Nyx, a Demônio Banida escrita por Live Gabriela


Capítulo 5
Drogas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/87744/chapter/5

Cheguei em casa e me joguei no sofá, comecei a procurar algo na tv mas de tanta chatisse que são esses programas cai no sono. Acordei quando a Morte chegou, ela tem uma presença marcante.

- Fome? - perguntou ela.

- Óbvio.

- Foi o que pensei, então te trouxe a janta.

- E o que você trouxe? Espero que seja bastante coisa, estou quase comendo minhas pernas de tanta fome.

- Bem, fazia tempo que eu não buscava um cara tão pesado.

- Pesado? - meus olhos brilharam - De quanto estamos falando aqui?

- 120.

- 120kg?! Um gordinho!! - avancei para cima dela - Onde ele tá, rápido, não comi nada o dia todo.

- Tá la na entrada.

Corri na direção de meu banquete e devorei tudo em menos de 15 minutos.

- Caramba! Eu tava mesmo precisando disso, valeu.

- Tá. - ela parou por um minuto e então se aproximou de mim - Com quem esteve?

- Com ninguém. 

- Hum, tá certo. E como foi na escola?

- O que?! Agora você virou minha mãe é?!

- Pelo visto não muito bem.

Me levantei e peguei meu casaco.

- Onde você vai? 

- Não te interessa.

- Na verdade ...

- Ah, eu só vou dar uma volta, caramba!

- Agora? Não acha que está tarde?

- Eu sou um demônio da Noite! Isso te diz alguma coisa?

Sai antes que ela pudesse dizer algo. Fui até a portaria do meu prédio e pude ver que na esquina da frente da minha rua havia um grupo de drogados. Não, eu não ia comê-los se é o que você está pensando. Eu pensei que poderia me divertir um pouco.

Uma hora depois eu já estava bem doidona. Não sabia qual dos mil e um prédios que minha visão distorcida me fazia enxergar era o meu. A festa estava boa mas algo de ruim sempre tem que acontecer, sempre tem um filho-da-puta pra estragar tudo. Nesse caso foi a polícia. Estavam procurando há alguns dias uns traficantes por aquela região. Ao que parece, eles encontraram. Não sei ao certo o que houve eu apaguei bonito. Só acordei de madrugada dentro de uma cela. Eu não podia ficar ali, ainda estava meio tonta por conta das substâncias não recomendadas para cardíacos mas consegui sai dali, e até que não foi difícil.

Cabrum. Paredes caídas, poeira subindo, gritos. É São Paulo tem um grave problema com relação a poluição sonora.

- Ela fugiu! Chamem todas as viaturas da base. 

Dentro da viatura... - Como ela conseguiu? Não sei ao certo, talvez ela tivesse algum tipo de bomba, não sei, vamos descobrir.

Eu já estava em minha forma normal, mas não a consegui manter por muito mais tempo. Voei até onde consegui mas minhas asas parecem que gostam de se guardar sem avisar. Caí perto da escola, o que era bom, já que isso era perto da minha casa.  Nessa queda pude ouvir o fascinante som de um osso quebrando, não tinha idéia de qual já que todos doíam, mas quando me levantei percebi que era do meu pé.

Tentei voar até em casa mas alguma coisa deu errado, eu estava com minha aparência metade humano metade demônio. Minhas asas estavam para fora mas eu não tinha forças para fazer com que elas batessem e me ajudassem a sair do beco em que eu tinha caído, mas nada acontece quando precisamos. Eu estava com minha boca de monstrengo mas meu rosto era de humana, assim como o resto de meu corpo, com exceção do meu rabo, chifres, asas e garras, é, eu estava bizarra... bizarramente inútil, eu parecia uma garota frágil e burra, por ter quebrado o pé, com acessórios de Halloween. E como a vida é bela parece que o guardinha da rua me viu e se assustou, deve ter achado que eu era um monstro, coisa que eu sou.

Ele pegou um revólver, que não faço idéia de onde ele tirou e apontou para mim. As vezes as pessoas são tão inconvenientes que as vezes agradecemos por isso, ou não, não sou de agradecer. Mas o caso foi que o infeliz da escola, e também da biblioteca surgiu do nada, literalmente do nada, pois não vi ele se aproximando.

- Ouw, ouw, ouw seu guarda, que que tá acontecendo aqui?!

- Esse monstro, sai daqui garoto!

