Não consegui dormir bem naquela ultima noite de Las Vegas. Tentei me reconforta, dizendo a mim mesma que eu deveria acordar do sonho e viver agora uma realidade com ele. Comecei a arrumar a minha mala. Eu voltaria para casa hoje. A manhã ainda estava escura quando eu terminei. Tomei um ultimo banho na banheira e me vesti. O meu cabelo havia voltado aos cachos nas pontas, e eu o deixei solto. Fui até a minha bolsa, mas ainda era cedo pra ligar? Acho que Sam me atenderia.

- Sam?

- Hmm...? – ela disse com uma voz grogue.

- Desculpa, tava dormindo?

- Sim, mas você eu atendo. – ela limpou a garganta e falou comigo com uma voz melhor: - Como foi a semana, Cinderella?

- Melhor impossível! Mas eu te conto quando eu chegar ai...  E a escola?

- Hmm, nada de interessante... ou seja, estudos.

- Alguém já desconfia que eu namoro o Justin? – perguntei apreensiva. Não era hora do mundo saber ainda.

- Eu vi uma revista há dois dias, com o Justin Bieber e uma garota misteriosa... Mas não se preocupe, porque ninguém sabe quem ela é... Além de mim. – ela riu.

Eu ri também. Que bom que ainda não fui desmascarada.

- Ainda bem! E o Kevin?

- Fala de você o tempo todo...

- Fala de mim? – perguntei chocada.

- Sim, quer saber pra onde você foi e que congresso é esse...

- Hmm... Eu chego hoje. – disse tentando terminar o papo do Kevin, pois sabia que deixava Sam triste. – Quando eu chegar eu te ligo e a gente conversa mais.

- Ok. Até mais tarde!

- Até. – desliguei o telefone.

Ainda estava cedo naquela manhã de sábado. Eu não sabia se tinha alguém acordado, então decidi esperar um pouco mais, mas alguém abriu a minha porta:

- Justin! – disse correndo na sua direção e o abraçando.

- Hey, shawty! – ele me abraçou e depois me soltou, mas eu o continuei abraçando-o. – O que foi?

Eu não sabia o que era. Talvez eu já estivesse com saudades dele. Eu não ia o ver por um tempo, ele tinha uma agenda cheia. Eu tentei me soltar dele, mas eu não estava com forças pra aquilo. Ele notou e me levou até a cama, ainda abraçado comigo. Ele me fez sentar no seu colo, onde eu já estava me segurando para não chorar.

- Você esta bem? – ele perguntou, tentando olhar o meu rosto.

- To... É só que... Justin, como a gente vai se ver agora?

Ele me abraçou mais e uma lagrima caiu do meu rosto, então ele afastou o meu rosto do seu ombro, limpou o caminho que a lágrima havia feito e olhou nos meus olhos:

- Não vou ficar longe de você, meu amor... Nunca! Você é minha agora e não vamos nos separar, ok? A turnê não é pra sempre e eu tenho férias e tudo mais... Sem falar, que você tem ingressos para todos os meus shows agora! – ele disse, me fazendo rir. – Eu também vou ir te ver... E te ligar, eu prometo!

Eu sorri. Ele era tão reconfortante! Me acomodei no seu colo e encostei meu rosto no seu ombro, enquanto ele fazia carinho no meu cabelo. Ficamos assim até a hora de irmos para o aeroporto.

O meu voou era o primeiro, para São Francisco. O voou dele era depois do meu, para Baltimore. Eu queria ir naquele avião com ele. O meu voou foi anunciado e eu me despedi de todos:

- Pattie, muito obrigada por tudo! – disse a abraçando.

- Imagina... Agora você é a minha filha! Obrigada a você por ta fazendo o meu filho feliz! – ela cochichou e sorrimos.

Eu olhei Usher por um minuto. Eu estava me decidindo se eu gostava dele ou não gostava pelas piadinhas do dia em que eu tava só de roupão pelo saguão do hotel. No fim, não aguentei. Ele era um palhaço e divertido de mais. Eu sorri pra ele. Ele abriu os braços e me abraçou.

- Até mais, Usher... Foi um grande prazer te conhecer, eu sou sua fã... Mesmo com as suas piadinhas. – eu disse e ele riu.

- É bom saber, Alicia! Não se preocupa, eu logo esqueço aquele dia.

- Serio? – me afastei um pouco para olhar seu rosto.

