As Loucas Confissões de Jessica Summer escrita por Miss D


Capítulo 11
Meus Problemas Mentais – Parte 2


Notas iniciais do capítulo

*Jessica Falando*: Aqui estou novamente para honrar vocês coma honra da minha ilustre presença. (Corta essa Jessica)



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  Bem, eu deveria ter imaginado que isso um dia aconteceria. Eu DEVERIA, mas não imaginei. Recusei-me a pensar que até mesmo a Cynthia – Cynthia, minha melhor amiga, a quem eu SEMPRE alertei sobre isso – fosse tragada pelas garras do mal.

  É a ordem natural das coisas: a pessoa nasce, passa por aquela mágica e maravilhosa fase da infância – em que nem estudar a gente precisa, vamos à escola somente para pintar (Aqueles rabiscos na folha podem ser considerados desenhos? Bem que todas as criançinhas poderiam vender os desenhos delas para alguma exposição de arte contemporânea, tipo a daqueles artistas bizarros que tem lá), ir no playground e tirar a “hora da soneca” – que é  quando a gente dorme NA ESCOLA –. Diz se tem coisa melhor que isso? Então começa aquela etapa mais complicada em que a pessoa PRECISA estudar – mesmo que a matéria seja “1+1=2” – e os seus pais começam a pegar no pé. Depois vem a parte em que a nossa linda pessoa chega ao estágio pessoa-indefinida. Sabe, aquele em que os pais falam coisas sem nexo nenhum, como quando você fica o dia inteiro jogando video-game ao invés de limpar a casa e a mãe fala: “Você já está bem grandinho para ficar fazendo esse tipo de coisa. Já tem treze anos, é quase um adulto!” e logo depois, quando você pede para ir no shopping sozinho com os amigos, dizer “Você não tem idade suficiente para isso”. É, muito louco, sei disso.

  Então acontece aquilo. Todos sabem o que é aquilo. É uma coisa que acontece com todos, na adolescência, e destrói totalmente a vida da pessoa. Depois de nascer, ser criança, ser um pouco menos criança, chega à adolescência, fica louco e começa a namorar. Sério, é totalmente loucura. Completamente. Eu acho que quando as pessoas chegam nessa fase, elas auto-fabricam esse bicho do amor, que começa a comer toda a parte racional do cérebro, e então ele se aloja ali, onde fica por um bom tempo. E a pessoa fica adulta – é necessário lembrar que ela já está em estado de degradação progressiva, por causa do verme roedor –, casa-se, e talvez viva um mês normal, no máximo. Só que aí o bichinho começa a adoecer, adoecer, até que morre. E é nessa parte que a pessoa descobre o que aconteceu enquanto ela não conseguia pensar direito, e então começam os gritos e os copos voando pela casa. Acredite em mim, eu sei. Depois a pessoa começa a ficar cada dia mais consternada, perde sua própria humanidade e então vira idoso. E, ao longo desse processo, desenvolve todas aquelas manias de gente velha. Sim, é mesmo triste.

  E eu sabia que isso ia acontecer. Mas é que é difícil ver sua amiga desse jeito. Olha só para ela: sentada na cadeira da escola, segurando a cabeça nas mãos e com os cotovelos apoiados na carteira, olhando para... bem, ele. Não que ela esteja realmente olhando para ele, porque, até onde eu sei, ele não está aqui. Mas eu tenho certeza que, no foco da visão dela só existe uma pessoa. Sabe quando dizem que o amor é cego? Bem, isso não é verdade. Ele deixa a pessoa cega. Totalmente.

  Cynthia parece uma autista, sério. Vivendo no próprio mundo dela e esquecendo o resto (do resto = Jessica). Parece que eu tenho uma amiga zumbi sentada do meu lado. Não, pior que zumbi, porque os zumbis pelo menos querem devorar o cérebro das pessoas. Ela só fica parada como... Como uma idiota. É o que eu chamo de reação Bella-quando-vê-Edward. E combina perfeitamente.

  Ela pensa que eu não sei do segredo. Ah, mas eu sei, sim! Nunca antes a Cynthia havia escondido alguma coisa de mim. Pelo menos ela não escondeu nada que eu tenho descoberto. E tudo por causa dele.

  É claro que eu tive que voltar para casa sozinha. Porque aquela massa vegetal do meu lado não pode ser chamada de pessoa.

