Saga Sillentya: as Sete Tristezas escrita por Sunshine girl


Capítulo 13
XII - Após a tormenta


Notas iniciais do capítulo

hello!!!!

eu sei q demorei um tikinho, mas as crises de inspiração me atacaram nesse final de semana e eu não gostei do que estava escrevendo, então devo ter começado esse capítulo umas três vezes!! kkkkkkkkkk'

mais revelações nesse cap!!!

Boa leitura!!



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Capítulo XII – Após a tormenta

 

“Este coração bate, bate apenas por você,

Este coração bate, bate apenas por você, meu coração é seu.

(Meu coração bate por você),

Este coração bate, bate apenas por você, meu coração é seu,

(Bate, bate apenas por você. Meu coração é seu),

Este coração bate, bate apenas por você, meu coração...

(Por favor, não vá, por favor, não desapareça),

Meu coração é seu

(Por favor, não vá, por favor, não desapareça),

Meu coração é...”

 

(Paramore – My Heart)

 

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Os dias praticamente voaram depois do ocorrido. No dia seguinte após a tempestade que irrompeu de modo avassalador por South Hooksett, Aidan levou-me até a cidade novamente, alegando que seria mais seguro para mim a partir de agora a estar quase sempre em sua companhia.

 

Seria a única maneira de evitar que o misterioso desertor me manipulasse outra vez, ou quem sabe resolvesse fazer algo bem pior.

 

O que me surpreendeu na verdade, foi que quando chegamos à ponte novamente, depois é claro, d’eu ter estremecido com as lembranças amedrontadoras da noite anterior, foi que Aidan ofereceu-se para dirigir! Eu devo ter permanecido abismada por longos minutos, antes que ele me explicasse que só porque havia nascido há pouco mais de um século e meio, não queria dizer exatamente que ele seria tão antiquado, muito menos obsoleto.

 

Realmente eu não me cansava de me surpreender com ele, e ele também nunca se cansava de me mostrar as suas infinitas qualidades e utilidades.

 

Naquela quarta-feira nem eu e muito menos ele fomos à escola. Para ser franca porque eu perdi a hora e acabei por dormir demais – resultado é claro de minha experiência de quase-morte.

 

Perguntei sobre isso a Aidan e ele me disse que por muito pouco eu não parti dessa para uma melhor. Disse-me também que aquelas sensações que eu tivera já eram sensações que as pessoas em geral costumam ter antes de deixar o plano físico e partir rumo ao plano espiritual.

 

E então eu me lembrei do torpor, de não sentir absolutamente nada, e cheguei à conclusão de que nunca mais desgrudaria do lado dele, para o meu próprio bem.

 

Seja quem for que estivesse comigo na ponte naquela noite, sabia exatamente o que estava fazendo. Por mais de uma vez ele me vira na companhia de Aidan, e também naquela noite negra na floresta.

 

Por isso julgara-me uma ameaça, achara que eu tivesse visto seu rosto, que eu sabia a sua real identidade. Só que ele estava enganado, porque eu não fazia a mínima idéia de quem naquela tediosa cidade poderia ser um desertor de uma sociedade de seres místicos que se comunicam com espíritos.

 

E por um momento eu me senti aliviada que minha mãe estivesse em outra cidade, longe de toda essa loucura. Embora eu saiba que isso não duraria por muito tempo, mas mesmo assim eu não podia negar o alívio que me causava a ausência dela.

 

Aidan também me dissera que não poderia prever quanto tempo levaria para encontrar esse desertor, ele me explicou que para um Mediador, é muito fácil “camuflar” a energia que sua alma exala, basta andar conosco. Quando nos agrupamos em único lugar, a energia que nosso espírito exala é tão forte que consegue até mesmo ofuscar ou disfarçar a energia de um Mediador.

 

Perguntei a Aidan qual era a diferença entre as duas energias, e ele me disse que era algo óbvio, a energia dos humanos, se houvesse uma cor, seria branca, não muito chamativa, mas como convivemos em sociedade e quase nunca estamos sozinhos, essas luzes podem tornar-se algo realmente muito forte. Ele também me disse que a energia dos Mediadores é mais brilhante, mais intensa, como um prateado belíssimo.

 

Então, outro fato veio a minha mente, a curiosidade cintilou em meus olhos.

