Sacrifício escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 10
Capítulo 9




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-MALDIÇÃO! –Gritou a plenos pulmões enquanto retirava o punhal fortemente cravado no abdômen. Emmett, que foi a ala dos aposentos de seu senhor ao ouvir os gritos, estava bestificado com o que presenciara. Lá estava seu irmão, lorde de Voltus, ferido por uma mera humana. Seria uma mera humana? Isabella não era como as outras frágeis mulheres desposadas por Edward.

Furioso como estava pela humilhação de ser ferido, descontou sua raiva na mobília diante de si, destruindo parcialmente seu luxuoso quarto. O maior acompanhou aquela explosão sem saber como proceder.

-VOU MATÁ-LA! VOU QUEBRAR SEUS OLHOS, ARRANCAR SUA PELE E MUSCULOS E... –Fez menção de sair pela porta em que entrara, mas Emmett colocou-se diante dele. –O QUE ESTAIS A FAZER? SAI DA MINHA FRENTE! –Gritou exasperado o lorde, parecendo possuído por algum mal.

-Fico feliz que o meu senhor nada tenha feito a Swan. Não é uma boa ideia.

-O INFERNO QUE NÃO É! ELA É MINHA E CUMPRIREI O MEU DESEJO DE ENVIÁ-LA AO OUTRO MUNDO! –Quando tentou passar pelo irmão e cavaleiro, Emmett fez um movimento, a fim de afastar Edward da porta. Mas o Cullen era um hábil leitor de mentes e pôde esquivar-se das mãos grandes que tentavam impedi-lo de sair. No entanto, Emmett não desistiu e na segunda tentativa conseguiu afastar o seu senhor da porta.

-Emmett, se preza pela tua vida, deixa-me sair. –Ameaçou Edward com os punhos fortemente cerrados. Porém a atitude agressiva não intimidou o maior, disposto a sofrer as mais terríveis conseqüências só para colocar alguma razão no irmão.

-Pense meu irmão. O mar de sangue que seria acaso esta humana pereça. Ainda que a possibilidade de ganharmos dos humanos e transmorfos seja boa, perderíamos dos nossos. Pense em seu povo, meu senhor, como tem feito há tantos séculos! –Apelou para o bom senso que o seu irmão sempre tivera; não é a toa que foi escolhido pelos Volturi para ser o governante de Voltus.

-Sempre pensei em meu povo, Emmett. Minha vontade nunca imperou e quando finalmente desejo algo eu sou proibido. Não ousarei permitir que ninguém me prive do direito de matá-la! –Pegou uma cadeira, lançando-a na parede e fazendo a madeira de lei despedaçar-se com facilidade. Respirava aos arquejos, sentindo a raiva dominá-lo de tal forma que o corpo comportava-se como se ainda fosse um humano.

Emmett sentiu que pouco a pouco o seu senhor parecia mais calmo. Ficou aliviado quando Edward sentou-se na beirada de uma cadeira parcialmente quebrada. Viu o irmão colocar a mão sobre o ferimento feito por Isabella. A ferida não sangrava, mas permaneceria aberta e dolorida por alguns dias, poucos se ele bebesse do sangue de alguém.

-Posso poupar a miserável vida dela esta noite, mas na próxima, meu cavaleiro, terei bebido do seu sangue até saciar-me. Será o sangue daquela mulher que curará completamente esta ferida. –Prometeu.

-Eu espero que até lá a razão o domine, sobrepujando os sentimentos mais baixos que até então dominava a ti, meu senhor. Por hora eu peço que a deixe em paz. Se o desejo de matá-la amanhã não amainar, eu nada farei para impedi-lo. –Caminhou rapidamente até a porta. –E eu chamarei os servos para organizarem seu aposento. –E deixou o local. Contudo, não pôde voltar ao seu posto, pois temia uma recaída do seu irmão. Postou-se próximo ao quarto da lady Swan, disposto a qualquer coisa para evitar um derramamento de sangue desnecessário.

...

Lorde Swan sentiu um sentimento opressor apertar-lhe o peito enquanto as palavras eram proferidas. Não poderia acreditar em tal coisa. Sua preciosa filha, Bella, desaparecida? E o que era pior: de acordo com os transmorfos, que estavam diante de si passando-lhe a noticia, o rastro da princesa de Ceres seguia para Voltus.

-ARRUMEM-SE! PARTIREMOS AGORA! IREMOS ATÉ VOLTUS! –Gritou o Swan, sendo prontamente atendido pelos cavaleiros que o acompanhavam. Mesmo cansado pela viagem desgastante, rapidamente recuperou as energias, não querendo sucumbir por um simples cansaço e perder um bem precioso.

Billy, ao ver a agitação na tenda do seu senhor, e os cavaleiros ao redor arrumando seus pertences, soube o que se passava. Charlie sabia. Sentiu-se mal pela traição acometida contra o seu senhor, mas nada poderia ter feito. Ao ver o Lorde Swan sair de sua cabala e montar o seu cavalo, preparou-se para o momento em que o confrontaria.

