Uma Poderosa em Twilight escrita por Gabriela Cavalcante


Capítulo 5
Amiga Vampira


Notas iniciais do capítulo

Gente, descupem a demora. Mas como eu não tenho nenhuma desculpa esfarrapada, leiam logo.
Boa leitura.



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Naquela noite eu tive um pesadelo.

            Bella descobria tudo, me chamava de bruxa e chamava a polícia. Eu era acusada de herege, e era condenada à morte na fogueira. Detalhe: primeiro eu tinha de me transformar em vampira, pelas mãos – ou pelos dentes – de um personagem.

            Victoria estava olhando para mim, enquanto o juiz lia a sentença na frente de todos – imprensa, familiares, namorado, Frederico e curiosos em geral. Minha mãe chorava e meu pai estava abraçado a ela, suplicando ao juiz para que me deixassem ir, afinal eu era menor de idade.

            Mas na cabeça do juiz eu era uma bruxa, que havia acabado de vez com a magia da saga Crepúsculo. Que havia revelado aos mortais o segredo vampiresco tão preservado. Agora, nenhum personagem tinha piedade de mim. Todos me olhavam: Mike, Jessica, Angela, Tyler, Eric, Charlie, Renée, Bella, Edward, Emmett, Rosalie, Alice, Jasper, Jacob e sua matilha que ainda não eram uma matilha. Nem mesmo Carlisle e Esme tinham piedade de mim. Bia me olhava como se dissesse “Eu avisei”.

            E então chega a convidada principal.

            Descendo uma escadaria – de onde surgiu essa escadaria no meio do tribunal? -, em um vestido vermelho elegantíssimo, ela me fitava como se tivesse raiva de mim. Ela tinha raiva de mim. Stephenie Meyer.

            O Meritíssimo mandou que ela sorteasse um nome. Victoria. O prêmio? O meu pescoço. Ela se aproximou devagar e soprou meu rosto. Eu queria fugir, mas estava acorrentada e minhas costas pesavam como se estivessem segurando o peso do céu. E então ela me mordeu.

            Acordei suando frio, com Bella sentada ao meu lado na cama.

            - Joana, você está bem?

            - Eu... eu acho que sim.

            - Vamos, está na hora de irmos para a escola.

            - Hmmm – resmunguei.

            - Um pesadelo? – ela perguntou.

            - Foi – respondi, me apoiando nos cotovelos para conseguir me sentar. Consegui, com um pouco de esforço. – Um pesadelo terrível.

            - Quer me contar? – Sua voz era um tanto... materna.

            - Não, obrigada. Partilhar pesadelos não é uma coisa muito reconfortante, Bella. Acredite.

            - Sei como se sente.

            Sim, eu sabia que ela sabia. Afinal, a marca registrada das sonecas de Bella no livro eram os pesadelos, principalmente em Lua Nova, quando Edward a deixa, e ela tem um ataque súbito de paixão pelo lobo. Bom, eu não queria pensar nisso. Tchau, pensamentos estranhos!

            Tomei um banho e desci. Bella havia colocado uma tigela de cereal com leite em cima da mesa para mim. Agradeci com um sorriso e comecei o meu café da manhã, com ela me olhando. Escovei os dentes às pressas e peguei o casaco – estava frio demais – ao passar pela porta e mergulhar na chuva fina.

            Entramos na picape e ficamos em silêncio.

 

[...]

           

Na hora do intervalo, me sentei à mesa com Bella e os amigos. Hoje quem tagarelava era o Mike, sobre uma tal excursãozinha à La Push. Meus olhos brilharam, eu tenho certeza. Eu ia conhecer JACOB BLACK!

            E Jessica também falava, como de costume, mas sobre o baile dos alunos, que seria num sábado mas eu já sabia que Bella iria a Port Angeles, seria salva por Edward e confirmaria suas conclusões de que ele é um vampiro. Legal.