 

- Aidan? – chamei-o, ele parecia um pouco distraído.

 

- Sim? – ele respondeu-me, tornando toda a sua atenção para mim.

 

- Bom, eu só queria saber qual é a história por trás daquele colar que eu encontrei nas suas coisas no outro dia.

 

Aidan deu um meio sorriso, depois estendeu a sua mão até o bolso de seu jeans, retirando de lá a mesma jóia que outrora eu vira. Mas, era engraçado o fato de que em suas mãos ela não cintilava, como cintilava nas minhas.

 

- Você quer saber sobre isto? – perguntou-me ele, exibindo o adereço na palma da mão.

 

Assenti, a curiosidade atiçando-me.

 

- Chama-se Terceiro Olho. É um adereço indispensável para qualquer caçador.

 

- E... – eu o instiguei.

 

Aidan aproximou suas mãos das minhas, e eu as fechei em forma de concha para receber a bela jóia nelas.

 

A corrente dourada escorregou por entre os seus dedos, e a pesada gema pousou em minha mão.

 

- Vê a gema? – ele me perguntou.

 

Encarei-o de forma irônica, era quase impossível não enxergar uma pedra tão grande e bela. Aidan então prosseguiu com sua explicação.

 

- A gema desse colar é um pouco mais do que especial.

 

- E por quê?

 

- Volte a olhá-la. – encorajou-me ele.

 

Fiz o que ele pediu e então me surpreendi pela segunda vez, a gema em minhas mãos cintilava mais uma vez, o pequenino sol em seu interior nascera mais uma vez.

 

- Por que ela está brilhando agora?

 

Sua resposta foi categórica mais uma vez.

 

- Porque você a segura agora. Essa jóia, melhor dizendo, essa gema é capaz de encontrar a essência de Mediadores que possam estar ao seu redor. Toda vez que ela encontra algum...

 

- Ela brilha. – eu o cortei, concluindo.

 

- Exatamente. Quando eu a estava segurando, ela não brilhava porque eu era o seu portador, e então você saberia que seria seguro, pois não havia outro Mediador por perto que não fosse eu. Porém, quando a jóia deslizou para as suas mãos, você passou a ser a portadora, e agora ela brilha.

 

- Pois tem um Mediador ao meu lado, conversando comigo nesse exato momento.

 

Aidan sorriu, então eu estava certa.

 

- E você não acha isso perigoso? – perguntou-me, demovendo minha atenção da pedra cintilante e a decepção vincando a sua testa.

 

- Eu sei que você não faria nada para me machucar.

 

Seus olhos baixaram tristonhos até o colar em minhas mãos.

 

- Como pode ter tanta certeza? Eu sou um assassino, lembra-se? Alguém totalmente desprovido de misericórdia e compaixão.

 

- Eu não acredito nisso... – sussurrei.

 

- Pois, você não deveria acreditar nisso. – seus olhos voltaram para os meus, intensos, abrasadores – Você não conhece o meu passado, não sabe quantos pecados eu possuo.

 

- Eu conheço apenas uma parte sua, e eu sinto que posso confiar inteiramente nela.

 

Ele riu sem o menor humor.

 

- Você não pode nem ao menos imaginar o fardo que eu carrego, Agatha. Eu cumpro ordens, nada do que eu penso, do que acredito, ou do que eu quero é levado em conta.

 

Eu o encarei de forma compadecida, e uma tristeza enorme engolfou-me naquele momento. Tudo o que eu queria era poder consolá-lo, mudar essa sua realidade. Mas, o que eu poderia fazer por ele? Sua vida estava presa a aquilo desde que ele era uma criança.

 

O mais doloroso era saber que ele nunca escolheu isso, pelo contrário, ele foi o escolhido. Ele e o irmão. Só que seu irmão havia desistido disso, mesmo que quase tivesse custado a sua própria alma.

 

Mas, com Aidan era diferente, sua lealdade estava presa ao seu mentor por toda a eternidade e logo ele assumiria seu lugar como uma das imponentes Sete Tristezas, mesmo que a idéia o desagradasse.

