Sacrifício escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 6
Capítulo 5




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-Como foi? Diga-me tudo, cada palavra! –Billy disse em antecipação ao ver Bella passar pela porta de seu cômodo. A jovem caminhou até uma poltrona e sentou-se.

-Eu agi da forma que julguei ser mais adequada. –Falou e um sorriso escapou de seus lábios cheios. Billy a olhou chocado.

-Isabella, o que você fez? –Perguntou com a voz trêmula, perturbada. Bella deu de ombros desviando seu olhar para a janela não muito longe de sua vista.

-Nada demais, não se preocupe. Não acredito que meu comportamento acarretará um conflito entre os dois reinos. Edward Cullen não parece ser burro para fazer tal sandice.

-Ainda sim devemos ser precavidos. O objetivo maior é que seja recusada. Creio que receberemos o comunicado através de um mensageiro. –Billy dizia com um sorriso pouco contido, estava esperançoso que Isabella seria recusada. Ele confiava cegamente que a personalidade ácida de Isabella desagradaria Lorde Cullen e Isabella sabia disso. Isso a deixava insatisfeita. Estava temerosa pouco antes do encontro, mas, após encontrá-lo e reagir bem como queria, desejava muito mais. Desejava infligir dor e sofrimento a ele em detrimento das muitas vidas que ele tirou.

-Irei para meu aposento. Creio que deva começar a organizar meus pertences para regressarmos. –Isabella levantou-se.

-Tenha cuidado. Apesar de sermos quem somos, temos de ser cuidadosos enquanto estivermos aqui. Mantenha suas criadas em seu aposento. Chame-me se surgir alguma emergência. Partiremos amanhã ao nascer do Sol. –Billy comunicou enquanto Bella seguia para a porta. Em pouco tempo estava em seu aposento degustando de uma refeição preparada pelos criados com ingredientes trazidos do reino de Ceres.

“Agora devo esperar. Mesmo que eu seja rejeitada como Billy e meu pai anseiam, eu estou satisfeita por não ter me curvado diante dele. Lorde Cullen agora sabe que nem todos os humanos o temem.”-Pensou com satisfação.

...

-Lorde Cullen, sua decisão deve ser repensada. –Emmett disse ao irmão. Inútil. Edward ainda mantinha-se na mesma posição de outrora encarando o entardecer.

-Minha decisão está tomada e será prontamente acatada. –Disse com a voz ríspida, fruto do encontro estressante que tivera. Serrava os punhos a todo instante ao lembrar-se das palavras e posição superior mostradas por Isabella. Nunca antes desejou tanto dilacerar uma mulher humana como agora. E ele o faria, mesmo que isso significasse grandes problemas mais tarde. A irracionalidade das ações do irmão perturbava Emmett. Edward, o mais ponderado dos filhos de Carlisle, fora escolhido pelos patronos noturnos das artes, Aro, Marcus e Caius, por tal qualidade. Ainda sim lá estava ele agindo apenas pela fúria que era seu combustível.

-Edward, agora eu falo como seu irmão. É burrice agir por emoções assim. Quer nos comprometer por causa de uma mera humana com temperamento forte? Você sabe o que acontecerá caso a aceite e a mate e sabe que um conflito não será do agrado de nossos senhores maiores.

-Cale-se Emmett! Se os Volturi não aprovam meu ato então me diga por que escolheram justamente ela? Se para eles ela parece ser uma boa escolha não serei eu a dizer o contrário. Minha decisão está tomada e tão logo deve ser comunicada a Isabella e sua comitiva. Peça a Rosalie que auxilie os preparativos da cerimônia. –Sim, Edward estava irredutível. Emmett sabia disso. Com um suspiro resignado caminhou a passos humanos para a porta de saída.

“Está cometendo uma sandice. Sabe disso.” –Pensou e Edward respondeu de imediato ao irmão.

-Talvez esteja, mas sandice pior seria se eu não desse o castigo apropriado à humana que foi de encontro a mim. –E soltou uma curta gargalhada deixando Emmett mudo. Há quanto tempo o irmão sequer fazia menção de sorrir quanto mais gargalhar?

