The Hearts Light escrita por Tay_DS


Capítulo 23
XXIII – The Beauty and the Beast


Notas iniciais do capítulo

Música para este capítulo: To Zanarkand - Final Fantasy X (Distant Worlds II)
Link: http://www.youtube.com/watch?v=L3eDcInFHwE



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Capítulo 23 – The Beauty and the Beast

A High Wing pousou em Disney Castle sem muitos problemas. Os primeiros raios da manhã tomavam conta daquele mundo, porém, eram visíveis grandes nuvens negras se aproximando, anunciando a chuva.

Minnie os esperava, e estava acompanhada por Daisy, que apenas observava o grupo desembarcar da nave recém-chegada. Lilian, Zack e Riku acenaram e fizeram uma breve reverência perante as duas anfitriãs.

- É bom ver que vocês estão bem. – a rainha disse calmamente. – Conseguiram achar Cloud?

- Sim, Vossa Majestade. – assentiu o rapaz de cabelos prateados. – Ele optou por seguir direto para Traverse Town, e dar suporte ao grupo de Leon.

- Que bom. E peço para que vocês me sigam. O rei nos espera na enfermaria. – e Minnie acenou para o grupo a seguisse.

Ela e Riku foram mais a frente e conversavam sobre o que havia acontecido durante a ausência do trio, enquanto Lilian, Zack e Daisy apenas se mantinham em silêncio. Eles tomaram o trajeto semelhante ao que levava para a biblioteca, mas desviaram alguns corredores.

Pelo que Lilian pôde ouvir, uma gummi ship caiu a quase dois dias perto dos terrenos do castelo. O rei havia ido averiguar a situação, quando um sobrevivente, que havia se arrastado para próximo do castelo.

O corredor da enfermaria era branco, assim como a maior parte do castelo, e algumas armaduras decoravam o lugar, além das enormes janelas, por onde entrava a fraca luz solar. Ao final deste estava a porta branca, no qual a rainha bateu duas vezes delicadamente.

- Olá Clarabela. – cumprimentou Minnie ao ver quem abrira a porta.

- Vossa Majestade! – ela reverenciou. – O rei ainda está aqui com a visitante. Por favor, entrem. Mas eu peço que não faça muito barulho.

Clarabela deu espaço para que o grupo entrasse no quarto, e os guiou até o outro extremo, onde o rei estava sentado numa cama, ao lado de uma jovem desacordada.

Riku se aproximou, e se postou do outro lado da cama da moça.

- Conseguiram descobrir o que aconteceu? – ele perguntou.

- Não, ela está assim desde que chegou. – respondeu Mickey olhando seriamente para o rapaz de cabelos prateados.

- E não temos nenhuma informação sobre ela. – disse Minnie um pouco preocupada.

Lilian se aproximou um pouco mais, para ver melhor a “visitante”. Ela possuía cabelos curtos de tom azul, e sua pele alva era fracamente iluminada pela luz que conseguia atravessar as nuvens de chuva.

E ela parecia estranhamente familiar para a moça. Uma sensação, de fato, mas que a deixava um pouco atordoada. Desviou o olhar e respirou fundo, para logo em seguida se retirar da enfermaria.

- Algum problema Lilian? – perguntou a rainha, ao vê-la andar em direção à porta.

- Não, Vossa Majestade. – ela respondeu, e logo explicou. – Estou apenas um pouco cansada. Eu estarei em meus aposentos caso algo aconteça.

E sem mais nenhum questionamento, ela deixou a enfermaria. Assim que fechou a porta branca, ela levou uma das mãos à testa, onde pensou se estaria bem com tudo o que acontecia.

Começou a caminhada para o seu quarto. Quando estava afastada alguns corredores, Lilian pôde ouvir passos ecoando um pouco mais atrás. Virou-se para encarar o par de orbes castanhos do amigo Zack, que apenas a encarava sem saber ao certo o que pensava.

- E o que foi dessa vez? – ela perguntou após um suspiro.

Ele permaneceu em silêncio. Olhou de relance pela janela próxima, e os primeiros pingos de chuva começavam a se chocar contra o vidro.

Lilian, ao ver que o amigo nada disse, se virou para continuar a andar, porém, Zack havia sido mais rápido e a segurou pelo braço. Ela se virou para encará-lo confusa, e a moça pôde perceber o semblante preocupado do rapaz.

- Za...

- Lil, o que está acontecendo? – ele perguntou ainda sério, e ela arqueou a sobrancelha. – Não me venha com essa cara. Você tem agido bastante... Estranha ultimamente.