  – Cynthia.

  – Hã, o que... Hã? – murmura ela.

  Entende o que eu quero dizer? Ela está totalmente oca da cabeça.

  – Será que dá para você tentar agir normalmente? Você está doente?

  – Não – responde Cynthia, e não diz mais nada.

  Apesar de Cynthia ser naturalmente calada, isso não é um comportamento normal. E, o que é pior, sempre quando eu tento sutilmente abordar o assunto, ela começa a falar de outra coisa. Porque ela não quer que eu saiba. O problema é que eu já sei!

  E pretendo descobrir outra coisa, também. Informações sobre nosso pequeno desconhecido. Nome, dados, histórico escolar, identidade, RG, ficha criminal... (Tudo bem, não precisa exagerar, Hercule Poirot). É, tem razão. Nome já está bom.

  Porque eu não vou consentir com a desgraça da minha melhor amiga. Não mesmo.

  Sabe, estou com ódio. Toda vez que eu vejo qualquer coisa sobre amor quero bater em alguém. E isso é um problema. Porque eu não bato em ninguém – isso não quer dizer que eu nunca tenho vontade de bater em alguém. Eu tenho. Muita, às vezes. Como quando estou assistindo algum filme legal na tevê e aí o canal coloca mil e uma propagandas. Isso me irrita. E eu tenho vontade de matar o cara que está lá comandando isso.

  Mas hoje está demais. Eu realmente QUERO MATAR ALGUÉM!

  Estou tentando muito descobrir a identidade do Sr. Mistério. Não é fácil. Você sabe, existe todo um complô para me destruir e acabar com a minha vida. Desde os genes do mal, até minha incapacidade mental.

  E, sabe do que mais? Eu fui TRAÍDA. Sério. Pela minha MELHOR AMIGA. Todo esse tempo eu achei que ela era realmente minha... Droga.

 

  Quando você REALMENTE pode ter certeza de que uma pessoa está apaixonada:

1.    Ela não te vê.

2.    Você fala com ela e é como se falasse com o ar.

3.    Pode ter dois jeitos: ou ela só fala da pessoa ou ela não fala nada.

4.    Ela age de um jeito bizarro

5.    Ela nem sabe o que está fazendo.

  E, adivinha? A Cynthia está exatamente assim. Eu nunca vi nada como isso. Tipo, é nojento! É MEGA nojento. Total.

  E, claro, só porque eu estou ótima hoje, TUDO está contra mim. É verdade. Veja só: eu acordei cedo hoje de manhã, para ir à (prisão de torturamento máximo) escola. No caminho, o que eu vejo? Uma placa bem grande “Amar é viver! Ame o próximo!” de alguma igreja. Tudo bem. Normal, eu agüento. Depois, eu ando mais um pouquinho, encontro um casal de namorados todo sorrisos imbecis. Legal. Eu ainda estou bem. Então eu chego na escola. E tem a Cynthia – que NÃO FALA NADA comigo – e isso já me deixa furiosa. Eu passo todo o período olhando para a cara do professor como se ele fosse um retardado mental falando um monte de abobrinhas sem sentido – o que, na verdade, ele é.

  Quer dizer, a escola é uma coisa insensível. Estou aqui, na maior depressão do mundo, sendo rejeitada pela única amiga que eu tenho e eles insistem em passar lição sobre a Organização das Nações Unidas? Fala sério! Ninguém aqui me entende. Por isso eu não me esforço para entender o que essa coisa na frente da classe está tentando explicar. Não mesmo.

  E tudo o que dizem sobre você colocar tanto uma coisa na cabeça que você até acredita nela é totalmente verdade. Eu acredito que esse professor não está falando NADA que me interessa, que eu na estou entendendo NADA do que ele diz e que talvez ele fale outra língua. Como grego. E aí tudo o que eu escuto é “blábláblá, Nações Unidas, bláblá”. Sério. Existe tradução para isso?

  Depois, quando eu volto para casa, ligo a tevê, e está passando Amor além da Vida em um canal. Frustrada, eu mudo para outro e está passando As 7 regras do Amor, e no OUTRO está passando Amor adolescente. Não, eu quero me matar. Hoje deve ser algum tipo de Dia Internacional de Tirar a Jessica do Sério, só pode.

