Kimmi e Viick estavam andando tranquilamente pela rua principal, deixando o Shibusen para trás, a caminho do apartamento em que moravam enquanto conversavam entusiasmadas     

           -Ai Viick, nossa primeira missão! - Disse Kimmi, abraçando sua arma, com extrema euforia - Isso não é ótimo?!

          -Se é! - Disse Viick, sorrindo - VAMOS MOSTRAR PRA ELES NOSSA FORÇA!

          Chegaram ao apartamento em pouco tempo. Jogaram suas mochilas no sofá, como de costume, e foram direto para seus quartos para arrumarem suas malas, assim como todos os outros, antes de fazerem qualquer outra coisa. Afinal, eles acordariam bem cedo no dia seguinte.

          -----Mudança de Local-----

          Kid, após fazer sua mala perfeita e simetricamente, desceu para a sala, onde Liz estava assistindo qualquer porcaria na televisão. Era alguma coisa sobre Famílias... Eis uma coisa que nunca soou bem para Kid. Talvez porque este não tivesse uma completa, ou porque o rosto da mãe, assim como o do pai, era simplesmente mais uma incógnita em sua mente. Não se lembrava de como os dois eram, apesar de ter certeza que já os havia visto. Mas ele não dava lá grande importância para isto. De qualquer jeito, sentou-se ao lado de sua arma. A garota o observou atenta por mais ou menos cinco minutos, percebendo que algo na mente de seu shoukinin o perturbava profundamente. Sem conseguir supor nada que pudesse perturbá-lo, já que ela sabia que se fosse pela simetria da sala Death the Kid já teria surtado, Liz  resolveu perguntar.

          -Hey, Kiddo.

          -hmm? - Murmurou ele, rapidamente focando os olhos dourados, porém distantes, em Liz - Que foi?

         -Eu é que te pergunto! Tem alguma coisa te perturbando. O que há?

         -...

         Death the Kid demorou a responder, porém ao sentir a pressão que Liz estava jogando para cima dele com o olhar, resolveu falar:

         -É essa viagem.

         -O que tem ela?- Indagou Liz

         -Tem algo errado... -disse ele, vagamente -  Algo muito errado...

        -Está falando isso pelo fato de que vamos viajar num domingo?

        -Não sei. Tem algo em minha mente... Que me diz que algo ruim vai acontecer.

         -Oh... então é isso que te preocupa...

         -Sim. Bastante.

         Liz então colocou a mão no ombro de seu shoukunin, com um ar de serenidade.

         -Não importa o que seja isso que você está pressentindo, nós podemos resolver. - Disse ela, num tom maternal - Não pode ser tão ruim.

         -Eu não sei, Liz... - Disse Kid, jogando a cabeça para trás e olhando fixamente para cima, com uma das mãos na testa - ...Você deve estar certa. Acho que a confusão que ela vem me fazendo passar está me afetando nisso também...

         -Quem está te confundindo, Kiddo?

         -...

         Antes que qualquer palavra fosse dita, tanto por Liz quanto por Kid, Patty apareceu na sala chamando-os para o almoço, mudando totalmente o foco de ambos e encerrando aquele assunto.

        -----Quebra de Tempo-----

        Já era de manhã. Como havia sido combinado, todos acordaram bem cedo, pegaram suas malas e se dirigiram ao Shibusen rapidamente, onde havia um pequeno avião, um jato, os esperando. Kid estava terminando de subir as escadas para o pátio quando sentiu uma mão apertar a sua própria. Olhou para o lado e viu Kimmi, sua irmã, olhando apreensiva para ele.

        -Que houve? - Perguntou Death the Kid, tentando soltar a mão

        -Estou com medo, Nii-san... - respondeu Kimmi

        -Medo? Medo de quê?

        Num sussurro, Kimmi explica que na noite anterior sentiu um arrepio gigante após ter a terrível sensação que algum desastre iria acontecer na manhã seguinte. Algo péssimo, que dizia respeito à todos que estariam indo, a respeito daquela missão  e de tudo relacionado.

        -Nossa... Que estranho. - Disse Kid - Eu também tive uma sensação estranha ontem.

        -Teve?- Disse Kimmi, intrigada

        -Isso é bom, não é?

        -Bom?

        -Pelo menos sabemos que não estamos loucos.

        -É... Vendo por esse lado, é bom.

        Os gêmeos ficaram ali sozinhos, de mãos dadas, enquanto todos os outros estavam subindo no avião conforme Sid fazia a chamada e os contava.

        -Kiddo-kun, Kimmi-chan... - Chamou Crona, timidamente- ...Vocês não vão entrar?

