Cripta - o Silêncio das Gárgulas escrita por Pedro_Almada


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo 4

 

            - Encontramos a lápide sepulcral de Berserker... Ou melhor, alguém a deixou para nós – falou Klaus, sério.

            Chad, Olaph, April, Kari, Lorelai e Klaus estavam em uma antiga torre, ocupando um pequeno espaço ao lado do grande sino da catedral. Uma mesa forrada, xícaras e um chá gelado. Era tudo o que havia, além das teias de aranha abandonadas.

            - Não consigo acreditar – falou Chad, encostado em uma viga de madeira, com os braços cruzados – é loucura, pura estupidez... Violar o Sepulcro...

            - Alguém invadiu a Cripta. – falou Lorelai – e queria que soubéssemos.

            - Vocês não esperam que acreditemos nisso, certo? – retorquiu April – isso é um golpe! Uma cilada!

            - Lembre-se, somos Raposas, não ratos – Lorelai sorriu falsamente – não pense que eu usaria uma tática tão amadora para derrubá-los.

            - Por que você não pega todo o seu bando e enfia tudo no...

            - April, agora não é hora para isso – resmungou Olaph – seja como for, ela está certa, eu acho... A lápide é verdadeira, e alguém removeu de lá.

            - Lorelai tem poder o suficiente para fazer – avisou Kari.

            - Mas não tem motivos – lembrou Chad, pensativo – Lorelai não iria querer violar o sepulcro. Ela sabe que isso seria ruim... Para todas as Tribos.

            - Acha que pode ser os outros? – perguntou April – Eu não sei, talvez os Chacais.

            - Aqueles infelizes? – grunhiu Klaus, irônico – eles não possuem competência para isso. São fortes, mas burros demais para o serviço. E driblar os segredos da Cripta... Principalmente a de Berserker? É quase impossível.

            - Alguém fez isso – Olaph se posicionou, decidido – precisamos de uma reunião. Talvez devamos chamar os líderes.

            - Não vamos colocá-los no meio disso – Lorelai avisou – é arriscado.

            - Eles são os nossos Lideres, Lori – lembrou Chad – devem saber.

            Lorelai fechou os olhos por alguns segundos, esfregando a ponte do nariz com o polegar e o indicador. Caminhou lentamente até o portal da torre, que dava para o azul imenso, onde todo o azul do céu, já amanhecendo, era visível. Chad conhecia bem aquela expressão. Em tempos antigos, quando Lorelai era apenas uma entre eles, aquela expressão significava problema além da conta.

            - Eu temo por isso há muito tempo... – ela disse, enfim – Desde o dia em que me uni às Raposas...

            - Quando você traiu os Besouros, você quer dizer – retorquiu April, mas Olaph fez um gesto para que ela se calasse.

            Lorelai ignorou a garota.

            - Eu cresci em meio às Raposas, me tornei uma representante, um ícone de respeito... Medo... E isso abriu muitas portas.

            - Você está divagando, Lorelai – avisou Chad, já impaciente – seja mais direta, não temos tempo para seu lirismo desnecessário.

            - Chandler, você sempre corta o meu barato... Por isso me cansei de você.

            - Não, Lori. Fui em quem terminou, lembra-se?

            Lorelai estreitou os olhos, levemente ofendida, todos a volta prenderam a respiração. Chad, um simples Sentinela com potencial, enfrentava cara a cara a mais poderosa das Raposas.

            - Deixe-me ser mais clara – ela disse, enfim – Minha influência abriu portas... E com isso, eu descobri, ahn... Coisas, pistas, na verdade, de uma verdade do passado que não nos contam.

            - Que seria...?

            - Eu não sei ainda... Quero dizer, não tenho as informações de forma coerente. Mas sei que, logo no início, quandos os Criptos surgiram para colocar ordem nesse mundo de humanos mesquinhos, já havia um propósito. Eles não queriam servir de guardas para um mundo idiota como esse. Não, havia algo mais. Era como se aqui fosse o para-raio de algo muito maior. Estou coletando mais dados, mas não sei se são confiáveis o suficiente.

            - Precisamos saber por que não devemos confiar em nossos líderes. – avisou April – não podemos simplesmente ignorar as leis porque uma Raposa suja apareceu aqui e disse como tem que ser.

            Foi tão rápido que apenas os mais experientes conseguiram acompanhar. April estava erguida no ar, suas costas pregadas à parede, enquanto os dedos de Lorelai apertavam o pescoço de April, que gemia, asfixiada.

            - Não seja abusada, garota – ela disse, enfim – não fale comigo como se estivesse a altura. Aqui, onde estou, os seus pezinhos medíocres não alcançam. Vai ter que escalar muito até me cuspir uma ofensa sem sair machucada.

            - Solte-a Lorelai – advertiu Olaph. Ele estava ao lado das duas, enquanto Klaus era detido por Kari e Chad – Ela é uma inconseqüente. Mas se machucá-la, acredite... Vou ignorar essa maldita cripta e caçar você... Mesmo que isso me custe a vida.

            Lorelai pareceu absorver as palavras de Olaph, sem se importar realmente. Por fim, soltou a garota, exibindo um sorriso para o tutor de April.

            - Sabe o que me excita, Olaph? – Lorelai passou pelo tutor, deslizando sua mão sobre o ombro do homem, e se afastando em seguida – ameaças banhadas de sentimentos. Isso é tão... Quente.

            April, levantou, engasgada, mas tinha força para falar.

            - Você vai ver o que é quente sua...

            Olaph silenciou-a antes que terminasse a frase. A tensão aumentou entre eles, que há muito não se davam bem.

            - Lorelai... – Olaph disse, enfim – Como espera que acreditemos em você?

            Ela pigarreou, caminhou até o beiral da torre, onde admirou, por alguns segundos, a rua pouco movimentada da cidade. Ignorou por completo os rostos das gárgulas petrificadas em adornos fúnebres nos pilares da torre.

            - Eu não posso provar nada... Ainda – ela suspirou – por isso eu vim em bando. Se vocês me permitirem provar... Quero chamar dois de vocês para uma, ahn... Excursão.

            - Excursão... – Chad estava atento nesse momento.

            - Sim. – ela assentiu – vamos descobrir se nossos líderes são, de fato, confiáveis.

            - O que te leva a duvidar deles?

            - Se vocês vierem comigo, saberão. Não quero me precipitar dizendo bobagens. O fato é: não podemos ignorar a invasão à Cripta de Berserker. Se quem fez isso conseguir chegar à Cabeça de Medusa... Poderemos assistir, de mãos atadas, a ressurreição do reinado das gárgulas.

            Chad fitou Olaph e, em seguida, Kari. Confiar em Lorelai era estupidez, mas ignorar os fatos era pior. Como se aliar ao inimigo em circunstancias como essas? Era difícil solucionar esse paradoxo. Mas não havia outra solução, Chad logo percebeu isso no olhar cauteloso de Kari. Por mais que odiassem as Raposas, Lorelai parecia ter uma resposta.

            - Foi tudo muito repentino... – murmurou Chad – achei que você estava vindo... Atrás de mim.

            Lorelai ficou séria.

            - E estava. Mas esse acontecimento veio segundos antes de eu decidir o que fazer com você... Bem, agora devemos discutir nossa relação uma outra hora.

            - Isso é bom – Chad forçou um sorriso amargo, voltou para Olaph, novamente sério – Olaph, prepare-se. Nós vamos com Lorelai à essa excursão. Quero descobrir quem violou a Cripta do meu pai.


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Notas finais do capítulo

o próximo cap será postado na semana que vem. Espero que gostem desse xD