  Enfim, eu desisto da televisão. Ela, que poderia ser minha mais nova única amiga, também está me dando o fora. Como eu DETESTO essa coisa de amor. Só serve para encher o saco.

  Quando você está numa fossa que nem eu, tudo o que tem a fazer é esvaziar a mente. Tirar cada tralha que tem dentro dela (acredite, essa mente aqui é CHEIA de tralha). Inclusive você, não é mesmo? (Não é, não!). Arrã.

  Porque você tem que tirar um tempo para você mesmo, uma coisa meio que “reflexão”. A Marta vive dizendo isso, só que para ela isso se chama meditação. Não que eu escute tudo o que a Marta fala, afinal, ela é doida. Completamente doente da cabeça. Mas isso de “tempo para nós mesmos” até que é legal.

  E, bem, se você não tem mais ninguém com quem dividir o seu tempo, de um jeito ou de outro, ele vai ficar sendo só para você, mesmo. Então nem adianta inventar.

  Intimamente – naquela parte do meu íntimo que NÃO me enche a paciência –, eu sei que a minha mãe disse que ia me cozinhar no jantar se eu não limpasse o meu quarto. Mas é que eu NÃO CONSIGO manter meu quarto arrumado. Se eu arrumar ele hoje, amanhã já vai estar uma bagunça outra vez. 

  Sabe de uma coisa também? Eu nem me importo. Minha vida não tem mais nenhum sentido. Eu não posso mais confiar em ninguém. Amigas são inúteis. Elas traem a gente. Elas não ligam mais para a gente – nos dois sentidos. Então, de que adianta? Tudo acabou.

 

  Legal, eu tirei mesmo um tempo para mim. Sabe, em que eu fiquei sozinha, totalmente focada naquele bolor no teto do meu quarto, que o meu pai até hoje não teve coragem para arrumar. Deitada na cama, sem esperar realmente por nada.

  Só que, vou te contar uma coisa, isso é MUITO CHATO. Como é que as pessoas dizem que isso faz bem? Só se for para te deixar ainda mais louco. Sério. Eu comecei até a ter alucinações de tanto que fiquei parada e concentrada. Meu cérebro esta doendo, tamanha a concentração. Minhas costas estão doendo. Minhas PERNAS estão dormentes. Acho que eu cochilei. Ficar parada é muito entediante.

  É óbvio que eu não pensei sobre muita coisa – eu já disse que pensar demais não faz bem –, porque, sabe, eu já estava começando a ter pensamentos melancólicos demais. Então eu decidi uma coisa: vou ficar rica (minha nossa, e eu achei que pior do que estava não dava para ficar). É sério. Eu não vou gostar de ninguém, nunca. Gostar faz de você uma inútil, empregada doméstica sem salário, décimo terceiro, bônus nem nada do tipo. Você simplesmente vira uma escrava, da última forma legal que existe. E ainda dizem que a escravidão foi abolida. Sei. Ainda existe esposa, meu bem.

  Então, sabe o que eu vou fazer? Tive uma idéia perfeita. Vou casar com um velho daqueles bem velhos MESMO, quase caindo dentro da sepultura, faltando somente um empurrãozinho para ele já estar morto, e PODRE de rido. Com acordo pré-nupcial, cheio de cláusulas do tipo “em caso de traição, o envolvido terá de doar 80% das ações da multinacional para a esposa” e “em caso de divórcio, o marido em questão terá que devolver à esposa uma indenização no valor de R$ 500.000,00, não sendo isento o pagamento de pensa a cada mês”, etc. E ele vai ter que colocar o meu nome no testamento, é claro. Se não estiver “apto” a fazer isso, pode deixar, eu faço. Sem preocupação.

  Minha vida será perfeita: rica, rica, e rica. O marido gagá é um caso a parte. Nunca vou ter que trabalhar. Jamais. Nem ter que ficar inventando nomes alternativos chiques para um emprego nada chique...

  Os nomes alternativos chiques para coisas essencialmente nada chiques:

1.    Lixão – Departamento de Coleta e Armazenamento de Recursos Renováveis e Não-renováveis.

2.    Granja – Indústria Coletora de Ovos para Alimentação

3.    Sapateiro – Profissional Especializado no Conserto de Calçados

4.    Empregada doméstica – Ajudante Geral

5.    Varredores de rua – Equipe de Manutenção Higiênica do Espaço Aberto.

  Eu sei, passa cada coisa por essa minha cabeça...