        -Já vamos! - Disse Kid, meio sorridente, sendo olhado maliciosamente pela irmã.

        -Hey, Nii-san... - Disse Kimmi, com as bochechas rosadas, olhos e sorriso maliciosos - Posso te perguntar uma coisa?

       -Anh... Claro... - Respondeu ele, olhando Crona através do vidro de uma das janelas do jato.

        -Você gosta da Crona, não é?

        Death the Kid engasgou. Não esperava receber nenhuma pergunta desse tipo, nunca. Sentiu-se meio mal. Não respondeu.

        -Quem cala, consente, hihiihihihihihih! - Disse Kimmi, que logo correu para o avião

        -H-Hey! - Disse Kid, bravo, que correu atrás- Não me deixe aqui sozinho!

        Todos dentro da aeronave, sentados, com os cintos bem colados ao corpo e a porta bem fechada, o jato alça vôo rapidamente, deixando o Shibusen fora da vista em poucos instantes. Estavam todos bastante agitados, falando em alto e bom som, de um jeito que até quem estivesse do lado de fora do avião ouviria. Estavam se divertindo, enquanto Kid e Kimmi discutiam sobre a pergunta feita pela garota do lado de fora do avião.

        -Que tipo de pergunta foi aquela?! -Esbravejou Kid

        -Ué, você não parava de olhar pra ela! - Exclamou Kimmi, em sua defesa

        -E você não para de olhar pra ele durante as aulas! - Reclamou Kid, apontando para trás com o polegar, onde Soul estava sentado - O que me diz sobre isso?!

       -Shhhhhhh! - Disse Kimmi, vermelha, tapando a boca do irmão com uma das mãos - Você pirou?! Não fale uma coisa dessas tão alto, porra!

        Death the Kid já ia "proclamar" algo, quando um homem gordinho de óculos levantou-se alegre do acento do piloto e começou a falar.

        -Bom dia, todos vocês! - Disse ele, com sua voz arrastada e meio grave, porém engraçada - Meu nome é Vincent, eu serei o piloto de vocês pelas próximas 12 horas!

       -Doze horas?! - Exclamaram todos os passageiros, logo depois dando um longo suspiro de decepção.

        Mas demorou pouco para que todos voltassem a se divertir. Vincent era um homem simpático, ouvia o que todos tinham a dizer e respondia sempre de bom humor. Um dos poucos adultos que aqueles adolescentes conheciam, isto se não era o único, com quem todos conseguiam conversar. Não parecia ser algum adulto da Death City. De fato, não era. Viera de longe, somente para fazer o que estava fazend: Levá-los para a Oceania.

        -----Quebra de Tempo----

        Já haviam se passado 5 horas de viagem. Vincent há tempos já havia voltado ao banco do piloto, seguido por Maka, que fez questão de sentar ao lado dele como co-pilota e continuar a ouvir as histórias de piloto, que chegavam a parecer mais história de pescador de tão fantásticas que pareciam,  que ele tinha para contar. Foi então que Maka fez uma observação e, para tentar bancar a sabida, anunciou:

        -Gente, nós estamos sobrevoando a Itália!

        Ninguém ligou. Estavam ocupados contando uns aos outros o que eles achavam que seria a "Grande Missão" para qual estavam sendo mandados. Alguns achavam que era simplesmente uma tentativa de captura de alguma bruxa criminosa, enquanto outros achavam que era algum resgate. As que mais falavam eram Kimmi e Yumi, cada uma de um lado do jato, que estavam muito mais que viajando no mundo da bolacha, imaginando coisas extremamente mirabolantes e extraordinárias, pois elas tinham uma grande expectativa daquilo (já que era a primeira missão do Shibusen de ambas). Porém, por causa da pequena observação de Maka, a Shinigami calou-se, sentou em seu acento e cruzou os braços. Yumi, num ímpeto, levantou-se, caminhou até Kid e pediu gentilmente que trocassem de lugar. Death the Kid concordou sem discutir, apesar de que não entendia o motivo de uma troca de lugares tão repentina. Ele acabou sentando ao lado de Kaito, arma de Yumi, e, depois de alguns minutos de silêncio, resolveu tentar puxar assunto.

       -E aí? - Disse Death the Kid, obviamente desconfortável com a situação

        -E aí, beleza? - Respondeu Kaito, num desconforto equivalente ao do Shinigami ao seu lado.

        -Beleza...

        -Humm... Legal.

        -Legal...

        Death the Kid não estava lá muito acostumado a falar daquela maneira. Porém, se viu obrigado a fazê-lo. Tentava ser simpático, afinal, não queria ficar quieto ali a viagem toda, enquanto Yumi falava aos montes e Kimmi concordava, levantando lentamente o rosto e o olhar.

