No dia seguinte, ao acordar, lembrou-se das instruções de Oliver e se manteve no quarto, pelo menos até a metade do dia, o sol já se punha e era quase noite, quando ela se lembrou que tinha deixado seu livro no andar de baixo, quando foi ver Gerrard tocar piano.

Ela abriu a porta discretamente, olhando se havia alguém no corredor, não havia ninguém, ela desceu, e já na sala...

- O que temos aqui? – um homem de aproximadamente 40 ou 45 anos disse, analisando Eleonor de cima a baixo.

Katrina estava em sua sala, recebendo uma mulher que tinha um pedido a fazer, mas parte das Dolls estava na sala, inclusive Oliver, que por enquanto só observava a cena.

- Qual o seu nome minha jovem?

- E-Eleonor... – ela disse.

- Com certeza um lindo exemplar. – o homem sorriu de forma maliciosa. – Quanto quer por ela?

Eleonor ficou chocada, completamente sem ação. Era impressão dela ou estavam tentando comprá-la?!

- Ela não é uma Doll. – Oliver disse, levantando-se.

- Oras, seja razoável. Qual o seu preço? – ele perguntou sacando um talão de cheques.

- Ela não está à venda. – ele repetiu, dando ênfase especial a frase.

- Oras, mas o que é...

Ele estendeu uma das mãos na direção de Eleonor. Oliver parou o percurso da mão dele no caminho, sem dizer nada, simplesmente encarando-o com um olhar gelado.

- Tire as mãos de mim, seu moleque! Você por acaso sabe quem sou eu?!

Os outros se levantaram, dando um passo a frente. Oliver deu um sorriso de sarcasmo, que fez a espinha de Eleonor e do homem gelar.

- Não. – ele respondeu. – Mas quer saber de uma coisa?

O homem engoliu seco.

- Se você tentar tocá-la de novo... – ele fez uma pausa, inclinando-se na direção do homem. – Se eu não o matar, terão mais sete para fazê-lo.

Oliver soltou o braço do homem, que arrumou o paletó.

- Isso é uma afronta! Eu vou arruinar esse lugar.

- Não. Não vai não. – Katrina disse, descendo as escadas. – Por que se você TENTAR, serei obrigada a mandar relatórios detalhados das suas “visitinhas” à esse lugar para a sua esposa, e a todo o supremo tribunal. Você vai mesmo comprar briga comigo? – Katrina perguntou, parando na escada e cruzando os braços, lançando ao homem um olhar gelado.

O homem deixou o portão da frente bufando, Katrina apoiou no corrimão.

- O que Doll House faz afinal?... – Eleonor perguntou, ainda em choque pelo que acabara de passar.

Katrina suspirou, olhando para o teto.

- Nós fazemos Dolls, as pessoas vem aqui encomendá-las. – Katrina diz.

- As pessoas COMPRAM Dolls? – ela perguntou, pondo nojo na palavra “compram”. – Como mercadorias.

- Elas não são como nós Eleonor. Essas são só marionetes. – Vivaldi diz.

- Isso não... Não é...

Eleonor não terminou a frase, simplesmente virou as costas e subiu as escadas, batendo fortemente a porta de seu quarto. As lágrimas queimavam em seu rosto, ela não sabia se eram por causa do que passara, ou por causa das Dolls, vendidas como mercadorias.

Ainda na sala, Oliver suspirou tristemente.

- Eu avisei.

- Eu sei Oliver, você sempre avisa. – Katrina concorda.