Doll House escrita por Aleksa


Capítulo 32
Capítulo 33




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De volta a casa de Dietrich, já durante a noite.

- Trouxe uma mala? – Dietrich pergunta.

- Trouxe sim, se for necessário, me mandarão o resto.

- Certo. – ele sorri. – Fico feliz que esteja aqui.

Eleonor retribui o sorriso.

- Meu irmão não para de pensar em você. – ele diz.

- Ele... não para?

Dietrich acena negativamente com a cabeça.

- Não sei por que está fazendo isso com ele. Não vê que indo embora só vai torturá-lo mais?

- Não posso continuar a viver com ele até que ele me dê uma resposta, seja ela qual for.

- Tudo bem... Não vou me intrometer. Mas sabe, a vida do meu irmão está fadada ao sofrimento daqui pra frente.

- Por que você diz isso? – Eleonor pergunta.

- Todos que ele mais preza são mortais... Ele não.

Eleonor nunca pensou nisso.

- É verdade...

- Sabia, que um humano pode ser transformado em Doll se encontrar um Doll Maker capaz?

Eleonor fica em silêncio.

- Por que está me dizendo isso?

- Achei que gostaria de saber. – ele sorri.

Eleonor se senta ao lado de Dietrich.

- Você devia se preocupar em como se manter vivo... Eu não quero que você morra.

- Eu ainda não tenho por que prolongar mais a minha vida... Quando eu tiver, deixarei que minha vida se alongue por mais tempo.

- E... Se esse motivo não vier a tempo?

- Então eu padecerei como me foi mandado.

Uma semana se passa, o silêncio e a tensão se instalam em Doll House, enquanto isso, a amizade de Dietrich e Eleonor se torna mais forte.

- Trich. – Eleonor chama.

- Sim? – ele pergunta.

- Amanhã eu irei a Doll House, quer vir?

- Não, estou bem.

Eleonor se atira no sofá, Dietrich senta-se no sofá com um pote de sorvete de chocolate e deita em seu colo.

- Você é um excelente amigo, Dietrich. – Eleonor ri.

- Obrigado. – ele sorri. – E você uma ótima companhia.

- Obrigada.

- Por que você simplesmente não fica com o meu irmão?

- Ele precisa se decidir se me quer ou não. Não vou forçá-lo a nada... Tem outra colher?

Ele pega uma colher próxima e entrega a ela.

- Já pensou que talvez ele já tenha se decidido?

- Hum?...

Dietrich suspira.

- Você é horrível com metáforas.

Eleonor enfia a colher no pote de sorvete, ignorando o comentário.

- Tem algo bom passando na Tv?

- Não sei.

Na manhã seguinte, Eleonor se prepara pra sair.

- Eu volto de tarde, Trich.

- Ok... – Dietrich diz, com uma voz sonolenta vinda do quarto.

Chegando a Doll House, ela entra na sala e não há ninguém ali, o que é raro considerando que geralmente estão todos na sala.

- Eleonor.

Oliver.

- Onde estão os outros?

- Viena.

Eleonor se lembra da conversa fatídica da semana anterior.

- Ah...

- O que faz aqui?

- Queria fazer uma visita...

- Entendo. – ele concorda.

- O que faz aqui sozinho?

- Os outros foram viajar, eu não poderia simplesmente deixar a casa e ir pra Viena.

- Entendo... – ela suspira.

O silêncio se instala no ambiente.

- Meu irmão está bem? – Oliver pergunta se sentando.

- Ele ainda se recusa a se salvar. – Eleonor suspira.

Oliver puxa o ar profundamente.

Eleonor simplesmente observa as ações de Oliver.

Ele joga as costas no encosto e olha pra o teto.           

- Eu não sabia que tinha errado tanto na vida... – ele lamenta.

- Você não é perfeito, Oliver.

- Esse é o meu maior defeito. – ele fecha os olhos e solta todo o ar.

Ela caminha até lá e se senta ao lado dele.

- Você parece mais triste com isso do que ele... – ela comenta.

- Ele teve setenta e quatro anos pra se conformar... Eu só tenho seis meses...

- Vocês deviam conversar, ele se importa muito com a sua opinião.

- Eu sei disso... Mas eu não sei o que dizer pra ele... – ele cobre os olhos com uma das mãos e massageia as têmporas.

- Que tal o que você sente? Só pra variar.

Oliver estava visivelmente cansado, e pelas marcas escuras abaixo de seus olhos, ele também estava dormindo pouco.

- Você é muito gentil Eleonor... – ele sorri tristemente.

- Vocês me dizem muito isso.

- É por que é verdade.

Eleonor respira fundo e levanta.

- Oliver, isso é uma intervenção. – ela pega Oliver pela mão e arrasta porta a fora.

- Eu não posso deixar a casa vazia!

- Então tranque a porta!

Ele suspira, sabia que ela não desistiria, então, simplesmente caminha até a porta e tranca e enorme fechadura com uma chave proporcionalmente grande também.

Os dois saem novamente, e em pouco tempo chegam à casa de Dietrich.

- Trich. – Eleonor chega na sala.

Ele não está na sala.

- Já estou indo. – ele diz do corredor. – Voltou cedo.

Ele se aproxima com um lenço, e para ao ver Oliver ao lado de Eleonor na porta, bastante desconfortável.

- Ah, olá Oliver... Não esperava a sua visita...

- Nem eu... – ele suspira.

