Capítulo 22 – One Winged Angel

- Cloud. – Sephiroth disse calmamente. – É bom vê-lo novamente.

E com um movimento rápido da Masamune, Sephiroth repeliu Cloud, que deixou Lilian de lado para o duelo com o loiro.

Logo era possível ver o choque entre o metal das duas espadas. E a destruição do local ainda se seguia, principalmente com os impactos. O espaço já não daria mais conta da luta, até que Cloud foi arremessado para cima após um impulso de Sephiroth com a Masamune.

O teto da câmara foi destruído, e após a poeira abaixar, já era possível ver o oceano, que não entrava no lugar por causa da bolha que os protegia.

Era possível ver Cloud flutuando, enquanto Sephiroth apenas o fitava com um sorriso sádico na face. E sem esperar, ele saltou até o loiro, e a luta deu continuidade.

- E o que nós fazemos? – perguntou Zack enquanto olhava para cima.

- Apenas esperamos. – respondeu Riku.

- Eu creio que não. – falou Lilian temerosa. – Cloud já não sustenta mais o coração deste mundo. Se não nos... – e olhou mais atentamente para cima e sua expressão de pânico ficou visível. – Nós vamos morrer.

A moça apontou para cima, não onde Cloud e Sephiroth lutavam, mas para algo além deles.

A bolha, que antes era invisível, se mostrou ser uma semiesfera transparente que cobria toda a região da caverna. Mas o que se destacava em meio à transparência era a rachadura.

- E o que vamos fazer? – perguntou Zack tentando não parecer desesperado. – É bom ter alguma boa ideia Lil!

Ela olhou para os lados e invocou Oathkeeper. Cravou-a o mais alto que conseguia na parede. Virou-se para os rapazes e com um aceno, ela ordenou que eles fizessem o mesmo.

Assim que os outros dois cravaram suas respectivas keyblades na parede, a rachadura se rompeu, e a água do oceano invadiu a caverna.

O trio ainda tentava se manter firme preso à parede, enquanto Cloud ainda tinha a sua luta intensa com Sephiroth. Quando a água derrubou as proteções da caverna, o loiro tentou avançar, porém, ele era mais lento, assim como o outro.

Sephiroth olhou para cima, e com um impulso feito com a Masamune, ele se lançou para fora do oceano. Cloud fez o mesmo. Eles se encararam por mais algum tempo, até que o homem de cabelos prateados esboçou um sorriso enviesado.

- Acha mesmo que pode salvar esse mundinho? – ele perguntou em tom de desprezo, porém calmo. – Nós sabemos que você não consegue salvar ninguém. Nem salvará aquela garota que está lá em cima...

Mas Cloud avançou, sem deixá-lo terminar o que iria dizer. E mais uma vez foi ouvido o choque entre as duas espadas.

Primeiramente, o loiro tomou uma posição mais ofensiva, enquanto Sephiroth apenas defendia sem muito esforço, e não dava indícios de um contra-ataque.

Sephiroth, por outro lado, apenas visualizava cada movimento ofensivo de Cloud. Parecia estudá-lo calmamente, enquanto esperava o momento para revidar. E foi naquele momento ligeiro de cansaço do adversário em que achou uma brecha para atacar.

Sephiroth repeliu a Burst Sword, e desferiu um chute bem no meio do tórax do loiro, que foi jogando alguns metros para trás. Cloud se recuperou, e bateu a única asa negra que possuía, ainda se mantendo no ar.

Desta vez, o homem de cabelos prateados assumiu a posição ofensiva, apenas restando a defesa para Cloud. O loiro tentava não mostrar cansaço, muito menos fraquejar novamente.

Mais uma vez, Sephiroth arremessou Cloud longe. Quando o rapaz se recompôs, ele olhou para os lados. Parecia tudo calmo. Manteve-se em guarda à espera de qualquer movimento. E em um rápido gesto, ele defendeu as costas, e o choque entre as duas espadas ressoou mais uma vez.

