O Menino que Sobreviveu escrita por gelmo


Capítulo 20
Confissões...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/84663/chapter/20

O jantar da noite anterior havia sido deprimente, nada parecido com o regresso à escola que estavam habituados, quase sempre motivo para festa e alegria. Muitos lugares vazios nas mesas das casas, serviam como lembrete da guerra que estava praticamente destruindo a comunidade mágica . E para piorar a noite, Rony ainda estava chateado com o amigo, evitando-o. Logo após o jantar, no qual permaneceu quieto e taciturno, o ruivo sequer ficou na sala comunal, preferindo subir diretamente para o quarto, e quando Harry finalmente foi se deitar, o outro já dormia virado para o canto, com as cortinas da cama fechadas.

Ao acordar Harry ficou alguns minutos de olhos fechados, dividido entre a culpa de irritar o melhor amigo, e o desejo de beijar Gina mais um vez. Ele praticamente crescera junto da pequena Weasley, sempre pensara nela como sua irmãzinha. Não entendia de onde estava vindo esse desejo crescente dentro do peito. Mas sempre que estavam juntos, um aperto gostoso fazia com que seu coração batesse mais forte, as palmas de suas mãos suavam frio, e as palavras se amontoavam na garganta. Não fora uma coisa que aconteceu de um momento para o outro, mas foi intensificando-se gradualmente no decorrer dos meses. E no dia anterior, ao entrar na cabine e sentir aquele cheiro maravilhoso que seu cérebro classificara como Floral Gina, seu coração tomou o controle do corpo, e antes que a cabeça pudesse reagir, o beijo já havia sido dado. Lembrando-se do momento, Harry abriu um sorriso da mais pura alegria. Então uma voz dura e baixa, o trouxe de volta a realidade:

– Devo presumir, pelo sorriso de bobo alegre, que você esta acordado. – Ao abrir os olhos, ainda tateando em busca dos óculos, o menino viu um vulto indistinto sentado na cama de Rony, quando finalmente os achou e os colocou , teve a certeza de que era o amigo que o estivera vigiando, esperando-o acordar. – Ontem, depois do jantar, Fred e Jorge vieram até aqui conversar um pouco comigo.

– Sobre o que falaram. – indagou Harry, ainda cauteloso, procurando evitar um novo ataque de fúria do ruivo a sua frente. Mas Rony parecia cansado e abatido, até mesmo envergonhado, procurando evitar os olhos do outro.

– Antes, me responda uma coisa cara.

– O que?

Após vários minutos de silêncio, Harry começava a pensar se o amigo havia desistido de perguntar qualquer coisa e já ia lhe indagar qual era a pergunta quando o menino, de olhos fechados e as orelhas mais vermelhas que nunca, finalmente tomou coragem e perguntou:

– Se fosse Hermione quem estivesse mais perto de você ontem no trem, você a teria beijado do mesmo modo?

– Não.

Abrindo os olhos, Rony o fitou longamente:

– Como pode ter anta certeza?

Foi a vez de Harry abaixar os olhos e enrubescer fortemente.

– Por que eu acho que estou apaixonado por sua irmã. – confessou-lhe num sussurro.

– Não entendi o que você disse. – A voz do amigo não estava irada, apenas confusa, e talvez um pouco divertida.

– Acho que estou apaixonado por sua irmã. – repetiu um pouco mais alto

– Desculpe, ainda não ouvi direito.

– ESTOU APAIXONADO POR GINA, ESTA BEM? SONHEI COM ELA A NOITE TODA, SÓ ESTOU REALMENTE FELIZ QUANDO A TENHO POR PERTO. SUA VOZ É MUSICA PRA MIM, E SUA AUSENCIA É DOR E SOFRIMENTO. EU AMO SUA IRMÃ! – Disse quase gritando, e ante a risada límpida de Rony, percebeu de chofre, o que o ruivo tinha lhe aprontado, e um medo crescente o paralisou com os olhos voltados para o chão. Tinha certeza de que a menina devia estar na porta.

Levantou os olhos bem devagar, e um alivio quente e reconfortador o invadiu, a porta do dormitório continuava fechada, e apenas os dois estavam em seu interior. Rony, sentado em sua frente, parecia muitíssimo satisfeito com a resposta.

– O que foi isso?

– Nada, eu só queria ter certeza que não estava apenas querendo se divertir com minha irmãzinha, sabe como é né? Se fosse esse o caso, eu teria de bater muito em você, mas parece que o Don Juan aí esta realmente caidinho. – Depois de dito isso, tomou um ar mais sério e continuou – Mas de verdade Harry, não magoa minha irmã, ou iremos realmente acabar com nossa amizade.