 

Minhas mãos apertaram o colar uma última vez, depois, gentilmente, eu deslizei uma delas até a dele, tombada sobre a mesa, puxei-a com suavidade, meus dedos agarrando os seus, não me atrevi a olhá-lo enquanto minha outra mão, a que continha a jóia, deslizava para perto da dele, e deixava que a corrente dourada escorregasse da palma de minha mão até a dele, onde assim que a gema encostou-se a sua pele macia, o sol em miniatura pôs-se novamente, morrendo no horizonte em rubi escarlate.

 

Não me atrevi a reabrir aquela ferida tão dolorosa para ele novamente, na verdade se fosse possível, eu o manteria afastado de tudo que pudesse machucá-lo.

 

Mas, aquela também não fora nem a primeira, e muito menos a última vez em que conversamos.

 

Para ser franca, durante aquela semana inteira, tudo o que fizemos foi conversar. Depois de ter perdido a aula na quarta, na quinta eu fui à escola. Para a alegria de Tamara – que havia me telefonado na quarta a noite, e sabe lá aonde encontrado o número do telefone de casa – conversamos até tarde, quando alegando cansaço, e depois de repetir para ela que o motivo foi devido a uma indisposição, eu desliguei o telefone com a orelha em chamas e deitei-me cansada na cama, dormindo mais uma noite tranqüila e sem sonhos.

 

Talvez porque no fundo eu soubesse que ele estava por perto, velando meu sono, certificando-se de que eu estava bem. E talvez fosse esse fator a dissipar todos os meus temores, afastar todos os meus pesadelos, e trazer-me uma onda de paz e satisfação.

 

Na quinta-feira, acordei bem cedo, disposta a ir para a escola. E assim que cheguei a porta da escola, Tamara avistou-me, acenou e então lançou-se em minha direção.

 

Ela enganchou em meu braço novamente, conduzindo-me para a sala, enquanto reclamava sobre a falta danada que eu lhe fizera.

 

Usei novamente a desculpa da indisposição e ela pareceu mais conformada. Só então me lembrei de perguntar a ela como raios ela havia conseguido meu telefone.

 

- Bom, eu, mais ou menos, obriguei a secretária a passá-lo. – disse-me ela de um jeito engraçado, parecia até mesmo envergonhada do que tinha feito.

 

Ri de leve e depois permiti que ela terminasse de me conduzir até a sala. Conforme os minutos avançavam, algo se agitava em meu estômago. Talvez fosse o fato de que Aidan irromperia pela porta a qualquer minuto, e isso me deixava atordoada.

 

Eu ainda não sabia como ficaríamos em público. Enquanto sozinhos, ele fazia questão de me vigiar constantemente, para a minha própria segurança.

 

E realmente era estranho que depois do que eu vivenciei na terça-feira, eu pudesse simplesmente descer daquela nuvem e voltar para a realidade, para depois tornar a subi-la.

 

Eu sabia que estava oscilando entre dois mundos, beirando a realidade e o imaginário, presa na fronteira de duas dimensões.

 

E enquanto que um deles assombrava-me, somente pelo fato de ter crescido nele, convivido com ele durante todos esses anos e jamais ter encontrado a felicidade, o outro continha algo que me enfeitiçava, encantava-me, tirava-me toda a razão.

 

E eu sabia que esse algo era um certo moreno alto italiano, objeto de desejo de todas as meninas da escola.

 

E era o mundo dele tentando-me, rodeando-me, apenas esperando que eu enfim cedesse; algo que eu tinha que admitir, não demoraria muito para acontecer.

 

Voltei à realidade apenas quando o vi entrar pela porta, os olhos voltados para mim, encarando-me e então ele abriu um largo sorriso e sentou-se em sua carteira. Sorri para mim mesma e Tamara cutucou-me.

 

- Você viu o mesmo que eu? – perguntou-me, boquiaberta.

 

- Vi o quê? – fiz-me de desentendida.

 

- Ele olhou para você... e... e sorriu! – ela praticamente gritou de empolgação.

 

- Shhhh! – disse em meio aos risos – Não diga isso em voz alta!

 

- Desculpe. – ela sussurrou e eu sorri para ela, depois rimos as duas.

 

Espiei Aidan do outro lado de mim, e seu semblante estava abaixado. Assustei-me no inicio, mas então percebi que ele também ria.

 

Então voltei minha atenção a Tamara, e por toda a aula ela fazia piadinhas ao meu respeito. Não que de fato eu não gostasse; Na verdade eu tinha de admitir que aquela situação constrangedora agradava-me... e muito.

