- Kevin? – disse me surpreendendo ao vê-lo na sala. – O que esta fazendo aqui? – perguntei, só pra checar se a resposta era a que estava estampada.

Ele apenas riu.

- Sou seu mentor, Alicia.

- Não... – parei pensando um pouco. – WOW! Vai me ensinar matemática?

- Sim. – ele sorriu.

- E desde quando você é melhor que eu em matemática? Quer dizer, o melhor da turma!

- Sempre fui bom... – deu de ombros. Ele encostou-se à mesa de professor que havia na sala e olhou pra mim. – Não vai se sentar não?

-Sim... – eu me sentei em uma das carteiras à frente dele. – Mas ainda não acredito nisso.

Ele riu.

- Então, em que você ta pior?

- Serve tudo? – sorri e mordi o lábio.

- Hm, então é melhor eu começar...

- Sim, mas se você for um daqueles professores chatos que pegam no pé, nem vem que eu esqueço dessas aulas extras, hein! – brinquei.

- Tudo bem, Aly. Antes de mentor sou seu amigo, não sou?

- Yeew! – comemorei.

- Mas nem por isso vou deixar de te ensinar e cobrar tudo que é pra ser feito.

- Awn... – parei de comemorar e fingi estar desanimada.

Na verdade, me sentia melhor em saber que o meu mentor era o meu melhor amigo e eu poderia aprender de um jeito mais descontraído. Nós começamos então. Ele abriu o livro e me explicou algumas coisas do assunto. Eu conseguia pegar facilmente o assunto com ele me explicando. Eu sabia que Kevin não era burro, mas ele fazia parte do time de basquete da escola, e eu achava que todos do time, incluindo Kevin, filavam para passar.

Em uma hora, nada haver, Kevin me perguntou:

- Você ainda conversa com o super star?

- Justin? – disse levantando o olhar para ver como o rosto dele estava. – Hm, sim... Somos amigos, mas ele é bem ocupado. – menti.

- Hm... – Kevin falou, fingindo estar desinteressado e terminando um cálculo.

- Você é muito bom em matemática mesmo... – comentei, tentando encerrar o assunto.

Ele levantou o rosto, um pouco envergonhado, mas riu descontraidamente e disse:

- Eu tenho que ser pra não tirar notas baixas e poder jogar na temporada.

- É, nós não podemos ficar sem o nosso cestinha... – sorri, brincando.

- Ah, você acha? – ele disse rindo.

-Claro, Shaquille O’Neal! Quando a bola está com você... – eu fiz um movimento com os braços, como se arremessasse uma bola na cesta. – E é cesta! Yeew, a galera vibra!

Kevin riu.

- Tem razão, sou melhor que o Shaquille O’Neal! – ela falou brincando.

- Ah, ta bom, chega! Não precisa se amostrar, tá. – cruzei os braços, mas depois ri. – Eu queria mesmo é ser a Shaquille O’Neal da matemática, pra não ter aulas extras... Mas até que estou gostando de ter aulas extras, se for com você.

Ele me olhou, sorridente, então pegou uma mexa do meu cabelo, que estava se soltando da trança, e colocou atrás da minha orelha.

- Também gosto dessas aulas extras...

Nós fomos ficando mais perto um do outro... até demais, mas eu me afastei. Ia acabar errado. Limpei a garganta e inventei uma desculpa.

 – Olha a hora! – olhei para o relógio no braço dele. – Eu preciso ir.

- O que? Mas não terminamos. – ele disse, me vendo levantar da carteira.

- Eu tenho que trabalhar.

- Aly, você não esta inventando isso só para escapulir da aula, não é?

- Não! – balancei a cabeça negativamente. – É verdade, pergunte a Sam.

Eu peguei as minhas coisas, acenei para ele na porta e o deixei. Corri para tentar pegar um ônibus, metro ou algo assim. Meu expediente já havia começado e eu não queria abusar da paciência dos pais da Sam. Cheguei à lanchonete, correndo.

- Aly! – Sam me cumprimentou.

Tinha poucas pessoas na lanchonete dos pais da Sam, com decoração dos anos 50.

- Hey!

- Alicia, já voltou de viajem! – disse a mãe da Sam.

- Sim, Sra. Lewis, e obrigada por ter me dado essa semana de folga!

- Não tem de quê, querida. Então... Já podem começar? – ela disse, olhando para mim e Sam.

