Make Me Wanna Die escrita por Aphroditte Glabes


Capítulo 5
Capítulo 4- Outras Surpresas - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Gente, o capítulo tava enorme, então decidi fazer mais uma parte!



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-Acorde dorminhoca! – riu Taylor, prendendo os cabelos em uma longa trança – Temos esgrima agora com o pessoal do chalé de Poseidon.

Gemi.

-Eu sei, é um saco. Pegue essa espada. Era minha mas os caras do chalé de Hefesto fizeram uma pra mim.

-Obrigada – murmurei levantando.

Os garotos já haviam saído, por isso pude me trocar ali mesmo. Pus a camiseta do acampamento e uma calça qualquer.

-Pronta? – perguntou Gabriela saindo do banheiro, com os cabelos penteados em um rabo-de-cavalo, apenas de calcinha e sutiã.

-Não – admiti.

-Ninguém está no primeiro dia – ela concordou – Eu, por exemplo, paguei o maior king-kong. Eu não sabia o que era florete. Mas eu só tinha oito anos.

Arqueei as sobrancelhas.

-Você sabe o que é florete não é? – ela perguntou.

-Claro – respondi rapidamente.

-Pelo menos os garotos nos dão alguma privacidade! – murmurou Jennifer quase mergulhando no seu armário.

-Cuidado! Cuidado! – disse Gabriela teatralmente – Cuidado com meias e sutiãs voadores!

Rindo, Jennifer jogou uma meia em Gabriela, que a pegou e jogou de volta. Sorri e sentei na cama, sem esquecer da garota do sonho.

                                                     •   •   •

-Pronta? – perguntou Lucas, brandindo a espada.

-Todos nos seus lugares! – gritou o instrutor, Percy Jackson.

-Na verdade, não – respondi, corando.

-Não se preocupe...

-Levante um pouco a espada – disse Percy, puxando meu braço para cima – Não tanto...

Depois de vários minutos, finalmente consegui acertar a posição da espada.

Plim.

Esse foi o barulho que deu quando minha espada, pesada, bateu contra a de Lucas, que estava firme. Primeiramente ele fez isso devagar, depois com mais intensidade. Em quinze minutos, eu estava banhada de suor.

-Posso descansar um pouco?

-Não – respondeu rudemente o professor Jackson.

Gemi.

-Venha – disse Lucas – Pegue a espada assim... isso! Leve-a ao lado do corpo para girar, passe-a por baixo e bata na minha. Isso ajuda quando se luta, movimento surpresa. Você pode improvisar também...

Fingi que iria ataca-lo, mas então puxei a espada para o lado e girei, passando-a por baixo e batendo rudemente minha espada na dele, que saltou assustado para trás.

-O que? – perguntei, com a espada levantada.

-Ahn, Julie?

-Sim?

-Foi meio... perfeito, seu giro.

Meu queixo caiu.

-Aquilo foi perfeito? Você está mesmo bem?

Ele fechou a cara.

-É sério, ficou bom. Tente de novo.

Tentei. Deu certo? Não.

-Quem sabe amanhã consigo?

-Quem sabe! – ele concordou.

                                                         

                                                        •   •   •

-Julie – disse Charity, quando passei pelo chalé de Hermes – Julie.

-Oi – eu disse me abaixando para cumprimenta-la – Tudo bem com você?

-Sim – ela disse alegremente – Grace me ensinou a atirar com arco-e-flecha.

-Sério? – perguntei tentando parecer admirada.

-Sim - ela disse feliz.

Então estávamos caminhando, ela me contava o que Grace contara a ela. Parecia que minha irmã estava aprendendo tudo sobre mitologia grega com a amiga de Brad. Quando estávamos perto do lago, ela sentou na beirada.

-Eu odeio água! – ela exclamou, com os olhos fixos nas nuvens.

-Também não gosto – murmurei fechando os olhos e memorizando a forma das nuvens. Ficamos ali por uns cinco minutos. Quando abri novamente meus olhos, as nuvens estavam de outra forma. Sorri. Essa era a brincadeira preferida de Charity, que eu também começara a usar.Levantei-me.

-Onde você vai? – indagou Charity.

-Vou ali... CHARITY – gritei o nome dela quando uma bola de vôlei bateu nas costas dela, empurrando-a para o lago – CHARITY. Brad, ajude! – eu ficava gritando.

Brad apareceu, pálido, ao meu lado. Ele tirou a camisa e jogou-a em mim (eca, odeio camisetas suadas de garotos) e então pulou no lago.

Fiquei mordendo os lábios, até que os vi emergir. Suspirando aliviada, estendi uma mão para pegar Charity, ela a segurou. Quando tirei Charity, molhada, do lago ninguém estava olhando para ela. E sim para Brad. Porque ele saiu do lago seco. Seco. E um símbolo acima dele brilhava, com uma nevoa verde. Um tridente.

                                                     •   •   •

-Você está bem? – sussurrou Jennifer, enquanto eu estava sentada quase inerte na minha cama do chalé de Hades. Os garotos conversavam animadamente no banheiro sobre uma “Capture a Bandeira”. Taylor e Gabriela também estavam prestando atenção.

-Sabe, isso faz minha mãe uma...

-Shhh – disse Jennifer, me abraçando – Você sabe que ela não teria a intenção...