 

Quando a hora do almoço enfim chegou, apanhei minha bolsa e acompanhei Tamara até o corredor. Porém, alguém agarrou meu braço e eu já sabia quem era. Um sorriso projetou-se automaticamente em meus lábios.

 

Era Aidan.

 

Virei-me para ele, enquanto adentrava a fogueira que ardia de forma intensa em seus olhos, fitando-me.

 

- Podemos conversar? – perguntou ele, gentilmente.

 

É claro que sentia todos aqueles olhares fuzilando-me, desejando que o teto desabasse sobre a minha cabeça naquele momento. A não ser é claro, por Tamara que praticamente saltava de tanta empolgação.

 

Ignorei a todos aqueles olhares, concentrando-me na idéia de que seríamos apenas eu e ele novamente, conversando.

 

- Claro. – assenti e ele soltou meu braço.

 

Caminhamos pelo corredor apinhado, enquanto todos olhavam para nós. E eu que estava tão acostumada a simplesmente passar despercebida por todos eles, agora era o centro das atenções, por simplesmente estar ao lado de Aidan.

 

Era como se houvesse um grande holofote sobre a minha cabeça, praticamente berrando: olhem para mim, olhem para mim!

 

Quando enfim chegamos ao refeitório, – aposto que aquela era a primeira vez que ele estava ali, afinal ele não precisava se alimentar – Aidan caminhou até uma das mesas, puxou uma das cadeiras, mas quando eu pensei que ele fosse sentar-se, ele gesticulou para que eu me sentasse, agindo como um verdadeiro cavalheiro. Algo completamente justificável, considerando a época em que ele nascera.

 

Aidan puxou a cadeira em frente a minha e sentou-se. Não pude evitar o riso, e isso o deixou um pouco confuso.

 

- O que foi? – perguntou-me ele.

 

- Estou me perguntando qual o motivo disso tudo. – expliquei-me.

 

Ele ajeitou-se em sua cadeira depois respondeu de forma direta, sem rodeios.

 

- Bom, estou fazendo o que quero, e não mais apenas obedecendo a ordens.

 

- E o que exatamente você quer? – perguntei de forma brincalhona, porém, arrependi-me de ter lhe perguntado isso, pois minha máscara de indiferença se fora.

 

- A sua companhia.

 

Respirei fundo e tive de lembrar a mim mesma do quão constrangedor seria corar em sua frente. Eu jamais faria isso, definitivamente.

 

Minhas mãos brincavam, nervosas, umas com as outras.

 

- Não está com fome? – ele me perguntou, arqueando uma de sua sobrancelha.

 

- Não, não muita. – confessei, omitindo a parte de que algo dançava em meu estômago, e que em minha mente, era apenas ele e mais ele a ocupá-la.

 

Ele sorriu e depois mencionou levantar-se da cadeira.

 

- Aonde você vai? – perguntei, curiosa.

 

- Pegar algo para você comer.

 

- Mas eu lhe disse que não tinha fome.

 

- Por isso mesmo, – justificou-se ele – não acredito em nada do que você me disser. – completou ele, ainda sorrindo e retirando-se da mesa.

 

Permaneci ali, completamente sem reação, e um pouco emburrada, eu tinha de confessar.

 

Meus olhos vagaram pelo refeitório abarrotado, e então baixei minha face, envergonhada, todos ainda olhavam para mim.

 

Se os garotos encaravam a cena com curiosidade, as meninas, é claro, disparavam olhares homicidas na minha direção, seus olhos faiscando para mim.

 

Apenas Tamara parecia empolgar-se com aquilo e acenava para mim, sorrindo abertamente, enquanto Peter parecia emburrado.

Suspirei, não podia agradar a um sem enfurecer o outro. Aidan voltou depois de alguns minutos com o meu “almoço”, e ele não se dera por vencido até me ver comendo algo.

 

Não que aquelas estranhas coisinhas tivessem parado a sua dança pelo meu estômago. Pelo contrário, cada vez que eu o olhava, e ele já estava olhando para mim, nossos olhares cruzavam-se, então aquelas coisinhas praticamente rodopiavam, aquele frio na barriga não passava nunca. Maldita hora para deixar que ele mexesse comigo. Aquilo era tão... tão constrangedor. Pelos céus! Como ele conseguia mexer tanto comigo?

