Capítulo 29 – Amanhecer.

O dia seguinte a primeira noite de Edward e Bella juntos, foi razoavelmente tumultuado.

- Você está bem? – Edward perguntou a Bella, assim que ela acordou.

- Estou. Perfeita. – Ela sorriu e foi se levantar, mas então se deu conta que antes mesmo de seu corpo tocar o chão, já estava na cama novamente. – Bem, perfeita em alguns sentidos. – Ela corou, então se lembrou de cobrir-se com o lençol.

- Não faça isso. – Ele disse. – Esperei muito tempo para ter você ao meu lado e agora que está...

- Desculpe. – Ela riu. – Eu ainda não me acostumei com...

- Eu sei. – Ele falou antes dela terminar a frase. – Alice está tendo visões durante o dia todo. Precisamos descer.

- Ok.

- Eu te ajudo. – Ele riu.

- Oh, céus, eles vão me ver assim. Emmett vai ficar me atazanando pelo resto dos tempos.

- Não vai. Não se preocupe.

Quando terminou de se arrumar, Edward ajudou Bella a se levantar e os dois foram para a sala de estar, no primeiro andar. Leah estava amuada no sofá, ao lado de Matthew. Pela expressão que ela mantinha em seu rosto, não havia sido somente Bella que tinha tido sua primeira noite. Bella sentou-se ao lado de Leah e as duas trocaram um olhar cúmplice.

Por incrível que pareça, Emmett quando as viu, não fez piada alguma. Pelo contrário. O clima estava silencioso demais até mesmo Edward não estava falando muito. Alice, desde a primeira parte da manhã, despertara tendo visões sobre a batalha, que agora estava mais próxima do que nunca. Ela estava com a cabeça deitada sobre o colo de Jasper. Ele fazia massagem em suas têmporas e ela tamborilava os dedos. Estava impaciente.

A cada novo flash, a baixinha parecia ficar mais pálida. Em sua mente, ela via a morte de cada um deles, em uma nova cena. Mas foi na última visão, que ela perdeu a noção do tempo e espaço. Aquela visão em especial, deixara todos alarmados.

A vampira esguia vislumbrava Jacob decepando a cabeça de Edward. A cena era grotesca, pior que um filme de terror. Bella estava fora de si, completa e absurdamente fora de si. A campina estava devastada e não restava mais nada além de cinzas e pó. A planície, que antes era coberta por uma folhagem verde clara e flores lilás, agora, havia se tornado árida; o céu estava tingido de vermelho e o próprio ar que se respirava era venenoso.

No centro, estava Jacob... Vitorioso.

Quando a visão terminou, ela tremia e soluçava, num choro sem lágrimas.

- Deve haver alguma falha. – Carlisle disse por fim.

- Ela não consegue ver falhas. – Edward falou pela irmã.

- Eu... Dessa vez... Todos nós vamos morrer. – Ela falou.

- Tem que ter uma falha. – Sasha falou. – Suas visões são baseadas nas nossas decisões. Então, alguma decisão que tomamos, levou a esse desfecho.

- Sasha tem razão. – Eleazar murmurou. – Olhe em volta, Alice.

- Isso. Amor, olhe ao redor da visão. Veja o que pode estar errado. – Jasper voltou a acariciar as têmporas dela e enviar ondas calmas.

Alice se concentrou e girou pelo futuro incerto. Então, viu algo que chamou sua atenção.

- Um pouco antes da batalha terminar. – Ela disse num silvo. – Eu acho que...

- Não!! – Edward rosnou.

- O que ela viu? – Kate perguntou.

- Edward vai impedir Bella de contra-atacar. Então Jacob saberá o momento exato de pegar Edward! Então nós ficaremos vulneráveis. – Ela sibilou de olhos fechados.

- Não posso fazer isso. – Edward sentou-se ao lado de Bella.

- E eu não posso deixar você morrer. Não posso deixar todos morrerem. Esta é a falha, Edward. Esta é a falha que procurávamos! – Bella traçou o contorno do rosto dele. – Eu já estou nisso mesmo antes de nascer.

- Está ficando obscuro. – Alice disse baixo.

- Significa que Bella tomou uma decisão. Nosso futuro é incerto agora. – Esme falou. – Nós podemos viver ou morrer. Mas a morte já não é mais tão certa.

Edward suspirou e deixou-se levar pela emoção que tomava conta de seu ser. Como deixar a pessoa que mais amava ir para uma guerra sem ter a certeza de que voltaria? Fazia muito tempo que esta história havia sido somente pelo sangue. Agora já não se tratava mais do líquido vermelho e viscoso; agora havia mais alguém por quem valia a pena lutar.

Edward olhou para Esme. Seu olhar era maternal e transbordava compaixão. Ela, a vampira matriarca do clã, poderosa a sua maneira.

- Por quê?

- Porque todas elas nasceram com esse destino, meu querido. – Esme afagou-lhe os ombros. – Todas nós nascemos para depois morrer entre vampiros e lobos. Sempre foi assim. Sempre vai ser assim. Eu dei sorte de Carlisle estar por perto e me transformar, se não, eu também teria morrido.