- Claro! – dissemos juntas.

Eu fui até a cozinha, acompanhada de Sam.

A lanchonete de Savannah e George, pais da Sam, era uma das lanchonetes mais agradáveis do quarteirão, pelo menos eu achava. Eles quase não ficam na lanchonete, na verdade. Eles contavam com a gerência de Nath. Nath era morena de pele, muito bonita, gentil e simpática. Ela era divertida, mas sempre dava broncas em mim e em Sam quando aprontávamos algo. Ela administrava o caixa e era a manda-chuva do lugar. Ela também sempre brigava com Mike, o cozinheiro. Mike era bastante engraçado e vivia tirando sarro de Nath, pelas suas costas. Ele era o primeiro a chegar e ultimo a sair da lanchonete, por isso tinha uma chave, e também SEMPRE, não importava a hora do dia, eu o via com aquelas rendinhas de cabelo. Chegava até a ser engraçado! Tinha também Beck. Ela era bastante bonita e jovem, talvez uns 25 anos. Apesar de bela, ela era bem burrinha e vivia falando do tal namorado Marcos, que para ela era o príncipe encantado e a buscava todo dia no fim do expediente. Ela era loira platinada (sem preconceitos!) e tinha olhos verdes. Todos eles conheciam a minha tia-avó, Joe e a família de Joe.

Bom, eu e Sam éramos as quebras-galho do lugar. Dávamos de garçonetes e limpávamos a louça e o chão, mas amávamos fazer aquilo, porque nós nos divertíamos muito! Quando aparecia alguém da escola, eu e Sam nos escondíamos debaixo do balcão ou tirávamos o avental e fingíamos ser clientes. Como eu disse, era tudo muito divertido.

- Mike, faz esse sanduiche direito e rápido! Você já torrou duas fatias de queijo e o cliente está esperando... E Beck, para de serrar essa unha dentro da cozinha e vai servir alguma mesa... Meu Deus, vocês me deixam louca! – Nath gritava na cozinha, reclamando com todos.

- Nath! – eu disse, depois dela ter se acalmado um pouco, e corri para abraçá-la.

- Alicia, você voltou! Ótimo, porque eu precisava de mais uma aqui. Todos estão muito incompetentes hoje! – ela me disse, me abraçando e depois pegando um avental e me entregando.

- Hey, e eu? Não quebrei pratos hoje! – Sam falou. Ela sempre quebrava algum prato.

- Ai, Samzinha... Não é porque que você é a filha dos donos que você é a melhor. – Nath sorriu sínica e depois gritou: - VAI TRABALHAR VOCÊ TAMBÉM!

- E-eu to indo... – Sam falou com um pouco de medo e pegando uma vassoura.

Eu ri e peguei outra vassoura, onde nós começamos a varrer a cozinha.

- Então, Aly, como foi a viagem? – Beck perguntou.

- Foi ótima! – respondi.

- Mais do que você imagina... – Sam sussurrou rindo e eu arregalei os olhos para ela, como repreendimento, mas rindo também.

- Beck, o que eu mandei você fazer? – Nath perguntou, respirando fundo, fechando os olhos e colocando a mão na testa.

- Hm... – Beck pensou.

- Eu mandei, Beck, você SAIR DAQUI COM ESSA LIXA DE UNHAS E IR SERVIR ALGUMA MESA! – Nath gritou.

- Já vou, estou indo! – Beck disse revoltada, pegando o prato de sanduiches que Mike tinha acabado de fazer, colocando em uma bandeja e depois me implorou, brincando: - Aly, me leva pro Brasil?

Eu ri, enquanto ela sai da cozinha.

- Tem alguém aqui com raivinha... – Mike cantarolou.

- VOCÊ ACHA? – Nath gritou, se virando para ele.

- Ih, calma, já fechei minha boca.

Nath saiu da cozinha e logo em seguida Mike a imitou:

- “Você acha?” – ele disse, fazendo uma vozinha fina e colocando as mãos na cintura. Eu e Sam rimos.

- Sam? – disse Savannah, mãe da Sam, entrando na cozinha e falando com a filha. – Vou pra casa agora e você... Volta com o seu pai?

- Não. Aly e eu vamos andando pra casa.

- Tudo bem. Tchau, filha. Até amanhã Mike, Alicia. – ela sorriu.

- Até amanhã, Sra. Lewis. – eu disse, sorrindo também.