O loiro partiu para o contra-ataque. Os minutos corriam, e a tensão apenas aumentava com os inúmeros golpes de um, e as defesas constantes do outro.

- Parece cansado Cloud. – disse Sephiroth calmamente. – E nem começamos direito.

Então ele repeliu mais um dos ataques do loiro, e revidou com força, fazendo a Burst Sword fugir das mãos de Cloud. Ele desviou a atenção de Sephiroth, e com um impulso, ele voou para baixo, em direção a espada que caía livremente rumo ao mar.

Assim que colocou suas mãos no cabo da enorme espada, ele se virou a tempo para defender mais uma investida de Sephiroth.

- Lembre-se que eu sei tudo sobre você. É o fim. - Sephiroth pronunciou calmamente. - Finalmente você há de cair!

- Não contaria com vitória. - e o loiro sorriu sarcasticamente.

Cloud repeliu Sephiroth com uma corrente elétrica que surgiu na espada. O outro não se sentiu intimidado, e avançava tanto quanto o loiro. A luta se seguia intensa, e nenhum dos lados parecia ceder perante o outro.

Entretanto, Sephiroth repeliu o loiro e preparava para avançar, a fim de finalizar com aquela luta. Porém, Cloud conseguiu defender a tempo, e viu a oportunidade de contra-atacar de forma efetiva. O adversário recuava cada vez mais, até que fraquejou, e o loiro pôde cravar a Burst Sword no braço direito do outro.

Sephiroth urrou, e do seu braço não jorrava sangue. Uma fumaça negra saiu e encobriu seu braço. Ele estava se desintegrando aos poucos. Não parecia preocupado, e seu olhar caiu direto em Cloud.

- Agora volte para o lugar de onde saiu. – o loiro disse, enquanto via o outro sendo consumido pela fumaça negra.

- Eu jamais serei você Cloud. Um dia nos vemos por ai. – e a fumaça negra o consumiu, enquanto a asa que saía de suas costas cobria sua silhueta.

E tudo voltou a ficar quieto mais uma vez.

Cloud pegou sua Burst Sword e a guardou atrás das costas, enquanto tentava recuperar o fôlego. Olhou em volta, e nada havia a não ser a imensidão do mar a sua volta.

Percebeu o corpo de três rapazes caindo para o mar. Apressou-se e os pegou antes que eles alcançassem a superfície do mar. Olhou para baixo, e percebeu que Riku e os dois jovens que estavam com ele ainda permaneciam submersos, onde antes era a caverna em que estivera adormecido.

O loiro começou a voar em círculos antes de mergulhar com intensidade. A estrutura ainda estava de pé, mas estava ruindo aos poucos. A bolha de proteção havia sumido então Cloud tentou se apressar para não pensar no que poderia ter acontecido.

Quando finalmente encontrou o trio, ele viu que ainda resistiam contra a água, mas Lilian já perdia o fôlego e não aguentaria por muito mais tempo. O rapaz deixou-se afundar até seus pés tocaram o chão. Soltou os três irmãos e andou até a estrutura onde dormia e fincou a Burst Sword.

O nível da água começou a baixar. Riku e Zack tiraram as suas keyblades fincadas, enquanto a de Lilian sumia quando a garota caiu no chão tentando recuperar o fôlego.

- Onde está Sephiroth? – questionou Riku.

- Ele se foi. – o loiro disse sem fazer caso, enquanto tocava no cabo da espada fincada.

Alguns resmungos foram ouvidos. Kadaj, Yazoo e Loz acordavam e tentavam se manter de pé. O primeiro cambaleou em direção ao grupo ofensivamente.

Zack já estava com a Oblivion em mãos, quando Lilian tocou em seu ombro e acenou para que ele a guardasse. Sem questionar, o rapaz a obedeceu.

A moça se aproximou de Kadaj, enquanto uma fumaça negra começava a cobrir ele e os irmãos. Yazoo e Loz tentaram resistir, mas desapareceram na escuridão antes mesmo de ter a chance de lutar. Kadaj caiu no chão, e Lilian foi ampará-lo. Ela apenas acariciava seus cabelos prateados e encarava o olhar que ele lançava para ela.

