Walkie-talkie escrita por Franiquito


Capítulo 7
Baterista


Notas iniciais do capítulo

Olá todo mundo!!
Madruguei hoje para postar o cap pra vcs! -q *apanha*
Bom, eu estava muito insegura sobre esse cap... Eu escrevi e depois olhei, reolhei (?!), pensei, repensei... Pq parecia que alguma coisa não tava legal, sabem? E acabou ficando assim mesmo. Espero que vcs gostem.
Ah, quem "betou" o cap foi minha mãe! xD Ela quem liberou o cap, então qlqr reclamação vai pra ela, viu... *apanha horrores de cinta*
Boa leitura. ^.^
[edited: 3ª vez que edito esse cap pra tentar tirar esses "rn's" malditos ¬¬]



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Yutaka estava impaciente e inquieto desde a hora que acordara. Era domingo, seu primeiro dia de férias depois de uma longa turnê com o The Gazette, e mesmo assim ele despertou terrivelmente cedo, completamente sem sono.

E desde aquele momento o baterista procurava se ocupar com alguma coisa, mas nada o distraía por mais que meia hora. Ele tomou um banho bastante demorado e fez um café da manhã mais elaborado que de costume, o qual ele saboreou com a mínima pressa. Depois lavou a louça e, sem saber mais o que fazer, começou a limpar a casa inteira – coisa que ele não costumava fazer por conta própria. Aquilo lhe tomou mais tempo que as atividades anteriores, mas ainda assim não foi o suficiente: eram apenas dez horas da manhã quando ele acabou. Yutaka nunca achou tão chato ser eficiente, e ainda perdeu o celular no processo.

O moreno foi até a sala, jogando-se no sofá para usar o telefone fixo. Ele não estava cansado, mesmo depois das duas noites seguidas de Grand Finale e das poucas horas de sono. Nem mesmo a atividade doméstica o cansara, pelo contrário, ele se sentia disposto, completamente elétrico. Ele sentia que podia fazer outro live naquele instante.

Yutaka largou o telefone de volta no suporte. Ele não precisava achar o celular. Ele só precisava da sua bateria por algumas horas. Aquilo era exatamente o que ele precisava para extravasar sua ansiedade.

Yutaka se pôs de pé rapidamente, ainda mais empolgado. Ele pegou uma garrafa de água na geladeira e uma toalha de rosto em seu quarto. Antes de sair do cômodo, o músico avistou o walkie-talkie sobre a mesinha de cabeceira. A razão de toda aquela ansiedade. O dia não estava nem na metade e Yutaka estava fazendo o impossível para não contatar Yoko. Seu coração acelerava só de pensar em ouvi-la novamente... O moreno já ensaiara diversas conversas em sua mente e não via a hora de apertar o bendito botão lateral para ouvir a voz da garota.

Yutaka sacudiu a cabeça de um lado para o outro. Ele não sabia por que aquele assunto de walkie-talkie entrara em sua mente e não o abandonava um segundo sequer. O walkie-talkie não importava mais e o baterista sentia tamanha empatia por Yoko que não desejava ter o aparelho de volta. Só a ideia de perder o contato com a jovem deixava uma estranha sensação de vazio em Yutaka. Ele não gostava de pensar naquilo e sempre desviava o assunto quando Yoko mencionava devolver-lhe o walkie-talkie.

Talvez ele estivesse se precipitando, mas não conseguia evitar agir daquela forma. Assim sendo, Yutaka voltou até sua mesa de cabeceira e pegou o pequeno aparelho preto.

- Só para garantir que Yoko-chan não ficará falando sozinha se tentar entrar em contato – ele murmurou como se quisesse convencer a si mesmo.

Yutaka rumou para o maior cômodo do apartamento: uma sala branca acusticamente isolada com uma bateria enorme bem ao centro, cheia dos mais diversos pratos e tambores. Yutaka se sentou, largando o walkie-talkie próximo à garrafa de água onde ele poderia vê-lo e não corria o risco de esquecê-lo. O músico alongou os músculos e começou a tocar em seguida.

