A coisa ficou tão feia que precisou de escota policial. Virou tudo confuso demais pra uma adolescente aguentar sozinha. Era Sr. Wright, Tia Sarah e Joe me chamando de um lado, os policias me segurando de outro e os jornalistas gritando meu nome e empurrando por todos os lugares. Tudo isso para eu entrar no carro da policia e ir para casa. Passamos a manhã inteira ali, tentando sair da escola. Sobre as aulas, tudo tentou voltar ao normal. Os alunos retomaram as aulas quando saímos, tendo agora só a hora do almoço e as ultimas aulas. Eu não sabia mais como todo mundo daquela escola olharia para mim agora. Eu não sabia como Kevin olharia pra mim... se é que ele olharia.

Quando os policias deram a partida no carro, pude ver alguns repórteres entrando nas suas vans da emissora e nos seguindo. Passamos mais ou menos 1h tentando despistá-los para que não nos seguissem até a minha casa ou a casa da Sam e acabassem acampando nos jardins. Quando despistados, fomos pra casa da Sam.

- O que houve aqui?! – Savannah disse saindo da casa dela, enquanto via Sam, eu e Tia Sarah saindo de um carro da policia.

- Mãe, eu posso explicar.

- Samantha, o que você aprontou?

- Savannah, não se preocupe. Sam não fez nada, na verdade. – disse Tia Sarah.

- Então o que foi?

- A culpa na verdade é minha, Savannah, mas não sei bem como te explicar... – eu falei.

- Eu explico tudo, mãe.  – Sam disse e logo depois se virou e mandou um olhar para mim, como se me perguntasse se ela podia contar toda a verdade. Eu assenti e ela e a mãe entraram em casa.

Eu e Tia Sarah entramos no carro e seguimos para casa. Por precaução, demos uma volta no quarteirão inteiro, caso ainda estivéssemos sendo seguidos. No carro, Tia Sarah e Joe conversavam sobre o ocorrido na escola, com alguns intrometimentos do policial que dirigia, dando dicas de segurança, e eu fiquei calada, escutando eles falarem de mim e pensando no Justin.

Não importava o que um policial ou ex-agente de segurança, que era Joseph, diziam para mim. Scooter resolveria isso da maneira certa.

- Então, muito obrigada, seu policial. – Tia Sarah disse do banco de trás ao meu lado, apertando a mão dele com as duas mãos, enquanto eu saia do carro.

- Não há de que, senhora. Apenas, faço meu trabalho.

- Alicia, não vai agradecer o policial? – ela falou quando saiu do carro e me viu correndo até a porta.

Eu parei, dei alguns passos para trás e gritei “Obrigada!”, então voltei para a porta e a abrir sem pudor, tirando meu celular da mochila e me jogando na poltrona da sala. Escutei Tia Sarah e Joe indo conversa na cozinha, mas não dei muita importância. Prestei mais atenção no som da chamada.

- Hey, what’s up? – Justin disse animado.

- Nada up, as coisas estão mais para down.

- O que foi? – ele perguntou, sem mais a animação. Agora com um tom preocupado.

- Sabe aquela revista e o programa na TV? É que as coisas se espalharam um pouquinho...

- Hm...?

- Justin, eu...

- Eles foram atrás de você?

- Yeah... Foram sim.

Não escutei muita mais coisa do outro lado da linha. Apenas o som da voz abafada de Justin falando com Scooter.

- Justin...? – chamei.

- Alicia. – Scooter disse no telefone. – Você não afirmou o namoro de vocês dois, não foi?

- Não.

- Não se preocupe. Vamos resolver isso.

- Como? – ouvi Justin dizer para Scooter.

- Não sei, JB. É óbvio que eles vão sair atrás dela, você é um mega-star! Só precisamos saber driblá-los.

- Então... O que eu faço? – perguntei.

- Nada. – Scooter respondeu.

- Nada?

- É só fique com a boca fechada. Eu resolvo.

- Então tá.

- Alicia? – Justin disse, tomando o telefone de Scooter.

- Hey baby! – falei bem animada, para deixá-lo também.

- Tudo bem com você? – ele disse, sem a animação que eu queria.

- Claro!

- Olha, você só precisa negar tudo.