Ele deu uma leve risada, que soava irônica na situação. Desviou o olhar, e respirou fundo calmamente algumas vezes. Para alguém que estava prestes a morrer, Kadaj apenas transparecia calma. Olhou para Lilian mais uma vez e esboçou um sorriso para ela. Ele se preparava para falar, quando a garota o interrompeu.

- Não há nada para dizer... – ela disse sorrindo. – Apenas relaxe.

- Mesmo antes, eu queria saber como é morrer. – ele comentou. – Mas o que um ser vazio pode sentir? Kingdom Hearts... De nada adiantou no final. Eu apenas sou uma sombra, que vive os sentimentos de outra pessoa. Eu não sou real.

- Não. Você não é uma sombra, ou um boneco com vida. – Lilian o confortava. – Você é real. Lutou por algo que sempre desejou. Um coração pode não bater em seu peito, mas você é real, e está vivo.

- Para onde será que eu vou? – Kadaj perguntou para a moça, esperando que ela respondesse.

- Eu não sei. – ela disse com um olhar triste, porém sereno. – Não se preocupe. Vai dar tudo certo.

- Não importa. Uma réplica até o fim. – ele comentou sarcástico enquanto revirava os olhos. Logo depois, ele olhou para Lilian e levou uma de suas mãos ao rosto da jovem, onde tocou levemente. – Agora eu sei o que ele viu em você.

Porém, antes que a moça pudesse perguntar, Kadaj sumia de seus braços para a escuridão que o cercava. Lilian não se levantou. Apenas ficou mais alguns minutos olhando para os braços, que não seguravam mais nada.

Ela ouviu passos se aproximar de si, contudo, a moça não se virou. Riku tocou em seu ombro. Por fim, ela se virou e se levantou enquanto limpava as vestes.

- Nós temos que selar o coração deste mundo. – a moça disse seriamente.

- Eu agradeço por vir me ajudar. – começou Cloud. – Mas eu tenho que voltar a sustentar esse mundo como antes.

Lilian invocou a Oathkeeper, e apontou contra o loiro, que não reagiu. Ela deu um passo à frente e fechou os olhos.

- O que ela pretende fazer? – perguntou Zack discretamente para Riku.

- Eu não sei. – ele respondeu. – Mas deixe-a. Ela sabe o que faz.

Lilian apontou a keyblade para a fenda que se formou depois do despertar de Cloud. Ao abrir os olhos, um dos orbes havia mudado de cor. O orbe do lado direito ainda continuava com a coloração verde, porém, o outro orbe mudou de cor para um azul intenso.

Na mão esquerda, a Oblivion surgiu, e ela apontou para a mesma direção que Oathkeeper. Um feixe de luz surgiu na ponta de ambas as keyblades, que convergiam no caminho, e dava continuidade num feixe bem maior em direção à fenda.

Um clarão se deu logo em seguida. Quando a luminosidade se dissipou, a fenda havia sumido, e as paredes pareciam voltar a pulsar como antes.

Lilian soltou as duas keyblades, que sumiram antes de tocar o chão. A jovem cambaleou, porém, Zack foi ampará-la. Ela se apoiou no amigo, e respirou fundo várias vezes antes que pudesse falar qualquer coisa.

- O que você fez? – perguntou Cloud intrigado, ao ver que tudo parecia normal.

- Eu não sei. – ela respondeu cansada. – Mas precisamos achar um jeito de sair daqui.

- Isso não será problema. – comentou Riku.

Ele sacou a Way to the Dawn, e o rapaz cortou o ar. As veias que se encontravam no chão se moveram, e tomaram a forma de uma porta.

Lilian e Zack foram os primeiros a atravessar o portal. Riku já estava para atravessá-lo, quando ele se virou para Cloud, que parecia pensativo.

- Você voltará dessa vez? – perguntou o rapaz de cabelos prateados.

