Estavamos cercados por cerca de 30 pessoas que pareciam determinadas a acabar conosco e ainda tinham os rostos completamente desfigurados. A cidade parecia um pedaço do inferno. O cheiro podre ao qual Mary falou assim que chegamos se tornou mais forte quando um velho em cadeira de rodas entrou na formação, ladeado por dois caras que pareciam lutadores de luta livre. As pessoas, que a pouco queria nos comer vivos, estavam paradas e perfeitamente normais.

 - Droga – disse Sam – como não percebi antes!

- O que foi? – sussurrei

- Lúcifer está a solta tentando acabar com tudo. Quem ele chamaria para a festa?

 - Os quatro Cavaleiros – respondeu Mary.

- Exato. E levando em conta o comportamento dessas pessoas, esse deve ser a... - ele foi interrompido pela risada gutural do velho.

 Ele era no mínimo estranho. Sua postura não se encaixava muito bem a situação de um cadeirante. Usava óculos escuros e as roupas meio rasgadas, tipo um vovô punk.

- Permita que eu mesmo me apresente – ele tirou os óculos e nos mostrou que no lugar dos olhos, havia duas chamas brilhando forte. De repente um monte de imagens surgiu na minha mente. Soldados gregos e atuais, bombas, espadas, fuzis, tanques se misturavam rapidamente antes de voltar ao presente.

- Agora eu sei a razão do cheiro – disse Mary, que deve ter visto o mesmo que eu.

 - Que bom olfato você tem, filhote de anjo – disse o velho.

 - Odeio que me chamem assim – tudo bem que não é um apelido muito agradável, mas ela nunca reagiu desse jeito.

- Mary se controla – Sam a pegou pelo braço quando ela deu um passo à frente – É isso que o torna mais forte. Ele usa o que você tem de pior pra te destruir.

 - que inteligente você é Sam. O tempo que passo com Jessica na faculdade te fez muito bem – ele riu ao ver o meu irmão tentando manter a calma – Desculpe-me, velhos hábitos são difíceis de mudar. Vou tentar me controlar já que tenho uma proposta a vocês.

- Essa é boa- eu disse.

- Acredite Dean. Às vezes, eu sou capaz de fazer uma conciliação.

 - Pegue a sua conciliação e vá à merda – retruquei.

 - Que falta de educação, mas você esta certo. Será mais divertido vê-los morrer. Quando ele terminou de falar, os dois brutamontes deram um passo à frente. Chegou à hora.

 - Vocês sabem o que fazer? – perguntei aos sussurros.

- Você sabe o que fazer? – perguntou Sammy. Olhei para ele com cara de zangado – Não se esqueça de atingi-lo no coração, ok?

 - Tem certeza que estratégia funciona com ele? – perguntou Mary. Lhe respondi com um olhar “agradecido” por ela ser tão otimista – Tá entendi – ele me passou sua faca, a mesma que usou pra matar a Ruby.

 Os dois deram um passo à frente. Era difícil ver as duas pessoas mais importantes pra mim entrando numa briga com aqueles caras enquanto eu ficava parado. Mas eu tinha de esperar ele estarem bem distraídos para eu poder chegar onde eu queria.

- Ora, ora. Se não temos um estrategista aqui- disse o velho, ou melhor, o guerra quando me aproximei dele sem problemas - Você está me atrapalhando, sabia? Estou perdendo a chance de presenciar o aperitivo de uma ótima luta que teremos em breve.

Ele controlou minha mente novamente. Só que o que me mostrou a pouco era muito melhor de se ver. Eu vi o Sammy e a Mary brigando, seus rostos completamente enlouquecidos. Nenhum deles tinha vantagem, mas os dois pareciam que iriam morrer, eu ia perder os dois. Guerra queria forçar ainda mais as imagens na minha cabeça. Ouvir a Mary gritando meu nome foi o que trouxe de volta a realidade.

- Isso nunca vai acontecer. Eu não vou deixar – empunhei a faca na altura de seu coração.

 - Pode me matar se quiser. Meu irmão Lúcifer me trará de volta cedo ou tarde.

- Vou acabar com ele antes que o faça – enterrei a faca.

Os guarda-costas dele caíram no chão, sem vida. As pessoas da cidade voltaram ao normal e estavam aturdidos. Tirei a faca do corpo do velho antes que vissem e fui ajudar a Mary que estava um pouco machucada. Meu irmão, com seu olho roxo, pegou um anel que estava com o guerra e se juntou a nos ao irmos rápido para o carro.

 Pegamos a estrada para a casa do Bobby com o pensamento revigorante de que este é só o inicio.