- Jasper, o que é que se está a passar? – Perguntei a medo. Eu estava com tanto medo que algo se tivesse passado com o meu bebé. Eu só queria que ele melhorasse, não queria que mais nada de mal lhe acontecesse. Ele já sofreu demais.
- Não sei, Alice. Deixa a médica acabar o que está a fazer que já lhe perguntamos. – Respondeu ele calmo para não me assustar ainda mais. Eu sabia que ele também estava com medo que algo acontecesse.
- E se aconteceu algo de mal? E se ele piorou, Jasper? – Perguntei completamente desesperada.
- Alice, calma. Tens de ficar calma. Está bem? – Perguntou ele. Eu afirmei com a cabeça. – Se foi algo de mal que aconteceu, vamos estar aqui com ele para ele conseguir ultrapassar isso. Temos de ser fortes para ele, Alice. Ele precisa de nós. – Ele tinha razão. O Will precisava de nós. Ele ainda era muito pequenino para estar ligado a tantas máquinas e para estar a sofrer tanto. Um choro alto inundou o quarto. Era o Will. Ele estava a chorar. Escondi o meu rosto no peito do Jasper. Algumas lágrimas escaparam dos meus olhos. Eu não conseguia perceber o que se estava a passar. Agora, só ouvia o choro do meu bebé e não podia fazer nada. Não podia chegar ao pé dele e acalentá-lo.
- Shh, Alice. Está tudo bem. – Reconfortou-me acariciando as minhas costas. Ficámos mais uns minutos a ouvir o choro dele. Continuava um choro alto e desesperado. Cada vez tinha mais vontade de afastar a enfermeira e a médica e pegar nele. De encostá-lo ao meu peito e fazer como que ele adormecesse.
- Acho que este pequenino, quer a mãe, agora. – Disse a médica sorrindo. Ela deve ter dado pela nossa presença. Desencostei-me do Jasper e cheguei-me ao pé do berço onde estava o Will.
- Ah! – Exclamei.
- O que foi, Alice? – Perguntou o Jasper curiosa com a minha reacção.
- Jasper, ele já não está entubado. Ele está a respirar sozinho! – Disse completamente feliz.
- O quê? – Surpreendeu-se o Jasper vindo num instante para o meu lado.
- Ele está a respirar sozinho. – Disse acariciando a sua bochecha molhada. Peguei nele e aconcheguei-o ao meu peito para o acalmar. Deve ter sido dolorosa a saída do tubo da sua garganta. – Shh, querido. A mãe está aqui. Não precisas de chorar mais. A mãe está aqui. – Disse-lhe ao ouvido. O choro começou a cessar e foi substituído por pequenos soluços. – Pronto, está tudo bem, amor. Está tudo bem. – Ele começou a fechar os olhinhos para dormir. Devia estar cansado, coitadinho. Peguei na mantinha dele e tapei-o com ele ainda no meu colo. Ele estava com a cabeça ao pé do meu pescoço. A respiração dele estava um pouco acelerada por causa do choro mas estava a acalmar. Comecei a acariciar-lhe a mãozinha. Acabou por adormecer, assim, ao meu colo. Ele ainda era pequenino, mas já tinha crescido bastante nestes dias. E estava mais gordinho.
Senti o Jasper a abraçar-me por trás. Olhei para ele. Ele sorria lindamente para o nosso filho. Ele também estava feliz. O que mais queríamos aconteceu quando menos esperávamos. Pelo menos eu não estava nada à espera de o encontrar a respirar sozinho, hoje. Foi uma grande surpresa. Eu não ia conseguir afastar-me dele o dia todo. Aconteceu o mesmo com a Amber e a Liv. Vi o Jasper a acariciar os cabelinhos loiros do Will e sorri com a cena. Ele estava a dormir tão serenamente. Tão quietinho.
- A mãe e o pai amam-te, bebé. – Disse beijando de seguida a sua testa. A médica ainda se encontrava no berçário. Eu acho que ela estava à espera de falar connosco, mas estava a dar-nos um momento para aproveitarmos o Will.
- Ele já pode ir para o pé de mim, no quarto? – Perguntei ainda sorrindo para o meu pequeno.
- Já. – Respondeu a médica sorrindo. – Ela já respira perfeitamente. Foi uma grande surpresa, hoje de manhã. Ninguém estava à espera, mas fico muito feliz por isso.
- Já não precisa de incubadora? – Perguntou o Jasper.
- Não. Além de ainda ser levezinho, já tem um peso aceitável. – Disse a médica. – Daqui bocado, uma enfermeira vai levar o berço dele para o seu quarto. Já pode começar a amamentar e tudo. Até vai ser bom para ele. – Sorri com a ideia de já poder amamentar o meu filho. Eu adorava amamentar. Era sempre um momento tão único, tão mágico!
- Obrigada, doutora. – Agradeci.
- De nada, apenas fiz o meu trabalho. – Respondeu ela a sorrir.