- Eu não sei... – disse o loiro fechando os olhos. – Eu cometi tantos erros...

- Eu também. – interveio o outro. – Mas você pode corrigi-los.

E o silêncio predominou entre eles. Cloud ainda parecia pensar na situação. Ele abriu os olhos lentamente e voltou com seu olhar para a porta.

- Há alguém que o espera lá em cima. – falou Riku por fim. – Traverse Town ainda conta com você para nos ajudar nesta guerra.

O loiro assentiu e andou em direção ao portal. Respirou fundo e o atravessou. Logo em seguida, Riku o seguiu.

O primeiro setor de Sky City estava em caos. Alguns pequenos focos de incêndio, pessoas desesperadas correndo de um lado para o outro.

- O que aconteceu? – perguntou Cloud.

- Quando você despertou, este mundo ficou sem um coração. – explicou Lilian enquanto olhava ao redor. – Então ele começou a ser destruído, até que tudo voltou ao normal. E precisamos conter o caos.

O trio de keybladers invocou as armas e correram pelas ruas do primeiro setor. Lilian apagava os pequenos focos de incêndio antes que tomassem tamanho. Zack, Riku e Cloud tentavam acalmar as pessoas.

A madrugada logo deu lugar aos primeiros raios de sol da manhã. Parte do caos havia sido contida, e além do quarteto, os guardas do primeiro setor de Sky City também foram ajudar a todos.

- Vocês... – depois de algumas horas, quando as ruas já estavam mais calmas, o grupo ouvia uma voz vinda de trás. – Vocês voltaram! E vivos!

Lilian se virou para ver o dono da voz. Era Locke. O rapaz estava boquiaberto, e sua face se dividia entre espanto e surpresa. Ele correu até o grupo e respirou fundo antes de começar a falar.

- Terra pensou que vocês não voltariam. – ele falou. – E quando o caos começou, ela achou que tinham morrido!

- Nós somos duros na queda. – disse Lil rindo levemente cansada.

Locke pediu para que eles o seguissem. O grupo fez sem hesitar. As ruas, iluminadas pelos primeiros raios da manhã, já estavam mais calmas. Algumas pessoas eram socorridas, enquanto outras pareciam apenas serenas e aproveitavam o nascer do dia.

O saguão do prédio, onde era a sede do governo do primeiro setor, e residência do governante, estava agitado. Soldados corriam de um lado para outro. Muitos deixavam o lugar para dar assistência às pessoas nas ruas.

O garoto loiro os guiava não mais para a biblioteca, mas para um salão com várias cadeiras. Terra conversava com dois homens mais velhos. Em sua face era possível ver a preocupação. Quando avistou Locke, ela dispensou os dois homens e se dirigiu aos visitantes. Porém, ao olhar cuidadosamente para o grupo, ela foi parando de andar, e sua expressão mudou para surpresa.

Antes que Lilian pudesse questionar qualquer coisa, a moça olhou para a direção em que Terra olhava. A moça de cabelos verdes encarava Cloud, que também direcionava o olhar para ela. Aquilo poderia ter se prolongado por mais tempo, quando Riku pigarreou, e trouxe os dois de volta à realidade.

- É bom vê-los vivos. Eu fiquei preocupada... – Terra começou a falar. Então seu olhar caiu em Cloud mais uma vez. – E é bom vê-lo mais uma vez Cloud... – e a moça parou de falar ao sentir o rosto esquentar. – Mas o que aconteceu?

- Eu posso explicar. – interveio Riku.

Ela assentiu, e o rapaz de cabelos prateados começou um breve relato, com Cloud citando alguns detalhes ou acrescentando alguma informação. Ao final da história, Terra ficou pensativa por alguns minutos, até que olhou para o grupo e abriu um sorriso.

- Eu agradeço em nome de toda Sky City por terem nos ajudado. – ela disse. – Porém, eu gostaria que ficassem para descansar.

- Nós agradecemos pela hospitalidade. – falou Riku em uma breve reverência. – Há algum lugar onde poderia recepcionar a nossa nave. Ela se encontra no segundo setor.