A moça olhou para os lados, e ninguém parecia espiá-los ali. Ela puxou o amigo pelo braço e andou mais um pouco, até se encontrar perto de seu quarto.

- Não vai me contar? – ele questionou ainda sério.

- Zack, eu já disse que não tem nada acontecendo.

- Não é verdade. E nós dois sabemos disso. – e parou para respirar fundo, depois voltou a encarar a jovem. – O que tanto esconde de mim, Lil?

- Nada! – ela não queria, mas seu tom de voz saiu mais alto do que pretendia. – Zack, você é meu melhor amigo e sabe que eu não escondo nada de você. Agora poderia me deixar descansar um pouco?

Ele assentiu contra a vontade. Não queria pressionar a amiga, mas o rapaz sabia que estava sabendo menos do que deveria, e aquilo só deixava-o mais preocupado. Porém, sem muito sucesso, ele foi para o seu quarto, e acabou por decidir descansar também.

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Dois dias se passaram vagarosamente. A chuva já tinha começado a castigar Disney Castle, e não dava nenhum sinal de trégua.

E a situação do lugar não era diferente. A visitante ainda estava desacordada. Clarabela ainda cuidava dela, enquanto Mickey e Riku faziam visitas constantes, mesmo que fosse inútil para obter qualquer tipo de informação sobre a jovem.

Lilian ainda permanecia pensativa, e não falava com praticamente ninguém. Zack já estava desistindo de tentar arrancar qualquer coisa da amiga.

O rapaz, após o almoço e sem nada a dizer, resolveu por andar pelos corredores. Talvez aquilo clareasse sua mente, e pudesse analisar sobre cada coisa que vinha acontecendo nos últimos tempos desde que deixara Twilight Town.

Desde que a Oblivion aparecera para ele, tudo havia mudado. E ele mesmo não podia negar que escondia coisas de sua melhor amiga. E aquele sonho, se é que poderia ser chamado assim, ficava mais frequente.

Sempre a mesma coisa. Uma jovem muito parecida com a amiga, porém ruiva com olhos azuis que lembram ao mar cristalino. E sem respostas para o turbilhão de perguntas que surgiam depois.

Porém, nada veio a sua mente. Apenas os passos apressados ecoando pelo corredor onde estava. Ao ver quem estava vindo, ele viu Clarabela correr para o lado contrário à direção do rapaz. Ao avistá-lo, ela tomou fôlego para falar.

- Você viu a visitante? – ela perguntou apressadamente.

- Não. – Zack respondeu, e antes que Clarabela pudesse correr, ele ousou perguntar. – Ela não estava na enfermaria?

- Estava. Mas aparentemente ela acordou e saiu enquanto eu não olhava. Eu não sei o que ela pode fazer ao castelo ou a qualquer um que more aqui. Tenho que avisar ao rei!

- Eu irei procurá-la enquanto isso. – ele disse, e Clarabela assentiu antes de começar a correr mais uma vez.

Zack não sabia para onde correr, ou até mesmo por onde começar. Andou por alguns corredores, e não parecia haver o menor sinal de alguém havia andado por ali.

Já estava se aproximando do corredor onde levava aos quartos do rapaz e de Lilian quando avistou a visitante. Ele fez aparecer a keyblade e estendeu para a visitante.

- Eu aconselho que não se mexa. – o rapaz disse firmemente. – E sinto em dizer que não há para onde ir.

Ela nada disse. Apenas se mantinha de costas para o rapaz, enquanto este apontava a Oblivion para ela. Com calma, a visitante se virou para encarar Zack, e ele pôde reparar nos orbes azuis que possuía semelhante ao tom dos cabelos curtos.

- Quem é você e o que quer aqui? – ele perguntou mais uma vez, ainda mantendo a seriedade e sem abaixar a guarda.

- Eu procuro pelo rei Mickey. – ela disse também séria.

- E eu estou bem aqui. – o rei respondeu ao aparecer no corredor. – Mestra Aqua.

A moça reverenciou o rei, e logo se levantou para encará-lo com uma expressão mais suave desta vez.

- Espere, ela é a Mestre da Keyblade Aqua? – questionou Riku, e Zack pôde ver que o rei estava acompanhando do rapaz de cabelos prateados e Lilian, enquanto a Oblivion sumiu das mãos do loiro. – Majestade, você não havia dito...

- Eu sei o que eu disse. E parece que estava enganado. – o camundongo falou ao interromper o outro. Ele andou em direção à visitante. – Parece que você não mudou absolutamente nada em vários anos.

