A Esme estava uma lástima. Via-se perfeitamente que ela esteve a chorar e as bochechas delas estavam todas molhadas. Quando ela me viu, voltou a chorar.

- Desculpa, desculpa… - Pediu ela. A culpa não era dela. A culpa era da Maria. A Esme não tinha culpa de nada, ela cuidava tão bem de todos os seus netos.

- A Esme não tem culpa de nada. Não peça desculpa.

- Se eu não viesse cá dentro atender o telefone… - Continuou ela.

- Mãe, a culpa não é tua. Não te culpes. Ninguém de culpa. A culpa é da Maria e é apenas culpa dela. De mais ninguém. – Disse a Rose abraçando a Esme. – As crianças?

- Estão com a Bella, lá dentro. A Bella conseguiu que todas se acalmassem e agora estão todas a dormir. Elas estavam tão mal… - Disse a Esme, voltando a chorar.

- Mãe, anda sentar-te. Tens de acalmar. – Disse a Rose, levando a mãe para o sofá. Fui atrás delas e sentei-me a um canto do sofá. Eu só queria que a Liv voltasse, não queria mais nada. Ainda continuava a chorar, as lágrimas não acabavam. A Bella entrou na sala nesse momento e veio ter comigo.

- Como estás? – Perguntou ela docemente, pegando na minha mão.

- Mal… - Respondi com a voz embargada. – A Amber? – Perguntei.

- Está a dormir lá em cima, está descansada. – Disse a Bella dando-me um sorriso fraco.

- Eu só quero a Liv. – Disse eu.

- Eu sei, Alice. Eles vão encontrá-la. Vais ver. – Disse ela para me reconfortar. Abracei-a e continuei a chorar. Queria que encontrassem a Liv o mais rápido possível. Porque é que nunca mais dizem nada? – Alice, não é melhor, ires descansar? Estás muito nervosa. Se eles disserem alguma coisa eu acordo-te.

- Não, não! Não quero. – Disse. Queria estar acordada se ela chegasse, para não falar que não ia conseguir adormecer. Estava nervosa demais. Não queria dormir mas sabia que tinha que me acalmar para o meu bem e para o bem do bebé. Eu não estava sozinha, não era só a minha vida que eu tinha que cuidar agora. Agora, tenho mais alguém e não pode acontecer nada com ele, não podia, eu não me ia perdoar. Levei a minha mão para a barriga e acariciei.

- Alice, podes não dormir mas acalma-te. Deita-te aí um pouco. Esse nervosismo todo, não te vai fazer bem. – Disse a Bella.

- Eu sei. Eu vou tentar acalmar. – Respondi deitando-me no sofá.

Ficámos o resto da tarde em silêncio. A tarde passava lentamente. Custava a passar. Eu só queria que o telefone tocasse, sendo eles a avisarem que tinham descoberto a Liv ou então, eles entrarem em casa com a Liv. Mas nada disso acontecia. Apenas ouvia-se os meus soluços e os soluços da Esme. Ela estava tão mal. Ela sentia-se culpada por tudo. Devia estar a sentir-se tão mal. Eu não a culpava de nada. Ela tomava tão bem conta dos netos, a culpa era da Maria. A Esme não tinha mesmo culpa de nada e eu já lhe tinha dito isso mas ela continuava a chorar. As crianças ainda estavam a dormir. E a sala continuava mortalmente silenciosa.

Eram sete e meia, quando o telefone de casa toca. A Bella levantou-se e foi atender.

- Estou? – Ouvi a Bella a dizer. Depois vi ela a enrijecer e a pele dela ficar pálida. A Rose também percebeu.

- Bella, quem é? – Perguntou ela.

- Maria… - Disse ela muito baixinho. – Ela quer falar com a Alice. – Informou a Bella.

- Passa-me o telefone. – Pedi.

- Alice, tens a certeza? – Perguntou a Rose.

- Tenho. Quero perceber porque é que ela fez isto. – Disse mais confiante do que estava. A Bella veio até mim e deu-me o telefone. Eu peguei nele e falei. – Maria… - Chamei.

- Alice, Alice… Como estás? – Perguntou ela sarcasticamente, começando a rir de seguida.

- Onde está a Liv? – Perguntei, ignorando os risos dela.

- Vamos com calma. Não queres saber porque o fiz? Não estás curiosa? Claro que não, deves saber o porquê e espero que saibas que a culpa é toda tua. Pensava que tinhas percebido a mensagem com o atropelamento da Amber, mas pelos vistos não. Afasta-te do Jasper! – Gritou ela. – Ele é meu!

- Ele não é teu. – Interrompi-a.

- Se não tivesses voltado, ele estaria comigo outra vez. – Disse ela com raiva. – Se não fosses tu e essas aberrações, ele voltaria para mim.

- Não, não voltaria. Disso tenho a certeza. – Disse com convicção.

- Não me enfureças mais. Tem cuidado, não sabes do que sou capaz.

- Sei muito bem do que és capaz… - Contestei.

- Tens uma pequena ideia. Mas pronto. Digamos que já estou um pouco farta de ouvir esta aberração a chorar, por isso é hora de me livrar dela. Só te queria avisar, para não teres surpresa nenhuma.

- O que vais fazer com ela? – Perguntei quase à beira do choro.

- Nada. – Disse ela rindo. Do outro lado, ouvia a Liv a chorar. Conseguia distinguir o choro dela em qualquer lado. Sabia que ela estava assustada. Ouvi a Maria a mexer-se e a aproximar-se do choro. Depois ouvi outra vez, ela a deslocar-se e a fechar uma porta. Ela estava na rua. Conseguia perceber nitidamente isso. – Adeus, Alice. – Disse ela desligando.