- Não! – ele começou a rir.

- Chato... – soquei seu braço.

Fui em direção de Scooter, que fingia não olhar pra mim.

- Scoot! – o abracei, pegando ele de surpresa. – Obrigada por organizar tudo pra que eu viesse nessa viagem!

- Am... Não tem de quê... É... – disse surpreso com o meu abraço, mas tentando me afastar.

Eu sorri e me soltei dele, indo até Kenny. Ele era mais como um anjo para Justin. Ele brincava, dava conselhos e, lógico, o protegia.

- Kenny, você é o anjo da guarda de Justin e já virou o meu também! – o abracei.

- E você é a minha protegida agora... – ele disse, me abraçando também.

Por fim, Justin. Ele estava sorrindo, tentando esconder a tristeza. Nos olhamos por um tempo, então ele não aguento e me puxou para junto dele, me abraçando e cochichando no meu ouvido:

- Eu te amo, brazilian girl!

- Eu também te amo, canadian boy!

Nós rimos e ele me beijou. Juro que se a aeromoça não chamasse meu voou pela ultima vez, nós não nos soltaríamos.

- Amo vocês... – disse dando uns paços para trás, me afastando deles e acenando.

Olhei para Justin, que mordia os lábios, meio cabisbaixo. Eu mandei um beijo para ele pelo ar. Ele sorriu e acenou. Então eu me virei e fui até o meu avião.

Não demorei pra chegar a São Francisco, até porque eu dormi a viagem toda.

O avião pousou.

Sai do avião, peguei a minha mala e fui em direção a saída do aeroporto, planejando pegar um taxi. Mas não precisei. Eu encontrei Sam e Kevin me esperando.

- Sam! Kevin! – disse surpresa. – O que estão fazendo aqui?

Sam correu e me abraçou. Kevin fez o mesmo logo depois.

- Bem vinda de volta! – Kevin disse.

- Obrigada! Mas vocês vieram até aqui... por mim?

- Claro, a gente não ia te deixar voltar sozinha! – Sam disse. Eu olhei pra ela e bati na sua mão. – Ai! – ela gemeu.

- Por que não me disse quando eu liguei?

- Era surpresa! – ela respondeu, então rimos.

Kevin pegou minha mala e fomos em direção a saída.

- Como foi o congresso? – ele perguntou.

Eu corei. Tinha que mentir pra ele.

- Hmm... bem...

- Deve ta cansada, não é? Depois você conta. – Sam disse tentando me ajudar.

Na frente do aeroporto, encontrei com Ashley. Fiquei surpresa dela está aqui, mas Kevin tinha convencido ela de nos dar carona. Enquanto Kevin colocava a minha mala no porta malas e eu esperava Sam entrar no carro, reparei na banca de revistas na frente do aeroporto. Estava lotada, cheio de garotas. Fiquei tentada em ver o que acontecia, mas fui interrompida do devaneio:

- Alicia...? – Kevin me chamou. Ele já estava se sentando no banco da frente.

Me mexi rápido e sentei no banco de trás junto com Sam.

Sam ficaria na minha casa, pra eu contar tudo a ela. Ashley nos deixou lá e eu a agradeci, mas ela apenas sorriu sinicamente e aumentou o volume do som. Seria diferente quando ela descobrisse que eu namoro o Justin Bieber...

Kevin pegou a minha mala e levou até a porta, onde Tia Sarar abria e me abraçava logo em seguida. Quando Sam entrou, eu me despedi de Kevin. Ele me abraçou, mais forte do que antes.

- Eu queria poder te dizer uma coisa... – ele cochichou no meu ouvido, durante o abraço.

Eu fiquei com medo. Eu sabia o que era, então inventei uma desculpa.

- Depois você me conta, eu estou tão cansada!

- Tudo bem, garota. – ele sorriu e beijou o meu rosto.

Eu quase fechei a porta na cara dele, com medo dele voltar e contar o que era logo de uma vez.

Fui até a sala, deixando a minha mala na entrada mesmo. Sam brincava com o gato de Tia Sarah. Eu me sentei na poltrona a frente dela. Tia Sarah saiu da cozinha, com um pote de pipocas e se sentou ao lado da Sam.

- Então, pode começar... – Tia Sarah disse, engolindo as pipocas.

- Começar o que? – perguntei inocentemente.