Eleonor fecha a porta da frente e vai até Dietrich, puxando o lenço de sua mão, onde uma grande mancha vermelha se espalha pela superfície branca.

- Dietrich... – ela lamenta, num tom pesaroso.

- Não é nada. – ele sorri. – Eu estou bem.

- Vocês e essa mania de sofrer calados... – ela suspira.

- Não precisa se preocupar. – Dietrich sorri placidamente. – Eu estava indo providenciar o jantar, estão com fome? – ele pergunta educadamente.

- Preciso me preocupar sim! Dietrich você está morrendo... – os olhos de Eleonor se enchem de dor.

Dietrich sorri, complacente com a dor agoniada de Eleonor.

- Não se preocupe comigo Eleonor, não foi nada de mais, só um pouco de sangue, só isso.

Eleonor abraça Dietrich com a sensação de que a qualquer momento ele iria parar de respirar e ela nunca mais o veria.

- Eu não suportaria perder você... Não você... – ela soluça.

Claro que Eleonor o amava, ele era um amigo muito precioso, mas entendam, era só isso, ela não o via como mais do que um amigo. Dietrich também, se importava muito com Eleonor, e era feliz de tê-la ao seu lado, mas isso não passava de um carinho fraterno por tudo aquilo o que ela havia ajudado, ele nem por um momento a viu como mulher.

Porém, aos olhos de Oliver, que nunca havia entendido perfeitamente o funcionamento do cérebro humano, aquilo era praticamente uma declaração de que ele havia sido substituído por Dietrich aos olhos de Eleonor.

- Eu vou... Deixar vocês conversarem. – ele disse, baixando os olhos e indo na direção da sacada.

Dietrich o seguiu com os olhos.

- Eleonor, creio que sua declaração foi mal interpretada pelo meu irmão... Acho que ele acredita que você e eu estamos namorando. – ele inclina a cabeça para a esquerda.

Eleonor solta imediatamente com o susto.

- O que? Mas nós nunca... Quer dizer, nós não...

- Eu sei, eu sei. – ele diz, poupando-a de terminar a frase. – Mas acho que seria bom se você dissesse isso a ele.

Ele sorri, um olhar amigável paira sobre seus olhos, ele era tão gentil... Mesmo com o irmão que o jurara de morte há poucos dias.

- Oliver... – Eleonor sai à sacada.

Oliver está apoiado na pequena murada de pedra da sacada, encarando o horizonte com um olhar torturado.

- Sim?

- Eu e Dietrich... Nós não...

- Vocês não...?

- Eu e Eleonor não estamos namorando. – Dietrich declara, apoiando-se no batente da porta de vidro que dava para a sacada.

Oliver observa nos olhos de Dietrich algo que dissesse que ele mentia, mas não havia nada lá, eram olhos límpidos e gentis do irmão que ele havia rejeitado.

- Entendo... – ele diz, sentindo-se profundamente imbecil por se sentir daquele jeito pela mera menção de ser trocado por seu irmão.

Oliver se senta em uma cadeira observando o chão com insistência.

- Sabe Dietrich, sempre achei você uma boa pessoa... até antes do acidente pelo menos...

Dietrich pareceu ser pego de surpresa.

- Você era sempre tão... Feliz e gentil com todos ao seu redor. – Oliver encosta na parede, ainda sentado na cadeira de ferro onde havia sentado. – Pra você, ser gentil com os outros era como respirar, sempre tive inveja de você por isso. – ele fechou os olhos, respirando profundamente enquanto as memórias inundavam sua mente.

- Oliver... – Dietrich disse, enquanto o seu sorriso ia dando espaço a surpresa.

- Eu me culpei tanto quando achei que você tinha matado o primo do mestre... Achei que era minha culpa não ter visto o que estava acontecendo com você, que se eu tivesse notado antes talvez eu pudesse ter... Ajudado.

Os olhos de Dietrich foram margeando de lágrimas.

- Eu perdi o meu único irmão... Eu me sentia tão culpado, era como se eu o tivesse matado, matado com a minha indiferença, com o meu descaso... e com a cegueira que eu tinha, atrás da ilusão dos olhos alegres que você sempre mostrava...

Oliver deixa uma lágrima cair, sozinha, se contendo pra que não houvessem outras.

- E isso está acontecendo de novo... Você está morrendo... E a minha indiferença, e o meu descaso, e a minha cegueira são as culpadas... – ele diz, num tom claramente culpado. – Será que algum dia você vai conseguir me perdoar por ser um irmão tão ruim? – ele sorri com tristeza.

Dietrich começa a soluçar, e seus olhos azuis vão ficando turvos com as muitas lágrimas que vão chegando.

- Eu... Nunca tive raiva de você Oliver... – ele soluça secando os olhos com as mangas da blusa muitas e muitas vezes.

- Você sempre chorou muito fácil Trich. – Oliver sorriu melancólico.

O olhar de Dietrich se voltou a Oliver quase que de imediato.

- Você me chamou de...

Dietrich se atira em Oliver, desabando em lágrimas tanto de tristeza quanto de alegria.

Eleonor encostada na parede continha-se para não chorar também, feliz que os gêmeos finalmente tenham se resolvido.


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Notas finais do capítulo

Oláááá o/
Capítulo grandinho ^w^
Bem, leitores fofos do meu coração, eu estava pesando em começar a postar outra história, mas não tenho certeza, enton
se vocês estiverem a fim
eu gostaria de saber
bjs bjs :*



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