O Menino que Sobreviveu escrita por gelmo


Capítulo 19
A Ordem Recruta


Notas iniciais do capítulo

Puxaram minhas orelhas para o fato de que eu estava perdendo o foco nos personagens principais, então estou voltando aos nossos heróis. Para quem gosta de batalhas, tenho algumas excelentes para os próximos capítulos. Aos que preferem romance... Ahhhh, vamos dar uma forcinha para esses dois casais né?



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            - Mãe?

            - Sim Harry?

            Já em seu último dia de férias de natal, Harry não via a hora de reencontrar os amigos em Hogwarts, queria saber das novidades, queria saber o que acontecia no ministério, e Rony geralmente era muito bem informado quanto a isso, devido ao seu pai trabalhar lá. Mas queria mesmo era conversar com Hagrid, que não apareceu nenhuma vez depois de ter saído do hospital, e isso deixava Harry preocupado. Desde suas lembranças mais antigas, o guarda caça de Hogwarts sempre passara o natal junto dos amigos. Para evitar todo tipo de pensamentos desconfortáveis, o menino tentava pensar em outras coisas.

            - Como são os Dursley?

            A mulher olhou para o filho e concluiu que ele estava lembrando na história de James, ela mesmo ficou impressionada com o relato. Aquele homem tinha sofrido muito, e para ajudar a salvar as pessoas que amava, sacrificou toda sua vida. Graças ao seu sacrifício, Lilian tinha hoje um filho maravilhoso que amava tanto, tinha um marido que fazia tudo por eles. Mas também, graças a esse mesmo sacrifício, James Potter não tinha ninguém. Sua família continuava morta, seus amigos agora eram crianças, e tinha algo que ele não havia dito, mas estava em seus olhos. Ele deixara nessa outra realidade, seu grande amor, que hoje provavelmente era apenas uma criança também. Ele abriu mão de tudo isso pela felicidade alheia, e agora, ela e seus amigos estavam prontos para traí-lo. É certo que era apenas uma pequena espionagenzinha. Mas se perguntou mais uma vez, se era certo o que estavam fazendo.

            - Mãe?

            - Sim querido?

            - A senhora não me respondeu, e ficou aí com o olhar perdido.

            - Perdão filho, eu me perdi em pensamentos. Deixe-me ver, sua tia Petúnia e eu éramos boas amigas na infância, mas minha vinda para Hogwarts, nos afastou muito. Pois sempre se ressentiu por não ser uma bruxa também. Depois eu conheci seu pai na escola e acabamos nos casando, afastando nossos caminhos ainda mais. A última noticia que tive dela, é que havia se casado, e tido um filho, mais ou menos na mesma época que você nasceu.

            - Será que podemos conhecê-los no próximo verão?

            - Se você faz questão. Mas devo preveni-lo meu amor, que a história de James é bem capaz de ser verdadeira, palavra por palavra. Sua tia nunca gostou do nosso povo, e temo que uma visita a eles seja breve e desagradável, mas vou conversar com seu pai e depois escrevo a ela, então marcaremos um dia para que você possa os conhecer. Ta bom assim?

            - Certo.

- Agora durma filho, amanhã é dia de embarque para escola. – Lilian saiu do quarto do filho e apagou as luzes do aposento. Ela sabia que antes de ter chegado ao andar de baixo ele já teria saído da cama e estaria dando um jeito de falar com Rony ou Hermione. No último verão ela confiscara dele três espelhos comunicadores, um livro de recados instantâneos e três ou quatro geringonças que os gêmeos Weasley inventaram.

Ao chegar à sala de estar, encontrou Arthur e Molly Weasley, Sirius e por fim Remo, que havia saído do hospital há poucos dias, mas não perderia essa reunião por nada desse mundo.

- Alguém aceita uma bebida?  - Ofereceu a dona da casa, já servindo-se de uma dose de Whisky de Fogo.

- Não obrigado, eu já nos servi. Fiz de conta que a casa era minha, sabe? – Realmente Sirius já havia servido de uma generosa dose de Whisky, a si e aos homens, e uma garrafa de cerveja amanteigada para a Sra. Weasley. – Será que ele demora muito ainda?

- Creio que não.

Enquanto esperavam Tiago chegar, ficaram conversando sobre banalidades. Nenhum deles tinha vontade de tocar no assunto que estava abalando o país na última semana. Tom Riddle havia cumprido sua promessa, e quarenta e sete crianças trouxas, com idade inferior a cinco anos, estavam aparecendo mortas todos os dias. As autoridades Trouxas estavam completamente perdidas, pois sem causa aparente da morte, a população começava a temer uma epidemia de alguma doença desconhecida. Foi no meio dessa espera tensa e desagradável que ouviram a porta da frente ser aberta. Tiago finalmente chegara em casa. Todos o encaravam com incredulidade. Ao invés de sua roupa costumeira, ele trajava um uniforme idêntico ao do Coronel James Potter, com apenas duas diferenças básicas. A arma que ele trazia no coldre era bem menor, e não havia estrelas em sua lapela, apenas a pequena Fênix estilizada.