- O senhor sabe, assim como este rapaz, – e apontou para Riku. – que não sofremos com o tempo em Realm of Darkness.

- Realm of Darkness? – desta vez foi Lilian quem havia questionado.

- Este é o reino das trevas Lilian. Onde tudo pode começar ou terminar. – o rei explicou. – Eu acho melhor todos irem à minha sala. Há muito para ser explicado.

E sem questionar, o grupo assentiu. Todos, inclusive Aqua, seguiram o rei por alguns corredores. Eles encontraram Minnie e Clarabela, na qual trataram de tranquilizá-las um pouco com relação à visitante, que parecia estar bem.

Ao chegar, o grupo se acomodou como podia. O rei manteve-se de pé por alguns instantes. Ele parecia analisar delicadamente a situação em que se encontravam. E pela sua expressão, nada daquilo podia ser algo bom.

- Parece que aconteceu bastante coisa enquanto estive presa. – Aqua começou de repente, e seu olhar vislumbrava algum ponto fixo na sala. – Como será que está Ven? E o Terra? – e seu olhar voltou para o rei com certa ansiedade.

- Aqua, eu sinto em dizer que não há boas notícias sobre o que aconteceu depois de seu desaparecimento.

- Terra? – foi Riku quem tomou a palavra desta vez, com um ar mais do que pensativo, pois parecia lembrar-se de algo. – Você fala do Mestre Terra?

- Mestre? – e Aqua riu levemente. – Receio que ele não tenha conseguido tanto. Não depois que seu coração sucumbiu às trevas por culpa de Mestre Xehanort.

- Sucumbido? – o rapaz perguntou novamente. – E você fala de Mes...

- Riku, eu sinto muito. – disse o rei em tom arrependido e sentou-se para encará-lo. – Eu omiti de você coisas na qual não deveria ter escondido por tanto tempo. Tanto para você, quanto ao Sora.

O silêncio predominou mais uma vez. Era visível a tensão no ar. Lilian e Zack apenas se mantinham em silêncio enquanto ouviam tudo. O olhar de Riku percorria de Aqua para o rei, que estava notável que havia muito mais a se dizer do que parecia.

- Mestre Xehanort, assim como Mestre Eraqus, avaliaria nossas forças, e os dois nomeariam o mestre escolhido. E a escolha ficou entre mim e o Terra. Porém, várias coisas aconteceram tão rapidamente. – e a jovem de cabelos azuis parou um pouco, e parecia buscar com cuidado cada palavra que usaria para seu relato. – Terra foi ludibriado. Enganado e induzido a fazer coisas da qual não deveria.

- Por fim, seu corpo acabou por ser possuído por Mestre Xehanort. – continuou o rei, ainda pensativo, e encarando Riku. – Riku, você podia não saber, mas aquele quem o enganou no passado foi a mesma pessoa que enganou o jovem Terra.

- Eu caí em Realm of Darkness para proteger meu amigo. – continuou Aqua. – Optei por deixar Ven e Terra para salvá-los.

- E o que aconteceu com esse Ven? – desta vez foi Zack quem perguntou, atraindo os olhares dos presentes.

- Ele acabou por perder seu coração. – explicou a moça. – Depois que o Mestre Eraqus caiu, eu selei o meu mundo, Land of Departure, com a keyblade, e salvando-o antes que ele desmoronasse por completo. Antes de partir, eu levei Ventus para lá, pois ele estaria a salvo.

- Land of Departure? – Riku questionou ao arquear uma das sobrancelhas.

- Você deve conhecê-lo pelo nome de Castle Oblivion agora. Mesmo invadido por várias pessoas, eu consegui manter o meu amigo a salvo. Seu corpo ainda descansa sem um coração.

- E onde está o coração dele? – Lilian perguntou.

- Com Sora. – respondeu Mickey. – Isso explica sobre seu nobody, Roxas, ser tão semelhante ao Ventus.

- Mas Sora se foi há muito tempo. – comentou Riku seriamente.

- Não. – Aqua interveio. – Ele ainda está vivo.

E todos na sala olharam para ela espantados.

Sora, Donald e Goofy não haviam mais entrado em contato há alguns anos, o que apenas pôde se supôr que estavam mortos, já que a situação em que eles se encontravam não parecia ser favorável.

A questão agora seria saber onde eles estavam. Qualquer um dos mundos aliados que ainda resistem teria entrado em contato para relatar.