– Pode ficar tranqüilo cara, eu não sei nem como agir perto dela. Agora me diz uma coisa: O que fez você mudar de idéia e aceitar isso numa boa?

– Como eu disse antes, Fred e Jorge vieram falar comigo ontem à noite. Não é segredo para ninguém da família, que Gina tem uma quedinha por você desde sempre. Eles me perguntaram, o que Gui diria se soubesse que vocês dois estavam namorando. E eu fui obrigado a responder que provavelmente ele ficaria muito feliz por nossa caçulinha. Perguntaram-me então, o que eu achava que Percy diria, ante a mesma noticia. E conhecendo aquele mentecapto, eu sei que ele iria fazer um escândalo e tentar atrapalhar tudo, independente da felicidade de Gina. Por fim, me perguntaram qual exemplo eu queria seguir, com quem eu gostaria de ser comparado. A escolha foi fácil, agora troca logo de roupa, e vamos tomar café.

Harry pulou da cama e trocou-se rapidamente, quando estavam chegando à porta do quarto, uma duvida lhe passou pela cabeça:

– E por que a pergunta sobre eu beijar ou não a Hermione? – uma ponta de sarcasmo em sua voz, revelava que já sabia o motivo, só queria ouvir o amigo confessar.

– Cala boca Potter, não abusa da sorte.



O refeitório estava quase vazio, os garotos mal tiveram tempo de engolir um copo de suco de abóbora e algumas torradas e tiveram de correr para a primeira aula, que era de DCAT. Para seu azar, a profa. Longbottom já havia começado a explicar a matéria:

– Bom dia senhores, que bom que nos deram a honra de sua presença nesta humilde sala de aula, se não se incomodarem, sentem-se. Pois bem classe - Voltou sua atenção ao restante dos alunos – Como eu explicava, basta terem em mente uma lembrança feliz, e então dizerem a formula: Expecto Patrono. Entenderam?

– Com licença professora –Justino Finch-Fletchley levantou a mão no ar – eu não entendi sua explicação.

– Está dizendo que não sei explicar minha matéria Sr. Fletchley? Está insinuando que sou incompetente Sr. Fletchley?

– Nã-não Pro-professora, eu é que não devo ter prestado atenção.

– Menos dez pontos pra Lufa-Lufa então. Mais alguém não entendeu?

Era notório o desconforto da classe, vários deles não haviam entendido nada, mas o medo e a prudência os mantiveram calados. Percebendo isso, a profa. Disse exasperada:

– Por Merlin, se não entenderam basta falar, não precisam ter medo de mim. Aqui, venham aqui Srs. Potter e Weasley, já que se ofereceram como voluntários, vamos fazer uma demonstração prática para esse bando de trasgos.

– Mas professora, - redargüiu Rony – nós não nos voluntariamos...

– Bem Sr. Weasley, chegar atrasados em minha aula é o equivalente a se voluntariarem para todo e qualquer exercício ao qual eu precise. Ou talvez o Senhor Prefira cumprir uma detenção em minha sala essa noite?

– Não precisa professora, ser voluntário parece ser bem justo pra mim – a idéia de passar horas sozinho com Mangusta Longbottom, não era nada atraente.

– Foi o que pensei, agora irei lhe dar uma aparência um pouco... Exótica, fique calado e não se mexa: “Abscondere Tenebris”.

Rony sentiu cócegas por todo o corpo, e com assombro, viu a sarna que tomava conta de sua pele. Estalos quase silenciosos pipocaram pelos braços e pernas, quando seus ossos cresceram e ele foi subitamente elevado do chão e passou a flutuar a uns bons quinze centímetros de altura. O manto da grifinória, tão conhecido e amado, transformou-se em vestes esfarrapadas e sujas. Ronald Weasley deixara de existir, em seu lugar surgia um dementador.

Harry sentiu-se tomado de um frio extremo, e uma tristeza sem fim colocou as garras em seu peito. Por uma fração de segundos, ele não estava mais na sala de DCAT, mas sim nas margens do lago da escola, a noite cobria o horizonte, e mais de uma centena de dementadores o cercava, caída ali perto, Hermione jazia desacordada ao lado de um homem maltrapilho que lhe era vagamente familiar. Agindo apenas por instinto, o menino levantou sua varinha e gritou:

– Expecto Patrono.

Um majestoso cervo irrompeu da ponta de sua varinha, e num trote decidido e de chifre em riste, investiu contra os dementadores... Mas de repente, estava de volta a sala de aula e o cervo perolado investia contra um assustado dementador, que fugia desesperado, ora flutuando, ora engatinhando, mas sempre gritando por socorro com a voz esganiçada de Rony.

