Rumando entre Marés escrita por Catherine


Capítulo 19
19 - e ele deixa-me passar assim ?!




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Vou-te dizer onde estamos neste momento - eu, Annabeth, filha de Atena e Zoey, filha de Gaia -. Richmond, Califórnia. E porque estamos aqui? Bem, simplesmente porque duas horas atrás quando contei a Quíron sobre o meu sonho, a primeira coisa que ele fez foi chamar Argos, e enviar-nos para o aeroporto, enquanto gritava boa sorte ao longe sentando numa cadeira de rodas, escondendo o seu enorme e gordo traseiro de cavalo. Agora vos pergunto companheiros, isto é ou não é um género de novela mexicana? Sério, eu só esperava o Quíron aparecer com o lencinho branco enxugando o canto do olho enquanto acenava para nós - e mais tarde fazia a dança da vitória.

- e agora ? - perguntou Zoey enquanto nós espreitávamos pelos arbustos na direcção do hotel. Vários monstros estavam na frente e demorou alguns minutos depois de chegarmos ao local para notarmos que todos os ocupantes, e inclusive a recepcionista, eram monstros ou semideuses filhos de deuses menores.

- eu sei lá, o cérebro principal aqui é a Annie - respondi dando de ombros. 

- ahm - Annabeth ficou com aquela expressão esquisita que sempre tinha quando pensava e murmurou algum palavrão em grego para si mesma antes de voltar a cabeça para nós duas - eu acho que a única maneira é eu e a Zoey distrair-mos os monstros, enquanto tu entras e trazes a Thalia de volta.

- acho que te esqueceste de algo - respondi enquanto ela franzia a testa - junto da Thalia está o meu pai e Céos, além de Zack é claro - mordi o lábio e Annabeth pegou um chapéu do bolso, olhando significantemente para nós.

- continua a ser a única forma, vais ter que passar por eles de uma maneira ou outra, lá dentro, é cada um por si, eu e a Zoey trataremos dos monstros e dos outros, e tu tratas do teu pai, Zack e Céos - informou com uma voz determinada - temos que trazer Thalia de volta, hoje é o nosso ultimo dia - e com isso, desapareceu bem na frente dos nossos narizes. Ouvi os seus passos, e minutos depois, vários monstros começavam a desaparecer em poeira dourada. Zoey avançou de seguida, erguendo ramos e raízes, prendendo os monstros e apertando-os de tal maneira até que explodissem. Resolvi ajudá-las por breves minutos, e criei bolhas de água em torno nos monstros, encarando com algum receio que criassem guelras e pudessem respirar debaixo de água - ou parecessem um cocktail colorido. E ao sinal da Annabeth parti para dentro, acertando alguns monstros com Atlantis e correndo rumo ao primeiro andar.

Olhei pela janela vendo Hécate personificar-se na frente de Zoey enquanto Annabeth era cercada pelos monstros, arfei, mas senti o meu coração ficar leve ao ver vários animais rompendo da floresta e atacando, aos sinais da filha de Gaia. Isso pareceu irritar Hécate, e foi quando me lembrei de algo, procurei os pequenos frascos na minha bolsa e li as inscrições. Sorri pensando que as poções de Hécate se voltariam contra ela, e abri a janela - Zoey ! - gritei enquanto lhe lançava um pequeno frasco dourado - ela pegou com facilidade, e sorriu ao ler “protecção e inteligência divina”. Agradeceu com um aceno breve e bebeu de imediato, voltando os seus olhos extremamente verdes para Hécate e sorrindo de canto.

- Serina - senti o meu corpo tremer e voltei-me para encarar o meu pai. Estava no final do corredor, encostado á parede de braços cruzados, com uma expressão divertida no seu rosto - temos mesmo que lutar? Sabes que não vais ganhar, afinal, tens os mesmos poderes que eu, criança, e ambos sabemos que são de níveis diferentes - eu não respondi e apenas me livrei de Atlantis, sabendo que não seria inteiramente necessária numa luta com meu pai.