“Está louco.” –Emmett pensou enquanto deixava o aposento.

-Talvez esteja. –Edward murmurou. Sentia algo diferente, algo que nunca mais havia experimentado. Desafio. Excitação. Coisas tão humanas! E a sensação de se sentir vivo era monstruosamente boa.

“Vai pagar por suas palavras e ações, Ladie Swan.”.

...

À noite para Isabella não estava sendo das melhores. As criadas já haviam adormecido na ante-sala de seu aposento. Isabella, trajando vestes de dormir, estava casualmente sentada no parapeito da grande sacada olhando para a noite, perdida. Sentiu algo extremamente silencioso pousar atrás de si. Sorriu sem sequer tirar os olhos da noite.

-Veio para me matar? Não pensei que era tão imprudente. –Disse silenciosa sem querer despertar as criadas que dormiam logo ali. O vento brincava com seus cabelos soltos. Edward permaneceu no mesmo lugar, uma postura tranqüila, aparentemente.

-Não. Eu vim até aqui apenas para comunicá-la minha decisão.

-Nossa, que eficiente! Tomou tão rapidamente a decisão? Então me diga: qual seu veredicto? –Isabella perguntou com a voz levemente divertida. Não poderia ver o semblante que Edward fez naquele momento pela face do mesmo estar coberta por sua máscara.

-Vá até seu lar e prepare todos os seus pertences. Tão logo deve regressar enquanto os preparativos para o matrimônio são feitos. É meu desejo que tudo ocorra o mais rápido possível. –Edward disse apressadamente. O corpo de Isabella ficou tenso de imediato, mas procurou não demonstrar. Não poderia sucumbir, não agora.

-Então isso é um “sim”?

-Se ainda não ficou claro para você, HUMANA, então eu digo em alto e bom som. Sim. Será desposada por mim. Esteja preparada. –E Edward sorriu internamente acreditando que dessa vez Bella mostraria sua fragilidade. Para sua surpresa ouviu um riso e Isabella virou-se para ele sem aparentar preocupação pelas vestes inadequadas que usava.

-Pois eu digo o mesmo a você, VAMPIRO. Esteja preparado.

O sorriso cínico e postura firme de Isabella eram incompreensíveis para Edward. Se pelo menos pudesse ler sua mente e descobrir que tudo não passava de um blefe... Mas não poderia. Havia algo que o impedia de ler a mente daquela mulher, algo que o intrigava. Sem nada a dizer, afastou-se de Isabella dando um grande salto e pousando na sacada de seu aposento dois andares acima.

Isabella sentiu as pernas bambas e seu corpo ameaçou despencar, mas conseguiu se manter firme enquanto adentrava seu aposento, fechando a grande persiana, e deitava em sua cama. Agora ela tinha que pensar em um plano e colocá-lo em prática. Algo que fizesse com que seu pai ou os demais companheiros nada fizessem quando a resolução de Edward fosse anunciada através de um mensageiro. Bella não queria nenhuma guerra que resultaria em mortes desnecessárias, mortes de pessoas queridas a ela. Tinha de planejar. Mas será que um planejamento iria adiantar? O que Bella faria para fugir da morte iminente e impedir uma guerra que poderia iniciar-se assim que o comunicado do matrimonio chegasse aos ouvidos do velho pai, governante de Ceres?

“Proteja-me minha mãe, como me protegeu no passado. Eu precisarei ser forte nesse momento.” –Orou a mãe falecida.

Bella implorava por força e proteção. Edward tentava conter a sede avassaladora que sentia pelo sangue da arredia lady. Seu corpo tremia em antecipação ante o fato de que destroçaria a arrogante humana. Agora mesmo, enquanto contemplava a bela noite pela sua grande sacada, após passar seu comunicado a Isabella, tinha vontade de retornar ao aposento dela e secá-la com suas presas.