 

E conforme o tempo avançava, eu queria que ele se prolongasse mais e mais, que aquele momento jamais tivesse o seu fim.

 

Mas, também me decidi por não manter aquele silêncio entre nós. Havia tanto que eu queria saber sobre ele, tantos detalhes. E acabei por me lembrar de um assim que olhei para o seu braço direito, pousado sobre a mesa.

 

- Aidan? – eu o chamei.

 

Ele não precisou voltar a sua atenção para mim, ele já prestava atenção em mim, enquanto eu estava presa mais uma vez em meus devaneios.

 

- A sua tatuagem, - eu apontei para o seu braço direito – o que significa? Tem alguma relação com Sillentya?

 

Ele deu-me outro de seus meio-sorrisos, arrancando todo o meu fôlego.

 

- Na verdade, isto – ele levantou o braço, exibindo o desenho negro em sua pele – é o símbolo do que eu sou. O símbolo do caçador.

 

- Então, todos aqueles que exercem essa função, possuem uma tatuagem como essa. – supus inocentemente.

 

- Sim.

 

Detive-me naquele pequeno fato, eu tinha de refrear um pouco de minha curiosidade, a fim de não ressuscitar antigos fantasmas de seu passado, que pudessem machucá-lo, ou infligir-lhe algum tipo de dor.

 

- Então, como exatamente funciona essa espécie de... invocação?

 

- É como um chamado, eu os invoco para que apareçam e que lutem por mim. Eles usam o meu corpo, porém eu os controlo durante todo o tempo, e com isso, amplio as minhas habilidades.

 

- Que tipo de habilidades?

 

- Bem, você me viu naquela noite na floresta, força, velocidade, sentidos mais aguçados, e ainda a capacidade de manipular a energia desse espírito que flui dentro de mim.

 

- Entendo. E como exatamente se detém um da sua espécie?

 

- Eu lhe disse anteriormente que não somos invencíveis, se formos atingidos em um ponto vital, como um humano, podemos morrer.

 

Estremeci diante dessa idéia, principalmente ao imaginá-lo ferido. Não, aquilo não podia acontecer nunca!

 

Aidan assentiu e depois perguntou de forma brincalhona.

 

- Mais alguma dúvida?

 

- Só um milhão delas. – respondi de forma despreocupada.

 

Ele riu novamente. E era algo estranho, vê-lo sorrindo dessa maneira, seus lábios projetando-se em um belo sorriso, quando eu estava tão acostumada a vê-los apertados naquela linha rígida.

 

Seu semblante estava tão leve, tão feliz...

 

O sinal interrompeu todos os meus devaneios, sobressaltando-me. E eu que quisera tanto que aquele momento jamais terminasse.

 

Eu tinha de permanecer algum tempo longe dele, e isso me causou um certo desconforto.

 

Aidan levantou-se e eu o acompanhei, levantando-me em seguida. Porém, antes mesmo que eu pudesse deixar o refeitório, seus olhos tornaram para mim uma última vez.

 

- Te vejo mais tarde. – murmurou ele.

 

Aquela coisa estranha agitou-se em meu estômago mais uma vez e eu assenti um pouco sem jeito. Eu sabia que ele estaria comigo em breve novamente, e isso me causou um certo alívio.

 

Ele sorriu e então partiu, segui na direção oposta da dele e eu sabia que inevitavelmente enfrentaria um interrogatório a seguir.

 

E estava certa.

 

Eu mal deixei o refeitório e ela já viera toda serelepe em minha direção, um enorme sorriso nos lábios.

 

- Conte-me tudo! – exigiu ela - E não me esconda nada!

 

Suspirei, seriam longas horas até o fim do período. E eu ansiava pelo fim de tudo aquilo, somente para estar na presença arrebatadora dele novamente.

 

 Depois de ser praticamente metralhada pelas perguntas de Tamara, resolvi mudar um pouco de assunto, apenas para desviar o foco da conversa de mim e Aidan.

 

- Tamara, o Peter parecia um pouco emburrado, aconteceu alguma coisa? – perguntei de forma inocente.

 

- Ah! Não se preocupe com ele, Peter está apenas um pouco zangado pelo fato dos testes de terça terem sido adiados devido ao temporal.

 

- Ah! – expressei, aliviada.