- A contar... Nós queremos saber de tudo! – Sam respondeu, pegando pipoca também.

- Então é pra isso a pipoca? Eu virei uma televisão? – perguntei indignada.

- Não... Na verdade, eu ia assistir a um filme agora, mas isso vai ser melhor que o filme! – Tia Sarah sorriu.

- Ata... – bufei.

- Vai, Alicia, não fuja do assunto! – Sam gritou.

- Ta, ta bem! Foi... perfeito! – suspirei.

- Huuuuumm! – Sam e Tia Sarah disseram em coro.

- Mais detalhes! – Sam exigiu.

- Bom... O nosso primeiro beijo foi mágico! Depois, na noite daquele mesmo dia, ele me beijou de novo e... Me pediu em namoro!

Elas com certeza já sabiam disso, mas mesmo assim eu contei e elas deram gritinhos de felicidade. Eu continuei, pensado se contaria as cenas mais hots pra elas, afinal, minha tia maluca estava ali!

- Nós nos divertimos tanto, ele é muito perfeito!

- Sim... Tem mais? – Tia Sarah perguntou.

- Mais o que?

- Mais! Ele não tem pegada, não? – Tia Sarah perguntou, me deixando chocada. Jesus, ela não era uma tia-avó inocente.

- Ahmm... – corei. – Tem...

- Então conte! É disso que eu quero saber!

Sam riu, impressionada com Tia Sarah. Eu fiquei morrendo de vergonha. Eu contaria ou não contaria? Comecei com algo mais leve, como um dos nossos beijos que eu considerava mais quente. Depois parti para a vez na limusine, mas não contaria, nem morta, sobre nós dois na festa. Porem, eu contei sobre a Megan Fox. O engraçado foi a reação delas quando contei o que a Megan Vadia Fox havia me dito.

- OOOOOOOHHHHH... – elas disseram em coro e balançando o pote de pipocas para o alto, onde elas saíram voando e se espalhando pelo sofá. Eu ri, enquanto elas estavam indignadas com a cara de pau da Megan.

- Não acredito que aquela... Vadia disse isso! – minha tia falou irritada, apertando os lábios e olhando para o lado.

- Eu também não... – Sam disse tentando despregar uma pipoca cabelo. – Nunca gostei dela!

- Eu muito menos, principalmente agora! – comentei.

O dia continuou divertido entre eu, Sam e Tia Sarah. A noite, Sam foi embora, se certificando se eu continuaria o trabalho com ela na lanchonete dos seus país. Eu, claro, disse que sim. Não era porque eu namorava o Justin Bieber que eu era cheia da grana, e eu nunca teria coragem de pedir dinheiro a ele. Depois que ela se foi, eu tomei um banho demorado. Estava exausta e as duas não haviam me deixado descansar quando eu cheguei. Me joguei na cama e, antes de apagar de sono, decidi mandar uma mensagem para Justin.

Hey, principe!

Já estou com saudades :(

Quando cheguei, fui forçada a contar tudo sobre a nossa viagem para Tia Sarah e Sam. Serio, houve pipoca voando para todos os lados! Quando você vem me resgatar, meu príncipe?

Um dia já é de mais para mim...

Te amo!

Aly

Enviei a mensagem e dormi, com muito sono para esperar sua resposta.

Eu estava tão cansada que acordei tarde no domingo. Joseph estava em casa.

- Hey, Joe! – disse entrando na cozinha e me deparando com ele.

- Bom dia, Alicia! – ele sorriu.

- O que faz aqui? – perguntei, me servindo de um pouco de suco que estava na mesa.

- Ah, sua tia precisava de ajuda com o triturador da pia e me ligou.

- Hmm... – sorri, bebendo o suco. Eu sabia que era mais uma desculpa da Tia Sarah para vê-lo.

- Aqui, Joseph. – Tia Sarah entrou com uma maleta de ferramentas e entregando a ele.

Enquanto Joseph concertava o triturador, eu e Tia Sarah estávamos encostadas em um canto da cozinha, o observando. Eu cochichei para Tia Sarah:

- Então, como anda as coisas entre vocês dois?

- Hm, dando os primeiros passos... Mas, sinceramente, eu já sou velha de mais para esperar os primeiros passos. As coisas devem andar mais rápido. – Tia Sarah respondeu com um sorriso malicioso no rosto.

Eu não estava reconhecendo a minha tia, mas ri.

