Momentos escrita por Nuvenzinha


Capítulo 15
Amargas Lembranças


Notas iniciais do capítulo

AII GENTE, NUM TO MAIS ATRASADA! 8D -Q
Bom, é isso aqui u_u
Espero que algumas pessoas fiquem felizes com isso, já que foi custoso para se escrever nesses dias que estou com tão pouca inspiração u_u'

Bjsmil, enjoy! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/85173/chapter/15

         Após a explosão, o silêncio tomou conta. A única coisa que se ouvia era o vento e as únicas coisas que eles conseguiam enxergar naquele momento eram o céu azul e uns aos outros como os olhos vazios. Tudo aquilo havia sido um grande choque para todos, tomados pelo remorso de só conseguirem salvar a própria pele as custas de um que morreu na tragédia.

         A queda fora longa. Ou, ao menos, pareceu ser longa pela ausência de fala. Mas não havia certeza de nada naquele momento, não se sabia nem se chegariam vivos para a missão. Caíram todos próximos nas copas de algumas árvores grandiosas. Um por um, foram se soltando dos pára-quedas e descendo cautelosamente pelos galhos. Em fila, foram andando até que chegaram à uma cidade próxima.

         Era uma cidade com uma aparência pacata e acolhedora, que logo soou como segurança para os alunos do Shibusen. Não demorou muito para que eles entrassem tranquilamente na cidade sendo guiados por Kimmi, que, estava claro como a água de um lago cristalino,  conhecia o local como a palma da mão.

         -Para onde está nos levando, Kimmi-chan? - Perguntou Crona, tímida como sempre.

         -Obviamente não é para o avião. - Disse Ragnarök, que parecia estar se divertindo com o medo alheio

         -Estamos indo... - Disse Kimmi, melancolicamente -... Pra minha casa.

         Todos então abriram melhor os olhos. Olharam ao redor, curiosos.

         -Então... Foi daqui que você veio? - Perguntou Soul, falando baixinho.

         -Foi. - Respondeu Kimmi com um sorriso, que na verdade era para disfarçar o desgosto e a tristeza que aquela cidade a fazia sentir.

         Todos permaneceram quietos desde então. Andavam rápido atrás da infeliz guia. Houve certo alívio de saber que, ao menos, não estavam perdidos e teriam onde ficar sãos e salvos. Por um instante, parecia que todos já haviam se conformado com o que ocorrera.  Maka era a única que permanecia extremamente perturbada. A loira se sentia muito mal, não conseguia tirar a imagem de Vincent acenando da porta do avião em chamas de sua mente. E, além disso, se sentia desconfortável de ir parar na casa de uma garota que não gostava.

         Não levou muito tempo para os alunos do Shibusen serem percebidos pelos cidadãos. Era fácil vê-los mesmo a uma grande distância devido ao visual diferente das pessoas que viviam lá. Muitos dos moradores olhavam curiosos do parapeito de suas janelas, sem coragem de chegar perto. Porém, pelo menos cinco pessoas vieram até Kimmi , lhe entregando as mais diversas coisas. Seus colegas ficaram bastante confusos, mas acharam melhor não incomodar com perguntas.

         Depois de uma pequena caminhada, Kimmi parou subitamente em frente a um casarão, quase uma mansão, lilás com portões de barras de prata cercando-a. A garota pegou um molho grande de chaves e, com a primeira que pegou, abriu o portão de entrada e passou por ele com naturalidade, seguido pelos colegas, que pareciam meio intimidados. Era um casarão bonito e bem iluminado, apesar do jardim estar totalmente abandonado. Entrando na casa, deram de cara com uma sala grande bem mobiliada, que era iluminada por uma porta janela em grande e possuía uma escada em espiral, que dava para o andar de cima.

         -Podem deixar as coisas de vocês nos sofás, gente. - Disse Kimmi meio melancólica, enquanto subia as escadas - ou ligar pro meu pai, pra gente ir embora o mais rápido que pudermos...

         - Por que ir embora cedo?- Disse Black Star, esparramando-se no sofá principal- Estamos bem aqui!

         -Se quiser ficar, fique sozinho. Me recuso a passar a noite aqui, - Disse Kimmi, secamente, que logo subiu as escadas correndo, entrou em algum dos quartos e bateu a porta com força

         -O... O que deu nela? - Perguntou Soul em voz baixa, como se falasse sozinho

         -Vocês não percebem, não é? - Disse Yumi, deixando sua mala no chão - Ela odeia essa casa!

         -Não vejo nenhum motivo para alguém odiar uma casa como essa. - Disse Liz, olhando ao redor.

         -Claro que não vê! Alguma vez parou pra pensar num porque para Kimmi ir morar em Death City, depois de quinze anos longe?! - Disse Viick, com revolta - Sei que não! Ninguém se importa! Ninguém quer saber! - Ao terminar, a garota de olhos vermelhos sentou-se no sofá de braços cruzados.

         Todos ficaram em silêncio, se olhando com apreensão. Parecia que ninguém ali tinha coragem de contestar, apesar de que algumas pessoas, como Soul, Kid e Crona, olhavam Viick com certa indignação e... Curiosidade.

         -Eu quero saber. - Disse Kid, dando um passo a frente - Me importo com ela. Agora resta saber se você se habilita a nos contar.