O baterista não tocou nenhuma música em particular, apenas deixou seus sentimentos transbordarem através das batidas. Yutaka finalmente conseguiu se concentrar em algo sem notar a passagem do tempo. Sempre que tocava bateria, Yutaka se esquecia de todo o resto à sua volta: esquecia do tempo, do cansaço, da tristeza, das frustrações... Ele se permitia deixar de lado até mesmo suas outras obrigações. Espancar a bateria ininterruptamente era simplesmente a coisa mais libertadora do mundo.

Quando Yutaka não aguentava mais e se viu obrigado a parar para beber água já haviam se passado três horas. Ele sequer notara que estava morrendo de fome. Seu corpo inteiro formigava, completamente suado.

Assim que estendeu o braço para alcançar a garrafa de água, Yutaka viu o walkie-talkie e se lembrou de Yoko. Um sorriso se formou em seus lábios finos sem que ele percebesse. Yutaka pensou por dois segundos e então pegou o aparelho.

- Konnichiwa, Yuk-chan!

Yutaka levou um susto e pensou que seu coração já acelerado pelo esforço físico fosse saltar pela boca.

- Pelo amor de Deus, Yoko-chan! Você tem poderes psíquicos? – ele ofegou.

O moreno pode ouvir Yoko rindo antes de conseguir falar.

- Por quê? Estava pensando em mim? – ela perguntou em sua voz doce e infantil.

- Ahn – Yutaka coçou a cabeça sem jeito – Eu ia tentar falar com você agora, na verdade.

- E você está desse jeito por causa do susto? – a garota riu mais uma vez.

- Desse jeito como? – ele se assustou.

- Quase sem conseguir respirar!

- Ah – Yutaka riu – Não exatamente. Eu estava... fazendo uma... atividade física – ele mentiu.

- Você pratica algum esporte, Yuk-chan? – Yoko parecia bastante interessada.

- Não...

- Então estava fazendo o que para se cansar desse jeito? – ela brincou.

Yutaka não pôde deixar de rir da curiosidade de Yoko. Ela soava inocente como uma criança. Mas Yutaka não queria se revelar... Ele estava certo de que Yoko não era o tipo de garota que o assediaria se descobrisse que ele fazia parte do The Gazette; ele tinha era medo de que ela se assustasse e parasse de falar com ele por isso.

O que ele devia dizer? Yutaka não queria mentir para Yoko, mas também não queria lhe contar a verdade, por mais bobo que aquilo parecesse... O músico riu do próprio constrangimento.

Talvez não houvesse mal em dizer que ele era um baterista por profissão. Ele só não precisava dizer que era um baterista famoso. Pelo menos não por hora.

- Bem, eu estava... Vamos ver se você adivinha, ok? – o moreninho sorriu com a ideia da brincadeira.

- Ok! Vou me esforçar! – Yoko respondeu animada, fazendo Yutaka sorrir ainda mais.

- Eu estava fazendo uma atividade que gosto muito...

- É um hobby seu?

- Hum, um pouco mais que isso, na verdade.

- Você pratica regularmente?

- Aham, praticamente todos os dias.

- E como é isso? Eu preciso de mais pistas! – Yutaka podia imaginar Yoko fazendo um beicinho adorável como uma criança frustrada, e aquela imagem o fez gargalhar.

- Certo, certo – ele disse – É uma atividade bastante prazerosa capaz de acabar com o fôlego de qualquer um... Sabe, parece que eu nunca vou me acostumar com o esforço físico necessário! – Yutaka terminou rindo de si mesmo. Era bem verdade que mesmo depois de todos aqueles anos tocando bateria Yutaka sempre saía dos lives em frangalhos.

O baterista esperou pacientemente pela resposta de Yoko... que não veio. O que será que estava acontecendo do outro lado??