- Não vejo problemas com o triturador, Sarah. – Joe respondeu, enquanto mexia na pia.

- Mas tem... Bem ai... Eu não sei, apenas noto que ele não tritura bem os restos. – Tia Sarah mentiu e eu abafei o riso.

- Você não andou jogando a comida do gato por aqui, jogou?

Tia Sarah sorriu falsamente e disse, fingindo inocência:

- Hm, então esse é o problema!

Eu vi Tia Sarah e Joseph continuarem resolvendo o falso problema do triturador da pia até terminar o suco e voltar para o andar de cima. Tomei um banho, coloquei uma roupa confortável (http://bit.ly/bQOpWf) e chequei meu celular. Havia uma mensagem de Justin e ele havia mandado de madrugada. Tadinho! é tão ocupado que só tem tempo nas piores horas. Sem delongas, li a mensagem

Hey, princesa!

Tenho muitas saudades de você também! Eu queria está ai para te salvar das garras de pipoca da Tia Sarah e da Sam, mas não posso. Estou cuidando de um dragão que atende por Scooter! Ele é maligno e quer me engolir, mas eu sobrevivo por você e logo estarei ai :D

Eu também te amo, minha princesa!

JB

Sorri lendo a sua mensagem. Não sabia se respondia ele ou não, mas o meu celular saiu da mensagem de Justin com uma ligação da Sam.

- Oi, Abigail! – a chamava assim, pois ela parecia com a Abigail da música da Taylor Swift.

- Aly, não viu as revistas?

- Como? – perguntei confusa.

- Não leu?

- Do que você ta falando? Meu Deus, Sam, conta logo! – disse me irritando com o suspense dela.

- Tem... Tem uma revista em que... – ela parou e respirou fundo. Depois continuou: - Justin e você estão na capa de uma revista.

- O que?! – quase berrei no celular.

Não podia ser. Eles descobriram?

- Acho melhor você ver... Eu te encontro no parque?

- Claro... Eu vou pro parque agora... – disse e desliguei o telefone.

Não. Não agora. Eu... Não estou pronta pra tanta mudança.

Eu corri até o parque, onde Sam estava me esperando sentada em um banco, com a revista na mão. Eu me sentei do lado dela, tomando a revista.

- Eu não acredito... – disse boquiaberta.

Era uma foto minha, abraçada com o Justin em Las Vegas e a manchete dizia: “Justin Bieber de namoradinha nova? Mais fotos dele e da garota de Las Vegas”. Não gostei do namoradinha. Na verdade, não gostei de nada!

– Sam, agora ferrou tudo...

- Hey, não pensa assim. Todo o mundo ia saber mais cedo ou mais tarde!

- Mas eu esperava que fosse mais tarde... Ainda é cedo pra mim, minha vida vai mudar completamente a parti de agora. Eu não vou ter sossego!

Ela me abraçou e me disse:

- Mas você é a namorada do Justin Bieber. Tem coisa melhor, Alicia? Caramba, olha que sorte!

Ela tinha razão. Eu tinha que estar preparada para aquilo. Não podia decepcionar o meu namorado. Não podia deixá-lo se arrepender de seguir o seu sonho só pra ficar comigo. Eu ia apoiá-lo em tudo! Na sua carreira, na sua vida. Mas agora, realmente, TUDO ia mudar pra mim. Câmeras e pessoas me seguiriam por toda parte. Eu seria amada e odiada. Eu estava bem escondida, não queria parecer agora. Mas já era tarde.

- Até que você tem razão... Mas nem quero imaginar no tumulto que vai ser agora. – sorri, tentando esconder minha tristeza.

- Awn! – ela me abraçou mais ainda. – O Justin vai te ajudar... E você se acostuma com tudo isso depois. Aliás, vai ficar famosa agora, não é? Vai me levar junto nas festas das celebridades? Eu exijo! – ela me soltou e colocou a mão no peito, fingindo ser uma diva de Hollywood. Eu ri dela.

 Eu e Sam continuávamos conversando quando algo inesperado aconteceu. O mundo não sabia de nada até ontem de manhã, quando lançou a revista, mas duas garotas chegaram perto de nós e me compararam com a capa da revista.

- Com licença, mas... É você? – uma delas perguntou.

Eu pensei em mentir, mas pra que? Todos já sabiam.

- Sim...

- Nossa! – elas disseram assustadas, mas alegres.

