Na manhã seguinte, acordei com a movimentação do Jasper no quarto. Abri os olhos lentamente e vi o Jasper a correr de um lado para o outro no quarto. Olhei confusa para ele, até que ele percebeu que me tinha acordado. Chegou-se ao pé de mim e beijo-me carinhosamente.

- Estou um pouco atrasado. Desliguei o despertador e deixei-me dormir. – Explicou ele com um olhar de desculpas por me ter acordado.

- Queres que eu vá despachar as meninas, para não te atrasares mais? – Perguntei-lhe já me sentando na cama.

- Se não te importares. – Respondeu ele. Apenas sorri e saí do quarto. Entrei no quarto da Amber e ela já estava quase vestida. Ajudei-a a acabar de vestir-se e depois apanhei-lhe o cabelo num rabo-de-cavalo como ela me pediu. De seguida, fui até ao quarto da Liv. Claro que ela ainda estava atrasada. Ainda se encontrava de pijama a tentar escolher uma roupa para vestir. Ajudei-a em tudo e depois fui para baixo para lhes dar o pequeno-almoço. Elas comeram rapidamente, tal como o Jasper. Eles saíram de casa apressados, depois de se despedirem. Voltei para o quarto para tentar adormecer outra vez, mas ao fim de uma hora, vi que não conseguia e levantei-me de vez. O Will ainda dormia, por isso aproveitar para desenhar umas roupas. Fiquei a desenhar até às onze da manhã, foi à hora que o Will acordou. Ele era um dorminhoco. Almoçámos e depois ficámos a brincar até ser hora de ir buscar a Amber e a Liv. Quando chegámos à escola já estavam as duas prontas, hoje a Liv não tinha apoio. A professora dela disse que ela se encontrava bastante melhor em relação à matéria. Fomos todos para casa e depois de elas acabarem de fazer os trabalhos de casa, ficaram a brincar. Eu aproveitei e fui desenhar mais um pouco.

- Olá! – Disse o Jasper a abraçar-me por trás ao fim de um tempo. – Como foi o teu dia? – Perguntou beijando a minha testa e depois a minha boca.

- Foi bom e o teu? Muito cansativo? – Perguntei preocupada passando os polegares pelas suas olheiras.

- Um pouco mas amanhã vai ser mais leve. Se calhar, até poderei sair um pouco mais cedo. – Comentou ele fazendo-me sorrir.

- Jasper. – Chamei-o. Ele olhou para mim e eu fiz sinal para ele se sentar ao meu lado. – Eu quero recompensar-te por tudo o que te disse no outro dia. – Expliquei baixando um pouco o olhar.

- Alice, não precisas…

- Preciso, Jasper. Eu não medi as palavras, disse algo horrível e sei que te magoei. Para não falar que não temos um momento sozinhos há muito tempo. – Expliquei. – Estive, ontem, a pensar em jantarmos e depois passarmos a noite juntos. Só nós dois. Íamos para um hotel ou algo assim. O que achas? – Perguntei sorrindo com a ideia.

- Acho muito bem. – Respondeu ele beijando a minha bochecha. – Mas quem fica com as crianças? – Perguntou pegando na minha mão.

- Vou pedir à minha mãe para ficar com eles. No outro dia, ela pediu-me para passar um dia com eles. Mas agora, a Cynthia está com ela, não sei se ela quer vir.

- Claro que quer. Sabes que ela adora os netos. Telefona-lhe e pergunta. Se ela vier, marcamos já tudo. – Disse ele sorrindo para mim.

- Está bem. Amo-te tanto, Jazz. – Disse beijando-o.

- Eu também te amo tanto, Lice. – Respondeu ele correspondendo ao meu beijo. Ficámos um pouco assim até o Will nos interromper.

- Papá, já estás há muito tempo com a mamã. Agora, é a minha vez. – Disse ele com um biquinho muito fofinho. Ele era muito ciumento em relação a mim. Ri com o Jasper e depois peguei no Will e sentei-o ao meu colo. Beijei o seu biquinho o que o fez rir e abraçar-me. Levei-o para a sala e ele ficou a brincar com as irmãs, enquanto eu fui fazer o jantar.

Depois de jantarmos num clima agradável, eles foram para a sala ver um pouco de televisão e eu fui ligar à minha mãe. Ela atendeu ao terceiro toque.

- Olá, Alice! – Disse ela alegremente. – Está tudo bem? – Perguntei.

- Sim, está tudo ótimo. E contigo? – Perguntei.

- Também está tudo bem.

- E com a Cynthia? – Perguntei num tom mais baixo. Eu estava preocupada com ela, além de nunca nos termos dado bem. Eu sabia pelo que ela estava a passar e sei muito bem que não é fácil, principalmente para ela.