- Sim. Locke irá ajudá-lo com isso. E também providenciará recursos para a sua viagem de volta.

O grupo fez uma breve reverência e saiu do local. Locke os guiou até um lado da construção, onde ficava a parte em que Terra residia, e onde os visitantes ficavam quando tratavam negócios com a garota.

O dia havia se passado vagarosamente. O primeiro setor já estava voltando ao normal, e nenhuma confusão se estendeu posteriormente.

Riku havia contatado Vaan e o guiou para o primeiro setor. Eles cuidavam da High Wing para a viagem de volta. Lilian apenas passava o dia no quarto destinado a ela. A varanda de seu quarto tinha uma bela visão de um jardim e a mureta.

Quando o céu começava a dar os primeiros indícios da noite, a jovem saiu de seu quarto para andar pelos corredores. Aquele caminho a levou até o jardim que via da varanda.

A primeira visão que teve ao chegar foi das rosas vermelhas que enfeitavam o local. Lilian se aproximou do canteiro próximo para analisá-las melhor, quando percebeu que não estava sozinha. Mais à frente, Terra andava vagarosamente de forma pensativa. Ela não parecia notar a presença da jovem. Lilian pensou em se aproximar um pouco, mas ela ouviu passos seguindo até Terra, e resolveu ficar ali, imperceptível.

Terra percebeu a presença e se virou para encará-la. Era Cloud. A moça desviou os olhos ao encontrar o olhar azul e penetrante do loiro. Ela continuou a andar em silêncio, enquanto o outro apenas a seguia calmamente.

- Não vai dizer nada? – Cloud quebrou o silêncio, fazendo o casal parar de andar.

Terra se virou para olhar o loiro melhor. Sua expressão estava séria, porém, uma ponta de tristeza era visível, principalmente quando ela sorriu para ele.

- Você vai embora. – ela disse, apenas afirmando.

- Sim... – Cloud assentiu e desviou o olhar. Parecia pensar nas palavras que iria usar. – Meus amigos precisam da minha ajuda. – E o silêncio voltou a predominar entre eles, até que o rapaz pareceu se lembrar de algo e retirou algo dos bolsos e estendeu para Terra. – Gostaria que ficasse com isso.

O objeto era uma rosa vermelha, parecido com as flores que havia no local. A moça apenas pegou a rosa e olhou para Cloud.

- Você vai voltar? – ela questionou num sussurro.

O loiro nada disse. Ele apenas se aproximou e tomou a moça à frente em seus braços. Levou uma das mãos ao rosto sereno de Terra, que apenas encarava os olhos azuis e penetrantes do homem que a segurava.

Cloud aproximou o seu rosto do dela, que não fez nenhum movimento para impedi-lo. Seus lábios tocaram os da moça, e se iniciou um beijo caloroso entre eles. Terra entrelaçou o pescoço do rapaz, enquanto ele segurava calmamente a cintura da jovem.

Quando se afastaram, Cloud sorria radiante para Terra, enquanto a jovem lançava um sorriso tímido e tentava esconder sua face corada.

- Eu voltarei. – ele disse, ainda com um sorriso nos lábios.

- Estarei esperando.

Lilian, que observava tudo, esboçou um sorriso. Sentiu-se feliz pelo casal. Deu as costas para o jardim, e seguiu para o seu quarto. Porém, durante o trajeto, a moça parou e encostou-se a uma das paredes. Fechou os olhos e mergulhou em pensamentos.

Agora eu sei o que ele viu em você.

A moça abriu os olhos e visualizou o chão sob seus pés. As palavras de Kadaj vieram a sua mente. Ela ficou intrigada, e ainda queria saber tanto sobre ele.

Ele era uma réplica de Riku. Compartilhavam dos mesmos sentimentos e lembranças. O momento do casal na caverna veio à tona na mente de Lilian. Lembrou-se de como ele a protegeu, e como ele vinha ajudando-a desde que saíram de Twilight Town. E a mais remota lembrança da jovem, que sempre carregou como esperança em seu coração.

