Sacrifício escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 9
Capítulo 8




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-Tem certeza? –Jared perguntou com os olhos em seus companheiros Quil e Seth.

-Sim. Fui alertado pelas servas que Lady Swan havia desaparecido. Seguimos seu rastro até a fronteira com Voltus, mas não ultrapassamos. –Disse Quil pausadamente.

-Isso é estranho. Por que Lady Swan faria algo assim? De qualquer forma temos de trazê-la o quanto antes. –Seth falou afoito como só ele. –Vamos agora mesmo!

-Não podemos ultrapassar o território. Seria quebra do pacto. Temos que notificar ao Lorde Swan. Só ele pode nos dar autorização. –Falou Jared com pesar.

-Isso pode demorar. Não sabemos o que está acontecendo, mas tenho um mau pressentimento. Se não agirmos rápido... –Quil não terminou a frase e nem precisava. Jared sabia o que poderia sofrer a Swan em território inimigo. Ainda que fosse filha de Lorde Swan, nada poderia garantir sua segurança fora dos portões de Ceres.

-Quil e eu seguiremos atrás de Lorde Swan e sua comitiva. Seth fique aqui com os outros lobos. –Jared falou já antevendo a reclamação de Seth.

-Eu quero ir! –Esbravejou o mais jovem transmorfo, mas Jared não lhe deu ouvidos.

-Sem discussões. Você ficará aqui. Quil e eu procuraremos lorde Swan para comunicar o que houve. –Seu tom de voz decidido encerrou a conversa. Seth observou amuado enquanto seus dois companheiros arrumavam-se para a viagem. Bem... Arrumar não era o termo adequado. Não precisariam levar nenhum suprimento e nem deveriam, viajariam na forma de lobos.

“Estou com um mau pressentimento sobre tudo isso. Espero que encontrem logo os outros. “-Pensou o jovem transmorfo.

...

Seus pertences haviam sido levados por um servo de lorde Cullen. Estava sentada diante de uma penteadeira de madeira de lei, contemplava a própria imagem. Isabella havia sido imprudente e, agora, pagaria pelo seu erro. Ou talvez...

Olhou para o baú. Em seu interior, por debaixo de algumas vestes, estavam às armas cedidas por Billy Black, líder dos transmorfos e grande amigo.

-Essas armas são feitas de pressas, garras e ossos de transmorfos. Deve ser a única coisa conhecida que consegue ferir um vampiro. –Billy levantou um punhal entregando-o a Bella. A jovem o girou na mão, olhando a arma rústica.

-Elas irão servir ao meu propósito... –Um sorriso nos lábios enquanto os olhos castanhos brilhavam ante o que iria acontecer.

Mas a excitação daquele momento em que pegou um punhal feito com presas de transmorfo passara. Olhou para a sua imagem, que considerava decadente. Vestida de preto, como se estivesse em luto, Bella levantou-se. Havia ordenado a Edward e seus lacaios que cuidassem do casamento. Sem cerimônia, sem risos, sem flores, nada.

A lady poderia ser diferente das demais mulheres, mas intimamente queria que tudo fosse diferente. Queria casar-se com alguém especial, ter uma cerimônia digna onde seu pai e sua mãe... Sua mãe... E ao lembrar-se de sua linda mãe, morta por vampiros quando Bella era pequena, Swan teve a energia que precisava para sair se seu aposento.

...

-Está bonito. –Elogiou Rosalie adentrando o cômodo em que Lorde Cullen arrumava-se. Emmett estava lá ao lado do irmão. Edward fechou o ultimo botão de sua sobrecasaca e vislumbrou a própria imagem no espelho de corpo inteiro. Edward trajava vestes finas brancas, botões de sua sobrecasaca e a máscara que cobria sua face, feitas de ouro.

-Emmett, onde está o clérigo? –Edward perguntou descendo do pequeno banco onde até então estava e virando-se para o irmão.

-Já está aqui. Está é a vantagem de haver um clérigo vampiro.

-Avise lady Swan que a cerimônia logo acontecerá e leve-a ao templo. Eu irei para lá neste momento. –Após ordenar a Emmett que procurasse a Swan, pensamentos ao seu redor o sobressaltaram. Sorriu. Via com absoluta clareza, através dos pensamentos de seus servos, o que Lady Swan fazia neste momento.

Trajando um vestido negro, algo totalmente inapropriado para uma cerimônia de casamento, Bella caminhava de cabeça erguida pelos corredores do castelo de Lorde Cullen.

Bella estava decidida de fato. Seguiria com seu plano, sem parar para pensar nos prós e nos contras. Foi com este pensamento “otimista” que Bella seguiu para o salão principal onde, para a sua surpresa, Lorde Cullen esperava.

Seu coração palpitou mais rápido do que em qualquer situação vivida por ela, mas Bella procurou ao demonstrar. Edward, por detrás da reluzente máscara, sorriu ao captar os fortes batimentos da lady.