- Mas não tem nenhuma pista de onde ele possa estar? – Riku questionou à Aqua.

- Infelizmente não.

E o silêncio predominou mais uma vez.

Lilian tentava organizar todas as informações em sua mente. Era bem mais complexo do que imaginava. E uma das informações a deixou intrigada de certa forma.

- Quando o senhor mencionou que o Riku havia sido enganado, o que exatamente o senhor quis dizer? – a menina perguntou receosa para o rei, e viu o olhar de Riku cair sobre ela.

Mickey olhou para o rapaz de cabelos prateados, que desviou o olhar para um ponto qualquer no chão sob seus pés. Nenhum deles parecia confortável em contar sobre aquilo.

Lilian se encolheu um pouco na cadeira onde estava sentada, e acabou por pedir perdão pela pergunta inconveniente. Desviou o olhar e mergulhou em pensamentos por alguns segundos.

Despertou de seu transe ao ver Riku se retirar às pressas da sala do rei. Lilian iria chamá-lo, mas Zack apenas acenou negativamente com a cabeça, e ela obedeceu.

- Lilian e Zack, - o rei chamou, atraindo os olhares da dupla. – eu gostaria, por favor, ter uma conversa a sós com Aqua.

Ambos assentiram e deixaram a sala do rei.

O corredor estava vazio, sem nenhum sinal de Riku. Em silêncio, Lilian e Zack começaram a vagar sem rumo pelo lugar. Não havia muito que comentar sobre as coisas da qual haviam descoberto. Ainda era muita informação e a dupla tentava assimilar cada palavra, mas parecia algo difícil imaginar em tudo o que aconteceu no passado até aquele momento.

- Eu irei para os meus aposentos. – o rapaz declarou perto do corredor onde estava o quarto de cada um. – Você vem?

Ela nada respondeu. Parecia completamente alheia ao que o garoto dissera.

- Zack. – a moça chamou, e o amigo apenas se virou para encarar seu olhar cabisbaixo e dividido entre tristeza e preocupação. – Eu acho que irei andar um pouco por ai. Daqui a pouco eu irei para o quarto.

O rapaz assentiu, e antes de tomar o corredor para os seus aposentos, ele olhou para Lilian, que andava sem destino até desaparecer de vista mais à frente.

A moça continuou a andar sem olhar para onde seus pés a levavam. Levou suas mãos aos braços, e os esfregou como se estivesse com frio.

Quando finalmente decidiu reparar em que lugar estava, ela se encontrou perto do jardim à frente do castelo. A chuva caía lá fora intensamente, e não parecia haver qualquer sinal de trégua.

Lilian estava para dar meia volta quando algo chamou sua atenção.

Riku estava lá, perto de um arbusto, e parecia olhar para cima, enquanto a chuva caía sobre a face pálida e os cabelos prateados.

A moça olhou pelo corredor, e não avistou ninguém. Seu olhar, então, voltou novamente para o rapaz no jardim. Respirou fundo e começou a andar até ele.

Riku não parecia notar a presença de outra pessoa. Apenas estava ouvindo a chuva cair, enquanto a sentia em sua pele. Queria muito que aquilo o purificasse, limpasse todos os pecados que cometera no passado, e o que ainda cometia no presente.

- Riku?! – e a voz de Lilian, quente e doce, o trouxe de volta. – Você está bem? Eu acho melhor entrarmos. Pode ficar doente assim.

Estar bem? Como o rapaz podia se sentir bem com tudo o que havia acontecido? Com o fardo que carregava há anos?

Ele se virou para encará-la. O olhar que a moça lhe lançava era triste e preocupado. Seus cabelos castanhos cor de mel grudavam na face molhada, assim como os fios pratas do rapaz grudavam no seu rosto.

- Você também pode ficar doente, sabia? – ele disse com um ar irônico. – Não se preocupe Lilian. Eu estou bem. – e forçou um sorriso.

- Não, você não está bem. – a moça disse enquanto encarava o rapaz com seus orbes verdes como duas esmeraldas.

O rapaz suspirou.

Ele sabia que aquele momento chegaria algum dia. O momento em que contaria a verdade para ela. E seu medo não era a dor que sentiria em seu peito, e sim como a jovem poderia reagir a tal história.

Riku fechou os olhos, e cerrou os punhos. Teria que encarar qualquer reação por parte da moça algum dia, pois tudo viria à tona.

- Sabe Lil, eu fiz coisas ruins. Muito ruins, da quais me arrependo a cada dia até hoje. – ele começou a dizer, e então encarou a jovem. – O que aconteceu com Terra no passado também aconteceu comigo.