 

Mas, então Tamara adicionou mais um fator responsável pela irritação de seu irmão.

 

- E ele também está com um pouco de ciúmes. – disse-me ela, lançando-me um olhar divertido.

 

Encolhi-me na carteira mais uma vez e não iniciei aquele assunto novamente. Pelo menos, estava disposta a isso, o que é claro, que eu e Tamara não compartilhávamos.

 

- Bem, acho que logo eu terei a minha melhor amiga roubada de mim.

 

- Do que você está falando? – perguntei, nervosa.

 

Ela riu de leve, depois deu de ombros.

 

- Acha que o Aidan estaria disposto a fazer uma partilha justa?

 

- Não sei. – murmurei automaticamente.

 

E durante todo o resto do período foi assim. Eu tinha de aturar as indiretas de Tamara, os olhares homicidas das outras garotas, e os olhares de decepção de Peter.

 

Quando o sinal finalmente tocou, para o meu alívio, eu praticamente voei até a porta, correndo como uma louca pelo corredor abarrotado e assim que me vi do lado de fora, respirei aliviada. Eu estivera perto de sufocar naquela sala.

 

Corri novamente pelas ruas de South Hooksett, a fim de chegar à loja de minha mãe. Ela havia deixado chaves reservas com Bill, para que ele pudesse abri-la pela manhã.

 

E como era de se esperar, ele quase explodiu de tanta satisfação pela confiança que minha mãe depositava em si.

 

Assim que cheguei à loja, joguei minha bolsa em um canto qualquer, prendi meu cabelo e enquanto vestia o avental verde-escuro, Bill apareceu e me cumprimentou.

 

- Olá, Agatha!

 

Virei-me para ele, e acenei timidamente.

 

- Oi, Bill.

 

- Bem, agora que você chegou, acho que posso cuidar do carregamento que chegará a qualquer momento.

 

Assenti e ele partiu, deixando-me sozinha na loja. Eu sabia que ele estaria de volta em pouco tempo.

 

Tratei de me ocupar de várias tarefas, organizei os vasos que minha mãe tanto adorava, tentei arrumar da melhor maneira possível as prateleiras, mas eu jamais teria o jeito e a imaginação fértil dela quanto se tratava disso.

 

Depois de várias tentativas frustrantes, acabei por desistir e decidi cuidar dos arranjos. Coloquei vários ramalhetes em cima do balcão e comecei a arrumá-los, enfiando-os no vaso.

 

Aquele trabalho era tedioso para mim, mas eu devia uma a Bill por cuidar do carregamento e ele não tinha mais paciência do que eu para aquelas tarefas.

 

Com o passar do tempo, acabei por me distrair enquanto montava o arranjo. Com um pequeno alicate eu tratava de arrancar os espinhos do caule das rosas.

 

Estava tão distraída com meu trabalho que nem mesmo percebi quando alguém entrou na loja, caminhou até a minha figura atrás daquele balcão e estacou.

 

Olhei para cima, um pouco temerosa, e minhas suspeitas se confirmaram.

 

Era Aidan.

 

Ele sorriu por minha expressão abismada, mas eu decidi não me deixar abalar por sua presença ali. Seria algo realmente muito difícil, eu tinha de admitir.

 

Tornei minha atenção para o meu trabalho, até que ele decidiu romper aquele silêncio.

 

- Então, é aqui que você trabalha. – concluiu ele, olhando ao seu redor para as dúzias e mais dúzias de ramalhetes e arranjos.

 

- Sim, ajudo minha mãe o quanto posso. – respondi-lhe, ainda focada no meu trabalho.

 

- Sua mãe deve gostar da natureza. – ele supôs, e eu senti que seus lábios curvaram-se em mais um sorriso.

 

- Você nem tem idéia. – murmurei ironicamente e depois completei – Depois que o meu pai se foi, bom, ela tinha de arrumar algum jeito de ganhar a vida.

 

- Você não me fala muito sobre o seu pai.

 

O choque foi tão grande que eu acabei por me distrair de minha tarefa, e espetei meu dedo em um grande espinho. Curvei meu corpo para trás, enquanto a rosa caía de minhas mãos.

 

- Ai! – murmurei, observando meu dedo ferido, e uma pequena gota de sangue se formava na ponta.

 

- O que foi? – ele me perguntou parecendo preocupado.