- Eu não posso deixar isso acontecer. – Edward disse num soluço baixo. Naquele momento, o Edward vampiro, predador, forte, frio e racional, havia ficado para trás. – Você não entende. Eu amei, de verdade a Rachel. E então ela se foi. E agora, por alguma ironia do destino amo, amo mais que a minha própria vida, você Isabella Swan. Se eu pudesse, trocaria minha eternidade para ficar ao seu lado. Você é a constelação que iluminou minha noite. O meteoro que brilhou nos céus. Não posso imaginar uma vida sem você. Eu preferiria partilhar uma vida ao seu lado, do que ver sozinho todas as eras desse mundo.

Bella piscou e mais e mais lágrimas caiam. Céus, também o amava, amava demais aquele vampiro. Também não acreditava que ela nascera sendo especial e tendo aquele destino. Ela sorriu gentilmente e deu um selinho em Edward.

- Você vai me transformar. – Ela disse. – Aconteça o que acontecer, no final... Me salve, Edward. Me transforme. Me dê a sua imortalidade se tudo não acabar bem. Me faça pertencer, mais do que já pertenço, à você.

- Eu vou. – Ele tomou os lábios de Bella, selando aquela promessa.

- Hãn, desculpa interromper, Ed, mas nós temos uma batalha para planejar e, de preferência, vencer. – Emmett falou.

Edward respirou profundamente e assentiu. Bella e ele caminharam lado a lado até a sala de jantar. Todos os vampiros se reuniram em torno da mesa oval para ajudar nas estratégias, onde um imenso mapa – ricamente detalhado – estava exposto. Todos os vampiros, principalmente os Cullen, conheciam muito bem aquela região; uma vez que quando se era um vampiro, a memória já não era mais falha e a capacidade de guardar detalhes amplificava trilhões de vezes. Até porque, você nunca conseguiria ver um vampiro com problemas de memória por ai, não é?

Jasper fez um risco com uma caneta preta, em torno da área que eles iriam batalhar. Mostrou também onde estavam as cabanas e os locais mais propícios para se esconderem. Emmett dava de ombros, para ele o que importava era abater alguns lobos; ele queria ficar na linha de frente. Carlisle e Esme discutiam a melhor forma de pegá-los desprevenidos.

A noite passou assim. Os vampiros ficaram planejando a batalha, e a parte “meio humana” – Bella e Leah – haviam ido dormir quando o sono finalmente as alcançara. Ao longo da noite, Alice não teve mais visão alguma, a não ser a dos outros lobos e de mais alguns aliados vampiros, que estavam se aproximando da região.

Era madrugada, quando a tranqüilidade daquele ambiente havia sumido. Um nômade estava passando pela região, quando encontrou a mansão branca.

- Estou em paz! – Disse ele, levando sua mão ao peito e curvando-se levemente.

- Se veio em paz, então está convidado a entrar em nossa casa. – Carlisle falou.

- Carlisle! Não convide um estranho... – Sasha repreendeu-o.

- Eu disse que estou em paz. Não pretendo atacar nenhum de vocês e nem os dois humanos. – O nômade falou.

- Então ele é bem vindo. – Edward respondeu, assim que viu o nômade.

- Quem é você e de onde vêm? – Esme perguntou.

- Meu nome é Stefan Svorsky. Sou romeno. – Ele respondeu. – Atualmente eu venho de Seattle, mas minha residência é na Romênia.

- O que um vampiro como você faz tão longe de casa? – Tanya perguntou. Nesse momento, um brilho surgiu no olhar de Tanya e de Stefan.

-Decidi passar uma temporada nos Estados Unidos. E agora, estou aqui. Mas pelo visto vocês não são somente um clã. – Ele falou.

- Não. Estamos em guerra com os lobos da tribo sul. Amanhã pela manhã estaremos em guerra. – Carlisle falou.

- Território?

- Não. – Edward disse baixo.

- Então... Vocês capturaram uma delas? – Ele chutou.

- Também não. – Uma voz disse do alto da escada. – Estou aqui por vontade própria. – Bella falou sorrindo.

- Esta é Isabella Swan, ela é uma prodígio. Bella, este é Stefan. Um nômade romeno. –Tanya os apresentou.

Stefan fez uma pequena reverência a Bella, que retribuiu, imediatamente simpatizando-se com o vampiro. Carlisle acolheu Stefan, que de imediato, quis tomar um banho e trocar de roupa. Quando terminou seu banho e se arrumou, ele encontrou Tanya na sacada da casa. Os dois ficaram conversando e trocando algumas risadas, até que o horizonte já começasse a dar sinal do amanhecer. Então, Stefan desceu e decidiu se juntar a batalha.

- Não é sua guerra. É nossa. – Tanya falou.

- Mas alguma coisa me diz que eu vou ser útil. – Ele respondeu, com seu sotaque.

- Se vai! – Alice exclamou. – Eu tenho certeza. Acredite em mim quando digo.

- O que viu, Alice?

- Não posso te contar, Tanyazinha. – Alice piscou. – Mas se sairmos vivas dessa batalha, algo me diz que você vai ficar muito feliz.

- Não faço idéia do que ela está falando. – Edward riu.

- Coisas de vidente. – Stefan riu.

- Esperem!

- O que foi, Allie? – Leah perguntou.

- Eles chegaram. Os lobos de Sam e Seth chegaram. Precisamos ir. Temos só uma hora a partir de agora. – Alice exclamou.