Era uma sala. Uma enorme sala coberta de paredes negras e velas flutuantes, com almofadas pelo chão, bruxos sobre elas e uma garrafa ao centro da roda.

Harry percorreu os olhos pelos rostos dali, reconhecendo vários, principalmente uma ruiva de incríveis olhos verdes ao lado de um sorridente moreno que se parecia muito com ele. Seus pais.

Pela roda, se encontravam pessoas como Severo Snape, Sirius Black, Pedro Pettigrew, Remo Lupin, Bellatrix Lestrange, Lúcio Malfoy, Narcisa Malfoy, Régulo Black e vários Sonserinos que futuramente seriam Comensais da Morte.

Harry não podia acreditar na visão que tinha. Era sua mãe jovem rindo do sussurro em seu ouvido de seu pai jovem. Eles pareciam tão felizes. Sirius conversava com Remo e os dois pareciam apreciar a arte de zoar Tiago Potter. Pedro encarava a garrafa ao centro da roda com um ar assustado. Severo fuzilava Lily com os olhos, desejando até o último fio de seu cabelo seboso matar o metido namorado dela. Bellatrix conversava com a irmã com aquele ar superior que Harry tanto conhecia.

Bellatrix já fora bonita um dia, isso Harry podia afirmar com certeza. Já fora muito parecida com a filha, apenas tendo esta como uma versão sua ruiva.

"Acho que podemos continuar." pronunciou-se Sirius, sacando a varinha e, com um simples gesto, fazendo a garrafa girar.

Pareciam que tinham interrompido o jogo por algum motivo, mas agora recomeçado. A garrafa parou com o gargalo para Sirius e o fundo para Tiago, mesmo estando um ao lado do outro.

"Verdade ou consequência?" perguntou um Sirius malicioso.

"Ah..." Tiago fingiu insegurança. "Consequência." ele sorriu junto do amigo.

"Quero que dê um chupão na Lily. Mas tem que ficar preto!" decidiu-se Sirius.

Tiago caiu na gargalhada. Lily fuzilou Sirius com os olhos. Severo teve o impulso de vomitar.

Tiago virou-se para a namorada e não pôde deixar de sorrir. Ela revirou os olhos, mas um sorriso também não deixou de brotar em seus lábios. Ele encostou a boca no pescoço dela, fazendo todos em volta criarem espectativas, menos os Sonserinos.

Harry fez uma careta. Nunca vira seus pais se beijando ou coisa parecida, mas, de certa forma, era lindo e nojento.

Depois de um tempo, Tiago se afastou e deu espaço para Sirius observar se o estrago feito no pescoço de Lily. Estava razoavelmente preto. Os marotos caíram na gargalhada.

"Ótimo, Tiago. Como vou chegar com isso em casa pro Natal?" bronqueou Lily.

"É só passar ele lá em casa. Aproveita e conhece os meus pais." sugeriu Tiago.

Lily sorriu e concordou.

"É, e isso causaria uma impressão melhor." ironizou a ruiva.

Harry sorriu e logo depois sentiu longos dedos se enroscando em seu cabelo e puxando-o para cima. Quando reabriu os olhos, estava ao lado de uma ruiva de cabelos cacheados na sala da Diretora.

"Depois disso minha mãe beija o Snape." ela franziu o nariz. "Acredite em mim, é uma cena que você não quer ver."

"Acredito em você." ele riu. "Por que me mostrou isso?"

"Pra você ver alguma lembrança dos seus pais. Eram um belo casal, Harry. Estão em várias lembranças da minha mãe. E também porque..." ela desviou o olhar. "Acho um bom jogo para a próxima reunião do Clube do Slugue."

Harry acelerou a respiração. Ela queria beijá-lo, ele não era tão despercebido assim. Podia beijá-la naquele momento, mas qualquer um podia chegar e pegá-los, o que não seria agradável.

"Acho melhor irmos." sugeriu ela, colocando a Penseira no lugar e pegando a Capa de Harry.

Ele acentiu e entrou na capa junto de Isobel. Os dois desceram a escada e esperaram esta sumir e dar lugar a habitual estátua.

Os dois seguiram pelo corredor silenciosamente, mas logo depois pararam. Passos ecoaram pelo corredor. Passos que não eram deles. Em seguida, uma gata cinza e magricela apareceu diante de seus olhos, mas eles não podiam ser vistos.

"Filch nunca dorme?" sussurrou Isobel, fazendo Harry rir.

Ela agarrou-o pelo braço e foram juntos, apressadamente, mas em silêncio, pelo outro lado do corredor. Filch ouvia algo baixinho e seguia o barulho, desconfiado. Subiram e desceram escadas. Andares foram e voltaram. Não aguentavam mais andar e Filch não desistia.

"Não podemos ir para os Salões Comunais. Ele vai ver." sussurrou ela mais baixo ainda. "Temos que parar de andar."

Harry concordou, então os dois se recostaram na parede e sentaram no chão, quase explodindo sangue de tanto nervosismo, pelo fato de estarem muito colados e quase estarem entrando em uma fria.

Filch parou de andar e observou o corredor a sua volta. Passou os olhos pelo casal várias vezes, mas eles não podiam ser vistos. Harry agradeceu por isso.

Filch deu mais um passo na direção do casal. Madame Nora miou. Por impulso, Isobel agarrou a mão de Harry.

Ele passou alguns longos segundos sem respirar. Ela havia agarrado sua mão. Estava nervosa, mas ainda assim valia.

Filch se afastou finalmente para muito longe e sumiu escada abaixo. Isobel e Harry voltaram a respirar normalmente, mas ainda assim aguardaram para ver se o zelador voltava.

"Harry, estamos longe das masmorras. Não podemos nos arriscar a descer tudo e encontrar com o Filch de novo. Ou ele ouviu a gente ou aquela gata é muito anormal. Eu honestamente aposto na segunda opção. Vamos ter que dar um jeito de ficar por aqui." sussurrou Isobel, perto o suficiente para Harry se arrepiar com seu bafo doce.

Nesse instante, na frente do casal, uma enorme porta preta surgiu, deixando eles curiosos. Isobel, após algum tempo, soltou uma risada sarcasticamente feliz.

"Acho que achamos a Sala Precisa. Vai ver é um dormitório particular." desdenhou ela.

Harry sorriu com a idéia. Não seria ruim passar uma noite dormindo ao lado de Isobel.

Os dois entraram lado a lado na sala. E assim foi feito. Ali haviam um pijama verde e preto e outro vermelho e ouro, duas camas de solteiro e um biombo.

Eles esticaram este último, trocaram as vestes e se deitaram em suas respectivas camas.

"Se nos pegarem amanhã estamos ferrados." comentou Harry, deitado em sua cama e encarando o teto.

"Sabe Harry, eu não dou a mínima." riu ela.

E com esse pensamento, Harry virou a noite acordado, não suportando estar ao lado de tamanha beleza sem fazer nada.