- Esse tal Xehanort o enganou também, não é?

- Sim. – ele respondeu com pesar. – Eu sempre quis saber como era além do imenso mar que cercava Destiny Islands. Era apenas um desejo inocente de uma criança curiosa. Eu, Sora e Kairi até construímos um barco para velejar pelo mar. Até [i]aquela[/i] noite...

E o rapaz engoliu o seco. Lilian apenas ouvia tudo, sem nada a dizer. Respirou fundo mais uma vez para continuar.

- Na noite de véspera de nossa viagem, o meu mundo foi atacado por heartless. Vários deles. Kairi, Sora e eu nos separamos. Eu acabei caindo em Hollow Bastion e encontrei com Maleficent. E Xehanort. – e deu outra pausa para procurar as palavras certas. – Sora caiu em Traverse Town, e acabou conhecendo Donald e Goofy. E nós dois buscávamos pela Kairi. Quando eu encontrei meu amigo, eu simplesmente achei que ele havia esquecido a Kairi.

- E esqueceu? – Lilian o interrompeu, mas logo se calou e pediu para que o rapaz continuasse a contar.

- É claro que não! Eu apenas fui idiota demais para acreditar nas palavras de uma bruxa. – Riku disse e esboçou um sorriso irônico ao se referir a Maleficent. – Ela, assim como Xehanort, me enganou e fez com que eu atacasse meus amigos. Por fim, meu corpo foi tomado e eu sucumbi às trevas, mas ainda posso me lembrar de cada ato que este corpo cometeu. Graças ao Sora, eu consegui voltar, e tento reparar cada erro cometido.

- E você o fez, não é? – a moça perguntou, e Riku apenas assentiu.

- Graças aos meus amigos e ao rei, eu consegui controlar o que restou de Xehanort em meu coração. – e ele levou a mão ao peito, e conseguiu sorrir mais uma vez por pouco tempo. – Até aquele dia em que parecia haver algo de errado em The World That Never Was. Não havia nada. Então o que sobrou de Xehanort em meu coração deixou este corpo, e acabou por ganhar o seu próprio. E o resto você já sabe.

Então o silêncio se seguiu, exceto pela chuva que caía intensamente.

Riku, que até então encarava Lilian, desviou o olhar, e agora fitava a grama sob seus pés. Esperava qualquer reação hostil da jovem, afinal, tudo havia sido culpa dele. Mas o que a jovem à sua frente fez o surpreendeu.

Ela não se afastou, nem ao menos correu dele ou qualquer coisa na qual ele poderia esperar. Lilian se aproximou, e com as duas mãos, a jovem tocou delicadamente no rosto do rapaz, que mesmo molhadas, o rapaz podia sentir a maciez de suas pequenas mãos.

- Você não me odeia? – ele perguntou confuso.

- É claro que não. – e ela respondeu calmamente, enquanto abria o seu sorriso. – Não importa o que tenha feito no passado. Você é um herói. Salvou muitas pessoas. Todos erram, mas todos podem perdoar. – e o rapaz sentiu o rosto da moça se aproximar, e ela sussurrou. – E eu o perdoo.

E ambos se encararam naqueles minutos, que pareciam ser eternos.

Riku apenas encarava aqueles olhos esmeraldinos, e se perguntava como a moça poderia ser daquele jeito. Por mais que seus pecados sejam imperdoáveis aos olhos de muitos, uma garota o perdoou. E aquilo parecia lavar a sua alma.

Lilian sentiu as mãos do rapaz tocar em seu rosto. Riku o acariciava, enquanto olhava distraído para seus olhos. A moça, antes que pudesse se soltar, ela percebeu a aproximação dele. Já era possível sentir sua respiração, que estava apenas relaxada naquele momento, enquanto a jovem sentia seu coração acelerar em seu peito.

E por um impulso vindo dele, os lábios de ambos se tocaram.

Lilian nada fez, pois o espanto do ato do rapaz havia sido inesperado. Porém, ela não o afastou. Apenas retribuiu. E as palavras de Kadaj ao morrer agora fizeram sentido.

A garota nunca havia percebido nada nesse tempo em que estiveram juntos. Talvez Riku não quisesse admitir, ou ele escondia isso muito bem. Mas os motivos não importavam naquele momento. Nada mais importava naquele momento a não ser os lábios do rapaz, na qual sentia tão intensamente, e retribuía.