Eu ri, meio chorosa.

-Sempre pensei em minha mãe como eu exemplo... mas sabe, estou achando ela meio sem exemplo agora.

-É porque você não viu minha mãe! – exclamou Gabriela – Ela era dançarina, por isso ela e papai se conheceram. Depois que eu nasci, ela só ficava reclamando com as amigas dançarinas. “Ah, é por causa da Gabriela que não danço mais! Ah, você sabe, filhos... Ah, meu deus Gabriela, você não sabe que é por sua culpa que eu perdi meu emprego de dançarina?”...

-Nem a minha – disse Taylor, revirando os olhos – Ela não liga para mim. Quando eu era pequena um monstro me atacou e eu me machuquei. Ela não ligou, só me passou o telefone e o numero do hospital. E eu tinha nove anos!

-E a minha? – perguntou Jennifer – Ela casou com um cara filho da puta que rouba todo o dinheiro que ela ganha como garçonete para pagar a TV a cabo dele. Da primeira vez que voltei para casa, nas férias de inverno, eu soquei ele e fui expulsa de casa!

-Bem – eu disse, sorrindo – Acho que minha mãe não é tão ruim...

-Também achamos que não – disseram os garotos, que estavam na porta ouvindo toda a nossa conversa.

-Idiotas – disse Jennifer pegando um travesseiro da sua cama e jogando neles, que estavam só com as toalhas amarradas na cintura.

-Epa, epa! – disse Jack – Não vai querer que solte-mos as toalhas.

-Argh – disse Gabriela – Você é nojento!

-Eu sei – ele riu.

 

                                                    •   •   •

Naquela noite, sonhei novamente com a garota ruiva. Ela estava amarrada, em algo parecido com uma cruz. Os cachos caiam pela frente do rosto, sem o deixar a mostra. A capa estava caída na frente dela, embaixo de seus pés sujos. A calça estava manchada de algo escuro, parecido com sangue. A blusa já não existia mais, haviam apenas alguns farrapos no chão, perto da capa. Sem a blusa, restava apenas o sutiã preto de rendas da garota, que estava com uma alça rasgada. Mas a roupa não era a pior parte.

O cabelo dela estava pingando sangue. O peito estava rasgado, e em alguns lugares os ferimentos já estavam cicatrizando. Dezenas de hematomas cobriam a pele dela. Quando a garota levantou o rosto, pulei para trás. O olho esquerdo não abria mais, estava roxo e amarelo, inchado. O olho direito estava cortado na região do super-cílio, por onde o sangue escorrera pelo rosto dela. Havia um corte profundo na bochecha, que ia da maça do rosto até o queixo. O lábio também estava machucado. E inchado. No corte, o sangue ainda escorria e de vez em quando ele era cuspido na capa.

-Parece que acordou – disse o homem, aparecendo atrás de Julie – Hum, seus cortes já cicatrizaram.

A garota não falou nada. O homem, puxou uma cadeira e sentou-se na frente dela. Suas unhas eram compridas e afiadas, por isso ele usou o dedo indicador para rasgar a barriga da ruiva, que urrou de dor.

-Pare... – ela gemia – Pare, por favor.

-Primeiro – ele disse – Você me conta o que eu quero saber!

-Eu não sei de nada! – ela suplicou, com lágrimas escorrendo dos olhos.

-Não, filinha! – ele exclamou, passando a unha novamente pela barriga dela.

Pus as mãos na boca. Eu não queria gritar, mesmo sabendo que eles não podiam me ouvir.

-Nããão – ela gritava de dor – Por favor, pare. Eu não sei o que você quer, eu não sei do que está falando!

-Claro que sabe! – ele rugia, com os olhos semi-cerrados.

-Não – ela gritava.

Ele bateu com força do rosto dela, então acordei.

Ainda era noite. Eu ouvia o ressonar de meus irmãos nos beliches ao lado. Puxei mais as cobertas para poder me aconchegar melhor no colchão frio. Um zumbido passava pela vidraça entreaberta.

Deitei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos com força. Eu queria voltar naquele lugar para poder ajudar a garota. Com um suspiro, comecei a sentir o escuro a me puxar para baixo, e voltei a dormir.

A garota estava na mesma posição de antes, mas o homem fora embora. Ela gemia baixinho, enquanto gotas de sangue escorriam pela barriga.

-Oi – eu disse baixinho, fazendo-a assustar-se.

-O que...? – ela começou.

-Shhhh – eu disse – Eu quero te ajudar. O que posso fazer?

Ela me olhou com pena.

-Ninguém pode me ajudar!

-Posso te tirar daqui! – insisti.

-Não... ele.... ele vai voltar e se te vir  aqui vai ficar zangado.... – ela estremeceu.

-Não importa – eu disse, correndo para junto dela soltando um pulso e depois o outro. Com cuidado segurei-a junto a mim, e a sentei no chão.

-Obrigada – ela murmurou com os olhos fechados – Mas temo que seja muito tarde...

-Por que?

-Porque meu pai já vai voltar.

-Quem é seu pai?

Ela não respondeu.

-Aquele homem?

Concordou com a cabeça.

-Qual é seu nome? – perguntei.

Ela abriu a boca para me responder, quando senti uma mão grande pousar em meu ombro. Gritei.


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