- Você foi aceito. - Não era uma pergunta, mas o maior medo d sua esposa sendo verbalizado.

- Fui, e antes de qualquer coisa, posso afirmar que nosso pequeno estratagema falhou.

- Como assim? – Sirius interrompeu – você foi aceito não foi? Agora podemos saber o que se passa dentro dessa organização.

Com um sorriso cansado, Tiago despiu a batina de couro, ficando apenas com uma camiseta vermelha, deu um beijo na esposa e foi sentar-se em frente à lareira:

- Sim meu amigo, fui aceito, mas acredite, aquele homem é mais esperto que uma víbora. Vocês sabiam que ele é Legilemens? Bastou um único olhar em meus olhos e nosso planozinho foi por água abaixo. Poxa, não sou nenhum novato em oclumencia, mas o desgraçado passou por minhas defesas como se elas não existissem. E ainda se divertiu com isso. Aliás, falando nisso, ele lhe mandou um recado Sirius.

- O que? Que recado?

- Não sei exatamente o que você pensou em sua presença, mas ele mandou lhe dizer que tem uma casinha de cachorro e um osso extremamente apetitoso te esperando se você resolver seguir em frente com suas idéias. – Sirius enrubesceu ligeiramente – Que idéias foram essas?

- Nada demais, apenas pensei em segui-lo em minha outra forma e dar uma olhada inocente em sua casa.

- Pois é. Ele sabe que você é um animago.

- Mas diga nos querido, quais foram os testes que lhe impuseram?

- Não posso. Já lhes disse, o Diabo é esperto. O recrutamento é assim: A primeira coisa que nos mandaram fazer foi assinar um contrato no qual nos comprometíamos a sermos submetidos a uma junta avaliadora que disporiam de quaisquer meios mágicos que achassem necessários para descobrir se estávamos aptos ou não para o trabalho.

- Nós sabemos Tiago – Remo entrou na conversa pela primeira vez, Como não tinha conhecido James pessoalmente, era o mais interessado no assunto, pois não conseguia acreditar naquela história fantástica que seus amigos lhe contaram – Todos vimos uma cópia desse formulário quando o Profeta Diário publicou.

- Eu sei Aluado, mas o que o Profeta não publicou, é que a junta avaliadora, é o próprio contrato assinado.

- Como assim?

- O contrato que assinamos, é um artefato mágico. Só existe um contrato. Depois que uma pessoa escreve seu nome, ele desaparece e fica em branco para outra pessoa assinar. É o mesmo feitiço que anima o chapéu seletor de Hogwarts. Na escola, o chapéu define qual o potencial do aluno para escolher em qual casa o colocar, Na OF, o contrato avalia se a pessoa tem ou não capacidade e aptidão para o trabalho. Depois de assinarmos o maldito papel, mandaram-me seguir um corredor. No fim deste, havia uma única porta de vidro, onde dizia “Recrutamento”, entrei e sentei-me para esperar ser atendido, só então percebi que do outro lado do corredor, havia uma porta idêntica. A bruxa que veio me buscar para o próximo teste me explicou que aquelas pessoas não estavam aptas a entrar na Ordem, então não podiam ver a porta pela qual eu passara.

- Mas o que havia escrito na outra porta?

- Eu já disse, era idêntica aquela pela qual eu passara. Nela também estava escrita “Recrutamento”. Essa é a beleza diabólica do plano. Ninguém sabe que foi rejeitado, todos que se apresentarem irão servir de uma forma ou de outra. Aqueles que não estão aptos a serem homens de campo, servirão na parte burocrática da Organização. Todos se sentirão úteis e procurarão ajudar o máximo possível.

- Você disse que fez outro teste?

- Sim , desta vez foi um teste de coragem, que rezo a Deus não ter de enfrentar nunca mais em minha vida.

- Deixe de fazer suspense homem, e diga logo o que você fez.