- Até, dona Lewis. E talvez a senhora pudesse acalmar a fera, lá fora, não é? – Mike disse, se referindo a Nath e preparando o pedido de uma mesa que acabará de chegar.

- Nath está de mau humor hoje, mas garanto que se vocês fizerem as coisas certas, ela fica melhor. – Savannah disse, rindo. Ela era sempre gentil com todos e isso me admirava.

Ela logo saiu e eu e Sam continuamos com os serviços, mas o meu celular tocou. Eu olhei na tela e era uma chamada de Justin.

- Justin! – eu disse, chamando a atenção de Sam que me olhou sorrindo.

- Alicia, me desculpa não ter ligado antes... Você viu?

- O que?  Se fala da revista, vi sim.

- Também... Mas eu estou falando do programa da TV.

- O que?

- Hm... Liga a TV no canal 4.

Eu sai da cozinha, com o celular no ouvido, e mudei o canal da TV do restaurante, que ficava no teto, colocando no canal que ele mandou. Não acreditei naquilo. Estava a minha foto... Na TV. OMG! Sam seguiu o meu olhar e, quando viu, a sua boca ficou em um O perfeito. Ainda não estava acreditando. Enquanto a minha foto estava estampada na tela, a apresentadora falava:

- “A nova garota do JB realmente é de tirar o fôlego, mas as beliebers apóiam esse namoro? Se for realmente um namoro... Por enquanto, não sabemos de nada sobre a garota de Las Vegas, mas sabemos que eles já andavam juntos há algum tempo.” – a foto mudou para uma em que estava eu, Justin e algumas fãs no dia do cinema. – “O que acham? Eles formam um belo casal? E quem será ela? É o que vamos descobrir. Eu sou Lee Nish Sacacawea Samuel e vejo vocês de novo, aqui em Outra Vez em Hollywood !”

A apresentadora, de aparência japonesa falava o seu nome muito rápido e tinha um sorriso exagerado e falso no rosto.

- Nish... – Sam tentou repetir seu nome, sem sucesso e franzindo o nariz.

- Olha, parecia com você! – Beck me perguntou, apontando para a TV.

- Alicia...? – Justin disse na linha. Eu já havia me esquecido que estava com o celular no ouvido.

- Oi.

- Me desculpe, realmente! Eu nem sei o que te dizer, mas eu prometo que Scooter e eu vamos fazer isso parar.

- Não, tudo bem... Sabe, a gente sabia que isso ia acontecer mesmo, não é? – tentei tranquiliza-lo.

- Sim, mas eu não quero eles no seu pé. Acredite, é chato!

- Tudo bem, são as consequências. – eu disse, rindo. Ele também riu.

- Eu tenho que ir... Estou com saudades!

- Eu também.

- Eu te amo.

- Eu também! – eu disse e nós rimos, depois ele desligou o celular.

Eu encarei o celular e depois a TV enquanto Beck falava:

- Nossa, era igualzinha a você... Olha, se aquela garota arrancasse os olhos de alguém, depois espancasse essa pessoa com um taco de baseball, a eletrocutasse com o fio da chapinha e depois jogasse sal nos olhos dela... Menina, você estava presa! – ela falou rápido e balançando a cabeça negativamente.

Eu olhei pra ela com cara de “WTF?”.

- Era eu, Beck...

- Ah, isso explica tudo... – ela disse, com um dedo no queixo. - Mas por que você estava na TV?

- Longa história, Beck. – Sam disse.

- Eu andei por ai com umas pessoas conhecidas...

- Conhecidas? Conhecidas de quem?

- Conhecidas do mundo todo.

- Quem?

Eu demorei um pouco para responder, mas respondi:

- Justin Bieber.

Ela arregalou os olhos e abriu a boca.

- Você... Você... Você... – ela tentou dizer.

- Você o que? – Nath apareceu sorrindo, tentando entrar na conversa.

- Aly apareceu na TV. – Sam disse, naturalmente.

- Aly o que?! Mas... Por quê? – ela perguntou para mim.

- J-Justin Bieber. – Beck respondeu, gaguejando

- É isso mesmo... – apontei para Beck.

- Isso o que? Me expliquem!

- Ai Meu Deus! – Sam disse, irritada. – Alicia saiu na TV porque é a suposta namorada do Justin Bieber.