- Eu sei... Tudo bem, até que é divertido.

- O que?

- Ah, sair correndo deles. A cara de fadiga da Sam é a melhor. – eu disse, conseguindo fazê-lo rir.

- Eu queria está ai...

- Também queria que estivesse... Ah! Eu vou falar com a minha mãe... Sobre a gente.

- Serio?

Eu tinha saudades dela. Estava na hora. Todo o mundo já sabia, ela merecia saber também.

- Sim. Eu ainda não contei pra ela, mas a noticia vai chegar rapidinho no Brasil e eu nem quero imaginar a cena da minha mãe caminhando pela rua e, quando ela parar em uma banca de revistas, ver a filha dela na capa como a namorada do Justin Bieber.

- Ela não vai reagir bem, não é? – ele disse, rin.

- Não. Na verdade, se despeça de mim agora. Quando eu contar para ela, vou morrer... Adeus meu amor! – brinquei e ele riu.

- Eu não vou deixa isso acontecer. Se eu pudesse te ajudar...

- Mas você pode. Pode falar com ela, por mim e me poupar dos sermões e beliscões na orelha. Ela fala inglês fluente. – disse rindo.

- Tudo bem para mim. Quero conhecer minha sogra. – ele falou. Finalmente consegui ver sua voz mais leve.

- Cuidado que ela é osso duro.

- Mas é só eu jogar meu cabelo pro lado e... Oh! Sua mãe pegou a bieber fever! – brincou.

- Oh, não! Não posso aguentar a minha mãe ouvindo as músicas do meu namorado o tempo todo! Ela vai ser melhor belieber que eu! – brinquei também e nós rimos, mas quando a graça acabou, comecei a sentir a saudade, que estava adormecida no meu peito, acordar. - Quando eu vou te ver?

- Em breve... Saudades?

- Muitas. – falei deixando escapar um riso forçado, pra esconder a tristeza.

- Vai acabar logo.

- Quando? Eu já não aguento mais! Eu sei que só se passou alguns dias, mas nesse poucos dias com você aconteceram tantas coisas... Não aguento sozinha, Justin, preciso de você.

- Acha que eu também não preciso de você? Eu queria muito estar do seu lado nesse momento... Em todos os momentos. Não entendo porque nós tenhamos que ficar separados.

- Nem eu!

- Sabe, se eu pudesse parar um pouco... Se eu pudesse voltar a ser normal...

- Justin, não! – eu disse. Não queria vê-lo dizer que desistiria por mim. Não é justo para ele. – Se alguém aqui tem que abrir exceções, essa pessoa sou eu. Nunca me perdoaria se você desistisse de tudo por mim, digo... Não vale a pena. – falei, sentindo as lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

- Alicia, claro que vale! Te conheço a um mês e meio e você já é a pessoa mais importante para mim... Como você fez isso comigo, garota? Ninguém nunca segurou meu coração com tanta força. Você é muito mais importante do que pensa. – ele disse, com uma voz sorridente.

- Não sei, não. – falei, secando as lagrimas. - Eu só vou estragar tudo. Não vão mais te deixar em paz! Suas fãs, elas podem ficar chateadas... E agora os tablóides só vão querer falar mal de você.

- Minhas fãs de verdade não me deixariam por está feliz... E eu aguento tudo o que dizem de mim, se eu sei bem que não é verdade.

- Justin, me desculpa...

- Você não tem culpa de nada! Fui eu quem me apaixonei. Sou eu quem está mudando toda a sua vida. A minha carreira não terá muitas mudanças, te juro.

- Eu também me apaixonei...

- Eu sei e eu sou grato, por que... Como uma garota como você poderia se apaixonar por um cara como eu?

Dessa eu tive que rir. Ele tinha se esquecido que ele era o Justin Bieber. O cara mais lindo, fofo, talentoso, gentil, educado do mundo?

- Sou eu que me pergunto isso! – respondi rindo – Como o Justin Bieber poderia se apaixonar por uma fã brasileira?

- U Smile. – ele explicou.

- Ah, e você fez essa música pra mim? – disse com tom de ironia, mas rindo.

- Te conheci depois, mas isso descreve bem.

