Despertei. Minha cabeça doía tanto que não consegui abrir os olhos assim que recuperei a consciência. Olhei ao redor. Estava em um local de paredes brancas, decorado apenas por uma poltrona cor de creme situada no canto do lugar. Era um quarto. Estava sozinha, e quando direcionei o olhar para meu corpo percebi que estava coberta de ataduras.

Tentei me mover, e acabei por desistir. Não sentia dor nos lugares onde estavam os curativos, por isso deduzi que haviam me sedado.

Já havia fechado meus olhos novamente para dormir, quando ouço um barulho na porta.

- Eu acho que ela já pode falar com você – dizia uma mulher vestida inteiramente de branco, para alguém que eu não conseguia enxergar por estar do lado de fora do quarto.

- Está bem, obrigado. – Disse a tal pessoa. Foi quando finalmente resolveu entrar no meu campo de visão, que eu percebi se tratar do meu herói. Ele estava lá, parado diante da minha cama, com uma bata usada por pacientes. Pelo o visto minha dúvida se externou, pois ele sorriu e disse com tranquilidade:

- Sim, estamos no mesmo hospital. Ainda sente muitas dores?

Suspirei e devolvi-lhe o sorriso. – Estou bem, Nick. Vou ficar melhor depois que você me explicar como foi parar lá.

- Consegui graças à uma menina.

- Como assim? – Perguntei, tentando me erguer e colocar as costas no travesseiro, mas me arrependi ao sentir uma leve pontada no ombro.

- Ela disse que ouviu uns barulhos na biblioteca e quando foi espiar, viu você sendo arrastada por um grupo de meninas, então me telefonou. Conhecendo aquela escola do jeito que eu conheço, só poderia dar em confusão. Eu dei meu jeito, e saí.

- Você saiu do hospital sem permissão? – Exclamei, assustada com a possibilidade de ferrar o tratamento inteiro dele.

- Foi mais ou menos isso, mas depois eles me perdoaram quando eu contei a história inteira para uma enfermeira, e ela espalhou para todo mundo do hospital. Agora, me chamam até de Herói.

Enquanto Nick se gabava sobre tudo, minha cabeça girava pensando na pessoa que deu o abençoado telefonema para ele.

Fechei meus olhos e quando os abri novamente, estava tudo escuro. Provavelmente deveria ter adormecido. Aproveitei minha insônia para refletir sobre algumas questões.

Primeiro: Precisava falar com a pessoa que, praticamente, salvou minha vida.

Segundo: Com certeza Leslie seria transferida depois de tudo o que aconteceu, pois, com a minha trajetória pelo o corredor nos braços de Nick, os estudantes da escola inteira tomaram conhecimento de tudo, com certeza.

Terceiro: Desejava imensamente falar com meus pais pois ainda me sentia meio nervosa depois de tudo o que havia se passado.

Sem conseguir sair daquela cama, claro que nada disso poderia ser feito. Então, fiz tudo o que estava ao meu alcance naquele momento. Fechei meus olhos e adormeci.