- Ah, valeu por espalhar isso para o mundo, Sam! – eu disse, olhando as pessoas em nossa volta.

- Dane-se, o mundo já sabe mesmo... – Sam deu de ombros.

Nath começou a gargalhar:

- Mas por que achariam que você é a namorada do Justin Bieber?

- Ahm, por que eu sou... – eu disse baixo e seria, olhando para ela.

Ela parou de rir no mesmo segundo.

- Você é? – eu assenti com a cabeça e ela e Beck ficaram chocadas. – Andou por ai com a Beyoncé também?

- Não, mas andei com o Usher... Serve?

Elas ainda ficaram me olhando, chocadas.

- E por que nós não sabíamos? – Beck perguntou.

- Estão sabendo agora!

- Na verdade, o mundo todo está sabendo agora. – Sam disse.

- É... Aquela apresentadorazinha... Não gostei dela! – eu disse, fuzilando a TV.

- Se eu pelo menos conseguisse falar o nome dela... Leeniicawea... – Sam falou, franzindo o nariz novamente e ficando meio zarolha.

- Não importa. – a interrompi. – Mas lembra do que eu disse sobre não ter mais sossego? Começa agora...

Eu, Nath, Beck e Sam fomos para a cozinha onde eu contei tudo a elas e a Mike, com a ajuda de Sam. Eles estavam impressionados com toda a história, mas os forcei a não contarem a ninguém sobre eu e Justin.

Eu e Sam largávamos mais cedo do trabalho em dias de semana, afinal tínhamos aula no dia seguinte e a lanchonete só fechava oficialmente de meia noite. No caminho, eu e Sam conversávamos sobre as minhas aulas extras com Kevin.

- Acho que minhas notas vão cair em matemática esse semestre, só pra ter um mentor desses. – ela disse e eu ri.

Eu me despedi de Sam e fui para casa, andando mais rápido agora. Quando eu cheguei, notei que Tia Sarah não estava. Havia um bilhete dela na cozinha, onde ela explicava que havia saído com Joe e tentaria voltar cedo. Então eu passaria a noite sozinha em casa. Tomei um banho e cai no sofá, ligando a TV e o meu notebook ao mesmo tempo.

Eu procurei mais coisas sobre Justin e a garota de Las Vegas – eu – pela internet. Para minha surpresa, tinha mais coisas do que eu esperava. Vi comentários sobre isso em alguns sites. Eram de beliebers que estavam felizes e com muita raiva também. Fiquei com medinho de algumas. Caramba, elas podem ser assassinas! Algumas me deixaram feliz, apoiando o suposto namoro e querendo saber mais de mim. Eu ainda não acreditava que era eu. Garotas do mundo inteiro querendo me conhecer, ou até mesmo ser eu. Crazy!

Continuei no computador, lendo comentários das beliebers. Em algumas me dava vontade de chorar, com os xingamentos. Mas depois de um tempo eu comecei a rir. Tinha tantas coisas absurdas que elas falavam, tentando me atingir, que chegava a ser engraçado e eu praticamente pulava de alegria quando via os elogios.

Enquanto lia, assistia a um filme, até Tia Sarah chegar:

- Onde a senhorita estava? – perguntei fingindo de séria, mas segurando o riso, enquanto ela entrava em casa.

- Alicia! Ainda está acordada?

- Isso são horas para uma mulher de família chegar? – disse, mas dessa vez sem segurar os risos.

- Ah, Alicia! – ela disse rindo e tacando uma almofada em mim, depois se sentando no sofá.

- Tia, vem ver isso. – mostrei meu computador para ela.

- O que é isso?

- Fãs do Justin. Elas estão falando de mim. – disse sorrindo.

- “Quero matar essa...” – Tia Sarah arregalou os olhos. - Meu Deus, Alicia! E você ainda está feliz? Que garotas doidas, nem sabem do que estão falando!

- No começo foi bem chato vê isso, mas depois acaba sendo engraçado... Ah, e tem garotas legais e falando bem de mim! É a parte que eu gosto.

- Bom, se é assim... Faz parte, não é? Mas como elas já sabem de você?

Eu mostrei a revista para Tia Sarah e depois contei da televisão. Ela ficou bem surpresa, mas feliz. Disse que, se as coisas vão mudar, será para melhor. Eu não havia pensado nisso, mas ela tem razão. Tem algo melhor do que poder namorar o cara que você gosta, sem ter que se esconder de todos? Poder contar para o mundo inteiro do nosso amor?

