS.

LOVELYPRINCESS: VOCE NÃO FOI O ÚNICO A SE DECEPCIONAR. PODE TER CERTEZA DISSO. MELHOR PARARMOS COM ISSO POR AQUI.

THEGUY: PELO MENOS NISSO CONCORDAMOS.

LOVELYPRINCESS: ENTÃO, ATÉ NUNCA MAIS.

THEGUY: PARA VOCE TAMBEM, SUMMER HUBBARD.

Fechei furiosa o laptop. Fiquei ainda mais furiosa quando percebi que nunca mais poderia descobrir quem ele era na realidade enquanto ele sabia tudinho sobre mim.

Joguei meu corpo sobre a cama e comecei a tentar descobrir quem poderia ter falado com ele sobre o que aconteceu entre mim e o Austin. Só quem sabia disso era o Austin, a Cooper, a Blair e eu. Mas as únicas pessoas que sabiam detalhadamente o que eu falei para o Austin era o Austin e eu, é claro. No entanto, não fui eu quem falou daquilo. Na verdade, eu nem falei direito sobre o assunto com as meninas. Percebi que eu tinha descoberto quem era o dedo-duro. E estava furiosa.  

Sai do quarto imediatamente e fui andando em direção ao quarto de Austin quando vi que a porta estava aberta e o quarto vazio. Desci rapidamente as escadas em direção a sala de estar. Ele estava lá, olhando para o laptop dele como se decidindo o que fazer, quando percebeu a minha presença.

Um longo silencio invadiu a sala. Fiquei olhando para ele esperando que ele, como sempre fazia, quebrasse o silêncio. Percebi que seria diferente. Respirei fundo e despejei tudo em cima dele de uma vez só.

- Me diz: já não basta você implicar comigo toda hora, ainda tem que tentar estragar a minha reputação a qualquer custo? – falei rapidamente furiosa – O que você ganha com isso, hein? Por acaso existe algum concurso idiota pra acabar com a minha vida? Por que eu?

Ele piscou para mim surpreendido com a minha conversa direta.

- Por que você está me fazendo uma pergunta dessas?

- Porque você se sentiu tão ofendido com o que eu te disse hoje que foi correndo falar o que aconteceu para os seus amiguinhos esquisitos.

- Você está pirada? Eu não falei nada para ninguém.

- Não foi isso que eu fiquei sabendo.

- Deve ter sido uma daquelas suas amiguinhas que deu com a língua nos dentes. – falou ele na defensiva – Não me culpe se aquelas garotas não conseguem guardar nada pra elas mesmas.

- Não foram elas. Eu não dei tantos detalhes assim para elas. Elas só sabem que eu discuti com você durante a aula de fotografia, mais nada.

-Opa. – Por essa ele não esperava. Eu o havia descoberto e ele sabia disso.

- Olha, me faz um favor. Finge que eu não existo, ta bom? Quem sabe assim as coisas por aqui fiquem mais suportáveis.

Virei em direção a escada quando uma coisa grande e quente pegou meu braço e me puxou em sua direção.

- Espera, Sum .... Eu não sabia que você... O THEGUY...

Congelei.

- Você sabe sobre ele? Sobre a gente? – Mas como? – Você o conhece?

-Não! Quero dizer... - ele estava se entregando cada vez mais. – Eu preciso te dizer uma coisa...Eu sei sobre vocês dois porque...

-Porque você mexeu no meu laptop e leu os meus e-mails, não foi?

- Não!

-Então, como...- eu sacudi a cabeça sem entender nada até que senti que ele havia me soltado e estava olhando para o chão quando me disse o que disse em seguida.

- É, foi isso sim. Eu li os seus e-mails.Foi mal... Eu não... Eu não resisti. Estava procurando alguma coisa que pudesse implicar com você.

- Eu sabia.- falei pra ele e continuei andando em direção a escada. Depois me voltei para ele e disse – Eu te odeio!

Não sei porque, mas quando disse isso uma lágrima escorreu e eu me senti como se alguém tivesse arrancado o meu coração do peito enquanto ele ainda estava batendo e jogou ele pelo chão e começasse a sapatear em cima dele.

Mas o mais estranho foi que a cara dele era de dor. Como se eu tivesse falado a ele que alguém de quem ele gostasse muito tivesse partido dessa para a melhor.

Resolvi não pensar muito nisso. Subi correndo na esperança que mais nenhuma lágrima descesse na frente dele e que ele interpretasse aquilo como arrependimento. Por que não era. Arrependimento, quer dizer. Ou ao menos estava tentando me convencer daquilo.

Á noite, quando desci para jantar, ele não estava lá. Parece que ele tinha saído com os amigos ou algo do tipo. Não me importei. Quanto mais tarde o visse, mais preparada para encara-lo estaria. Depois do jantar, falei que não estava me sentindo muito disposta, colocando a culpa em uma cólica que eu estaria sentindo, e fui me deitar. Demorei para pegar no sono. Mas quando consegui, ele foi profundo e sem sonhos.