-TRANSMORFOS! SIGAM ATÉ A LINHA QUE DIVIDE OS REINOS! SEGUIREI COM A CARAVANA LOGO ATRÁS! –Gritou. Os transmorfos no local olharam para Billy, o líder, esperando pelo seu consentimento. O mais velho nada poderia fazer, assentindo com a cabeça em concordância com a ordem de seu senhor. Explodiram, pedaços de vestimentas por todo o lado, e correram como água de uma forte corredeira pelo prado verdejante.

Jacob, que voltava das proximidades para uma ronda na forma de lobo, captou os pensamentos caóticos do restante do bando.

Isabella... Lady... Em perigo... Território inimigo.

Sentiu o coração parar por alguns instantes tamanho o susto por aquela inesperada noticia. Antes que desse conta estava correndo a toda velocidade ao lado dos seus irmãos, ultrapassando-os sem dificuldade. A raiva começava a consumi-lo enquanto uma parte de Jacob humano pensava no objeto de sua afeição. Bella, amiga de infância e mulher amada, estava em perigo. Ele jamais permitiria que algo acontecesse a ela e, se preciso for, se sacrificaria.

Ao ver o filho com os outros, Billy desesperou-se. Montou em seu cavalo, apressando o animal para correr. Sabia dos sentimentos que o filho nutria e temia que algo acontecesse ao único que restara de sua família. Tinha que alcançar o bando e dar a ordem, como macho alfa, a fim de impedir alguma atitude transloucada de Jacob. Pensou em se transformar, como fizera o passado, mas a magia estava paulatinamente deixando o seu corpo e lhe custava muito uma transformação.

“O que farei? Os outros lobos obedecerão a determinação de Lorde Swan em permanecer na fronteira, mas o meu filho provavelmente seguirá Voltus a dentro!” –Temendo o pior, o mais velho desmontou do cavalo. Ficou parado, de pé, respirando profundamente. Concentrou-se no vento gelado de uma noite estrelada, no barulho que este produzia ao chocar-se contra qualquer obstáculo que encontrava. Pôde sentir um arrepio tomar-lhe o corpo idoso, da ponta dos pés a cabeça. E então ele não sentiu mais nada. Ao despertar, estava na forma de um grande lobo cinzento, com um vigor físico tão bom quanto os outros lobos. O seu cavalo afastou-se, seguindo a comitiva, e Billy correu a toda enquanto ordenava, agora como macho alfa, a ordem.

PERMANEÇAM NA FRONTEIRA! NÃO OUSEM ULTRAPASSA-LA!

A ordem pôde ser ouvida por todos os transmorfos, graças à ligação psíquica que eles tinham. Jacob, ao ouvir a ordem do seu pai, grunhiu furioso. Ele não queria parar, queria invadir Voltus e resgatar Bella. Mas ele nada poderia fazer, uma fez que as ordens do líder não poderiam ser contrariadas. Era mais do que respeito, um impedimento físico iria detê-lo, forçando-o a obedecer.  

E enquanto todos seguiam as pressas para a fronteira que ligava Ceres a Voltus, o Sol começava a clarear o horizonte.

...

Não dormiu. Como poderia diante do perigo iminente? A jovem Swan continuava encostada a porta, segurando outro punhal pegado do baú. Sentia o corpo protestar, desejoso por algumas horas de descanso, mas não se entregou.

Olhou para a grande janela aberta, vendo como o céu estava ficando mais e mais claro. Logo amanheceria, constatou. Levantou-se, seguindo ate os seus pertences e procurando por uma roupa mais confortável. A Swan perguntava-se o que teria acontecido ao pai? Seu estimado pai e o povo de Ceres já sabiam do que havia acontecido? Se souberem, o que fariam? O pai certamente viria até o castelo de Lorde Cullen averiguar se a filha estava viva e, caso tivesse encontrado um cadáver em seu lugar, causaria uma guerra entre os reinos.  

“Se me vir viva talvez acredito que posso lidar com a situação. Espero convencê-lo, pelo menos por hoje, a não fazer nada precipitado.” –Pensou a menina enquanto pegava uma veste que costumava usar demais em Ceres quando precisava treinar. Uma verdadeira afronta vestir-se como um homem, alguns acusaram, mas a Swan não ligava. Deixando de lado o vestido negro e o hobby vermelho, vestiu-se com ceroulas, calças e todo o aparato necessário para cobri-se sem sentir frio, garantindo mobilidade em seus movimentos. Após arrumar-se, pegou a espada, colocando-a presa a cintura, e o arco e flechas, prendendo-os as costas. Parecia preparada para uma guerra o que, literalmente, era verdade. Ela estava cercada de inimigos, monstros ávidos por sangue humano. Precisaria estar preparada para tudo por que, a qualquer momento, poderia ter a sua vida ceifada.

-Que venham os leões. Daniel não pereceu e eu não irei. –Após pensar na metáfora, abriu a porta de seu aposento e seguiu para a saída, encarando o seu destino de cabeça erguida, muito embora suas mãos estivessem tremulas.

Ao longe pôde ser ouvido, apenas para os ouvidos mais apurados como os dos vampiros, uivos e grunhidos. Lorde Swan já sabia e estava disposto a tudo para recuperar a querida filha.


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo sendo escrito... Prévia no meu blog logo logo.