Doll House escrita por Aleksa


Capítulo 33
Capítulo 34




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Horas mais tarde, Dietrich está tomando sorvete sentado no sofá de sua sala, e esperando que o almoço fique pronto. Oliver, no outro extremo do sofá, lia um livro com uma expressão concentrada e distante.

Eleonor sentia-se ridícula por encarar aqueles dois e se sentir tão feliz, ela sentia-se como a mãe idiota e coruja que ficava babando em seus filhos enquanto eles eram simplesmente como deveriam.

Os olhos de Dietrich se voltaram a Eleonor, que os encarava com um sorriso idiota em seu rosto.

- Qwerl swolnete Ewelon? – ele perguntou, com a colher enfiada na boca, segurando-a com a boca, as mãos apoiadas nos tornozelos cruzando as pernas sobre o sofá.

- Trich, já disse que não entendo o que você fala quando você fala de boca cheia.

Dietrich tira a colher da boca e repete.

- Quer sorvete Eleonor? – ele sorri.

- Não, prefiro almoçar primeiro.

- Não seja chatinha, vamos, diga “ah”. – ele disse pegando uma colherada de sorvete.

- Ah~. – ela diz.

Dietrich põe a colher de sorvete dentro da boca de Eleonor e sorri.

- Viu? É bom.

- Elw schei... – ela diz, com a colher na boca.

- Hum? – Dietrich inclina a cabeça pra esquerda.

- Eu sei. – ela repete, agora sem a colher para atrapalhar a dicção.

Dietrich sorri, Oliver está num silêncio confortável, dividindo sua atenção para o livro em suas mãos e a conversa imbecil dos dois ao seu lado, o que lhe causa uma leve sensação de tranquilidade.

Involuntariamente um sorriso sereno se forma nos lábios de Oliver, que nesse momento já não está lendo mais nada, está simplesmente contemplando as letras embaralhadas em palavras e as palavras dispostas em frases na folha branca diante de si.

Eleonor levanta e vai até a cozinha.

- Trich, acho que o almoço está pronto.

- Ah sim. – Dietrich levanta e vai desligar o fogo.

Oliver fecha o livro e deixa-o sobre a mesinha de centro, apoiando o queixo nas mãos.

- Dietrich... – Eleonor começa.

- Hum? – ele responde.

- Deixe Katrina ajudar você...

- Por quê?

- Como assim “por quê”? Porque você está morrendo!

- Estou morrendo a mais de setenta anos, não há novidade nisso.

- Mas isso não muda o fato de que agora você e o seu irmão voltaram a se entender.

- Eleonor tem razão. – Oliver finalmente interfere.

- Fico feliz que ambos demonstrem um interesse tão profundo em me manter vivo, mas...

- Dietrich você sabe muito bem que “um motivo” não tem nada a ver com a sua motivação pra viver. – Oliver interrompe. – Então? O que você está inventando? Não me faça procurar a resposta dentro dessa sua cabecinha kamikaze, por que se for preciso eu vou.

- Não é nada de mais Oliver.

- Mentira.

Eleonor está confusa.

- Como você tem tanta certeza?

- Por que você pode me enganar a respeito de muita coisa, mas não sobre as tramoias malucas que você inventa pra fazer o resto das pessoas do mundo felizes.

- Já disse que não é nada de mais.

- Nada de mais para os seus padrões ou para dos padrões de uma pessoa normal?

Dietrich permanece em silêncio.

- Chega, eu avisei.

E com isso Oliver vai atrás da informação, cavando dentro da mente escura e sozinha de Dietrich, encontrando diversas coisas que ele não queria encontrar, coisas que fariam Eleonor chorar se soubesse.

Diante da invasão que Oliver promovia em sua mente, Dietrich sentou-se num canto do sofá, encolhendo-se enquanto ele vasculhava toda a sua memória.

- Saia daí Oliver! Isso é o meu passado!

- Dietrich... O mestre...

- Sai daí!

Dietrich precisou expulsar Oliver de dentro das memórias de seu passado, se ele não falava sobre elas, tinha um motivo! Frustrado ele atravessou a sala pra cravar um tapa do lado esquerdo do rosto de Oliver, que estalou bem alto: SLAP!

- Eu disse pra você sair! – ele disse, saindo pelo corredor, indo em direção ao seu quarto e batendo a porta atrás de si.

Eleonor estava confusa, como o assunto acabou assim?

Oliver nem sequer havia esboçado qualquer reação, a marca estampada da mão de Dietrich estava delineando um vergão vermelho dos dedos dele, o choque cortava o seu rosto numa expressão de horror.

- Como eu não notei isso...? – ele disse, quase que pra si mesmo.

Eleonor não sabia a quem socorrer, mas muito bem, prioridades, Dietrich se machucava mentalmente muito antes de Oliver, por isso ela rumou pelo corredor.

- Dietrich! Dietrich abre essa porta.

O choro baixinho dele podia ser ouvido dentro do quarto, querendo ou não, quando Oliver viu tudo aquilo, ele viu também.

- Dietrich não me faça arrombar essa porta.

O silêncio foi a resposta que ela conseguiu.

Com um grampo de cabelo e um abridor de cartas ela moveu a fechadura até que ela fizesse “click”.

- Até que ser bandeirante tem as suas funções. – ela disse pra si mesma enquanto abria a porta devagar. – Dietrich...

Sentado num canto do quarto, Dietrich contemplava a caixa de pandora que Oliver havia acidentalmente aberto, as lágrimas escorriam.

- Dietrich. – ela corre até Dietrich e se ajoelha em frente a ele.

- Eu não queria lembrar... – ele diz, fechando os olhos com força.

- Tudo bem, tudo bem... – ela o abraça, deixando que ele chore.

Oliver chega pela porta, os olhos marejando, mas ele se recusa a chorar.

- Me perdoa Dietrich... Eu não vi o quanto você precisava de mim... Me perdoa por fazer você lembrar...

Dietrich estava deitado no colo de Eleonor, as lágrimas caiam.

- Não foi sua culpa Ollie...

Oliver caminha até eles, sentando do lado de Eleonor e encostando a cabeça em seu ombro.

- Eu prometo que vou concertar o meu erro... Eu prometo que não vou deixar você sofrer sozinho de novo... – Oliver disse, ele sentia frio, culpa.

- ... Se você diz Oliver... Eu acredito em você...

- Eleonor. – Oliver diz.

- E-Eu... – ela se sentia estranha por estar no meio daquela cena.

- Você vai voltar pra Doll House.

- Mas Oliver, eu disse que só posso voltar quando você-

Oliver interrompe a linha de pensamento de Eleonor beijando-a, e dessa vez ele não estava sobre o efeito de nenhuma espécie de alucinógeno.

- Eu avisei. – Dietrich diz, sem se mover muito.

- Você vai voltar pra Doll House... Comigo. – Oliver repete, depois de soltá-la.

- Tá... – ela diz, sem mais nenhuma espécie de rejeição a ideia.

- E você vem também Dietrich, eu vou concertar esses cinquenta anos de negligência.

- Claro. – ele diz, mexendo no próprio cabelo.

De volta a Doll House, assim que Eleonor havia sido instalada pela segunda vez, Katrina entra pela porta da frente gritando em altos brados.

- ACHEI! EU SEI COMO SALVAR O DIETRICH!


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