- Não, vira essa arma pra lá, é só minha amiga fantasiada.

- Bom, eu vi sua amiga caindo do céu! Explique isso! - ele destravou a a trava de segurança e fez o sinal da cruz - Vá de retro Satanás! - disse ele com as duas mãos, agora no revólver, o que mostrava que ele não era um expert com armas.

Mas o que ele não esperava, e nem eu, é que o menino inconveniente se jogou na frente da bala. Pude ouvi-la rasgando sua pele. E o guarda também, logo ficou assustado por ter ferido um inocente e saiu correndo. Nem pro desgraçado chamar uma ambulância.

"Pronto, agora já era", pensei. Mas tive uma surpresa quando o garoto bancou o zumbi e levantou do chão todo banhado de sangue esticando os braços em minha direção. Por um instante até pensei que ele ia começar a dançar thriller mas acho que não era a hora de fazer essa piadinha infame.

- Que diabos deu em você?! Ficou mais retardado do que já é?! - perguntei com raiva, claro que tentando demonstrar um mínimo de preocupação.

- Puta que pariu! Essa merda tá doendo pra caralho! Será que dá pra ser mais agradecida e me ajudar aqui porra.

Tudo bem que ele era um otário mas salvou minha "vida", não sei se você sabe mas demônios não são imortais não, quero dizer, não vou morrer de velhice, vou morrer quando um cara fodão conseguir me acertar. Não, o guardinha não ia ser esse cara fodão, eu só deixei ele se sentir no comando, agora se pessoas são inconvenientes até nessas horas não posso fazer nada.  

- Porra Nyx, me ajuda aqui caralho!

Brisar nessas horas não dá muito certo. Parei e o ajudei dando apoio, claro que não foi uma boa idéia, nós dois caímos, afinal meu pé ainda estava quebrado. Sentados na calçada nos entre olhamos e logo mandei um olhar " dá pra ficar pior?", felizmente não ficou, o que raramente acontece, pois as coisas sempre pioram. 

- Que ótimo, agora estamos aqui sem podermos nos mexer, você praticamente tendo uma hemorragia e eu com pé quebrado em uns vinte pedaços. - disse com raiva.

- A não foi nada salvar sua vida, imagina. Eu é que agradeço por me deixar levar um tiro no ombro em seu lugar. - retrucou ele.

- Ao menos eu não sou uma merda de Anjo Caído!

- O que? Do que você ... - eu o interrompi.

- Não se faça de idiota, eu já sei ok?! Provavelmente a Morte estava sem tempo então meu pai te mandou pra me vigiar não é?! Assim você poderia me seguir na escola sem levantar suspeitas e nos lugares que eu vou como na biblioteca!

Ele ficou calado.

- Quem cala consente. - conclui após perceber que ele não iria me contradizer. 

- Não foi bem assim... - disse ele cabisbaixo - Eu já estava aqui na Terra bem antes de te conhecer e de saber da sua existência. Quando você chegou, e pegou meu lugar eu não sabia quem era você, mas antes de te encontrar na biblioteca seu pai teve uma conversinha comigo. Ele disse que se eu vigiasse você poderia fazer com que o tempo de minha punição de ficar aqui nessa merda de planeta fosse reduzido. E essa foi uma oferta que eu não...

- Não pode recusar, é tô sabendo. - virei os olhos e cruzei os braços.

- Mas diz ai, como você sabia que eu era um anjo caído?

- Bom, primeiro foi seu cheiro, que não é de humano, depois reparei nas penas que apareciam no seu ombro e pra completar agora a noite vi seus olhos, estão cinza, mas bem claro, tanto que são quase brancos e olhos assim só pertencem a anjos caídos.

- Hum... - coçou o queixo - Você repara bem nas coisas hein?!

- É que pra ser sincera eu iria te devorar, mas você não tinha um cheiro nada agradável.

Ele pareceu dar uma breve risada, ou talvez fossem meus sentidos me confundindo de novo. Lembrete: não tomar suco de cogumelo usando um pó branco como açúcar. 

Ficamos na rua até amanhecer, a essa hora ele já estava praticamente curado, afinal anjos são imortais, então mandei que ele me levasse a um hospital. Ele obedeceu, afinal meu pai estava vigiando ele, e se ele se recusasse era possível de sua punição aumentar de tamanho. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nyx, a Demônio Banida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.