"Filete encanta tem" – sentenciou a profa. Longbottom, - não me disse que era capaz de criar um patrono corpóreo, Potter.

– Eu nunca tentei esse feitiço antes professora. Acho que não teria conseguido, se a Senhora não houvesse criado aquela ilusão toda.

– De que está falando menino? A única ilusão que criei foi o Sr. Weasley aqui, - retrucou Longbottom - que, diga-se de passagem, foi um dementador ainda mais lamentável do costuma ser como aluno. Agora fique quieto menino, que tem mais alunos a treinar o feitiço. – Rony-dementador tentava em vão tirar o manto esfarrapado.

– Professor – Harry levantou um braço – posso ir à enfermaria?

– Por que Potter?

– Bem, é que... – o menino tentava furiosamente pensar numa desculpa plausível, pois tudo que ele queria era procurar o prof. Dumbledore imediatamente, para lhe contar o que havia acabado de acontecer. – eu acho que estou com dor de cabeça.

– Acha mesmo? Bem quando tiver certeza voltamos a conversar, agora cale-se e deixe o resto da turma trabalhar. E Potter... Dez pontos para a Grifinória pelo excelente patrono.

Toda a classe emudeceu, os olhares incrédulos iam de Longbottom a Harry, até fixarem-se da professora de DCAT, como se ela tivesse ganhado uma segunda cabeça. Era a primeira vez que se tinha noticia da velha senhora conceder pontos a alguém:

– E antes que eu me esqueça, menos trinta pontos pela extrema ignorância. Onde já se viu, não saber ao certo se tem dor de cabeça ou não.

O restante da aula transcorreu sem nenhum incidente, com poucos alunos conseguindo apenas uma luz pálida com o complexo feitiço. Quando finalmente se dirigiam à sala de Flitwick para a próxima aula, Harry contou aos amigos o que se passara com ele durante a aula de DCAT:

– Mas por que você queria contar isso a Dumbledore? – quis saber Hermione.

– Agora que você perguntou, tenho de admitir: Não sei. Simplesmente me pareceu a coisa certa a ser feita.

Os três estavam tão entretidos na conversa que ao virarem um corredor no sétimo andar, deram de cara com uma parede muito peluda que tomava quase todo o corredor:

– Mas o que?

– Hagrid!! – Harry não tinha visto o amigo desde sua despedida antes das férias de natal, e agora estava muito feliz por vê-lo completamente curado – Como você está?

Com seu jeito simples e encabulado, o guarda-caça balançava para frente e para trás. Com as mãos nos bolsos e os olhinhos de besouro piscando muito rapidamente, parecia um imenso garotinho que fora pego em plena travessura:

– Oh, são vocês. O que fazem aqui, não deveriam estar na aula?

– Estamos indo para sala de feitiços, e o que você faz aqui Hagrid? Teve de ir à enfermaria outra vez? Ainda não está bom?

– O que? Enferma..? – ele pareceu confuso por alguns momentos, mas logo seu rosto iluminou-se - Ahh!! Sim, sim, estou indo a enfermaria, mas não é nada demais, Madame Pomfrey insiste nessas visitas regulares, é só isso, Bem garotos, tenho de ir. Muitas coisas para fazer, sabem como é. Apareçam para uma xícara de chá.

Ficou acenando para os três até sumirem de vista na próxima curva do corredor, mas sem sair do lugar no entanto.

– Conversa estranha – comentou Rony – é impressão minha ou ele parecia meio perturbado?

– Parecia realmente meio nervoso. – Hermione também parecia intrigada - Será que se recuperou completamente?

Harry, no entanto não estava prestando muita atenção ao diálogo dos amigos, pois haviam acabado de passar por um bando de meninas do terceiro ano, e todas ficaram encarando-o e cochichando. Algumas soltaram longos suspiros ao passarem por ele. O menino achou a situação no mínimo inusitada. Nunca, nenhuma menina suspirara por ele antes. Ainda olhando para trás, onde o grupo de garotas se afastavam, o menino chocou-se com Romilda Vane, uma colega da grifinória, um ano mais nova que ele, que aguardava ao lado da porta de Flitwick:

– Me apaixono facilmente Potter, e adoro homens românticos. – ela agarrou o menino pelo colarinho do manto e cheirou toda a extensão de seu pescoço, terminando na orelha do rapaz, onde deu uma mordidinha carinhosa. – Feito isso deu uma risadinha e saiu em disparada pelo corredor.

– O QUE DIABOS FOI ISSO?



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Menino que Sobreviveu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.