- Yoko? – Yutaka chamou incerto – Quer mais alguma dica ou está pensando?

- SEU PERVERTIDO!!!

- O quê? Do que você está falando, Yoko-chan? – Yutaka arregalou os olhos.

- Quem você pensa que eu sou?? Nunca, NUNCA mais fale comigo!

Yutaka estava estupefato. O que Yoko tinha entendido? Ele só dissera que estava ofegante por causa da atividade prazerosa que era... Yutaka bateu na própria testa, entendendo a interpretação de Yoko. Ele jamais quis dar margem àquilo!

- Yoko, por favor, me escute! Não é nada disso! – o músico tentava desesperadamente se esclarecer – Como você foi pensar em uma coisa dessas? Garotas como você não deveriam pensar assim... – Yutaka se calou, batendo na testa de novo. Ele não estava ajudando – Escute, Yoko, eu estava tocando. Bateria! – ele se apressou em acrescentar – Eu estava tocando bateria, olha só – Yutaka tirou alguns sons dos pratos e tambores com uma das baquetas – Viu? Eu sou baterista de uma banda, Yoko, é isso!

Yutaka não pôde conter um suspiro cansado. Ele soltou o botão lateral para Yoko poder responder, sentindo seu coração martelar cada vez mais rápido em seu peito enquanto aguardava. Mas Yoko não retornou.

- Yoko, por favor! Eu... – Yutaka tentou outra vez, respirando fundo – Eu faço parte de uma banda, o The Gazette, você conhece? Eu sou o Kai e usava esses walkie-talkies para me comunicar com o pessoal do staff nos shows... Por isso eu não queria dizer meu nome... Eu tinha medo da sua reação, Yoko-chan. Me desculpe. Mas agora eu peço que acredite em mim para desfazermos esse mal entendido!

Ele esperou um... dois... cinco... dez minutos. Yoko não respondeu.

- Não me deixe falando sozinho, Yoko-chan... – Yutaka implorou em voz baixa.

O walkie-talkie permaneceu mudo.

Yutaka sentiu os olhos arderem e apertou-os, preferindo acreditar que era culpa do suor. Seu corpo pareceu subitamente muito cansado e tombou para frente, apoiando-se sobre a bateria.

- Parabéns, Yutaka – ele murmurou – Você acaba de estragar tudo.

 

^^^^

 

Yoko abriu a primeira gaveta da cômoda que dividia com a irmã. O semblante usualmente sereno da jovem agora estava fechado, distorcendo suas feições delicadas. Como Yuk pudera ser tão grosseiro? Bom, ele já tinha sido grosseiro com ela antes, mas Yoko entendeu seus motivos depois...

Mas daquela vez Yuk tinha sido baixo... Yoko não queria ouvir mais nenhuma palavra dele e retirou as pilhas do walkie-talkie assim que terminou de xingá-lo. Ela ainda considerava o aparelho bonitinho demais para ser jogado fora, então o guardou na cômoda: walkie-talkie de um lado, pilhas do outro.

- Aconteceu alguma coisa, Yoko-chan? Pensei ter ouvido você gritar.

A jovem se voltou para a irmã mais velha que se apoiava no batente da porta.

- Acho que você estava certa sobre o Yuk, Mai – respondeu Yoko com tristeza – Não vou mais falar com ele.

- Ele te fez alguma coisa? – Mai parecia muito brava com aquele pensamento.

Yoko negou com a cabeça e Mai suspirou visivelmente aliviada.

- Ele parecia tão gentil... – a mais nova disse em voz baixa e Mai a abraçou.

- Eu sei... É sempre assim, Yoko-chan, sempre nos decepcionamos com as pessoas... Ainda bem que acabou antes que algo de grave acontecesse.

- Você não precisa se preocupar mais, Mai – Yoko se aconchegou no abraço da irmã – Eu nunca mais vou falar com ele. Nunca mais.a279;


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