Eu e Justin ainda ficamos conversando por um tempo. Era a única maneira de matar as saudades, ouvir a voz dele. Algumas vezes nós conversávamos por Skype, mas só quando ele não tinha shows. Então por telefone, apesar de gastando muito, era a maneira mais fácil, pois ele poderia fazer as coisas dele, com o telefone no ouvido, como por exemplo, a caminho de uma entrevista. Dentro do carro ou nos Backstages, ele podia ficar conversando comigo até a hora dele entrar no programa. A parte difícil era à hora de desligar. Ninguém queria desligar primeiro e a saudade praticamente gritava nessa hora. E dessa vez foi exatamente a mesma coisa. Mas eu, mesmo assim, ficava feliz em poder falar com ele.

Escutei Tia Sarah rindo com Joe na cozinha. Provavelmente eles tinham escutado minha conversa... Vergonha! Mas agora eles pareciam se divertir sozinhos na cozinha. Eu sei que as coisas agora estavam mais perto do amor para eles. Saiam para encontros o tempo todo! Tia Sarah chegava correndo para me contar tudo. Ela parecia uma adolescente e de adolescentes eu entendia bem. Além de ser uma, eu vivia com uma: Minha mãe.

Mas, mesmo sendo uma garota-mulher, ela sabia bem a hora de ser adulta e mãe. Ela me ajudaria tanto agora. Não importava o castigo que eu receberia, eu queria contar para ela o mais rápido possível. Queria poder ter ela perto de mim, é quase dois meses longe dela. Quase dois meses de grandes mudanças. Muitas mesmo.

Caramba, quanta coisa eu estava perdendo no Brasil! Eu só precisei de uma semana aqui para conhecer Justin Bieber. Um mês aqui para começar a namorar com ele. Isso nunca aconteceria com uma brasileira, mas comigo aconteceu. Isso era bem louco!

Joe saiu da cozinha com Tia Sarah.

- Já vai, Joe? – perguntei me levantando da poltrona.

- Sim. Kevin e Ashley vão largar da escola e eu tenho que voltar para casa.

- Ah, claro... – eu disse, abaixando a cabeça.

Kevin. Precisava muito falar com ele.

- Você quer que eu mande um recado para ele? – Joe perguntou, adivinhando meus pensamentos.

Pensei bem, mas como eu mandaria um recado para Kevin por outra pessoa? Seria meio frio. Era melhor resolver isso com ele pessoalmente.

- Não, obrigada. – sorri fraco.

- Tudo bem, então... Sarah, obrigada pelo café. Estava... Muito bom. – ele fez uma careta, tentando sorrir. Eu entendi. O café não estava nada bom.

- Obrigada, Joseph! – ela disse, sorrindo, sem saber que era mentira.

Me despedi de Joe e o agradeci por ter acompanhado Tia Sarah e me ajudado na escola. Minha tia e ele foram para a porta e se despediram. Eu subi as escadas, peguei uma toalha e me tranquei no banheiro tomando um banho bem demorado e quente. Quando sai, sequei um pouco o cabelo. Secá-lo assim tirava um pouco dos cachos da ponta e ficava mais liso, como a raiz. Ficava sem graça, mas o tempo não estava muito bom para deixar o cabelo secar ao natural. Era fim de inverno. Coloquei uma roupa bem básica, então desci para preparar o almoço. Sim, eu era a cozinheira da casa. Não acham que eu ia passar minha vida aqui comendo apenas macarrão com queijo, né? Eu cozinhava, Tia Sarah lavava os pratos.

Peguei um pacote de pão da dispensa e preparei um prato de sanduiches de carne. Esse era o almoço, não o lanche. Não é porque eu estava com preguiça de fazer um almoço descente, A La Braziliana, mas era isso que se comia por aqui. Eu não reclamava, até que era bem mais pratico e rápido um almoço assim.

Enquanto almoçávamos, eu e Tia Sarah conversávamos sobre coisas. Sobre o que eu tinha conversado com Scooter, sobre o sigilo, sobre a saudade que eu tinha de Justin, sobre falar com a minha mãe. Pra descontrair, também conversamos sobre ela e Joe, e acredite, Tia Sarah disse que estava... Namorando! Tá, foi um “WOW!” pra mim, mas eu estava feliz. Lógico, não entendi o porquê dela não ter me contado antes, mas ela disse que ela e Joe ainda tinham que conversa com Ashley e Kevin sobre isso.