Semicerrei os olhos ao mesmo tempo que ele se afastava da parede e erguia os braços. Um tridente prateado com pequenas pérolas azuis escuras apareceu na sua mão esquerda e antes sequer que eu pudesse reagir, uma enorme massa de água bateu contra o meu corpo, empurrando-me para a parede com violência.

Tentei mexer-me, mas nada. Eu não conseguia mover o meu corpo, e o meu pai parecia excessivamente feliz com isso, enquanto eu ficava ali, imóvel, dentro de uma massa de água, apenas me livrando do afogamento por respirar debaixo de água como se estivesse em terra. Deuses, ele havia-me prendido na água, e eu nem sequer era capaz de me mexer. Os meus poderes herdados de meu pai era inúteis contra ele mesmo, eu apenas tinha uma hipótese.

- desiste Serina, sabes que esta luta não vai levar a lugar nenhum - sorriu - eu sou um titã, e tu não passas de uma semi-titã, os nossos poderes não se comparam.

Bem, aqui vai tudo ou nada. Pensei enquanto fechava os olhos e sentia a minha temperatura começar a aumentar. A água aquecia juntamente comigo, mas eu não assentia, era como se fizesse um suave formigueiro na pele. Abri os olhos sentindo-os ganharem uma cor avermelhada, e na hora que consegui cerrar o punho, a massa de água criada por meu pai explodiu, deixando-o com uma cara entre o furioso e surpreso. Ergueu o tridente no ar girando-o com as duas mãos, invocando uma enorme quantidade de água, porém desta vez eu estava pronta, e elevei a minha temperatura de tal maneira, que antes da água entrar em contacto comigo, já havia evaporado. Oceanus sorriu de canto e bateu com o seu tridente no chão. Eu senti o ar em minha volta queimar, e realmente teria receio de que a minha pele entrasse em combustão juntamente com o papel de parede do hotel, que havia ficado em cinzas.

O meu pai estudou-me por um tempo antes de suspirar e fazer o seu tridente desaparecer. Franzi a sobrancelha encarando-o e este sentou-se no meio do corredor, batendo de leve no chão ao seu lado, para que me juntasse a si. Relutante, notei que a sua expressão era séria porém divertida. Bufei e baixei a minha temperatura a um nível normal, aproximando-me e sentando-me de pernas cruzadas na sua frente.

- estás disposta a lutar comigo, apenas pelos deuses ? - perguntou curioso.

- e pela Thalia - frisei, lembrando-me de que tinha a missão de a salvar.

- certo, e pela filha de Zeus - adicionou desinteressado antes de abrir um sorriso sombrio - porque o fazes? Não és obrigada, podes juntar-te a nós - concluiu.

- pelos meus amigos - respondi sem hesitar.

- e o Zack ? - questionou erguendo a sobrancelha. Eu abria  boca para lhe responder, porém, na verdade, não sabia exactamente o que dizer. Céus, eu tinha certeza que uma parte de mim, ainda gostava dele, e essa parte, poderia saltar para fora a qualquer momento.

- não sei - respondi encarando os seus olhos da cor dos meus. Oceanus suspirou e levantou-se, estendendo-me a mão para que auxiliar. Encarei-o após estar levantada, e esperei que falasse.

- espero que faças a escolha certa, Serina, seja qual for, estarei do teu lado - e antes mesmo que eu pudesse responder, o meu pai desapareceu numa fumaça azul, deixando-me o caminho aberto, e claramente me dizendo que estaria do lado que eu escolhesse. Forcei-me a não chorar e avancei em direcção ao quarto onde Thalia era feita prisioneira, agradecendo mentalmente a meu pai.


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Notas finais do capítulo

Hey pessoal (:
Espero que tenham gostado :D
Pessoalmente, este nao é um dos meus capitulos favoritos -.-'
Porque estou louca para a parte em que o Zack entra :O
Mas bem, ainda faltam dois caps para o final da temporada ;D