       -Lá vai ela... - Suspirou Kaito, observando as duas, do outro lado do avião- ... Se metendo nos problemas da sua irmã de novo...

        -Você fala como se Yumi sempre fizesse isso. - Riu Kid

        -E ela faz. -Disse Kaito - Desde pequena ela é assim.

        Aquilo deixou Kid bastante curioso a respeito.

        -Vocês se conhecem há muito tempo? -perguntou

       -Quando a vi pela primeira vez ela era só um bebê.- disse Kaito, com um olhar ausente- Quando ela chegou em casa eu tinha uns 2 anos, acho.

       -Chegar? - Indagou Kid, confunso - Como assim 'chegar'?

       -Eu tinha 2 anos quando um professro do Shibusen, acho que era esse professor azul da minha sala, não sei.

        -Sid?

        -Acho que sim. Enfim, ele entregou a Yumi aos meus pais... Ela era tão pequena e frágil...A última de uma família morta por um assassino implacável chamado White Star, se me lembro.

        -O Pai do Black Star? - Estas palavras simplesmente saíram pela boca de Death the Kid, mesmo que este não quisesse falá-las, fazendo Kaito virar sinistramente os olhos na direção de Black Star

        -Então o filho daquele monstro é quem tem deixado-a tão perturbada? - Disse ele, baixo, porém de maneira assustadora.

        -Calma, o Black Star não é... - Ia dizendo Kid, antes de ser interrompido por um tremor muito forte do avião, que fez com que todos se calassem -... Que diabos foi isso?

        Os olhares dos gêmeos Shinigami se econtraram no exato meio do avião. Kimmi olhava com pavor, enquanto Kid expressava uma grande preocupação e aflição. Eles concluíram naquele exato momento: O jato ia cair. Tinham certeza disso. Vincent pedira, mandando Maka para perto dos outros, que colocassem os cintos , pois estavam numa área de turbulência. Todos colocaram sem contestar. Afinal, eram ordens do piloto. A tremedeira não parava, ficava pior a cada instante. Quando pareceu que haveria alguma calmaria, ouviu-se um estrondo vindo de fora e o avião começou a cair.

        Vincent pedia ajuda pelo rádio do avião desesperado, tentava avisar que estavam caindo, mas não havia ninguém que pudesse ouvir. Estavam todos em silêncio, olhando uns aos outros sem quererem acreditar no que estava acontecendo, quando Ragnarök surgiu na pior hora possível, como de costume, e disse bem alto:

        -Vamos todos morrer!

       Levou mais algum tempo para estas palavras surtirem efeito, mas assim que a ficha de todos caiu, o pânico se instalou. Crona e Liz começaram a chorar; Kimmi mal respirava; Soul falava " Por que com a gente?! POR QUÊ?! ", se sentindo o maior azarado do planeta e Maka  estava vomitando dentro de um saco de papel, enquanto os demais procuravam por uma saída. Até que Karina, a única que não estava a berrar, chorar, vomitar ou nada do gênero, levanta em meio àquela bagunça toda e resolve botar ordem:

        -Gente, se vocês não querem morrer, PAREM DE CHORAR E TENTEM SE SALVAR!

        -Karina, achei esses para-quedas! - Disse Kaito, arrastando cinco mochilas no chão, trazendo-os lá do fundo do avião

        -Dá um para cada Shoukunin, acho. -Disse Viick, contando as pessoas

        -E a gente?! - Choramingaram Karina e Crona - Ficamos pra morrer, é isso?!

        -Não. Você fica com o meu. - Disse Vincent, jogando o 6º pára-quedas nas mãos de Karina - E, garota de cabelo rosa, divide com alguém.

        -Se quiser, eu divido. - Disse Kid, por impulso

        -OKAY! - Disse Crona, em pânico, rapidamente agarrando-se à Kid

        -Mas, o que vai acontecer com você, Vincent? - Perungou Karina, apreensiva, com o pára-quedas na mão

       -Não se preocupe comigo. Se eu morrer, não haverá nenhum problema, agora vocês todos tem que permanecer vivos, agora vão!

        Relutantes em deixar o pobre e simpático gordinho para a morte, as armas se transformaram, seus shoukunins as empunharam , já com os pára-quedas nas costas, e pularam do avião, enquanto viam Vincent na porta, acenando com um sorriso sereno, dando seu último adeus antes de perder a vida. Porém, antes mesmo que alguém pudesse avisar ao piloto que havia ficado um pára-quedas a bordo, o jato explodiu. Num gesto de respeito, todos ficaram em silêncio enquanto caiam lentamente em direção à terra firme.