 

- Não foi nada, – tentei tranqüilizá-lo – só espetei meu dedo.

 

Aidan não me respondeu e eu o estranhei. Sustentei meu olhar, e encontrei seus olhos fitando-me de uma forma diferente.

 

Ele não me disse nada enquanto sua mão flutuou até a minha, pegou-a delicadamente e depois a estendeu em sua direção. Seu olhar cálido examinou com muito cuidado a extensão do ferimento, mas era apenas uma perfuração, nada de mais.

 

Então muito que deliberadamente ele apanhou um lenço branco de seu bolso e sem soltar minha mão por nenhum segundo, comprimiu o tecido em meu dedo.

 

E naquele momento, sob a intensidade de seu olhar, eu derreti novamente. E a única coisa a nos separar era a estrutura do balcão.

 

Seus dedos apertavam com gentileza o meu dedo ferido e não havia palavras que pudessem descrever o que eu estava sentindo naquele momento.

 

Meu coração martelava em meu peito com violência, e aquelas coisas estranhas dançavam pelo meu estômago novamente, uma corrente elétrica percorria toda a extensão do meu corpo. Meus olhos estavam completamente presos aos seus, eu nem mesmo piscava e meus lábios permaneciam entreabertos pelo choque.

 

Até que uma voz conhecida rompeu a mágica de nosso momento, e eu fui trazida a força para a terra novamente, ruborizando imediatamente por alguém ter nos flagrado assim.

 

- Agatha? – era Bill, chamando-me.

 

Aidan soltou minha mão e eu a recolhi no mesmo instante. Vi a figura imensa de Bill aproximar-se de nós dois, Aidan ainda mantinha-se em total silêncio.

 

- Algum problema? – perguntou-me ele, parecendo preocupado.

 

- Não! – soltei imediatamente e notei como o clima havia se tornado em algo tenso – Quer dizer, Bill, esse é o Aidan, ele é meu amigo. – apontei para a figura silenciosa a minha frente e Bill abriu um largo sorriso para o meu alívio.

 

- Ah! Você deve ser o estudante do intercâmbio. – conjeturou ele.

 

Aidan sorriu levemente e depois tornou seus olhos para mim, e eles haviam perdido toda aquela intensidade de outrora, segundos antes enquanto ele tratava de meu pequeno ferimento.

 

- Sim, sou eu mesmo. – respondeu ele sem demover os olhos de minha face.

 

- Bem, eu só queria avisar que já descarreguei tudo. Estão nos fundos. – justificou-se ele.

 

- Tudo bem, - assenti – obrigada, Bill.

 

Bill sorriu uma última vez e depois seus olhos tornaram para a figura silenciosa de Aidan novamente.

 

- Acho que te vejo depois. – murmurou ele e meu coração acelerou novamente.

 

- Tu-tudo bem. – gaguejei e ele riu disso, depois deu as costas para mim e se retirou.

 

Eu podia sentir os olhares de Bill sobre mim, mas era apenas curiosidade, ou quem sabe preocupação. O que eu temia na verdade era que isso chegasse até os ouvidos da minha mãe, e eu estremeci diante dessa idéia.

 

Eu na verdade só estava curiosa. Aidan havia realmente dito que me veria depois? Mais como?

 

Preferi, por hora, não pensar nisso e foquei minha atenção em meu trabalho, tomando mais cuidado para não me ferir novamente.

 

Só então percebi que o lenço que ele usara para estancar o sangramento em meu dedo ficara comigo. Bom, se eu realmente o veria novamente mais tarde, então eu teria a chance de devolvê-lo. Ainda que aquelas coisas estranhas continuassem a sua dança pelo meu estômago, somente de imaginá-lo comigo... mais uma vez.

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

ahhh e então o q axaram??

irão haver mais interações entre esses dois!!! aguenta coração!!! e logo mais suspense e terror!!!

obrigada a todos q disseram q iam seguir a saga até o final, eu realmente fiquei bem mais aliviada e motivada a continuá-la!!!

obrigada a todos msm q estão me mandando reviews!!!
e aqueles q recomendaram a fic e estão aderindo a campanha: Eu quero um Aidan pra mim!!

bom, acabo o feriadão, então eu devo ficar mais lenta pra escrever novamente...

até a próxima meus queridos!!

Beijoss