Eleonor pensa,  não existe muita coisa que ela queira fazer... Mas a pergunta foi vaga o bastante pra lhe dar umas ideias... Mesmo assim ela não tentaria nada, ele iria surtar no dia seguinte.

- (Se controla!) – ela pensa.

Limpando a garganta, Eleonor olha pra Oliver, que esperava uma resposta com um olhar vago.

- Erm... Conte-me mais sobre você. – ela diz, tentando manter o tom de voz estável.

- Tudo bem. – ele diz. – O que quer saber?

- O avô de Katrina só criou você?

- Só.

- Você nunca se sentiu sozinho?

- Sempre tive muito que fazer. Não tinha tempo pra ficar conversando.

- Você não sentia falta?

- Como sentir falta de alguma coisa que eu não tinha?

- E no natal?

- O que tem o natal? - Oliver pergunta. - A esposa do mestre Yohan morreu nesse dia... O natal não era muito feliz, pelo menos pra ele. Mas os empregados sempre levavam o mestre Henry para um passeio.

O terceiro trovão estoura do lado de fora da janela, acaba a luz.

Eleonor olha pela janela, a chuva estava realmente pesada.

- Vou pegar uma vela. – Oliver diz, levantando-se.

- Certo... – Eleonor diz, notando que sua voz parece mais pesada.

Poucos minutos depois, Oliver entra na sala e apóia o pires com a vela sobre a mesa, soltando um longo suspiro.

- O que foi? – Eleonor pergunta.

- Dias de chuva sempre me deixam melancólico. – ele diz.

- Por quê?

Oliver sorri tristemente.

- Você é uma pessoa muito curiosa Eleonor.

- Ah, Desculpe... – ela pede.

- Sempre que um Doll Maker morre, chove muito forte.

A espinha de Eleonor gela.

- A família de Katrina não é a única com gene de Doll Maker.

- Não?

- Muitos decidem continuar vivendo normalmente, e nem chegam a criar Dolls.

- Nossa...

- Na cidade tem mais duas famílias assim... Somos uma espécie em extinção. – ele diz, mexendo na cera derretida que escorria pelos cantos da vela.

- Nessa cidade tem quantas famílias com gene de Doll Maker?

- Os Vandervilt, os Karmian, e os Iliasie. Mas as outras duas não criam mais.

- Que coisa triste. – ela diz.

Oliver simplesmente da de ombros.

- Obrigada por me falar mais sobre você. – Eleonor diz.

- Obrigado por ouvir. – ele diz.

Oliver e Eleonor se olham por um momento ou dois, depois Oliver abre a gaveta e puxa um livro empoeirado.

- Nunca terminei esse livro.

Eleonor senta ao lado dele no sofá o fica assistindo-o ler, por alguma razão, ela acaba dormindo, e caindo em Oliver, colando em seu braço.

- “Se eu não durmo em Doll House, acho que não vou dormir aqui também.” – ele diz. – Sei.

Oliver se inclina e tira o cabelo de Eleonor da frente de seus olhos, colocando-os atrás da orelha. Depois vira e continua lendo, o fato de ela estar colada nele o incomoda um pouco, (dificulta na troca de páginas) mas nada que ele não possa contornar.

Depois de algumas horas, ele fecha o livro, agora terminado e olha pra Eleonor, que dormia profundamente.

- Isso vai acabar com o seu pescoço.

Oliver levanta, pegando Eleonor nos braços e subindo as escadas.

- Vou acabar me habituando a fazer isso...

Oliver deita Eleonor na cama, mas ela está agarrada em seu pescoço, mesmo que ainda esteja dormindo.

- Oh céus... – ele diz.

Se desvencilhando dos braços de Eleonor ele caminha até a porta.

Eleonor abre levemente os olhos, ainda sonolenta, e vê Oliver saindo do quarto e fechando a porta suavemente.

- Então foi ele que me levou pro meu quarto naquela noite... – ela diz, num tom de voz bem baixo por ainda estar com sono.

Poucos segundos depois, ela volta a dormir.

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