- É... – disse envergonhada.

- Você é a namorada do Justin Bieber?! Não acredito! – arfou a outra.

- Hm, não... A revista está mentido, somos... bons amigos.

Menti porque não sabia se estava na hora de contar toda a verdade. Eu veria com Justin e Scooter primeiro... Apesar de que, quando se diz “Bons Amigos”, todo mundo já sabe que não é verdade.

- Hmm... – elas disseram decepcionadas, mas depois se alegraram e perguntaram: - Pode bater uma foto com a gente? Por favor, somos fãs do Justin.

- Claro! – disse gentilmente.

Eu bati fotos com as duas e então elas me elogiaram e disseram que eu era muito sortuda. Quando elas saíram saltitantes e emocionadas de terem me conhecido, me virei pra Sam.

- Que rápido! – ofeguei.

- Eu sei... – Sam estava tão surpresa quanto eu, mas nós duas, não sei por que, rimos. – Eu disse, tá famosa! – ela brincou.

Eu voltei pra casa, já quase de noite. Decidi ligar para Justin e perguntar se ele já havia visto a noticia. Seu celular chamou, mas ele não me atendeu. Tentei de novo e nada.

A noite passou e ainda segurava o celular, esperando ele me ligar. Era como quando ele prometeu que me ligaria, mas esperei uma semana para isso acontecer. Eu ri, pois agora eu saberia que não demoraria tanto. Pelo menos não uma semana. Eu já não falava com a minha mãe há um tempo, então decidi mandar um e-mail para ela. Imaginei como seria quando ela descobrisse que a filha dela estava namorando um super star e sem nem ao menos ela saber. Ela surtaria e pagaria o primeiro avião para cá.

 Apesar de saber que quanto mais eu adiasse contar a ela sobre Justin e eu o meu castigo seria maior, não falei nada no e-mail. Apenas falei como as coisas estavam bem e como os Estados Unidos era divertido.

Os Estados Unidos era divertido com o Justin.

O que me trazia de volta a realidade era eu ainda frequentar a escola. Acordei feliz e estranhamente animada para ir para escola. Talvez realmente fosse por isso, por me trazer ao meu mundo. O mundo simples e monótono de Alicia Bernardes, mas que eu amava. Eu tomei um banho e me troquei (http://bit.ly/bE8x5c). Fiz uma trança lateral no cabelo e encontrei com Sam e Kevin a caminho da escola.

Nó três íamos conversando. Eu tentava da uma de cúpida e elogiava a Sam na frente do Kevin e tudo mais. Talvez estivesse dando certo, pois ele concordava comigo nos elogios. Algumas vezes ele a elogiava só da boca pra fora, mas em outras ele ficava fascinado por ela.

Sam estava bonita naquela manhã. Seus cachos ruivos e hidratados brilhavam e ficam mais para loiro no sol e seus olhos verdes ficavam mais claro ainda. Não tinha como Kevin não achá-la bonita naquele dia.

Enfim, chegamos à escola. Eu cheguei com um pouco de medo, mas parecia que ninguém tinha olhado as revistas de fofocas. Ninguém me notou. Isso era normal, então era bom. Fui direto falar com o diretor. Tia Sarah havia falado com ele, antes da minha viagem, explicando sobre o “congresso”. Ele caiu nessa. Agora eu deveria conversar com ele sobre a minha volta e ele me diria como fazer para recuperar a minha semana.

- Alicia! Ah, entre!

- Obrigada, senhor Wright...

Eu me sentei na cadeira, a frente de sua mesa. Ele colocou as mãos no queixo e perguntou sorridente:

- Como foi a viagem?

Eu o estranhei, mas respondi:

- Hm, muito boa...

- Que bom! Alicia, quanto essa semana... Bom, não foi muito tempo, você não perdeu tantas coisas assim, então não se preocupe. Porem, as provas já começarão semana que vem e você deve correr para acompanhar a turma nos novos assuntos. Acho que o mais certo, para repor a semana, seria você ter aulas particulares.

- Como?! – perguntei, não, berrei para ele. – Mas... o senhor mesmo disse que eu não havia perdido tanto assim.

- Eu sei, mas eu quero te ajudar. Entenda, vai ser melhor... Se não quiser, tudo bem, mas saiba que precisa de boas notas. É novata e, eu não sei bem como é no Brasil, mas sua carreira acadêmica é extremamente importante para o seu futuro. Alguma nota baixa, por mais que seja única, pode dificultar na entrada de uma faculdade.