         -E não pretendemos contar. - Disse Yumi, sentando-se ao lado de Viick, num tom provocativo - Kimmi pediu para não contarmos por ela. Mas, se quer saber, por que não vai atrás da sua irmã e pergunta?

         Death the Kid nem respondeu. Fechou os punhos firmemente, fez uma expressão similar a de uma criança teimosa e subiu os degraus da escada rapidamente, batendo o pé. Ele estava incomodado com aquilo. Muito incomodado. Primeiramente, ele não sabia como perguntar o que havia de errado com a casa, já que eles possuíam intimidade quase zero. Outra coisa: Ele tinha muito ciúmes da atenção que Kimmi estava recebendo do pai, que agora mau lhe dirigia um "Oi". Chegava até a se sentir mal por isso.

         Kid ia andando pelo corredor, abrindo todas as portas que via, mostrando mais e mais quartos, banheiros e salas, porém sem ninguém ocupando-os. Já ia desistindo, até que chegou no final do corredor. Havia um grande quadro metálico, com fotos e desenhos presos por imãs nele. Death the Kid colocou a mão sobre uma foto, que lhe chamara a atenção: Era uma foto de Kimmi, com no máximo cinco anos, no colo de uma mulher de cabelos negos até os ombros, olhos azuis opacos e a franja totalmente branca. Ambas pareciam muito felizes na foto.

         -H... Hahaue... - Sussurrou Kid.

         Naquele momento, ele sentiu uma grande nostalgia, junto de uma grande vontade de que o passado tivesse ocorrido de maneira diferente e seus pais ainda morassem juntos. Perdera-se por alguns instantes naquilo. Imaginara como as coisas seriam.  Então se lembrou do que o movera até ali. Ainda tinha que achar Kimmi. Foi quando reparou que haviam duas portas a serem abertas, uma de cada lado do quadro. Abriu primeiro a porta da esquerda. Encontrou um quarto que era obviamente o de Kimmi, sem a dona dentro. Era um quarto extremamente organizado. Cada coisa em seu lugar. Havia uma estante cheia de livros em ordem alfabética, uma escrivaninha impecável, uma grande cama de casal cheia de pelúcia em cima bem ao centro do quarto e vários desenhos colados na parede, escondendo o papel de parede listrado de rosa, azul e branco, numa espécie de mural. Death the Kid só não gostou do quarto pois não era simétrico. Viu sobre a cama também um diário. Já ia pegá-lo, quando ouviu um choro vindo do outro quarto.

         -Achei. - Disse ele para si, com uma ponta de orgulho, deixando o diário de lado e saindo do quarto, indo até a outra porta.

         Relutante, Kid pousou a mão suavemente sobre a maçaneta redonda e abriu silenciosamente a porta. Lá estava Kimmi chorando, ajoelhada ao pé da cama perfeitamente arrumada.

         -K-Kimmi... - sussurrou o "intruso" com receio

         Kimmi rapidamente ergueu o rosto e virou-o para Kid, debulhada em lágrimas, com um olhar que parecia implorar por conforto. Death the Kid aproximou-se e sentou-se ao lado da menina no chão, que apoiou a cabeça no ombro dele.

         -O que aconteceu? - Perguntou Death the Kid, calmamente. -Conte tudo exata e perfeitamente como aconteceu.

         Kimmi lhe contou toda a história, em prantos. Ela e a mãe viviam felizes naquela casa desde que ela se lembrava. Elas sempre se deram muito bem com todos da cidade, cuja girava em torno delas. Passavam muito tempo juntas. A mãe trabalhava organizando a cidade, mas sempre a levava junto. Com o Kishin Ashura revivido, as coisas mudaram drasticamente. A insanidade atingiu rapidamente o coração da mãe, fazendo com que ela ficar agressiva e fora de controle. Até que uma manhã Kimmi acordou e não viu nunca mais a mãe, assim como ninguém da cidade havia visto. A população local acabou sentindo muita pena de Kimmi e tem se sentido totalmente responsáveis por ela, por isso sempre lhe vem dando coisas.

         -Passei três dias esperando mamãe voltar, - disse Kimmi, fungando - mas ela não voltou. Daí eu fui atrás de papai e de você, pra não ter que ficar sozinha aqui, sem família e sem conforto.

         Death the Kid, já envolto por toda aquela triste e melancólica história, viu-se naquele momento abraçado fortemente à irmã quando disse:

         -Tá tudo bem agora. Você... não tá sozinha... O... Onee-chan...

         Fora um custo para Kid dizer isso. Foi como se ele desistisse de tudo que lhe era realidade desde que se lembrava. Agora ele tinha uma irmã. Como se ele assumisse isso naquele momento.  "Irmã..." Pensou ele "... Não deve ser tão ruim ter uma." Sentiu até uma ponta de orgulho por ter chegado a isso.

         -Okay... - Disse Kimmi,  enxugando as lágrimas dos olhos. - Vamos lá pra baixo? Não gosto daqui.

         -Vamos. - Disse Kid, saindo de seus pensamentos orgulhos e voltando ao que se passava.

         Ele então se levanta, ajuda a irmã a se levantar e ambos saem do quarto trancando a porta, dando adeus. Calmamente, desceram as escadas para a sala principal, deixando para trás aquelas amargas lembranças. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!