Perdi minha melhor amiga e meu melhor amigo. Meu namorado está em turnê e minha mãe está brava comigo, no Brasil. Ficar sozinha não é nada bom.

Fui trabalhar, na lanchonete dos pais da Sam, mas ela não foi. Então cuidei do trabalho de nós duas. Na verdade, cuidei do trabalho de três. Beck também não foi trabalhar.

- Aly, leva o pedido para a mesa três? – Nath pediu.

- Sim. – respondi largando o pano que eu usava para limpar as mesas e indo pegar a bandeja com o pedido.

Levei até o cliente e voltei para pegar o pano com álcool e terminar o trabalho, mas nesse momento novos clientes entram na lanchonete. Luke e seus amigos são esses clientes. Eu me assusto e corro para trás do balcão.

- O que está fazendo ai? – perguntou Mike, me vendo acocorada atrás do balcão.

- Hm... Eu perdi um brinco. – menti.

- Então ache logo, chegaram clientes. – ele disse, apontando para a mesa de Luke.

Eu teria que atende-los e eu sabia que não era uma boa ideia. Eu sabia das piadinhas de Luke e sabia que ia ficar difícil trabalhar quando ele soubesse que sou garçonete daqui. Eu sabia que me levantando seria um passo para o inferno e Luke era o diabo. Mas, coragem! Me levantei do chão, confiante, e ajeitei o avental vermelho com a logomarca da lanchonete. Peguei um bloquinho de anotações e caminhei até eles. Luke conversava com seus amigos, até um deles me reconhecer, fazendo todos se virarem para mim.

- Alicia! – Luke disse surpreso.

- O que vão querer? – perguntei fria.

- Não, espera! – Luke falou. – Você... Você trabalha aqui? É garçonete!

Todos começaram a rir, me deixando constrangida. Luke continuou:

- O super star não dá dinheiro pra você não? Ele deve está brincando com o dinheiro dele junto com alguma bitch, e você aqui, trabalhando na ralé.

- Cala a sua boca! – disse duramente, entre os risos deles.

Eles não pararam de rir, mas aguentei firme até terminar a graça.

- Pois bem então, garçonete. – Luke falou pegando o cardápio. – Vamos ver se você trabalha direitinho. Hum... Vou querer um hambúrguer duplo, com bastante ketchup, e uma grande porção de batatas.

Eu anotei o pedido no bloco e depois olhei para os outros.

- Mais alguma coisa? – perguntei, sem simpatia alguma.

Um outro garoto do lado de Luke, que se aproveitava da minha cara, falou:

- Eu quero uma costela grande, mas presta atenção! Sem castanhas! Ouviu, garçonete? Sem castanhas! Sou alérgico...

Eu deveria por castanhas no prato, pra que morresse. Anotei o pedido dos outros garotos e entreguei para Mike. Logo o pedido estava pronto e eu fui encarregada de levá-lo.

- Aqui. – eu disse, colocando os pratos na mesa.

Luke abriu o hambúrguer e disse grosseiro:

- Tem picles? Eu odeio picles! Volta lá e traga outro.

Eu peguei o hambúrguer de mau gosto e voltei para a cozinha. Comecei a catar os picles com um garfo. Voltei para a mesa e lhe entreguei.

- Muito bem, garçonete. – Luke disse e depois pegou meu queixo. – É assim que eu gosto.

Eu balancei meu rosto, para soltar a mão dele, e me virei para o balcão.

- Aonde vai? – Luke chamou. – Não terminei. Me traga um suco de abacaxi com menta e... Sirva meus amigos com Coca-Cola.

Eram seis amigos e, contando com Luke, tive que levar sete copos em uma bandeja que ameaçava cair tudo. Luke e os amiguinhos deles viram e começaram a rir, até batendo foto.

- Olha só como Justin Bieber trata suas namoradas! – Luke disse entre os risos e batendo uma foto.

Me aproximei da mesa e coloquei nela os refrigerantes e o suco. Luke bebeu o suco até a metade do copo, depois fez uma cara de nojo e cuspiu todo o suco em cima de mim, molhando meu avental. Todos na lanchonete olharam.

- Está horrível! Tem menta aqui?! – ele gritou.

- Mas você quem pediu com menta! – disse.

- Não! Eu odeio menta! Não vou pagar. – ele cruzou os braços.

- Algum problema? – Nath perguntou.

- Sim. – Luke disse. – Essa garçonetezinha ai me trouxe o pedido errado.

- Não é verdade! – gritei.

- Nos perdoe. – Nath disse sorrindo. – Não iremos contar esse suco na conta.

Ela me puxou para a cozinha. Lá dentro, comecei a pirar de raiva.

- Ele só está fazendo isso pra me provocar! Eu conheço ele, é da minha escola! Eu dei o que ele mandou! – eu andava de um lado para o outro na cozinha com raiva.

- Eu sei. – disse Nath, me parando. – Não posso fazer nada por isso, mas deixa que agora eu atendo eles, ok?

Eu sorri e a abracei, a agradecendo. Terminei meu expediente, saindo pelos fundos, para que Luke não me visse. Caminhei pela rua, agora fria, de São Francisco, voltando para casa. No caminho tentei não chorar, mas Luke me humilhou, me pisoteou. Ele é um idiota, imprestável, e eu odeio muito ele!

Caminhar agora não era seguro pra mim. Começou apenas com um cara e uma máquina fotográfica batendo fotos minhas de longe. Eu notei e comecei a andar mais rápido. Daqui a pouco eram vários, me segando com os flashes.

- Parem! – pedi, com a mão no rosto.