“Devo ser paciente. Eu a terei em pouco tempo.” –Retirou a máscara que cobria seu rosto e caminhando para o interior de seu aposento vislumbrou sua fronte através do espelho que lá havia. Contemplou sua imagem não com o nojo que lhe era característico após uma matança, mas com a excitação imprudente de uma criança prestes a conseguir um precioso objeto.

...

Aquela manhã estava nublada, diferentemente da outra manhã que Bella testemunhou ao chegar a Voltus. Olhou ao céu nublado sentindo o frio cortar-lhe a pele alva como uma adaga. Sua última bagagem estava sendo recolhida por um criado em direção a carruagem que a levaria para seu lar. Seu lar... Bella estava apreensiva. Como comunicaria ao pai, aos servos e amigos a decisão de Edward? Como transporia este primeiro obstáculo?

-Lady Isabella? –A voz familiar de Billy a despertou. Sem tirar seus olhos do céu cinzento, perguntou:

-Estamos prontos para partir?

-Sim minha lady. Devemos partir o quanto antes. Nossos lacaios estão tensos neste lugar.

-Eu imagino. De fato este lugar não é saudável para ninguém, ainda mais um humano. Vamos. –Disse seguindo para fora do aposento com Billy em seu encalço. Enquanto caminhava, notou que passos soavam atrás de si. Não precisou virar-se para saber que seguidores de Edward caminhavam logo atrás. Seguiu até a saída com uma postura ereta, mostrando uma despreocupação. Fachada. Por dentro Bella tremia. Esperava guardar para si o comunicado de Lorde Cullen até ter um plano formado.  

Um grupo de vampiros a esperava. Vestidos em trajes imponentes, cobertos por armaduras, os vampiros posicionavam-se um ao lado do outro, eretos. Lembrou-se que na dia anterior não foi recepcionada com um grupo expressivo de vampiros como agora, ainda mais expostos no tempo. Vampiros eram sensíveis a luz solar, não queimavam, infelizmente, mas ficavam mais vulneráveis. Claro, eram como predadores noturnos que perdiam sua capacidade de caça com um ambiente excessivamente iluminado. Procurou afastar os pensamentos que nada tinham a ver com a situação em que se encontrava, a desastrosa situação.

Os vampiros perfilados prestaram reverencia a lady Isabella e Billy ao passarem. Billy fez uma leve mesura, mas Bella os ignorou.

Lorde Cullen não estava à vista, o que acalmou o coração de Bella. Não queria que o anúncio fosse feito a Billy como fora feito a ela. Que o anuncio fosse feito de acordo com as formalidades exigidas, Lorde Cullen avisaria através de um pergaminho aos Volturi e em seguida ao governante de Ceres. Bella adentrou a carruagem e Billy projetou-se para entrar, mas uma voz o deteve.

-Cheguei a tempo de dar o meu comunicado.

A agitação tomou conta de Bella e rapidamente aprumou-se saindo da carruagem. Billy olhava a figura imponente de Lorde Cullen, belamente trajado com vestes num tom rubro, tão rubro quanto seus olhos, única coisa visível em seu rosto. Os demais vampiros prestaram reverência ao seu senhor e notou pela expressão de alguns vampiros que a atitude de agora não era característica de seu senhor. Sua figura em si parecia exigir respeito e medo, até mesmo Billy inclinou-se levemente ante aquele encontro. Bella não. Após sair da carruagem colocando-se ao lado de Billy, olhou para Lorde Cullen desafiadoramente lembrando-se da noite anterior. O modo assustador com que lhe passou o comunicado, a promessa de vingança pela sua atitude hostil no leito matrimonial... Bella tentou conter o pavor que sentia, pavor pela morte iminente e pelas conseqüências de sua morte.

-Vim a este encontro para desejar-lhes boa viagem. Billy, líder dos Quileutes, cuide bem daquela que será minha esposa daqui a poucos dias. –Falou. Billy emudeceu e olhou espantado para Lorde Cullen. Os servos de Edward que estavam nas proximidades também mostravam perplexidade.