- Doutora, pode me dizer se está familiarizada com um caso de um bebé que nasceu há pouco tempo e que a mãe era drogada? – Perguntou o Jasper.
- Sim, estou. Fui eu que fiz o parto. Tenho tanta pena daquele bebé. Está sozinho.
- Pode-me dizer como está o estado de saúde dele? – Perguntou o Jasper.
- Ele está bem. É um bebé com um peso ideal, o problema é que está a passar pela fase de abstinência e isso irrita um pouco o bebé. Ela passa muito tempo a chorar e agitado. Mas a saúde dele está óptima. – Informou a médica.
- Obrigada, doutora. É que a minha irmã vai adoptar esse bebé. Ela já tinha a guarda da outra filha dessa senhora e agora tem a desse bebé. Só queria saber se estava tudo bem.
- Que bom! – Disse a médica realmente feliz. – Eu compreendo. Mas se quiser eu falo com a sua irmã.
- Bem, ela deve vir ver o Peter, hoje.
- Vou ver se a apanho para falar com ela. – Disse a médica. – Agora, tenho que ir. Tenho mais pacientes para ver.
- Obrigada por tudo, doutora. – Agradeceu agora o Jasper.
- De nada. – Disse ela saindo do berçário.
Ficámos mais um bocado, ali no berçário, apenas a observá-lo a dormir. Estava tão feliz por ele estar melhor. Quando a enfermeira levou o berço dele para o meu quarto, eu e o Jasper decidimos ir para lá também. Afinal, a minha mãe ainda devia estar lá. Quando entrámos no quarto, a minha mãe já estava acordada e devia estar à nossa espera. Quando ela viu o Will ao meu colo, abriu um sorriso enorme.
- Não acredito! – Exclamou ele num tom não muito alto. – Desentubaram-no! Está tudo bem como ele? – Perguntou a minha mãe acariciando a sua mãozinha.
- Está. A médica diz que ele já nem precisa de incubadora. – Disse-lhe sorrindo. Eu não poderia estar mais feliz. – Ajuda-me a sentar, Jasper. – Pedi. Não queria abusar muito. Estava quase a tirar os pontos e pronta para ir para casa, não queria que acontecesse algo agora. Ele chegou-se ao pé de mim e ajudou-me a ir até à poltrona e depois sentar-me, que era o que custava mais. Aconcheguei o Will mais ao meu colo e fiquei a velar o seu sono. Nada mais importava apenas o Will.
- Querida, vou-me embora. – Disse a minha mãe. – Amanhã, venho ver-vos.
- Está bem, mãe. Obrigada por teres ficado comigo esta noite. – Agradeci. Ela beijou a minha bochecha, despediu-se do Jasper e foi embora. Voltei a concentrar-me no sono do meu bebé. Ele às vezes mexia-se um pouco e fazia umas caretas engraçadas e eu sorria.
- Assim, vou ficar com ciúmes. – Brincou o Jasper. – Já nem notas que eu existo.
- Apaixonei-me por outro homem. – Disse entrando na brincadeira. – Não o achas lindo? – Perguntei sorrindo para ele.
- Sim, ele é lindo. – Disse o Jasper. - Adoro o facto de ele ter a cor dos teus olhos, Alice. É a parte que eu mais gosto nele. – Admirou o Jasper, sorrindo lindamente para mim. Sorri também para ele e aproximei-me para o beijar.
O Will acabou por acordar passado uma hora. Mal ele acordou, deitei-o de maneira a que ele pudesse amamentar. Destapei o meu seio e ajudei-o a abocanhar. Ele mamou com avidez e olhava atentamente para mim. Eu apenas sorria para ele e acariciava a sua mãozinha pequenina. Nesse momento, a Esme e o Carlisle entraram no quarto.
- Carlisle, olha! – Disse a Esme sorrindo. – O Will já não está entubado. – O Carlisle apenas sorria docemente. Ele era um avô babado, tal como a Esme. – Desde quando é que ele já não está entubado? – Perguntou a Esme ainda a sorrir amplamente.
- Desde, hoje, de manhã. – Respondeu o Jasper à mãe. – Quando chegámos ao berçário para vê-lo, estavam a desentubá-lo.
Quando o Will ficou saciado, largou o meu seio e meteu o seu dedo na boca. Tapei o meu seio e voltei a aconchegá-lo ao meu colo para o pôr a arrotar. Não demorou muito para que isso acontecesse.
- Querida, posso pegar nele? – Perguntou a Esme.
- Claro. – Disse sorrindo para ela. Passei cuidadosamente o Will para os braços da Esme. Ele acabou por adormecer lá. Depois a Esme meteu-o no seu bercinho e tapou-o. Eles ficaram connosco o resto do dia. Ao fim da tarde, a Esme e o Carlisle acabaram por ir embora. Eu jantei e adormeci de seguida. Sabia que ia ter uma noite mal dormida, devido ao Will.