            Mike me olhava de um jeito bem estranho, me encarava. De vez em quando eu olhava pra ele, com a esperança de que ele tivesse desviado, mas então ele sorria. E eu estava um tanto confusa. Voltava a olhar meu almoço e olhava para ele com o canto do olho. Ele sorria novamente e dava uma piscadela. Isso já estava me assustando.

            E então eu tomei coragem de olhar para a mesa dos Cullen. Estavam todos lá, exceto por Alice. Edward olhou para mim e me chamou com o dedo.

            - Veja, Joana – disse Mike. – O Cullen já está te chamando.

            - Edward está me chamando – corrigi.

             - Tá, que seja – ele resmungou.

            - Vai ver o que ele quer, Joana. – Bella sorriu, mas não parecia nada feliz.

            - Eu não sei o que deu nele – disse Jessica, com seu insuportável dom de não conseguir ficar calada. – Como ele foi se interessar por alguém justo agora, depois de ter dispensado mais da metade das meninas do colégio. Parece que nenhuma de nós é o bastante para ele – bufou.

            - Talvez ele tenha gostado da beleza brasileira – provoquei.

            Ela calou a boca, e eu fiquei feliz por ter conseguido fazer algo tão raro como fazer aquela garota fechar a matraca.

            - Eu acho que não – Mike se apressou em falar.

            Olhei para Edward. Ele olhava para Bella, que tentava se distrair com um sanduíche para não ter de olhar para ele. E sorrindo concluí:

            - Tem razão, Mike. Também acho que não.

            Ele deu um sorriso do tipo 32 dentes e eu saí com a minha bandeja, na direção da mesa dos Cullen, e pensei: Desculpe por demorar, Edward. Um probleminha com o Mike. Ele riu disso e apontou para trás com o polegar. Atrás dele, sentada sozinha, estava Alice Cullen, me esperando com um sorriso. Devagar, me sentei na cadeira vazia ao seu lado e pus a bandeja na mesa.

            - Oi – fiz contato.

            - Olá, Joana Dalva. Tudo bem?

            - Hã, sim - respondi.

            - Tenho uma coisa pra falar com você – ela disse. – Você sabe de muita coisa, não é? Eu também. Vejo as coisas que ainda vão acontecer, e por isso me preocupei com você, Joana.

            - Comigo? O que eu fiz?

            - Nada. O que você ainda vai fazer. Vai estar em perigo, uma coisa bastante ruim, se é que me entende. Eu não queria te falar isso assim, mas eu acho melhor que você tome cuidado. Vi vampiros nômades rastreando você, mas ainda não sei o motivo. – Ela se inclinou para frente, se aproximando de mim. – Joana, eu estou preocupada.

            - Eu também estou. E agora a história toda vai mudar por minha causa. Eu não deveria ter vindo pra cá, acho que eu devo voltar para o Brasil agora para não causar mais problemas.

            Ela fez uma careta de desentendimento, e eu continuei tropeçando nas palavras:

            - Tudo vai mudar por minha causa. Contei tudo a Edward, mas sinto que não devia ter contado. Vim para Forks para conhecer vocês, mas eu juro que não queria causar problemas. Primeiro o que eu notei agora, é que o Mike...

            Ela me interrompeu:

            - O Mike te olha de um jeito estranho. Ele gosta de você. E a Jessica gosta dele.

            Pensei por um momento. O Mike não deveria gostar da Bella? Seria o mais certo, pelo que escreveu a tia Steph. Mas eu sentia que tinha algo errado, começando pelo Mike. E, pensando bem, havia algo errado também com o Eric, com o Tyler... Ainda bem que o Edward estava do jeito que a Bella descreve no livro.

            - Ele olha toda hora pra ela – eu comentei. – Ele gosta dela.

            - Fala da Bella Swan? – Ela parou e sorriu. – Também acho. Edward gosta dela, mas tem medo de falar e estragar tudo, estragar nosso disfarce. Ainda mais agora que você sabe de tudo, e eu não sei como. – Alice pareceu pensar um pouco e teve uma reação estranha, como se tivesse levado um choque. – Ei! Como você sabe de tudo?

            - Desculpe, Alice, mas eu não posso contar.

