Capítulo 13: Sangue Nobre, Sangue Puro, Sangue Intocável

“Deuses são puros. Nobres jamais serão puros. Mas Deuses são nobres. Como, então?”

A floresta lhe parecia incrivelmente assustadora. Os galhos e folhas das árvores faziam barulhos que a fazia olhar para trás de cinco em cinco minutos. Mesmo assim, não desistia. Continuava andando atrás das vozes que ouvira tempo atrás. Quando olhou para baixo, viu um pouco de sangue e parou de andar. Se agachou e passou a mão nele.

- Isso foi feito há pouco tempo...

Começou a ouvir um som estranho e olhou para trás. Ali estava um “lobo”, grande e feroz, pronto para atacá-la. Nisso, começou a correr.

- Droga... O que eu faço agora? Eu ainda não sou forte o bastante para matar um bicho daqueles!

- Droga... Eu vou ter que esperar todo esse tempo?

Gabriel estava sentado sobre uma cadeira de aeroporto, esperando pelo seu voo.  O voo que só decolaria ás 4 (e eram apenas 11:45).

- Só espero... Que ninguém me siga...

Ficou pensativo por alguns minutos. Algumas mulheres estavam passando por ali e não paravam de olhar-lo (/ele é realmente bonito/). Ele percebeu e sorriu de volta. Pegou suas coisas e se levantou.

- Ah, que se dane. Eu sou o mais forte mesmo... Eu acho

# Estavam Gabriel, com uma aparência de um menino de 12 anos, e um homem mais velhos juntos, conversando em um belo quintal florido.

- Ouça bem Gabriel, há três tipos de vampiros: a raça do comum, a do sangue nobre e os intocáveis. Os comuns são vampiros que eram pessoas normais e foram machucadas por um tipo de vampiro qualquer. Os de sangue nobre também são chamados de “servos”, pois receberam o sangue de um vampiro com poderes superior e têm de segui-los. Já os intocáveis são os mais poderosos de todos. Entendeu?

Gabriel folheou algumas páginas do caderno que segurava.

- Me disseram que são quatro tipos, não três...

- Bem... De fato eles são quatro. A quarta raça não é considerada por alguns por ser muito rara. É a classe dos vampiros de sangue puro. São pessoas que tiveram seu sangue sugado por um vampiro intocável e sobreviveram. São muito fortes, mas para se alimentarem, precisam consumir não só sangue, mas também do corpo da pessoa.

- Mas como eles tem sangue puro se são mordidos? Mordidas podem infectar, não podem?

- Bem... Digamos que vampiros não são e nem fazem tudo que pensamos...

- ? #

- Ainda bem que eu não sou “puro”... hehe

- Tsuki?

Umi acordou rapidamente e com a respiração ofegante. Estava realmente fraco e cansado. Olhou para os lados e não viu Tsuki.

- Pra onde que ela foi, hein?

Sentou-se. Ficou sem saber o que fazer, porém quando ia se levantar, viu algo escrito na areia ao seu lado.

“ Eu vou pegar um pouco de água e já  volto”

- ...

Tsuki corria desesperada, e seria alcançada rapidamente.

- Droga, droga... Eu vou morrer!

Um medo horrível a invadia por inteiro... Era como se realmente fosse morrer.

“ Putz, ne-san, você não sabe fazer nada direito sem mim mesmo, né?”

“ Você... Você de novo!”

“ Hum... Você ainda não se esqueceu da minha voz. Bom. Tem que ser assim mesmo. Se você se esquecer de novo eu te mato, ouviu?”

“ Claro que eu não esquecer! Você que me pôs nisso! Vou morrer por sua causa!”

“ Minha causa? *risada de vilão* Ne-san você que quis vir aqui. Eu só te ofereci a recompensa”

“ Recompensa?”

“Isso mesmo. Se você matar aquele bicho, poderá proteger Umi de verdade!”

“ E... Como eu mato aquilo?”

“ Huhu... Feche os olhos”

Ela fechou os olhos e os abriu logo depois. Estava tudo escuro em sua volta, como naquele dia. Olhou para frente e viu a mesma garota de antes. Esta, ao ver Tsuki, deu um largo sorriso.