- Está melhor, mas não a cem por cento. Ainda, por cima, o namorado teve que viajar uns dias e não está cá para apoiá-la. Mas ela vai ficar bem, tu ficaste, ela também vai ficar. – Respondeu.

- Bem, eu queria pedir-te algo. – Comecei. – Eu e o Jasper queremos passar a noite de Sábado para Domingo sozinhos e gostaríamos que ficasses com a Amber, a Liv e o Will. Achas que podes? – Perguntei.

- Claro que posso. – Respondeu ela. – Alice, poderia levar a Cynthia? Ia fazer-lhe bem, estar com os sobrinhos.

- Mãe, ela nunca quis ser minha irmã e nunca se interessou por eles, como é que lhe faria bem? – Perguntei.

- Ela está mudada com isto tudo. Acredita. Ela tem perguntando pela tua vida. Ela quer falar contigo, Alice. Não sei o que ela quer dizer-te, mas no outro dia perguntou-me do que eu pensava de ela vir falar contigo. Ela está decidida a mudar as coisas. – Explicou.

- Não sei, mãe. É difícil. – Respondi. Eu não sabia o que fazer. Nunca fui próxima à minha irmã. Eu mal a conhecia. Não sabia o que ia sair daqui e estava com medo que ela fizesse algo que desmoronasse a minha vida. Eu estou feliz assim, não queria mais maus momentos na minha vida.

- Pensa bem nisso e depois diz-me alguma coisa. Qualquer que seja a tua resposta, eu vou-te apoiar. – Disse ela. Eu sabia que ela queria que eu falasse com a Cynthia que resolvesse tudo com ela. Mas eu tinha mesmo que pensar sobre o assunto.

- Eu prometo que vou pensar sobre isso, mãe. – Prometi. Eu ia mesmo, eu estava confusa em relação a isso.

- Está bem. Adeus. Depois diz-me alguma coisa. – Pediu.

- Eu digo. Adeus, mãe. – Despedi-me desligando o telefone. Coloquei-o no devido sítio e depois fui para a sala. Eles estavam os quatro a ver um filme de desenhos animados que devem ter escolhido. Sentei-me na poltrona, visto que o sofá grande estava ocupado com os quatro. Tentei prestar atenção ao filme, tentar percebê-lo ou mesmo rir-me nas piadas infantis, mas não consegui. Tudo o que eu pensava era que a Cynthia queria falar comigo. Sabia que a minha mãe queria que eu falasse com ela, queria que nos dessemos bem. Mas eu tinha medo que a conversa acabasse mal, que discutíssemos e que ficasse tudo pior do que já está.

O filme acabou sem eu, realmente, perceber. Quando dei por mim, o Jasper estava com o Will adormecido no colo e a Amber e a Liv estavam a subir as escadas para irem dormir. Já estava um pouco tarde e nem dei por isso. Elas já deviam estar na cama, visto que amanhã têm aulas. Levantei-me também e pedi para o Jasper deitar o Will. Subi para o quarto e vesti o meu pijama, deitando-me na cama de seguida. Passado um pouco, o Jasper apareceu no quarto. Ele deveria, já ter deitado as meninas e o Will. Ele vestiu o seu pijama também e depois deitou-se ao meu lado, aconchegando-me a ele.

- O que te preocupa? – Perguntou ele acariciando a minha bochecha.

- A Cynthia quer falar comigo. – Disse direta.

- E tu? – Perguntou ele percebendo o meu dilema.

- Não sei o que fazer. Tenho medo que tudo acabe pior do que já está. – Respondi.

- Mas, Lice, se nunca tentares, também nunca nada irá melhorar. – Disse ele. Ele estava certo mas eu preferia as coisas como estavam, em vez de ficarem piores. – Ela pode ter mudado. A tua mãe mudou, lembraste? Isto que lhe aconteceu pode ter feito com que ela percebesse um pouco o que tu sofreste. Se ela tivesse interesse em piorar as coisas, acho que não pediria à tua mãe para te dizer que queria falar contigo. Se calhar, ela quer melhorar as coisas.

- Eu sei. – Respondi. – Achas que deva tentar? Que deva falar com ela? – Perguntei-lhe.

- Eu não posso responder por ti. Mas acho que poderias tentar. Mas só tu é que sabes se estás preparada para isso.

- Sim, eu sei disso. – Respondi suspirando no final.

- Não penses mais nisso agora, dorme. Amanhã, pensas sobre o assunto e dizes à tua mãe se queres ou não falar com a Cynthia. – Disse ele beijando a minha testa.

- Está bem. Vamos dormir. – Respondi aconchegando-me mais a ele. Demorou um pouco para que eu conseguisse adormecer, mas, ao fim de um bocado, já estava a dormir num sono sem sonhos.