-Que vestimentas mais estranhas a cobrem, minha lady. –Falou num tom debochado. Seu irmão Emmett e sua cunhada Rosalie vinham logo atrás, belamente vestidos para o casamento. Silenciosamente servos se moviam dirigindo-se ao salão onde ocorreria a cerimônia.   

Isabella virou-se e olhou para Lorde Cullen que caminhava com elegância em sua direção. Aquele ser imponente, vestido de branco dos pés a cabeça, parou sua respiração por alguns instantes.

Pare com isso!, ordenou ao seu corpo, em vão. Não poderia, como uma donzela sonhadora, deixar que a bela imagem a afetasse. Bastou lembrar-se do que existia por detrás da imagem para aplacar os batimentos erráticos do seu coração. Edward era um monstro, ela nunca poderia se esquecer disso.

Enquanto isso Edward sorria por detrás da máscara. As vestes da futura esposa eram incomuns, dignas de luto. Mas algo no olhar desafiador da Swan logo o deixou cauteloso e então Edward transformou no ser sombrio de sempre quando Isabella disse em resposta ao comentário tecido antes por ele:

-E estas vestes brancas, Cullen, são mais adequadas para um arcanjo, coisa que meu senhor não é. O preto lhe cairia melhor do que para mim, os monstros preferem essa cor, não é?

“Ó meu Deus essa humana quer morrer!” –Pensou Rosalie, afastando-se. Ela conhecia Lorde Cullen, sabia que a menção a palavra monstro para ele era o fim de qualquer um. E Edward captou o pensamento da cunhada, claro.

Emmett tentou segurar uma risada, sem resultado. Os demais servos recuaram, temendo a explosão de Edward. Mas Lorde Cullen seria astuto para lidar com Bella. Continuou a caminhar em direção ao templo onde ocorreria a cerimônia com Bella mais a frente.

-Suas vestes são bem adequadas. A cor preta do luto... Antecipando a cerimônia fúnebre que acontecerá logo após o casamento? –Murmurou num tom que deveria ser brincalhão, mas soava mais como uma ameaça. O corpo de Isabella tencionou, mas procurou caminhar casualmente. Edward, com seus sentidos apurados de predador, observava atentamente a humana a sua frente. Ele sabia que sua postura era um teatro, Bella estava longe de estar calma como procurava aparentar. E mesmo sabendo disso, Edward queria mais. Queria ver os olhos castanhos temerosos e ele veria.

-Espere. De acordo com a tradição eu devo entrar primeiro. –Disse, mas Isabella não se deteve e continuou a caminhar após a abertura das portas do templo.

“Está tão ansiosa assim para morrer, humana?” –Pensou. Os servos seguiram a platéia para o espetáculo macabro. Isabella caminhou a passos firmes até o altar. O clérigo a encarou, o desejo inegável. Ela era humana, a única humana no recinto. Bella sabia dos riscos que corria, mas não sucumbiria por nada nem por ninguém. Segurou o punhal feito de ossos de lobisomens por cima do vestido.

“Se eu for atacada, morrerei lutando.” –Pensou. Edward postou-se ao seu lado ajoelhando-se. A cerimônia iria começar. Os servos sentaram-se nos bancos de madeira atrás do altar, silenciosos. 

Os pensamentos de desejo do clérigo vampiro foram captados por Edward, graças ao seu poder telepático. O clérigo desejava o sangue da jovem, mal se concentrava no que deveria fazer.

“Este prazer terei apenas eu!” –Sibilou. Seu rosnado foi captado pelo senhor que se endireitou. O clérigo começou o procedimento padrão de uma cerimônia matrimonial. Edward ajoelhou-se no altar, como de pras, mas Bella não. A jovem manteve-se firme, não se ajoelharia para nada nem ninguém.

Claro que a postura de Bella não estava agradando nada Lorde Cullen.

-Ajoelhe-se. –Ordenou num murmúrio baixo para os ouvidos humanos, mas Bella ouviu.

-Por nada desse mundo eu me ajoelharei. Ficarei deste jeito até o final desse teatro. –A jovem Swan disse numa voz firme. Num movimento rápido, Edward capturou a mão de Isabella e a puxou, forçando-a a se ajoelhar. A força empregada impediu Bella de manter-se de pé. Procurou se acalmar. A atitude de Edward, simples, mostrou uma força incrível.

Apenas a voz do clérigo soava no amplo espaço. Bella olhou para frente com determinação, mas por dentro sentia algo ruir. Faltava pouco, muito pouco. Logo ela saberia qual seria o seu destino e o destino de todo o seu povo. E Edward sentia-se triunfante. Pela primeira vez matar alguém lhe causaria prazer.

...

Os lobos corriam pela relva. A chuva que caia pesada lavara o solo ficando difícil localizar o cheiro de seus companheiros lobisomens. Poderiam utilizar a conexão de mentes para localizar outro transmorfo, coisa que tentaram, mas não conseguiram. A comitiva que acompanhava Lorde Swan havia alcançado uma boa distancia de Ceres.