“Maldito!” –Pensou a jovem Swan olhando-o com fúria. Edward percebera naquele momento que Lady Swan não havia contado nada a Billy, a ninguém. Vê-a contrariada o fez sentir-se satisfeito.

-Cuidarei de Lady Swan, Lorde Cullen. –Billy disse em um fio de voz.

-Acredito não estar seguindo o que é costumeiro. O anúncio de minha escolha deveria ser primeiramente comunicado aos sacerdotes dos Volturi e, após isso, ao seu governante através de um mensageiro. Bem, mas não estamos lhe dando com uma situação costumeira, estamos? Assim que chegar ao seu lar, Lady Swan, recolha seus pertences e regresse. A cerimônia estará preparada quando retornar. É meu desejo que tudo seja feito rapidamente tamanha a boa impressão que tive de sua agradável pessoa. –As palavras de Lorde Cullen destilavam sarcasmo e veneno.

-Não se preocupe Cullen, não sou do tipo que é facilmente derrotada, certamente chegarei ao meu lar em segurança. Claro que, o fato de eu ser uma fortaleza será algo que logo saberá. Pena que não será algo agradável. –E dizendo estas palavras ásperas Bella adentrou a carruagem seguida de Billy. Logo a comitiva partiu com os cavalos galopando mais rapidamente, tão temerosos daquele lugar quanto os humanos que os conduziam.

Edward olhou a comitiva partir. Seus lacaios o olharam de esguelha. Claro que Lorde Cullen sabia o que se passava em suas mentes, todos confusos pela sua escolha e por suas atitudes. Virou-se seguindo para o interior de seu castelo enquanto planejava como mataria a sangue frio a jovem que o tratara como um ser insignificante.

“Você vai ver humana. Ainda que meu ato imprudente gere o caos a Voltus, eu não recuarei!”.

Enquanto isso, na carruagem que seguia para Ceres, Bella olhava a figura pálida do amigo. Billy olhava o chão, as mãos trêmulas.

-O que iremos fazer? Se Lorde Swan descobrir isso gerará uma guerra de proporções catastróficas...

-Você disse bem meu amigo. SE o meu pai descobrir. –As palavras de Isabella fizeram Billy olhá-la com descrença.

-O que pensa em fazer? Não contar ao seu pai? Ele saberá mais cedo ou mais tarde. Um mensageiro comunicará ao Lorde a decisão de Lorde Cullen! –A voz de Billy e o modo como gesticulava freneticamente não eram bons sinais. Logo Billy que sempre fora tão ponderado.

-Se meu pai souber o pior acontecerá. Billy, deve encontrar uma forma de retirar meu pai do castelo, levá-lo a algum vilarejo nas proximidades de Ceres. Enquanto o conduz, eu partirei de volta para Voltus.

-Enlouqueceu? Acha que apressando o enlace matrimonial e conseqüentemente sua morte irá adiantar?

-Eu não irei apressar minha morte. –Disse Isabella entre dentes. –Quero ganhar a confiança de todos quando digo que conseguirei sobreviver ao lado daquele mostro. Preciso de uma noite após o enlace. Para isso preciso atrasar meu pai. Você me ajudará, tirando-o do castelo de Ceres. Quando meu pai perceber que não me encontro lá, conte a ele a verdade. Certamente irá a Voltus e então eu provarei a ele que posso sobreviver. –O plano se formava e Bella o balbuciava a Billy.

-E como pretende sobreviver a ele? Acha que suas habilidades com armas serão de mais valia? –Billy perguntou com desdém. Bella trincou os dentes. Assim como seu pai, Billy acreditava que Bella fosse sucumbir. Pensando bem, qualquer um acreditaria. Encostou-se melhor no estofado que recobria a carruagem e olhou para fora, a bela paisagem campestre que passava diante de seus olhos.

-Billy... Lembra-se daquelas armas feitas pelos quileutes não dotados do dom da transmutação especialmente para ferir vampiros? Eu precisarei delas se quiser ter uma chance. 


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