- Maria o que vais fazer com a Liv? – Perguntei mas ela já tinha desligado o telefone e apenas ouvia “bip…bip…bip…”.

- O que é que ela disse? – Perguntou a Rose preocupado.

- Ela… ela dis.. ela disse que se… ela disse que se ia livrar da Liv… - Disse entre soluços. Chorava compulsivamente. Não conseguia parar. A ideia de perder a Liv estava a aterrorizar-me.

- Ó meu deus! – Exclamou a Esme.

- Vou ligar ao Emmet a avisar. – Informou a Rose.

- Ok. – Respondemos. Ouvi vagamente a conversa dela com o Emmet. Percebi que eles já tinham contado à polícia e a polícia também estava à procura. A polícia também já estava envolvida.  Depois percebi que eles iam para um sítio que era provável a Maria estar. Não sei como é que eles sabiam mas se encontrassem a Liv, eu agradecia. Entrei num estado de dormência. Não ouvia nada, não sentia nada. Apenas chorava deitada no sofá.

- Shh, Alice. Vai correr tudo bem. Vais ver que eles vão encontrar a Liv. – Ouvia a voz da Rose a dizer. Parecia que a voz dela estava muito longe. Não me estava a sentir bem, tinha de acalmar. Não queria que nada acontecesse ao bebé.

- Tenho de acalmar… - Disse mais como um suplício.

- Pois tens. Alice, agarra a minha mão e respira. Vá, respira. Tens mesmo de acalmar. Isso não te vai fazer nada bem. – Agarrei a mão dela e respirei como ela disse. Estava a acalmar aos poucos, sentia isso. Já me sentia bastante melhor. Ela limpou-me as lágrimas. – Vamos tentar distrairmo-nos, vá! O que é que o médico disse? Parecias-me muito feliz quando entraste na loja. Não deve ter sido nada de mau, pois não? – Neguei com a cabeça.

- Que médico? – Perguntou a Esme preocupada.

- A Alice tem-se sentido um pouco mal e foi, hoje, ver o que se passava ao médico e quando estava a entrar na loja, estava muito feliz só que depois quando me viu ficou preocupada.

- O que o médico disse, querida? – Perguntou a Esme. Sorri fraco ao lembrar-me do que o médico me tinha dito, ao lembrar-me que ele me tinha dito que eu estava grávida outra vez.

- Ele disse que eu estava grávida. – Disse ainda sorrindo fraco e levando a minha mão à minha barriga.

- Sério? – Perguntou a Rose sorrindo um pouco também. – Afirmei com a cabeça. Ela abraçou-me com força. – Parabéns. – Sussurrou-me ela ao ouvido.

- Obrigada. – Disse. A Esme e a Bella também me abraçaram e felicitaram-me.

- Ainda não comentem nada com o Jasper que ele não sabe. – Informei.

- Ok. – Responderam as três. Voltámos a ficar em silêncio. À espera que nos dessem noticias. A Esme para se distrair foi fazer algo para as crianças comerem, já estava na hora, além de elas ainda não terem acordado. Era oito e meia quando ouvimos alguém a descer as escadas. Virei-me e vi que era a Amber. Ela estava tão triste. Ela amava a irmã. Quando ela me viu, veio a correr para mim. Aconcheguei-a no meu colo e abracei-a. Percebi que ela estava a chorar.

- Shh, querida, não chores.

- Quero a Liv… - Chorou ela.

- Também eu, querida. Temos que ser fortes, ela vai voltar. – Disse prendendo as lágrimas. Não queria chorar à frente dela. Ainda iria fazer pior. Tinha que ser forte para ela, para ela e para o bebé que vinha a caminho. Ela conseguiu controlar o choro mas não se afastou de mim. Também não queria que ela se fosse embora.

- Amber, anda comer alguma coisa. – Disse a Esme. Senti-a a negar com a cabeça.

- Querida, tens de comer!

- Não quero afastar-me de ti. – Disse ela baixinho.

- A mãe vai contigo. – Disse. Peguei-a ao colo com um bocadinho de esforço e segui a Esme até à cozinha. Ajudei a Amber a comer e depois voltámos para a sala. Ela estava sempre comigo, ao meu colo. Não se afastava.

Como a Amy e o Ray ainda não tinham acordado a Rose foi lá acima, acordá-los para eles comerem. Eles não comeram nada à tarde.

Por volta das oito e meia, já estava a desesperar outra vez. Eles não disseram mais nada. Eu queria notícias. Estava a ficar nervosa. A Amber já estava a dormir outra vez e eu fui pô-la lá em cima para me levantar um pouco. Quando voltei para baixa, voltei a sentar-me no sofá e a Rose percebeu que eu estava a ficar nervosa, outra vez.

- Alice, queres que eu ligue para o Jasper? – Perguntou ela, dando-me a mão.

- Quero. – Respondi nervosa.

- Tem calma. Está bem?

- Está bem. – Disse assentindo com a cabeça. Ela pegou no telemóvel e ligou para ele. Ficámos à espera que ele atendesse, mas não atendeu. A chamada foi parar ao voice mail. Fiquei mais apreensiva. E se a Maria lhe tivesse feito algo? E se ela tivesse aprontando algo? Eu não queria perder o Jasper também. Já era mau demais se alguma coisa acontecesse à Liv. Apertei a mão da Rose e escondi a minha cara no seu ombro. Não queria chorar mas as lágrimas estavam incontroláveis.

- Alice, ele apenas não atendeu. Vais ver que quando ele vir que eu liguei, devolve a chamada. – Consolou-me ela, fazendo círculos imaginários nas minhas costas. Tentei relaxar nos braços dela, mas não consegui. Queria que o Jasper ligasse de volta. Queria que ele dissesse que vinha com a Liv e que estava tudo bem. Queria que nada disto tivesse acontecido.