Depois do almoço, Tia Sarah foi lavar os pratos e eu liguei meu computador, entrando no Skype e falando com Sam. Ela me contou a reação da mãe dela quando falou a ela sobre eu namorar Justin Bieber. Eu implorei também a Sam sigilo, contando toda a minha conversa com Justin e Scooter pelo telefone, inclusive as coisas fofas que Justin me disse. Ficamos conversando, enquanto eu procurava noticias sobre essa manhã na internet. Sim, achei algumas coisas. Eu não sabia bem se isso ia aparecer em um programa de fofocas na TV, mas por enquanto, só algumas coisas em certos sites. Porem, eles descobriram tudo de mim. Meu nome, minha idade e até de que eu vinha do Brasil. Isso tudo graças às entrevistas com os alunos da escola e com o meu diretor. Sam também disse para eu não ir trabalhar hoje na lanchonete. Nem ela ia. Nós tiraríamos hoje o dia de folga, pra ver se as coisas se acalmavam um pouco.

Desse jeito eu não ia receber nada de salário! Eu só faço faltar e receber folgas. Vou ficar sem emprego até o fim da semana, vão ver!

O dia foi bem mais tranqüilo que a manhã. No dia seguinte, eu faltei à escola, com medo de que os jornalistas voltassem e por orientação da minha tia e meu diretor. Eu liguei meu computador e entrei no twitter. Não reparei nem um pouco nos meus followers, mas quando vi 10.564 seguidores, fiquei assustada. Primeiro achei que eu estava lendo errado. Que era os meus followings. Olhei de novo e li umas 300 vezes a palavra. Era claro, 10.564 pessoas estavam me seguindo. Entrei nas minhas replys. Eu estava lotada com perguntas ou FC’s do Justin Bieber falando de mim. Tinha ameaças e coisas do tipo, mas elogios.

Fiquei bege.

Mas já era previsto, ia acontecer. Eu respondi algumas coisas que me perguntaram, negando tudo sobre meu namoro. Acho que passei a manhã inteira trancada no quarto, só conversando com essas pessoas no twitter e esclarecendo duvidas. Eu não gostava muitas das americanas, elas me xingavam. As brasileiras que estavam falando comigo eram bem mais simpáticas e me apoiavam. Fiquei feliz sabendo que as pessoas do meu país de davam um apoio. Eu ainda estava de pijamas e no computador, quando Tia Sarah entrou no meu quarto com um telefone na mão.

- Não, eu sei... Eu vou passar para ela. Calma! – ela falava para o telefone e eu comecei a ficar confusa. Ela estendeu o telefone para mim. – Pra você.

Eu fiquei um pouco apreensiva na hora de pegar o telefone.

- Alô?

- COMO VOCÊ PODE? FICOU MALUCA? COMO É QUE VOCÊ FAZ UMA COISA DESSA E NEM FALA COMIGO? PODE IMAGINAR COMO EU FIQUEI QUANDO ME MOSTRARAM QUE A MINHA FILHA, MINHA ÚNICA FILHA, ESTAVA APARECENDO EM PROGRAMAS E SITES AMERICANOS E AINDA POR CIMA COMO NAMORADA DE UM CANTOR FAMOSO?! E AINDA MAIS FOI PRA LAS VEGAS! LAS VEGAS! O QUE VOCÊ FEZ EM LAS VEGAS?!

- Mãe, calma! Não grita! – implorei, mas ela continuou.

- NÃO ME MANDA FICAR CALMA, MENINA! POR QUE EU FUI A ULTIMA A SABER? SIM, PORQUE O MUNDO INTEIRO JÁ SABE! NÃO ACREDITO QUE NÃO ME CONTOU UMA COISA DESSAS!

- Desculpa, mas foi tão rápido!

- VOCÊ SAI DO BRASIL PARA UM SIMPLES INTERCÂMBIO, AI ENCONTRA COM UM SUPER-STAR E VOCÊS FOGEM PRA LAS VEGAS?! EU DEVERIA PEGAR O PRIMEIRO AVIÃO PARA AI AGORA! NÃO, NA VERDADE, SEU INTERCÂMBIO ACABOU, VAI VOLTAR PARA O BRASIL!

