O intervalo entre as aulas finalmente havia chegado. Era agora. Eu deveria falar com ele, expor toda a situação, nem que isso me custe uma rejeição.

Nos sentamos perto de um canteiro no pátio, e passamos alguns minutos calados. Ao ver que ele não falaria nada, tomei a palavra.

- Nick, existem coisas que você precisa saber.

Ele permaneceu calado. Apenas ouvindo cada palavra que eu dizia.

- Bem, Leslie e eu não somos mais amigas. Quer dizer, ela não é mais a mesma de antes e, não sei por que motivo, anda fazendo coisas detestáveis contra mim. – Pigarreei, esperando alguma reação dele. Nada. Resolvi continuar – E uma delas foi essa história de dizer que eu detestei suas composições. Bem, eu as amei. Ainda não tive tempo de tocá-las, mas adorei a sua intenção. Nunca ninguém havia feito algo do tipo para mim!

Finalmente ele resolveu me encarar. Seus olhos não tinham mais a frieza de antes, mas permaneciam serenos e seu rosto mantinha uma expressão controlada.

- E por quais motivos Leslie faria algo do tipo com você?

Sorri meio sem graça, ao perceber como a vida é mesmo cheia de voltas. Uma hora, eu morria de amores por Nick e era a melhor amiga de Leslie, e outra hora (agora), me sinto mais próxima de Nick e Leslie se tornara uma pedra no meu sapato. Olhei em seus olhos orando mentalmente para que ele me entendesse. Apesar de estar totalmente brigada com Leslie, não cabia à mim o direito de dizer o que ela sentia por ele. Até porque, nada tenho eu haver com isso.

Apenas sacudi meus ombros, demonstrando desconhecimento.

- Sabe-se lá Deus o motivo. Só, tente confirmar a veracidade dos fatos antes de me acusar, o.k?

Pude ver a vergonha estampada em seu rosto. Aquilo me fez muito mal, mas eu tinha que defender meu partido! Não iria perder Nick por uma mentira.

- Tudo bem, Miley. Me desculpe. Então, eu sei que vai parecer estranho, logo depois de tudo que aconteceu conosco ainda agora, mas, sabe, eu acho que gosto muito de você.

Sorri. Ele era mesmo um doce!

- Ah Nick, eu também gosto muito de você!

Abracei ele com toda a força que me permiti. Mas ele simplismente permaneceu imóvel, como uma pedra.

Afastei-me um pouco para fitar seu rosto, que tinha uma expressão indecifrável.

- Eu não quero ser só o seu amigo, Miley.

- Eu também não, Nick.

E aconteceu. Ele finalmente havia me beijado. Meu coração palpitava acelerado, e eu jurei que ele pôde ouvir as batidas.

Estava tudo muito bem, até que o sinal do intervalo tocou. Saímos de mãos dadas pelo pátio, o que com certeza, provocou inveja em muitas pessoas.

Mas no momento, tudo o que eu queria era estar perto dele. Para sempre.