  Ainda bem que, agora que eu SEI que ou ser MILIONÁRIA, não preciso pensar mais sobre esse tipo de coisa.

  Meu Deus, como eu estava errada. O que eu disse antes não tem nada a ver! É que, convenhamos, eu tenho uma tendência a tirar conclusões errôneas sobre as situações. Isso não é péssimo. É a PIOR DESGRAÇA QUE PÔDE ACONTECER NA MINHA VIDA. Sabe por quê? Alguém tem a MÍNIMA idéia? Não, ninguém tem.

  Pois é, a Cynthia – você sabe quem é a Cynthia, não sabe? Aquela que DEVERIA ser minha amiga, mas que é uma TRAIDORA – está namorando. O que aconteceu foi o seguinte, ela já estava a fim do garoto fazia muito tempo. Eu é que fui lerda demais para notar. Só que o grande problema é que o menino TAMBÉM COMEÇOU A GOSTAR DELA. É sério. Ela acabou de me ligar – ah, agora você está falando comigo, não é Cynthia? Deixa estar. Vingança é um prato que se come... Bem, do jeito que você quiser comer –, e contou tudo. Como se eu realmente quisesse saber de como “ele perguntou para mim se eu gostaria de namorar com ele” e como “ele foi pessoalmente pedir permissão para os meus pais”. Só tenho uma coisa a dizer sobre isso: Eca. Eca de verdade.

  E então ela perguntou se – e eu quase ouvi a frase “agora que eu voltei a me interessar por você” – queria sair um dia desses com ela. Só nós três. Só que tem um problema: se vai sair EU e ELA como é que pode ser nós TRÊS? Será que eu contei errado? E também, ela deve estar com algum problema mental – ela deve, não. Eu SEI que ela está e também sei QUAL É – para me chamar para sair assim. Ela nunca sai. Nunca.

  É Jessica, agora é o seu fim mesmo. Volte para o seu marido-velho-rico-passaporte-para-o-mundo-perfeito.

  Acho que dessa vez vou me matar de verdade.

  A grande pergunta que eu deveria estar fazendo para mim mesma é: por que eu disse ‘tudo bem’ quando ela perguntou se eu queria sair um dia desses? Porque, eu sei, sou uma idiota. Uma imbecil. E o meu estado atual comprova isso perfeitamente.

  Eu já disse que não gosto muito de ir no shopping? É, eu não gosto. Acho que eu também já disse que prefiro ir ao shopping com as minhas amigas do que com os meus pais. Tudo bem, retiro tudo o que disse sobre isso. Não tem NADA de legal em ir ao shopping com a sua amiga. E o namorado dela.

  Eu vou ficar calma. Totalmente calma, completamente calma. Acho que depois disso vou começar a fazer mesmo meditação.

  Estou tentando ser legal. Estou tentando de verdade. Ser... compreensiva com essa situação toda, entende? Mas não é fácil. Não é nem UM POUQUINHO fácil.

  E, sabe de uma coisa? Quando você precisa que a sua mãe seja uma chata e mandona total, ela nunca é. Eu NÃO limpei o quarto. Ela disse que se eu não limpasse ia ficar de castigo. Sem televisão, sem computador, sem... qualquer coisa que uma menina sem nada o que fazer faça.

  Então perguntei para ela se eu podia ir com a Cynthia no shopping. Com a Cynthia E o mais novo namorado dela. E a minha mãe DEIXOU. Sabe, eu acho sinceramente que ela fez isso de propósito, por ser castigo MAIOR do que qualquer outro. Eu esperava que ela dissesse não. Eu tinha esperanças. Coitada de mim...

  Por que você NÃO PODE confiar na sua mãe:

1.    Ela pode mentir descaradamente para você. Como, por exemplo, dizer que você, a menina mais gorda e horrível da face da Terra, é bonita. Porque ela é sua mãe. Ela quer te fazer sentir melhor. Só que desse jeito NÃO DÁ CERTO.

2.    Ela tem lapsos de humor MUITO freqüentes. Uma coisa que eu chamo de TPM Permanente. Ou seja, se você falar com ela agora e estiver tudo bem, no outro minuto pode não estar.