- O que?! Não!

- NÃO TEM UM NÃO! VOCÊ VOLTA!

- Não posso voltar!

- ALICIA MARIE BERNARDES, SE VOCÊ NÃO ESTIVER NO TERRITÓRIO BRASILEIRO ATÉ AMANHÃ... CONSIDERE-SE SEM VIDA!

- Mãe, não é essa a melhor maneira de conversa e a senhora está com a cabeça quente. Me liga depois, ok?

- NÃO OUSE DESLIGAR NA MINHA CARA!

Eu a desobedeci e desliguei o telefone. A discussão toda foi em português, na verdade. Eu olhei para Tia Sarah e perguntei:

- O que eu faço agora?

- Eu disse que isso ia acontecer. – ela falou, se sentando na minha cama.

- Sim, mas agora ela quer que eu volte para o Brasil! Eu não posso voltar e deixar tudo!

- Dê um tempo. Ela vai enxergar melhor e vai ver que você voltar para o Brasil agora está fora de cogitação.

- Não sei. Ela parece com muita raiva. Eu nunca a vi assim.

- Ela vai ficar calma. Foi ela mesma quem fazia loucuras na adolescência. Acredite, mesmo sendo uma coisa muito grande essa a de você namorar um famoso e escondido da sua mãe... Não vence as coisas que ela fez.

- Serio?

- Claro! Você não voltaria grávida para o Brasil e até agora você não me assustou igual a ela como quando ela estava morando nessa casa.

Eu ri. Tia Sarah me contou algumas das loucuras da minha mãe e do meu pai, e como eles fugiram para o Brasil, escondidos da minha avó. A avó que eu não conhecia. Minha mãe nunca quis me contar nada dela. Ela simplesmente ignorava minhas perguntas. Ela parecia ter rancor da minha avó. Mas eu tinha o direito de conhecê-la! Porem, eu não tinha pistas dela. Minha mãe não contaria nada sobre ela, nem se estivesse sendo ameaçada por 30 facas. Eu não tinha o sobrenome do meu pai. Problemas no cartório quando tiveram que me registrar. Nunca entendi bem isso. Eu sei que o sobrenome do meu pai é Mayer e que o nome da minha avó era Abigail. Sabia que ela morava em São Francisco, como meu pai morava. Mas só isso. Se meu pai estivesse aqui, seria bem mais fácil. Não lembro muito dele, ele morreu quando eu tinha quatro anos, mas eu sei que ele me diria algo sobre ela. Outra coisa que eu tinha da minha avó era o pingente do meu pai. É, não dava pra ir muito longe com isso, mas... Não sei, eu namoro o Justin Bieber! Se isso era impossível para uma garota como eu antes, encontrar minha avó não seria.

Então era isso? Minha próxima loucura? Encontrar minha avó? Parece que sim...

Semana bem agitada. Bem agitada. Bem, bem, bem agitada! Ok, você já entenderam, não é? Mas era só quarta-feira e eu podia sentir novas surpresas chegando. Passei à tarde com Sam, que foi pra minha casa. Nós fizemos até uma Twitcan. Meu twitter tinha virado uma loucura, mas parece que elas me encontravam em todos os meios possíveis da internet. Encontraram meu facebook, my space e já tinha fotos pessoas minhas espalhadas pela internet. No fim do dia, recebi a vista de Nath e Beck. Ficamos eu, Sam, Nath, Beck e minha tia conversando e vendo TV. O bom era saber que elas não haviam mudado comigo. Eu agora era um tipo de sub-celebridade e as coisas e pessoas mudam com as sub-celebridades.

O que eu não recebi foi a visita de Kevin. Nem uma ligação. Ele nem ao menos me atendeu quando eu liguei para ele. Nada. Mas eu recebi a visita de Ashley também, logo depois de Sam, Nath e Beck terem ido embora.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Ashley gritou quando eu abri a porta.

- Oi... – disse, meio assustada com o grito dela.

- AMIGA! – ela disse, entrando na minha casa.

Agora éramos amigas?

- Ah, claro, você pode entrar...

- Ashley! – Tia Sarah exclamou.

