O barulho do sinal soou como uma benção para os alunos que já não aguentavam mais a cara emburrada do professor de física. Todos saíram da sala, e diferente do normal o primeiro a pisar do lado de fora foi um garoto de capa negra, que por onde passava deixava, diferente do normal, uma aura alegre, porém de uma maneira sinistra. O fantoche que sua mão tinha na cabeça um laço e um sorriso da antes assustadora face.

            Talvez o animal refletisse o que sentia seu dono. Ele seguiu por toda a escola com certa pressa, como se precisasse ir ao banheiro, ou qualquer coisa que realmente necessitasse de pressa. Porém o que realmente ia fazer era ver uma certa garota, da qual sentia loucamente a falta.

            A sala de música estava vazia, porém em uma poltrona perto de uma grande janela podia-se ver um vulto, claramente feminino, sentado, com o olhar perdido, até por fim ser despertado por uma voz grossa, porém fria, e de certa forma leve.

            -Devo te chamar de mamãe agora Tamaki-kun? - Perguntou Kyouya ajeitando seus óculos na face, como de costume.

            - Faça o que quiser... - Ele deu um sorriso totalmente sincero para o outro, mais uma vez com toda sua feminilidade. - Mas acho que é melhor não nos referirmos mais assim um ao outro... - A loira disse pensativa, refletindo sobre a pergunta. - Talvez tenha gente que possa não gostar...

            - Como quem? – Kyouya pela primeira vez eu sua vida pareceu realmente não saber de quem se tratava, talvez por ter muitos palpites.

            - Sei lá... Talvez certas meninas de cabelos castanhos... – Ela(e) “discretamente” apontou com a cabeça para Renge que conversava animadamente com outra menina do club sobre a revista de fotos dos hots que saíra no dia anterior, com o tema “Colegial Pelo Mundo”, realmente as fotos haviam ficado lindas, e a menina se gabava por ter sido idéia dela.

            - Por que ela sentira ciúmes? – Ela voltou a sua postura normal. – Somente fingimos ser namorados.

            - Vocês homens são tão insensíveis. – Tamaki nunca, nem nos momentos mais gays de sua vida, pareceu tão mulher.

            - Você fala como se tivesse nascido mulher. – Ela balançou levemente a cabeça com desgosto. Depois de algum tempo em silêncio um barulho de algo se quebrando pode ser ouvido vindo logo de perto da porta do club.

            - O que foi isso? – Tamaki perguntou olhando na direção do barulho.

            Foi só então que pode ver uma pequena figura de maria-chiquinhas loiras e roupa rosa e branca olhando assustada para os cacos de vidro no chão, ainda sobravam partes inteiras do que antes devia ser um gatinho de vidro.

            A pequena menina começou a chorar desesperadamente, terrívelmente assutada e trsite.

            - Kiri-chan o que houve? – Disse Tamaki chegando perto da menina, porém se esquecera que ela ainda não o vira em sua nova forma, e não pode deixar de ficar vermelho ao se lembrar que ela era agora sua pequena cunhada, o que realmente era algo assutadoramente fofo.

            - Quem é você? – Ela perguntou com lágrimas nos olhos, como se estivesse vendo uma fada. – É minha fadinha protetora?

            - Fada... Eu? – Ele fez cara de desentendido, mas como era de costume sorriu prosseguiu com a frase. – SIM! SOU SUA FADA PROTEDORA! PODE ME CHAMAR DE YORI-CHAN! – Pegou a menina no colo ficou rodopiando pela sala no meio das meninas do club. Porém se lembrou da cena que o fizera ver a menina ali. – Mas por que estava chorando?

            - Tinha um monstro de vidro no corredor, eu peguei ele nas mãos e ai ele caiu. – Ela provavelmente havia visto a estátua de vidro pequenina que Nekozawa havia deixado no corredor antes da aula.

            - Mas por que veio aqui hoje Kiri-chan? – Sayori deu um sorriso tênue e bondoso para a menina.

            - Hoje é o aniversário do onii-chan. Eu ia dar isso pra ele. – Ela mostrou uma pequena caixa de veludo vermelho e um pedaço de papel, onde estava escrito com letras rudimentares: “Da sua imouto para o onii-chan”.

            - O que tem dentro da caixa? – Perguntou Haruhi, que até aquele ponto somente havia observado a cena, de mãos dadas a Mori, que se mantinha em silêncio e sem reação.

            E sobre esses dois, as meninas do club ficaram em choque completo ao saberem da notícia, mas com o tempo tudo foi aceito, desde que pudessem tirar fotos do casal quando quisessem, e que uma edição especial, “boys love” da revista dos Hots fosse feita com ele.

            - Tem um colar.. Escrito onii-chan. Que eu mesma fiz. Foi na aula de artes. – A menina travestida pegou a pequena caixa e a abriu, lá estava o colar de miçangas, todo colorido, e no meio com miçangas de letrinhas escrito: “Onii-chan”.

            - Que fofo! – Haruhi sorriu para a menina lhe devolvendo a caixa.

            Tamaki em choque pôs a menina no chão. Acabara de perceber que nem se quer sabia a data de aniversário de Nekozawa e mesmo assim era seu namorado. Mas só se importou com o fato de não ter um presente para dar. E sabia que o outro devia estar indo para o club naquele instante.

            Tinha que fazer algo.