            - Eu vou descobrir. – Isso tinha tom de ameaça.

            - Eu sei que vai. Uma hora ou outra. Mas não pode ser agora porque eu tenho de acertar as coisas. E também... – Peguei o pingente de coração que João me dera, e fiquei olhando. Aquilo me deu uma sensação estranha, a mesma que eu senti quando a vó Nina morreu. – Eu estou com saudades.

            - De quem é isto? – Alice apontou para o pingente e sorriu.

            - João. – Deixei escapar uma lágrima, que ela secou com seus dedos finos e gélidos. – Meu namorado. Eu acho que estou com saudades.

            - É certo que está. Também sinto saudades de vez em quando. Mas acho que o sentimento dos humanos é mais profundo e dói mais.

            Eu não tinha como discordar.

            - Do que sente saudade, Alice? – perguntei.

            - Sinceramente, eu não sei. Acho que deve ser da minha antiga vida, a de humana. Mas eu não me lembro de nada, não sei se posso sentir falta daquilo que não me lembro. – De repente ela sorriu escancaradamente. – Também sinto saudades do Jasper quando ele sai por muito tempo. Ah, e também quando ele tem crises emo.

            Eu ri.

            - Jasper é um cara legal – ela disse. – O problema dele é que é meio melancólico. Ele tem um pouco de ressentimento da criadora dele, por não ter ensinado a se controlar na frente dos humanos. Por isso ele fica assim.

            - Maria – murmurei.

            - Quem?

            - Maria – repeti. – A criadora de Jasper.

            - Como sabe disso.

            - Do mesmo jeito que eu sabia a história de todos vocês. Todos. E sei também tudo o que vai acontecer, mas não nos detalhes. Não me culpe, Alice. Eu simplesmente sei e não posso evitar.

            - Posso entender.

            - Sem mais perguntas em relação a isso? – Eu tinha esperanças.

            - Tudo bem. – Ela sorriu. – Mas quero fazer outras perguntas.

            Aquilo me assustou. E ela começou a fazer perguntas idiotas, como a minha cor preferida ou o nome da minha professora favorita. Que eu respondi Clarisse. E do meu professor favorito.

            - Apolo, quer dizer... Paulo.

            - Apolo ou Paulo? – Ela riu.

            - O nome dele é Paulo, mas ele é o professor mais lindo do mundo. E esse é o nosso apelidinho secreto para o professor de História. – Ri da lembrança. – E ele é casado com a minha sogra.

            - Que embolação! E o seu namorado, o que diz disso?

            - Ele não sabe. É o segredo das alunas do Apolo.

            Rimos juntas. Eu gostava da Alice. Ela falava demais, assim como Jessica, mas não era irritante. Era a amiga perfeita, literalmente, e por isso eu me lembrei da Bia, o que me fez pensar novamente no motivo que eu encontrara para vir parar aqui. Ah, sim! Foi a Bia que me convenceu.

            Mas agora eu estava num estado diferente. Numa fase diferente. Eu estava realizando um sonho, e por um instante desejei estar em casa, só para ver como estavam as coisas. Por um instante eu senti dentro de mim uma angústia que eu não sentira antes.

            Saudade.

            Simples assim.

            - Joana – Alice me chamou, e eu me lembrei de que não estava na Terra do Nunca. – Você vai me contar como veio parar aqui?

            - Do mesmo jeito que eu sei de tudo – respondi. – E do mesmo jeito que eu não posso contar.

            - E do mesmo jeito que eu vou descobrir – completou.

            - Sim. Talvez.

            - Você contou para Edward.

            Não foi uma pergunta.

            - Contei. Porque ele era a pessoa que tinha que saber. Ele tinha que saber, porque ele é o mais envolvido na história. E você ainda vai descobrir, Alice. Mas eu não posso contar. Pelo menos não agora. Me entenda.

            - Eu entendo. Já tive segredos.

            - Obrigada.

            Nesse momento, tocou o alarme. Hora de voltar à vida real. Ou mais ou menos. Era só a aula de biologia. Despedi-me de Alice e voei para a sala, atrás de Bella.