Eu era a única que não gostava dela?

- Oi, Tia Sarah! – Ashley disse, abraçando-a. Pera ai, ela é MINHA tia! – Papai contou sobre vocês dois. Eu estou bastante feliz!

- Ah, eu fico muito contente com isso Ashley. Eu e seu pai queríamos muito a compreensão de você e seu irmão.

- Pode acreditar, eu e Kevin ficamos muito feliz!

Observei Ashley pular e dá gritinhos. Por favor, era demais para mim. Eu subi as escadas com o prato de cereais e leite que eu carregava, com o intuito de voltar para o Twitter. Sim, gostei de ficar famosa na internet. Quando coloquei meu pé no 3ª degrau, Tia Sarah me parou.

- Aonde você vai?

- Vou pro meu quarto.

- Não seja grossa. Não vê que você tem visita? – Tia Sarah apontou para Ashley, que deu um sorrisinho irritante.

Eu olhei para ela, com cara de tédio e voltai para minha tia.

- Achei que a visita fosse para você.

- Ah, não tenha ciúmes, AMIGA! – Ashley disse. Por que diabos ela enfatizava o amiga? – Eu vim pra falar com você. Temos que conversa. Soube que você está namorando Justin Bieber.

- Soube errado. – falei, descendo as escadas.

- Mas...

- Não namoro ele, Ashley. Conheci ele no show e você sabe disso. Depois eu, Sam e até o seu irmão nos encontramos com ele no cinema. Foi só.

- Não foi bem assim... – minha tia começou.

- Tá, teve Las Vegas. – interrompi. - Mas foi só porque eu tinha um congresso de intercâmbio em Las Vegas e fiquei sabendo que ele ia também. Como somos amigos...

- NOSSA! História impressionante! Vem, me conta mais.

Ela segurou meu braço e me puxou para a sala, me fazendo perguntas sobre o Justin. Ainda teve a cara de pau de dizer: “Já que somos amigas, você pode me apresentar a ele?”.

Eita raivinha dessa patricinha metida a besta!

Eu me fiz bem chata, pra ver se ela ia embora logo, e deu certo quando eu inventei está com sono.

No dia seguinte, tomei um banho e vesti uma calça jeans e uma camisa de manga longa, mas bem levinha, e uma bota. Eu não queria chamar atenção para mim, não mesmo. Já ia ter que encarar muito as pessoas da escola. Enquanto tomava meu café com Tia Sarah, escuto uma buzina na frente de casa. Eu espiei pela janela e vi o carro de Ashley. Ela saiu do carro e começou a acenar para mim.

- Vai com ela? – Tia Sarah perguntou.

- E tenho escolha? Tá frio e eu não to a fim de ser atacada de novo.

Peguei meu casaco e minha mochila e sai da casa.

- Oi... – forcei ser gentil, enquanto entrava no carro.

Eu notei que havia mais uma pessoa no carro. Era Kevin. Ele estava no banco da frente, com calça jeans, Nike azul e roxa e um sobretudo cinza. Eu sorri para ele, mas ele não retribuiu. Só virou a cara e se voltou para a janela. Fiquei triste com isso. Ele estava chateado comigo, e tinha razão. Passei a estrada toda até o colégio, ouvindo Ashley falar, mas sem dar a mínima importância. Só olhei para a janela e vi a paisagem passar.

Na escola parecia bem mais calmo do que naquele ultimo dia. Não havia os repórteres nem nada. Apenas os alunos. Ashley estacionou o carro e, quando eu sai, ela me abraçou e foi andando comigo. As pessoas olhavam para mim enquanto eu passava pelos corredores, e Ashley aproveitava isso. Kevin estava atrás de nós. Eu me virei um pouco para olhá-lo, mas então os populares da escola foram falar comigo.

Era chato, eles não falavam comigo, mas só estavam falando agora por causa do Justin. Quando eu vi Sam chegar, me soltei deles e fui até ela. Ela colocava seus livros no armário. Eu me encostei no armário ao lado e ela me disse, ainda olhando para os livros:

- Oi, celebridade...

- Ah, não fala isso! Viu o que agora tenho que passar?

- Melhor do que ser uma ninguém... Mas por que a Ashley estava abraçada com você?