Contudo, algo frio sentiu em seu peito. Lilian levou as mãos ao cordão que carregava. Ainda havia Zack. O amigo era tudo o que restou de sua antiga vida. Ele sempre estava com ela. Desde os momentos mais simples até os momentos em que a moça precisava.

- Lilian. – e lá estava o amigo loiro de olhos castanhos, que tirou a moça de seus devaneios. – Você está bem?

- Estou sim. - ela respondeu quase que automaticamente, e exibiu seu sorriso para o rapaz, apesar de ela ter percebido que não convenceria o rapaz.

- Riku disse que estamos prontos para partir. – Zack comentou desviando o olhar, e fazendo pouco caso.

- Cloud virá com a gente?

- Ele não. Riku disse que ele tem sua própria nave, e irá direto para Traverse Town. – o rapaz explicou. – Nós iremos para Disney Castle reportar ao rei.

Então o silêncio voltou a predominar entre eles. Zack suspirou e voltou a andar pelo caminho de onde veio. Acenou para que Lilian o seguisse que fez sem questionar.

Perto do prédio havia uma enorme plataforma de pouso. Poucas naves descansavam lá, mas a mais chamativa era a High Wing, que tinha os motores ligados e estava pronta para partir.

- Achei que vocês iriam ficar. – comentou Riku, que se mostrava visível na rampa de embarque da nave.

Lilian riu levemente, enquanto Zack deu de ombros. A dupla estava para embarcar na nave, quando Terra, Locke e um pequeno grupo de pessoas que eles não conheciam apareceram.

- Em nome de Sky City, eu agradeço aos visitantes por nos ajudarem. – a moça disse sorrindo e fazendo uma pequena reverência. – E espero que voltem mais vezes.

- Um dia talvez. – disse Riku.

- Boa sorte em sua jornada. Mas – e ela pegou uma caixa que Locke segurava e estendeu para o rapaz de cabelos prateados. – eu espero que aceitem este humilde presente.

Ele pegou a caixa e abriu. Uma rosa vermelha descansava dentro da caixa, e esbanjava beleza aos olhos dele.

- É uma Wild Rose. – ela explicou. – Firion adora cultivá-las. Há um pequeno canteiro aqui também. Ela pode representar nada para alguns, mas em outros, ela representa sonhos e esperanças.

- Eu agradeço. – Riku a reverenciou e acenou em despedida, enquanto se virava para entra na nave.

A High Wing não demorou a ganhar altitude e sair da órbita daquele mundo. Vaan ainda mantinha a política de ninguém se aproximar da cabine de comando. Ele alegava que não queria explodir em pleno espaço por alguma estupidez que alguém pudesse cometer.

O trio apenas estava em silêncio no andar superior da nave. Lilian e Zack estavam sentados no sofá, enquanto Riku, em pé e perto do mirante, ainda visualizava o conteúdo da caixa que recebera.

O rapaz de cabelos prateados já estava completamente perdido em pensamentos, quando a voz de Vaan soou no comunicador. Riku caminhou lentamente até a mesinha em frente ao sofá e pousou a caixa lá.

- Qual o problema dessa vez?

- Nós temos uma mensagem de Disney Castle. A rainha deseja falar com vocês. – a voz do loiro parecia soar com urgência

Riku se virou para a dupla e acenou para que eles o seguissem. Lilian e Zack apenas assentiram e se dirigiram ao elevador, que os levava para a cabine.

- O que aconteceu? – perguntou a moça olhando a cabine até visualizar Vaan perto do sistema de comunicação da nave.

- Rainha Minnie mandou uma mensagem. Parece que algo caiu nos terrenos do castelo durante a nossa ausência.

- É hostil? – perguntou Riku.

- Não, de acordo com o que o rei disse.

- Dê potência total aos motores. Por mais que não seja perigoso, eu acho não arriscarmos a segurança de Disney Castle. – falou o rapaz, e o loiro assentiu.