- Alicia, você é brasileira? – um perguntou.

- Está namorando Justin Bieber? – outro perguntou.

- Como se conheceram? – uma mulher empurrou um pequeno radio na minha cara.

- Já beijou Justin Bieber? – perguntou um dos paparazzis.

- Por favor responda! – exigiu outro.

- Me deixem em paz! – gritei, mas em vão.

Sai correndo do circulo que eles formaram em minha volta, e eles foram atrás. Eu estava ficando desesperada, não devia ter saído da lanchonete daquele jeito. Eu corri rápido, sem nem me lembrar mais onde estava. São Francisco era grande e perigosa, se eu me perdesse, estava ferrada. Alguém me puxou pelo braço, me fazendo cair e cima dele. A pessoa se levantou e me puxou para cima, me fazendo correr com ela.

- Para! Está me machucando! – eu disse enquanto corríamos.

- Quer que eles te alcancem? – disse a pessoa.

Eu reconheci aquela voz. Kevin? Eu não conseguia ver direito, ele estava com um casaco de capuz preto e não olhei seu rosto. O cara com a voz do Kevin correu comigo até um parque próximo, o parque em que eu e Sam sempre vamos.

- Acho que já os despistamos. – ele disse e se virou para mim.

Era Kevin. Eu fiquei muito feliz em saber que era ele, imagina se fosse um maníaco apenas com a voz parecida da dele? O abracei forte, sem ligar se ele estava ou não com raiva de mim. Ele ficou até surpreso, mas riu. Em seus braços não consegui me conter e comecei a chorar.

- Hey, o que foi? – ele perguntou fazendo carinho no meu cabelo.

- Você apareceu bem na hora... Obrigada! – falei entre o choro.

Ele se afastou de mim, me olhando nos olhos.

- Achei que já estivesse acostumada com isso. – ele disse erguendo uma sobrancelha.

- Não é tão fácil. – disse limpando as lágrimas. – E não é só por isso que estou chorando.

Ele me sentou no banco do parque, atrás de uma árvore grande.

- Pode contar. – ele disse sorrindo.

Agora ele parecia meu amigo mesmo. Até estranhei, mas comecei:

- É complicado pra mim sozinha... Tantas coisas aconteceram que me deixa até tonta, e hoje foi pior.

- O que teve hoje? – ele perguntou.

- Não acredito nisso! – disse a Kevin, me afastando dele no banco e me irritando. – Como assim o que teve hoje? Eu não sei Kevin, me diga você.

- O que? – ele perguntou desentendido.

- Você está me tratando estranho, parece com raiva de mim. E ainda por cima beija a Sam? Por que fez isso assim do nada? Sem motivos...

- E quem disse que eu não tenho motivos? – ele falou olhando para frente e serio.

- Então me conte! Porque eu sinceramente não acredito que seja porque você gosta dela.

Ele olhou para mim, agora sorrindo. Um sorriso... De esperança?

- Está com ciúmes?

- O que?! Não! Claro que não!

- Não é o que parece. – ele disse rindo.

- Eu só não quero que machuque ela... E além do mais, tenho namorado.

- Um namorado que te faz isso? Que te deixa sozinha pra enfrentar esse bando de malucos? – ele disse irritado.

- Não é verdade! Justin tem o seu trabalho e eu não vou atrapalhar ele. – disse irritada também.

- Então porque estão juntos? Ele nem está aqui!

- Não vou discutir isso com você! – falei, pra encerrar a discussão.

Fez-se um pouco de silencio ali. Se eu abrisse minha boca agora, era pra logo em seguida dá uma tapa em Kevin. Se ele estava com a Sam, porque ele queria opinar no meu namoro?

- Me desculpe... Por está agindo assim com você. – Kevin começou, sem olhar para mim. - Eu sei que já está bastante atolada de coisas e eu não te ajudei... Acho que eu é quem tinha ciúmes...

Eu olhei para ele espantada. Ele olhou para mim em seguida e sorriu.

- Ciúmes? Mas você está com a Sam...

- Você não entendeu mesmo, não é Alicia? – ele disse rindo.

- Não. Não entendi mesmo. Você disse que está com ela por um motivo...

- E é esse! – ele disse se aproximando de mim no banco. – Te fazer ciúmes.

- Kevin... – comecei, mas ele me interrompeu.

- Eu gosto de você. – ele disse sorrindo e sem hesitar.

- Não...

- Sempre gostei. – ele me interrompeu de novo, se aproximando no banco.

- Mas eu...

- Sei que não sou o Justin Bieber... Mas eu posso ser melhor do que ele, Alicia... Posso ser melhor do que ele... para você.

Ele já estava muito perto nessa hora. Tocou meu rosto e em segundos sua boca estava na minha. Eu me afastei rapidamente, me levantando do banco. Não consegui olhar para Kevin, apenas sai correndo dali. Fui correndo até em casa. Bati a porta e subi correndo até meu quarto, já soltando minhas lágrimas. Me tranquei ali e, no escuro, me joguei na cama, podendo assim chorar a vontade.

Ele me beijou. Foi apenas um selinho, mas me sentia muito culpada. Não era justo com Justin. Não era justo com Sam. Era esperançoso para Kevin... E era confuso para mim. Mesmo sendo apenas um selinho, senti borboletas no meu estomago. Senti meu coração disparar. Ele não disparou como eu me sinto quando estou com Justin, mas isso me deixou confusa.

Eu estava começando a gostar de Kevin?

Não posso.

Foi apenas um selinho.

Mas tenho namorado e o amo!

Então confusa.