3.    As amigas dela são umas loucas. E podem colocar as loucuras dentro da cabeça dela, e daí vai começar a fazer umas coisas muito esquisitas tipo terapia espiritual e Yoga. E isso não é legal.

4.    Ela fala mil e uma coisas sobre como vai brigar com os pirralhos dos  outros que forem em casa fazer bagunça. Mas não fala absolutamente nada e quando você fala, ainda fica sendo a vilã da história.

5.    Sua mãe pode ter uns planos muito cruéis para te fazer pagar por não ter arrumado o seu quarto, ou limpado a cozinha direito. Tipo mandar você sair com um casal apaixonado onde com certeza vai ser hiper divertido ficar andando do lado de gente que parece ter problemas mentais.

  Ando devagar ao lado desses dois. O que eu não daria para estar enfurnada dentro de casa, de castigo... Essa melação toda me enoja. Acho que vou vomitar.

  Está tããão legal aqui. Demais.

Imagine a cena: três pessoas, duas de mãos dadas olhando uma para a cara da outra e sorrindo como se estivessem no dentista. A outra pessoa – que, neste caso, sou eu, está um pouco afastada, pedindo mentalmente para um raio cair sobre sua cabeça. Cara de poucos amigos. Na verdade, não é só a cara.

  – O que você tem, Jess? – pergunta Cynthia. – Está tão quieta hoje.

  Eu não vou dar um soco na cara dela, não vou

  – Estou ótima – respondo, com sorriso mais falso que eu já vi na vida. Se você for ver, estou até me esforçando um pouco. Porque, veja o que se passa na minha mente:

  O que você tem, Jess? Está tão quieta hoje.

– O que eu tenho? Você ainda tem a coragem de perguntar O QUE EU TENHO? Ah, nada. Nadinha mesmo. Só estou aqui, dando uma de idiota, ficando de vela para vocês. Mas, tipo, estou ótima. Obrigada por perguntar.

  Mas é claro que eu não falo nada disso. Porque sou uma pessoa consciente. Super consciente que tem muita gente aqui para testemunhas o assassinato da minha amiga.

  A idéia é essa, eu vou fingir ir ao banheiro, então eu dou um jeito de fugir dessa. Isso. Vai dar certo, tem que dar.

  Não deu certo. Esses dois querem ficar me fazendo pagar esse mico aqui, tenho certeza. Não desgrudam um segundo de mim. Qual é, eu sou a prisioneira agora?

  – Gu, vai comprar um sorvete para a gente?

  – Claro, amor.

  Amor. Ele chamou ela de amor. Cara, eu não tenho o estômago forte, não.

  – Tudo bem. Agora diz o que você tem – diz a Cynthia. Ela está com aquele olhar obstinado que eu conheço tão bem. Tradução: se for para correr, é agora.

  – Eu? Nossa. Você está delirando, Cyn. Não tem nada de errado comigo.

  – Ah, é? Então por que você está com essa cara de quem comeu e não gostou?

  – Bem, eu ainda não comi nada, logo.

  – Não me venha com essa não, Jessica. Eu quero saber o que é, e você vai me dizer.

  Céus, o que o amor não faz com as pessoas. A Cynthia nunca foi assim. Nunca me colocou contra a parede desse jeito. E nunca falou DESSE JEITO comigo.

  – Legal. Quer saber o que eu tenho, não é? Pois bem. Eu vou dizer: não tem nada de legal em ficar de vela para vocês, tudo bem? Nada. Você só fica falando com o Gu o tempo todo enquanto eu fico parecendo uma palhaça atrás de vocês.

  Ok, acho que eu fiquei um pouco nervosa. E disse coisas demais. Mas é a mais pura verdade. A mais pura.

  Os olhinhos dela enchem de lágrimas. É isso que eu mais odeio nela. Qualquer coisa já a faz chorar.

  – Você... Você está é com ciúme. É isso. Porque agora tem que me dividir com o Gustavo. Só que você vai ter que aceitar isso, porque eu não vou escolher entre vocês dois.

  Rá-rá-rá. Eu, com ciúme? Tem pessoas que se acham tão importantes.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então? Ficou legal? Ultimamente escrever Jessica está sendo o maior sacrifício (não ando realmente com humor para escrever coisas divertidas). Mas eu fiz um ENORME esforço e saiu... bem, isso. Preciso MESMO de reviews para alegras minha alma.

BeijoS
Miss Doll