Eu na verdade não havia pensado em viver e fazer faculdade aqui. O plano era seis meses de intercambio e voltar para o Brasil. Mas, pensando bem, se estou com Justin, seria bem mais que seis meses. Poderia ser anos. Eu precisaria de uma faculdade. Então aceitei, fazer o que?

- Eu entendo... e aceito também.

- Pelo que eu vi, você esta com mais dificuldade em matemática e, infelizmente, a matéria que mais teve repercussão no seu ano, essa semana, foi matemática. Acho que você deveria ter aulas para essa matéria. As outras, você desenrola.

Nunca gostei de matemática. Não mesmo. Agora ter aulas extra de matemática seria o inferno.

- Ok. – disse desanimada. – Quando começo?

- Hoje mesmo, pode ser?

- Hm, claro... – Como se eu já não passasse tempo de mais nessa escola.

- Então, depois das aulas, siga até a sala 7. Será a sala disponível para os seus estudos. Lá você conhecerá o seu mentor de matemática.

- Sala 7... – repeti para me lembrar. – Ok, obrigada.

Sai da sala dele, antes que ele inventasse de me por em ciências, inglês, espanhol, química, física, geografia, até eu acabar com aulas extras de todas as matérias.

Fui até a minha aula. Seria de geografia e essa eu não fazia com Sam ou Kevin. Fazia com Luke. Ele se sentou atrás de mim naquela aula. Eu fingi que ele não estava ali. Apenas prestaria atenção na aula chata e sairia para a próxima aula chata, que eu faria com algum amigo.

- Psiu... – ele me cutucou no meio da aula. Eu o ignorei. – Hey, Alicia... Eu quero te perguntar uma coisa. – cochichou.

Eu me virei, relutante, mas poderia ser algo da matéria.

- O que é? – disse revoltada.

- Não te vi essa semana, lindinha... – ele sorriu e acariciou o meu rosto.

- Não toque em mim! – arranquei sua mão do meu rosto.

- Algum problema? – o professor perguntou para nós.

Eu me virei para o professor e Luke respondeu:

- Não...

Tem, tem sim! Tira ele daqui, tira!

O professor voltou a escrever a anotação no quadro e eu comecei a copiar, tentando não ser perturbada por Luke de novo.

- Senti saudades... – ele se levantou um pouco do seu lugar para falar no meu ouvido.

Eu me assustei e até borrei o caderno com a caneta.

- Para... – cochichei de volta.

- Por que? Não se fingi de difícil... Eu sei que você me quer. – ele sorriu maliciosamente.

- Não. – me virei para encará-lo. – Se enxerga, Luke. Eu tenho algo melhor!

Ele voltou ao normal na cadeira, chocado, como se eu tivesse atirado água fria e depois o balde nele. O sinal tocou. Eu arrumei as minhas coisas e ia sair da sala, igual a todos, mas Luke segurou no meu braço.

- Algo melhor? Quem? Ta de namoradinho novo é, Alicia? – a cada palavra, ele apertava mais o meu braço.

- Ai! Me. Solta. – disse entre os dentes, enquanto ele me machucava.

- E quem é?

- Solta meu braço, Luke!

- Ah, eu já sei quem é... Kevin, não é? Claro!

Eu puxei o meu braço e consegui me soltar dele.

- Fique longe de mim! – falei irritada. Peguei as minhas coisas e sai.

Eu queria Justin aqui. Ele me salvaria. Porem, se eu contasse a Justin sobre Luke, o deixaria preocupado. Justin seria capaz de nunca mais me deixar ir a aquela escola. Ele era protetor.

O dia continuou bem, sem eu ver Luke. Até que o horário escolar acabou, mas eu deveria continuar na escola para a minha aula extra.

Bleeeergh!

Fui até a porta 7. Ia conhecer o meu mentor. Eu não sabia bem como ele seria. Sam disse que geralmente os mentores de um assunto são os melhores alunos do mesmo. Então, meu mentor seria da minha idade. Ou um pouco mais velho. Seria mais fácil de aprender e conversar com ele. Mas eu estava curiosa, quem seria?

Vi o meu mentor pelo vidro da porta, mas o vidro era embaçado e eu apenas conseguia ver sua silhueta. Então, abri a porta.