 

Mais um alarme. Eu estava cansada deles. E esse negócio de mudar de prédio toda hora estava me deixando meio tonta. Forks High School não era o paraíso dos estudantes. Mas dava pro gasto, e eu ainda podia ver os Cullen todo dia.

            O fato é que estava na hora de ir para casa. Para a casa de Bella Swan, meu bem. Quase me esqueci disso e encarei como uma coisa perfeitamente normal. Mas consegui convencer a mim mesma de que não era nada normal. Não era normal.

            Mas eu não encontrava Bella em canto nenhum daquela escola. Ou então eu estava perdida. Perdida... Pensando por esse ângulo, pode ser que eu esteja mesmo perdida. Ou não. Mike estava logo ali, encostado num carro, então eu supus que estava no estacionamento. Fiz isso sozinha. Ou quase.

            Bem, a boa notícia é que eu havia me situado. Afinal, não é fácil para uma pessoa desnorteada como eu. A má notícia...

            - Joana!

            A má notícia é que ele me viu.

            - Joana, tudo bem? – ele perguntou.

            - Acho que sim. Onde está Bella?

            - Eu... Eu não sei.

            Como assim não sabe? Esse garoto é mesmo burro. Só pode ter algum tipo de problema. Qualquer um sabe onde está Isabella Swan.

            - Vou procurar – informei, embora não precisasse. E saí correndo o mais rápido que pude, porque eu TINHA VISTO A PICAPE! Palmas para mim. Ao lado da picape, o Volvo prata que eu tanto sonhara ver. E, é claro, a Bella.

            - Você sumiu! – acusei.

            - Mais ou menos – ela disse. – Mas eu preciso falar com a Jessica.

            - Acho meio difícil ela deixar você falar. Ela não dá nem tempo – observei.

            - Tem razão. Mas mesmo assim preciso falar com ela. Me espere aqui, por favor. Ah, e não se perca de novo.

            - Como sabe que eu me perdi?

            - É fácil entender você.

            E ela saiu correndo. Eu nunca havia pensado que é fácil me entender. Será que é mesmo fácil me entender? Se fosse fácil me entender, eu mesma já teria feito isso. Mas não é bem assim. Não é tão simples entender as pessoas. Talvez ela tenha essa facilidade por ser uma personagem.

            Mike chegou correndo e eu levei um susto.

            - E aí?

            - E aí o quê?

            - É que eu pensei que...

            Ai, meu Deus... Essa anta pensa?

            - Pensou o quê? – Forcei um sorriso.

            - Se você vai ao baile que a Jessica falou. Porque... se você for, quem sabe eu não possa... Você sabe... Ir...

            COMO É QUE É?

            - Como é que é?

            - É assim... Simples. Eu vou, você vai... Nós vamos.

            - Nós não vamos. Você vai. Eu vou imitar a Bella e ficar em casa. Simples.

            - Por que?

            Ele já está querendo saber demais.

            - Já está querendo saber demais. Eu vou ficar em casa porque eu quero ficar em casa. Porque eu não gosto de ir a bailes escolares. Porque eu não tenho um par. E porque eu não quero ter um. Entendeu?

            Ele fez uma cara de cachorrinho sem dono que caiu do caminhão de mudança. Aquilo doeu, e eu senti que tinha sido dura demais. Eu tinha sido uma idiota.

            - Desculpe, Mike... Mas não vai dar. Mesmo.

            - Tudo bem – ele disse, mas era visível que não estava nada bem.

            - Desculpe... mesmo. Mas é fácil me entender. Quer dizer, menos pra mim.

            - Pééin! Resposta errada, Joana Dalva. Não é fácil te entender. Espero que um dia eu consiga.

            - Também espero conseguir – murmurei.

            E ele saiu, me deixando pensar encostada na picape, sozinha com minha mente confusa e difícil.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Deixem alguns reviws por favor. Eu peço, de coração. Beijos.
JOANA DALVA: É isso aí!



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