Os lobos correram mais e mais. Não poderiam fraquejar. Sabiam que o tempo estava contado. Lady Swan no território inimigo não era algo bom.

...

-... Eu voz declaro casados. –O clérigo encerrou. –Lorde Cullen, pode beijar sua senhora. –Disse com um sorriso falso no rosto. Edward levantou-se e virou para Bella. Isabella lançou um olhar de ódio para o seu senhor antes de sair porta afora.

Os servos murmuravam constrangidos pela cena desrespeitosa. Edward ignorou. Olhou o vulto de a sua mulher desaparecer, envolta no vestido negro. Moveu-se lentamente, tal qual um humano, em direção a saída. Iria se preparar para muitas coisas, para matar a humana que tanto o provocou e uma luta certa que aconteceria entre Voltus e Ceres.

...

Rezou; algo que não fazia com freqüência. Lembrou-se da mãe, Renée era tão linda! Encontrarei com você esta noite se falhar, pensou. Levantou-se do chão. Caminhou até as grandes janelas e as fechou. Bella respirou fundo.

Logo amanheceria talvez seu pai já soubesse o que estava acontecendo, mas nunca conseguiria chegar a tempo. Bella só poderia contar com a sua força e a proteção divina. Não tirou o seu vestido de casamento, mas cobriu-se com um manto vermelho. Nas mãos uma arma dada por Billy. Procurou esconde-la, afinal só teria uma chance de usá-la. 

Enquanto isso Edward arrumava-se, trocando suas vestes brancas e douradas por um hobby verde escuro, estava nu debaixo do hobby. Não possuiria Isabella como fez com as outras esposas, apenas a mataria.

-Irmão... –Emmett murmurou. Edward já sabia o que o cavaleiro diria.

-Teme os transmorfos, Emmett? –Perguntou ao irmão enquanto olhava a própria imagem refletida no espelho.

-Claro que não! –Esbravejou Emmett. –Eu não me importo com uma briga. Lutarei e matarei quem ameaçar o meu senhor e Voltus, mas... –E na mente de Emmett veio a imagem da esposa Rosalie.

-Não acontecerá nada a ela nem a você. Estou comprando uma briga para mim. Eu não permitirei que ninguém seja punido. –Edward caminhou para as portas que o levariam ao corredor em direção ao aposento de Bella.

-Eu estarei por perto quando... Quando tudo acabar.

Edward já estava longe quando Emmett acabou de falar.

Com sua supervelocidade ficou diante das postas duplas. Entrou sem cerimônia. Bella estava de costas para ele, coberta por um longo manto vermelho. Pôde ver que não havia retirado as vestes negras que usara na cerimônia. Fechou lentamente a porta e viu quando Bella se sobressaltou com o barulho.

-Não se despiu. –Disse aproximando-se de Bella.

-Não havia necessidade. Não pretendo me deixar com um monstro. –Falou numa voz potente.

Edward fechou as mãos em punho. Ele não conseguia ler a mente da Swan por alguma razão, mas vivia com ela o que viveu com as outras esposas tantas vezes.

“Vou secá-la, humana!” –Pensou.

-Eu também não pretendo me deitar com alguém de nível tão baixo. Farei algo muito mais divertido. –Sua boca encheu-se de veneno. Talvez não fosse algo ruim... Beber da humana. Tocou o ombro de Isabella, virando-o. Bella ainda tinha o olhar destemido, mas as mãos suavam. Segurou fortemente o queixo de Bella.

-Olhe para mim humana! Eu serei a ultima coisa que você verá! –Ameaçou. Com uma mão segurava o queixo de Isabella, com a outra segurava sua máscara.

“AGORA!” –A mente de Isabella gritou. Edward jogou Bella na cama e jogou-se sobre ela. Bella manteve os olhos nos olhos rubros de Edward. Ela não viu quando o rosnado de Edward transformou-se em um grunhido de dor. Gritou enquanto afastava-se numa velocidade sobrehumana para o canto mais afastado do quarto.

Lorde Cullen olhou o punhal enfiado em seu abdômen, uma dor lacerante o atingiu. Que diabrura era aquela? Como uma arma conseguiu feri-lo? Seguiu para fora quanto os grunhidos de dor eram substituídos por grunhidos de fúria.

Isabella, até então deitada na cama, levantou-se lentamente. Foi por pouco, pensou enquanto caminhava trôpega até a porta, trancando-a. Encostou-se na porta e escorregou, sentando-se no chão. Fechou os olhos em silenciosa prece sabendo que conseguir ferir lorde Cullen fora um milagre.

Uma noite de vida, logo iria amanhecer. Mas nada estava garantido. Lorde Cullen estava furioso e tentaria novamente matá-la. Bella deveria ficar preparada para o próximo ataque.

“Pode vir!” –Pensou num tom de desafio.


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