 Eu desejei boa noite a Tia Sarah, que estava bem feliz com o encontro com Joe, e fui dormir.

Acordei quase atrasada pra a escola, mas estava bem cansada e até pensei em faltar à aula, mas achei melhor não. Vai que o diretor expandi as minhas aulas extras, e ontem quase que saia beijo com o Kevin. É bom que essas aulas extras terminem rápido ou até o fim da semana ele me pede em casamento... Tá exagerei! Fiz tudo que vocês estão carecas de saber: Tomei banho, me arrumei, tomei café, me despedi de Tia Sarah e encontrei com Kevin e Sam na metade do caminho... E olha lá o ultimo fio do cabelo de vocês indo embora! (n/a: hehe, não liguem pra ela.) Mas, uma rua, antes da escola, nós notamos algumas coisas estranhas. Não sei bem explicar, mas a rua parecia muito... Movimentada. Mais do que o normal. Carros indo pra lá e pra cá. Chegando mais perto da escola ficava pior.

- Mas o que está havendo? – Kevin disse e saiu correndo para escola, já bem perto, e deixando Sam e eu para trás.

- Alicia, você não acha que...

- O que? – perguntei, encarando a confusão que parecia vim da escola.

- Não acha que eles... Descobriram onde você estuda?

- Está me dizendo – falei assustada, arregalando os olhos para ela. – Que essa agitação toda é por causa de emissoras de TV que descobriram onde a namorada do Justin Bieber estuda? Ou seja, eu... Está dizendo que tem repórteres, paparazzis e, sei lá, a Oprah, me esperando e gravando tudo ao vivo e em rede nacional?

- Estou dizendo tudo isso, mas não estou dizendo rede nacional... Acho que é rede internacional. – Sam disse, olhando assustada para frente.

Não tinha reparado que nesse papo todo, nós estávamos andando e havíamos chegado na frente da escola. Mas todas as conclusões da Sam tinham se confirmado. Lá, na frente da escola, carros de redes de TV, repórteres com microfones e câmeras, entrevistando pessoas da minha escola.

Por favor, que não seja eu! Que eles estejam esperando a Princesa Mia, do Diário da Princesa! Por favor, por favor!

Então olho direito e vejo Kevin. Ele está pedindo informações, mas eu escuto uma voz conhecida gritar:

- Olha ela lá!

A voz vinha de Luke. Ele apontou para mim e de repente todos se viraram para Sam e eu, inclusive os repórteres. Eu me escondi atrás da Sam, mas eles já haviam me descoberto. Eles começaram a vim até mim.

- Alicia? Pode dá algumas palavras para a gente? Sobre o seu namoro com Justin Bieber? Só algumas perguntas! – a multidão de jornalistas falava ao mesmo tempo.

- Sam, corre... – eu disse para Sam, dando passos para trás e sem fazer muitos movimentos bruscos. – Sam, corre! – eu a puxei e nós duas saímos correndo pela rua, sendo seguidas por eles.

Eles gritavam o tempo todo “Alicia, espere! Você está namorando o Justin Bieber? Só queremos a verdade!”. Meu Deus, por que eles não vão persegui a Britney Spears?! Eu e Sam corríamos que nem condenadas daqueles malucos com câmeras na mão e filmando tudo. Consegui escutar um:

- Eu sou Lee Nish Sacacawea Samuel e nós estamos correndo atrás da garota de Las Vegas, suposta namorado do Justin Bieber. Sim, nós dissemos que íamos encontrá-la!

Ah, maligna ! OMG, aquela doida de nome estranho queria estragar a minha vida? Não, no momento ela queria que eu tivesse um ataque cardíaco de tanto correr. Eu não parei, esquecendo até da Sam, que eu nem ao menos sabia se estava atrás de mim. De repente sinto algo me puxar pela manga da blusa.

- Aqui! – Sam falou, me puxando para um pequeno e estreito beco escuro.

Eu fiquei ali com ela, calada e respirando fundo para descansar, enquanto via a multidão dos malucos sedentos passando por nós, sem saber do nosso paradeiro no beco. Quando todos passaram direto, pude falar com Sam:

- Meu Deus! – foi a única coisa que conseguiu sair enquanto eu tomava fôlego.

- Que... Louco!