- Me dê a sua mão.

- O que vai acontecer se eu der?

- O que vai acontecer? Bem... Vejamos... Você não irá morrer.

- ...

- Está com medo de que, ne-san?

- Ok, ok. Mas você não vai mais me chamar de ne-san, ok?

- Que pena. Eu gosto de te chamar assim. –Brincou.

As duas juntaram suas mãos. Algo negro saiu da mão da garota e começou a envolver Tsuki.

- O-o que é isso..?

- Não se preocupe chefinha. Isso só vai durar alguns estantes...

Tsuki abriu os olhos. Seus olhos agora estavam com uma cor de azul reluzente e seus cabelos haviam escurecido. Parou de correr e esperou o lobo a alcançar. Ele vinha correndo, mas em um instante, ela já estava atrás dele e o chutou. Ele bateu em uma grande árvore e caiu no chão, desmaiado. Tsuki põe a mão no rosto.

- Caramba... Isso fui eu?

“Pois é, né chefinha. Eu só te emprestei minha força, rapidez e coragem. Por isso que você não ta com meus lindos dentes.”

“Eu pensei que você ia dominar minha mente ou algo assim...”

“Eu ainda não posso fazer isso... Assim como você ainda não pode ser forte”

Ela olhou para o lobo caído.

- Mas eu... Já o derrotei.

“Eu não disse que ELE era o bicho”

“Hã?”

Ouviu alguns passos. De trás de uma árvore, saiu uma garotinha, de cabelos longos, lisos e quase brancos. Seu olhar era vazio.

- Ela quis dizer... Que eu sou o bicho.

- ... Quem é essa?

A garota olhou para o animal.

- Parece que te acertaram em cheio, tanuki-chan...

- T- Tanuki? Peraí, isso daí não é nenhum tipo de bichinho! E você não devia andar sozinha por aí! É perigoso, viu?

A garota começou a andar em sua direção.

- A única coisa perigosa aqui... Sou eu.

Tsuki dá um passo atrás.

“Será que ela... Também é um vampiro?”

- Você...

- Eu não sou o que você está pensando.

- ...

- Eu não posso ser considerado um vampiro.

Tsuki ficou assustada ao ver que a garota lia seus pensamentos.

- O que você é então?

- Apenas alguém que não se satisfaz só com sangue... Sou um vampiro de sangue puro.

Tsuki ia cada vez mais para trás.

- Não precisa ter medo, one-sama.

“Outra que me chama de irmã?”

- Eu só queria te pedir um favor...

- Sim...

- Por favor...

Ela tira uma faca do bolso e a segura fortemente pela parte cortante, fazendo um pouco de sangue escorrer.

- ... Me mata.

Ela olhou para aquele sangue.

- P- por... Por que?

- Eu... Eu não quero mais ferir as pessoas...

- Mas...

- Eu matei as pessoas por muitos anos... As matava e as comia... Não sobrava nada delas...

- ...

- Ne-sama... Eu vi de longe... Que você é como eu... Você também quer ajudar alguém, não é?

A garota de repente começou a sorrir, como se segurasse as lágrimas. Tsuki apenas olhava, sem saber o que falar.

- Você também... Acaba machucando todos... Né?

Tsuki abaixa a cabeça.

- ... Sim.

- ... Então me mate e beba o meu sangue. A única função de um vampiro de sangue “puro” é despertar a força dos “Deuses”.

- D- deuses?

Ela jogou a faca em frente de Tsuki.

- Se você fizer isso por mim...

Ela começa a chorar, com o mesmo sorriso e olhar vazio no rosto.

- ... Então eu vou ser útil a alguém pelo menos uma vez na vida!

Tsuki continua de cabeça baixa.

- Mas... Eu... Eu não posso matar mais ninguém...

- Você não tem que ficar forte para proteger alguém?

- ...

Ela pegou a faca e andou em direção à garota.

“Eu sei que isso é errado, mas eu quero proteger-lo. Proteger a pessoa errada. Quero ganhar poderes de forma errada, quero lutar de modo errado. Seu pedido não é certo, não é justo. Mas se eu quero vencer... Vai ser do jeito errado.”