Capítulo 12: Anjo Negro

“Você sabia? Mulheres também têm asas brancas. Com elas, protegerei você. Porque agora é a minha vez.”

- Desculpa, eu nos meti na floresta e fiz a gente voltar para a praia. Andamos à toa.

A noite chegara e a escuridão do céu era clareada pelas centenas de estrelas. O mar estava calmo e quase não fazia ondas. A lua encostava-se a ele. Era o centro das atenções, brilhava e estava muito mais bela que o mar. Umi e Tsuki estavam deitados, um ao lado do outro, olhando para cima. Não havia mais ninguém lá. Apenas a lua e o mar.

- Tudo bem. Seria assustador dormir naquela floresta. E foi bom a gente ir lá. As pessoas não nos viram.

- Sim...

- Umi.

- Sim?

Ela se virou para o seu lado.

- Você não tem que me matar?

Ele não se virou, apenas fechou os olhos.

- Essa também não é a sua missão?

- Sim, mas... Não tem como eu te matar, não sou tão forte quanto você.

- Eu discordo. Você não tem idéia de seus poderes.

- .... Umi...

- O que foi agora?

- Por que você não me mata?

- ... Porque eu...

Ele olhou para ela.

- ... Prometi a mim mesmo... Que queria te proteger...

- Prometeu?

- ... Sim... Eu não sei porque, mas sinto como se tivesse feito essa promessa há muito tempo atrás...

- E por causa disso... Você vai me proteger? –Ela se sentou. –Você não liga que as outras pessoas morram? Você não liga de correr perigo? Você vai jogar tudo fora só para proteger alguém que não conhece?

Ele se levantou, sentou-se em frente a ela e pôs a mão em seu rosto.

- Eu te conheço.

Ela ficou corada.

- Aquela hora em que eu falei que não lembrava de nada da minha vida... Eu menti. Há muitas coisas que eu não me lembro... Mas... Eu sei que eu te conheço. Eu não ligo pros outros... Quero te proteger... Só isso.

Ela, ainda corada, apoiou as mãos no chão, em frente a seu corpo. Com isso, se aproximou ainda mais de Umi e olhou nos olhos dele.

- Então... Deixa eu te proteger.

- Que?

- Deixa eu te proteger... Eu também sou forte, não sou? Posso muito bem proteger você.

- Mas não precisa...

- Você sabia? As mulheres têm asas brancas como as dos anjos. Sem perceber, nós protegemos as pessoas que amamos.

Ela segurou a mão dele.

- Deixa eu te proteger também. Se você prometeu, eu também prometo. Eu irei te proteger com as minhas asas. –Estava super envergonhada. –Com minhas asas negras... Eu irei te proteger!

Ele ficou sem reação.

- Asas negras?

- Claro... Afinal, eu sou um vampiro.

- Certo.

Eles se deitaram novamente.

- Ah... Que gostoso viajar de navio! –Karin sorria de orelha a orelha. – Pena que vai durar só dois dias...

- Por que ele veio junto? –Kira apontou para Seth, um vampiro que trabalhava com eles.

- Não pergunte as coisas como se eu quisesse vir, idiota. –Ele era muito bonito, mas aparentava ser facilmente irritado.

- Porque ele vai ajudar bastante. Seria bom levar mais gente, mas vai criar suspeitas para os nossos inimigos.

- E ele também serve para vermos se Tsuki ainda está viva. –Frank também estava lá. –Se ela morrer, ele também irá.

- Entendo...

- Espero que ela esteja bem... Estou preocupada.

- Sinceramente, acho que estou mais preocupado com Umi do que com Tsuki. –Disse Kira, olhando para a Lua em sua janela.

Enquanto isso, as pessoas que estavam no avião andavam pelo outro lado da ilha. Não havia praia daquele lado, pois logo após o bosque, estava um penhasco que dava para o mar. Eles não sabiam o que fazer, então tentaram voltar para a praia, mas se perderam.

- Olha lá gente, tem algo se mexendo ali. –Falou um japonês.

Todos olharam para ele, sem saber para o que ele estava apontando.

- Alguém aqui fala japonês?

Ninguém respondeu. Uma criança aproximou-se a grande moita em que o homem apontou. Ela foi puxada para dentro dela.

- Sofía!

A mãe da garota correu até ela e foi pega também. Ouviram-se gritos vindo de dentro dela e todos se desesperaram. Algo negro e grande saiu da moita, cheio de sangue na boca. As pessoas começaram a correr, mas foram todas pegas. Uma garota de cabelos longos, lisos e cinza se aproximou.

- Que coisa feia, tanuki-chan...

Ela, com o olhar baixo, começou a fazer carinho no “lobo”. Ele era três vezes maior que ela.

- Você estava com fome, certo? Afinal, hoje é noite de lua cheia... Mas você poderia ao menos não ter estraçalhado essas pessoas...

Ele abaixou a cabeça e saiu. Voltou com o corpo de um menino, praticamente intacto. O pôs no chão e ela se agachou.

- Ah... Entendo... Você deixou este para mim, né? Mas eu não estou com fome ainda, tanuki-chan.

Tsuki olhava para Umi. Ele dormia como se fosse um anjo. Mesmo com seus magníficos olhos azuis fechados, ele era muito bonito. Tsuki sorria só de ver-lo.

“Será que todo vampiro é assim?” Pensava.

Mas ele estava um pouco diferente de algumas horas atrás. Parecia mais pálido e mais cansado. Dormia como uma pedra, sem se mexer. Ela se sentou ao seu lado e foi aproximando seu rosto ao dele aos poucos, corada. Algumas mechas de cabelo caíram ao lado do rosto dele. Quando estava perto de tocá-lo, se afastou de Umi.

“O que estou fazendo?” Sentou-se e abraçou suas pernas. “Tudo bem que eu goste dele, mas isso...”

“O-ne-san..”

Ela se assutou com a voz em sua cabeça. A conhecia bem.

“O que é isso?”

“Você quer... One-san... Você quer...”

“Quero o que? Por que não sai da minha cabeça?”

“Com suas asas negras... Você quer protege-lo certo? Mas, ne-san, isso não vai dar certo...”

Tsuki segurou sua cabeça.

“Saia da minha cabeça...”

“Você ainda não tem essas asas, ne-san. Umi irá te matar no final, sabia? Você precisa daquilo... Sim, você precisa...”

“Mas o que...”

“Apenas escute.”

De repente, a audição dela fica mais aguçada e começa a escutar gritos vindo do outros lado da ilha. Olha para Umi.

- Desculpa Umi.

E saiu correndo.