- Sam, eles estão atrás de mim. E vão me achar, pode ter certeza! E agora, o que eu faço? Eles vão me pegar e vão cair em cima de mim que nem urubus famintos por informações! Eu disse que eu aguentaria tudo por Justin, mas não nasci pra ser maratonista! – me desesperei.

- Calma, respira! – Sam disse, segurando meus ombros. – Agora só se preocupe em como vamos sair daqui sem que eles nos vejam.

- Tem razão... A barra tá limpa? – perguntei e ela se curvou um pouco para conseguir ver se havia mais alguém na rua.

- Sim. – ela sussurrou.

Nós saímos do beco e respiramos aliviada de não ver ninguém ali, mas foi por pouco tempo, pois, virando a esquina, surge de lá Lee Nish Sacacawea Samuel e o câmera-man.

- São elas! – ela gritou para o câmera-man que ligou de imediato a câmera e os dois saíram correndo de trás da gente.

- Nos deixe em paz, Lee Nishil de Saquêa Samuel! – gritou Sam.

- Vem! – eu a puxei e nós saímos correndo de novo.

Dessa vez não vi bem o meu rumo, só sei que quando olhei já estava na frente da escola de novo, dessa vez sem os paparazzis e os repórteres, que deviam está a minha procura. Sam tomou a minha frente e subiu as escadas da escola, entrando na mesma. Mesmo sabendo que nós deveríamos voltar para casa de Tia Sarah, entrei com ela. Os meus “colegas” que estavam dando entrevistas e o meu inimigo-garoto-mais-odiado-por-mim-Luke nos viram correr para dentro da escola e fechar a grande porta da entrada. Quando nós duas tragamos a porta enorme dividida em duas, com a chave do zelador que estava perto de nós e nos olhando como se fossemos malucas, olhamos para trás e todos estavam me olhando com uma cara “Hey, me dá um autografo?”. Pronto, eu fugi do inferno e entrei no purgatório! Antes que começassem a falar alguma coisa, o diretor apareceu.

- Alicia!

- Sr. Wright, eu...

- Mais que loucura! Não fale nada, me acompanhe. – ele disse, me abraçando de lado e me levando para a diretoria, junto com Sam e a sua secretaria, Elle.

Quando nós entramos, ele nos mandou sentar nas duas cadeiras na frente da sua mesa e a sua secretaria nos serviu dois copos d’água.

- Hoje, quando acordei e vim para a escola, não acreditei quando vi aquele meio mundo de gente praticamente acampando na frente da escola. Não sabia que você era uma celebridade, garota! – ele disse, olhando pela janela a multidão dos urubus voltarem.

- Não sou! Eles acham que estou com uma...

- E não está? – ele olhou para mim e esperou uma resposta, mas eu só abaixei a cabeça e voltei a beber a água. – Sinceramente, não sei como acalmá-los...

- Sr. Wright... Me perdoe, sei que vou prejudicar a sua escola. Vou falar com a minha tia e sair da escola. Não quero confusões...

- O que?! – ele me interrompeu. – Está brincando? Com você aqui, a minha escola vai bombar! Serei um diretor famoso e darei entrevistas e... – ele sonhava sorrindo, mas depois caiu em si e olhou para mim, limpando a garganta. - Hm, eu quero dizer que não precisa fazer isso. Nós cuidaremos de tudo e da sua segurança contra aqueles repórteres... Agora com licença, mas eles me chamam! – ele disse rindo e indo em direção a porta. – Ah, e Elle, ligue para o responsável de Alicia.

- Sim senhor. – ela disse discando números no telefone e observando o diretor sair da sala.

Eu e Sam nos olhamos com cara de “WTF?” e observamos calada Elle chamar a minha tia. Mas eu precisava mesmo era de Justin. Ele devia saber de tudo que estava acontecendo.

- Sua tia está vindo, mas acho melhor as duas ficarem aqui dentro para evitar mais agitação. – Elle disse de uma maneira profissional e saiu da sala do diretor, indo para a sua mesa do lado de fora.

- Ferrou... – sussurrei indo até a janela e vendo o aproveitador do meu diretor falando com as câmeras. – Não, fudeu mesmo! Desculpa Sam. – disse rápido depois do palavrão e ela riu.

- O que vai fazer agora? – ela perguntou, se sentando em cima da mesa do diretor.

Eu me virei para ela e disse:

- Preciso falar com o Justin.