Eu e Sam caminhamos até um parque, perto da escola. Ela me contou coisas da vida dela. Ela me disse que seus pais eram donos de uma lanchonete, onde ela os ajudava sempre que ela podia/queria. Ela, como eu, também era filha única e nunca havia namorado. Nós éramos muito parecidas, pois eu também nunca namorei ninguém. Eu havia beijado um garoto duas vezes no baile da escola quando eu tinha 13 anos. Eu me lembro de ter ficado tão assustada depois do meu primeiro beijo que sai correndo procurando pela minha mãe, que nem estava no baile! Depois eu me senti envergonhada e voltei pra dar um novo beijo no garoto. Sam riu disso. Eu contei pra ela sobre o meu pai e como ele morreu de acidente de carro quando eu tinha quatro anos. Contei sobra à Tia Sarah, Joseph, Ashley e Kevin. Contei sobre a minha mãe e como ela era igual a uma adolescente. Eu me sentia mãe dela, mãe de uma menina de 33 anos. Minha mãe era cantora e cantava em bares e restaurantes. Ela ganhava pouco, então nós não vivamos com o melhor. Eu havia aprendido a cantar com a minha mãe e a tocar violão e piano com os amigos da banda dela.

- Sua mãe é tão nova!  – disse Sam.

- Ela foi mãe adolescente, sabe.

- Entendi. E o seu pai era americano?

- Sim, ele e minha mãe se conheceram aqui em São Francisco, quando minha mãe veio morar aqui.

- E então sua mãe voltou para o Brasil?

- Sim, mas ela já estava grávida de mim. Ai, o meu pai veio junto.

- E foi ai que a sua avó não gostou?

- É o que minha mãe diz.

- Isso parece filme! Mas você nunca quis conhecer a sua avó?

- É claro que sim! Mas a minha mãe não me conta nada sobre ela. A única coisa que eu sei é que ela se chama Abigail e mora aqui em São Francisco.

- Abigail? Como Abigail Mayer?

- Quem?

-Ah, é a dona de uma marca de roupas famosa aqui na Califórnia. Ela mora por aqui.

- Ata.

- Bom, Alicia, você disse que o Kevin e você eram só amigos, né? Quase família.

- Disse.

- Então... ele é muito lindo! Nossa, por favor, fala de mim pra ele

Eu comecei a rir.

- É claro, Sam.

-Ah, eu te amo!

E ficamos em silencio sentadas na grama. Os raios de sol queimavam levemente a nossa pele e o meu bracelete balançava no meu braço. Sam estava com os olhos fechados e o rosto virado para o sol. Ela ficava estranha a essa luz, pois seu corpo era muito branco.

- Sam...

- Huum? – ela continuava com os olhos fechados.

- Tem uma coisa que eu não saio espalhando por ai, mas, como somos amigas...

Ela abriu os olhos e esperou impaciente para eu continuar.

- Fala logo, Alicia!

- Eu... eu acho que você não vai acreditar. – dei um sorriso maroto.

-Ah, não! Agora conta!

- Não, você vai achar que eu sou louca e não vai dar certo... – brinquei

- Para, Alicia. – ela ficou de joelhos. – Conta, por favor!

- Ta bom... eu conheci o... Justin Bieber!

Ela me encarou por um tempo, sem saber se acreditava em mim ou se zombava da minha cara.

- Só pode ta brincando.

- Ah, e eu iria me gabar disso por brincadeira?

- MEU DEUS! É serio? Mas como assim?

Eu contei toda a história, desde o dia na rua até o camarin. Ela estava muito surpresa.

- MEU DEUS! Cara, não importa se ele não te ligou, você realizou o sonho de muitas!

- Eu sei. – disse tímida.

- E talvez ele ligue a qualquer momento.

- Eu sei! – eu ri. – Mas talvez não. Eu espero há uma semana e nada dele.

- Cara, isso ainda parece mentira. E eu aqui me perguntando como você não gosta do Kevin. Também, né, o JUSTIN BIEBER.

Eu comecei a rir.

- Sua besta, por que não pegou o número dele?

- Por que eu sou uma idiota!

- Concordo.

- Ata, valeu!

- É brincadeira. – ela riu.

Nós ainda ficamos sentadas na grama, conversando, até que ameaçou chover e nós saímos correndo. Mesmo assim, nós nos molhamos. Então pegamos o telefone uma da outra. Ela também me pediu meu MSN, Twitter e Facebook.

- Eu não tenho Facebook. Serve Orkut? – eu disse.

- O que? Or..

- Esquece. - a interrompi.

 Orkut não é popular nos Estados Unidos, esqueci. Então nos despedimos e eu tentei voltar para casa.