- Querendo roubar seu posto, Best, mas não se preocupa que ela não vai conseguir.

- É bom mesmo. – ela disse rindo, se virando para mim. – Falou com Kevin?

- Não. Ele nem quer olhar na minha cara... – disse, abaixando a cabeça.

- Quer que eu fale com ele?

- Ia ser ótimo!

- Ok. – ela disse e o sinal tocou. – Tenho uma aula com ele agora e aproveito pra falar com ele.

- Obrigada. – falei sorrindo.

- Disponha. – ela disse, sorrindo também.

Eu fui para minha aula. Todos agora queriam sentar do meu lado. TODOS. Até gente que nem era da mesma aula que eu, queria entrar na sala e ficar do meu lado. O professor até teve dificuldade pra controlar as pessoas. Eu, claro, fiquei envergonhada.

A aula terminou e sai da sala, procurando por Sam. O segundo sinal tocou e eu tive que ir para a minha próxima aula. Foi assim até a hora da Educação Física. Eu fui para o vestiário e coloquei a roupa da Ed. Física, igual a todas as meninas, mas não achei Sam.

Onde é que aquela menina se meteu?

Eu sai e fui até a quadra de vôlei. Sam estava lá, se aquecendo e conversando com outra garota.

- Samantha! – falei, puxando o braço dela e nos afastando da garota.

- Ai! – ela gemeu.

- Eu te procurei por todos os lados! Falou com o Kevin?

- Ah... Falei. – ela falou, mas sem olhar para mim.

- E...?

- O que? – perguntou, fingindo-se de desentendida.

- Como assim o que?! O que ele disse? – eu queria gritar com ela, mas falava baixo para as garotas, que agora entravam na quadra não escutarem.

- Nada.

- Nada? – perguntei.

- É, ele só...

- Só...? Samantha Lewis, você que morrer? Dá pra parar com o joguinho e falar logo?!

- Mas ele não disse nada! Ele só... Me beijou.

Eu coloquei a minha mão na boca, tapando o enorme O em que ela ficou.

- B-Beijou? – gaguejei.

- O que? Por que está surpresa? Nunca soube de duas pessoas namorando não, ou só você pode namorar? – ela falou, cruzando os braços.

- N-N-Namorando? – gaguejei mais ainda.

- Hm... Pois é. Eu não sei bem. Eu fui pra aula e comecei a falar com ele. Ele só me ignorava, então, quando o sinal tocou, eu segurei ele. Quando eu fiz isso, ele me puxou e me beijou. – ela falou rápido e sorrindo.

- Acho que eu não estou raciocinando direito essa manhã.

- Você não está feliz? – ela disse com um sorriso enorme na cara.

- Não. – eu falei irritada, sem saber do que realmente estava dizendo. Assim que disse isso, me toquei e olhei para ela. Ela estava chocada com a minha grosseria e eu me arrependi profundamente. – Eu não quis dizer isso!

- Eu tenho que está feliz por você e por Justin, mas você não pode ficar feliz por mim? – ela aumentou a voz.

- Fala baixo! – pedi, olhando as garotas que agora prestavam atenção em nós.

- Não acredito, você é minha amiga! Sabe que eu gosto dele! – ela disse, sem abaixar a voz.

- Sam, eu não quis dizer aquilo!

- Mas disse!

Ela me encarou por um tempo, chateada. Depois se virou e saiu da quadra. Eu tentei correr até ela, mas a professora de Ed. Física chegou bem na hora.

- Bom dia alunas! Vamos começar com um jogo? – ela disse. Quando me viu tentando sair da quadra, ela gritou: - Alicia? Pra onde você vai?

- Eu...

- Não pode sair da minha aula, sem permissão. Vamos, você e a Green tiram time.

- Mas...

- Bernardes! Tirar time ou 20 flexões!

Eu caminhei até ela, com raiva, e fiz o que ela mandou.

Eu não sei o que deu em mim por dizer “Não”. Claro que eu estava feliz, mas eu não prestei muita atenção na pergunta. Só fiquei com raiva por saber que Kevin estava beijando a Sam enquanto ele não me desculpava.

E agora eu não tinha mais eles.

Agora sim eu fiquei perdida.