Entretanto, ele a afastou. Por mais que ele desejasse por aquilo, o rapaz sabia que não podia. Ele já havia perdido tanto, e não podia permitir que perdesse a jovem.

- Eu sinto muito Lil... – ele sussurrou. – Eu não posso. Não posso perdê-la.

A moça ficou em silêncio, apenas encarando Riku à sua frente.

- Deixe-me sozinho, por favor. – o rapaz pediu enquanto desviava o olhar para o arbusto próximo, e quando sentiu que ela iria protestar, ele a cortou. – Não se preocupe. Vai ficar tudo bem comigo.

Lilian não podia negar o pedido dele. Mesmo contra a vontade, ela se virou para deixar o jardim. Olhou por cima do ombro mais uma vez para ver o rapaz de cabelos prateados, que estavam molhados por causa da chuva que ainda caía.

Quando Riku finalmente se sentiu sozinho, ele olhou para o céu, onde as nuvens negras pairavam sobre aquele mundo.

- Para sempre irá o lobo em mim desejar a ovelha em você... ¹ - ele sussurrou, enquanto se deleitava com aquela chuva.

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Zack estava alcançando o seu quarto.

Porém, por razão que nem ele mesmo sabia, o garoto deu meia volta. Talvez ele precisasse dar uma volta. Talvez até encontrasse Lilian pelo caminho.

A chuva ainda insistia em cair lá fora, o que impedia o rapaz de ir ao jardim. Mesmo assim, ele tomou aquela direção.

Ele caminhava distraído. Não parecia ter algum rumo. Apenas os pensamentos invadiram a sua mente. Porém, Zack despertou de seu transe ao reparar que estava perto do jardim. Mesmo em dias chuvosos, aquele lugar era belo para o rapaz.

Entretanto, duas figuras chamaram a sua atenção.

Riku e Lilian se encontravam debaixo da chuva, e pareciam conversar. Zack não ouvia nada, e também não ligaria muito para o assunto. Afinal, depois de todo aquele relato na sala do rei, talvez eles precisassem de fato conversar.

Quando iria dar meia volta e seguir o caminho de volta, ele viu algo da qual não esperaria.

Riku e Lilian se beijavam.

A surpresa e o espanto de Zack era notável em seu olhar. E uma dor surgiu em seu coração. Ver aquela cena doía, e ele não sabia explicar o motivo.

Ele desviou o olhar, e sentiu sua respiração mais rápida que o normal. E sentiu também os olhos lacrimejarem. Deu as costas para cena e correu. Não que houvesse necessidade, mas algo dentro do garoto dizia para correr. Correr para longe daquele lugar.

E apenas uma coisa vinha em sua mente naquele momento.

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Notas finais do capítulo

¹ - Último verso da música The Beauty and the Beast, do Nightwish.
Finalmente demos início ao arco final desta fic, ou seja, ela entra em sua reta final =/ E também o arco onde todas as reviravoltas e revelações acontecerão xDD
Certo este capítulo contém spoiler para quem não jogou o Kingdom Hearts Birth By Sleep >< Mas no próprio eu tentei ser explicativa para com os acontecimentos antecessores ao KH1, para que os leitores não ficassem completamente sem entender. No capítulo extra que terá após o final desta fic, eu esclarecerei melhor alguns outros pontos ^^
Bem, pulando a parte da Aqua e tudo o mais, vamos logo ao final xDD
Certo,fangirls de plantão, eu sei que vocês são fangirls do Riku e tudo mais, mas ele ainda é MEU òÓ/ Por isso, eu não quero NENHUMA ameaça, ou sofrerão as consequências u_ú Estamos entendidas? =) *sorriso sádico du mal evil from hell*
Certo, agora vem a explicativa do título xDD
Simplesmente me baseei na letra The Beauty and the Beast do Nightwish. E por quê? Ora, a Lil seria a Bela, a garota de coração puro, honesta, humilde, bondosa, além do fato de que ela nunca julgou a Fera pela sua aparência horrenda, enquanto o Fera seria o Riku, pelo fato dos pecados cometidos no passado, e a dor profunda em seu coração, que se vê perdidamente apaixonado pela Bela, mas por sua feiura, sabia que jamais poderia tê-la. Eu sei, é uma história bastante triste, mas foi esse o paralelo feito ao escrever o capítulo xDD E acreditem, essa cena foi a minha favorita na hora de escrever >.>
E eu espero MUITO que tenham gostado >
Bem, eu ao menos mereço coments depois de tudo isso? Comentem and be happy =DD
Bye Bye Beautiful!



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