- Não posso. Tenha um pouco de paciência que eu chego lá. E por último, realizei uma prova de caráter moral. – Seus olhos saíram ligeiramente de foco, e Lilian percebeu que seja o que for que o tenham feito fazer, perturbou profundamente seu marido – Quando os testes tinham acabado, fui levado para o escritório do Coronel. Foi quando se deu minha grande surpresa, meu destino resumia-se em minha própria escolha. Ele me perguntou se, depois de tudo que eu vi e fiz, se eu ainda queria fazer parte da Ordem da Fênix. Eu respondi que sim, e fui liberado para voltar pra casa... Meu treinamento começa amanhã. Serão seis meses. Antes de sair no entanto, Snape deu-me uma poção para beber. E é essa poção que me impede de falar quaisquer pormenor sobre os dois últimos testes.

- Ranhoso? O que o Ranhoso fazia lá?

- Mais respeito, agora é Capitão Ranhoso. Além de Oficial Curandeiro, Snape faz parte da Inteligência e Estado Maior da OF.

- Como aquele estrupício conseguiu um cargo assim? – Lilian zangou-se, ela nunca entendeu o motivo de Sirius, Remo e seu marido implicarem tanto com Severo.:

- Severo é um bruxo muito competente, e além do mais, você está esquecendo de uma coisa muito importante. Faz anos que James trabalha em segredo junto de Severo.

- Tem uma coisa que não entendi nessa história – o Arthur levantou-se da poltrona e começou a caminhar de um lado ao outro da sala – Quem lançou o encantamento do chapéu seletor no contrato mágico?

Sirius, que não tinha pensado no assunto, disse somente:

- Não sei. Dumbledore talvez?

- Não, Arthur tem razão. – Remo Lupin lembrou-se então - Esse feitiço está perdido a mais de um milênio, foram os fundadores de Hogwarts quem o criaram, e ninguém sabe mais como realizá-lo.

- Exato, - continuou Arthur – quem lhe disse isso Tiago? Foi uma pessoa idônea?

- Não podia ser alguém mais verdadeiro.

- Quem? – Perguntaram todos juntos?

- O próprio contrato. Depois de assinado, antes de desaparecer com seu nome, uma última clausura aparece explicando que aquele mesmo papel, através da mui antiga magia que auxilia Hogwarts a selecionar seus alunos através dos séculos. Agora iria me julgar capacitado ou não.

- É, então não resta dúvidas, esse tipo de feitiço é a prova de falsificação.

- Bem, - a Sra. Weasley respirou agradecida - estou extremamente aliviada com as noticias.

- Por que Molly?

- Não é óbvio Lilian? Se depender de uma magia tão antiga e sábia assim para ser selecionados, podemos ficar mais aliviados, pois somente os de caráter muito forte e com real possibilidade de sobreviverem ao serviço, poderão se alistar. – Ela pensava nos filhos, que com certeza iriam tentar entrar para a Ordem, mas agora tinha certeza que não conseguiriam.

- Que bom que você pensa assim Molly – disse Tiago com voz soturna, que aos ouvidos dos Weasley, não pressagiava nada de bom.

- Por quê?

- Por que Fred e Jorge foram selecionados para o serviço ativo meia hora depois de mim.

O mundo de Molly Weasley girou em torno de si próprio e sumiu. Pela primeira vez em sua vida adulta, ela desmaiara.

Cinco minutos depois ela voltava a si, a confusão era geral na sala. Seu marido não sabia se ficava preocupado com a esposa ou bravo com os filhos. Ele abava a mulher no sofá enquanto jurava esganá-los até a morte, depois abanava a si mesmo enquanto dizia palavras de reconforto para a Molly. Lilian discutia com Tiago:

- Isso é maneira de dar uma noticia dessas? Você perdeu o pouco de juízo que tinha? Onde estava com a cabeça? Seu jumento em forma de bruxo.

- Mas, mas querida...

- Mas o escambau, seu retardado, eu vou acabar com sua raça quando as visitas forem embora.

- Owwww, não precisa esperar nós irmos embora não. Pode destruir já. – Sirius não cabia em si de tanto rir.

- Lilian é egoísta. Quer a diversão só pra ela. – Remo tornou, rindo também

- E o que vocês estão rindo feito duas hienas? Querem ter um aspecto mais condizente?

- Opa, calma aí Lily, - Sirius parou de rir na hora. – Eu só acho que foi muito engraçado a cara do Tiago.

- Além do mais, - defendeu-se Remo – O Tiago acabou de dizer que todos que se apresentarem vão ser selecionados pra alguma função, eles vão fazer algum serviço burocrático não é Tiago?

Tanto Arthur quanto Molly viraram-se para Tiago, os olhos cheios de esperança.

- Então... Vocês não me deixaram terminar de falar. Serão seis semanas de treinamento, e quando terminarmos, eu terei de lhes prestar continência e chamá-los de senhor.

- Como assim? – Arthur interessou-se, mesmo contra a vontade uma notinha de orgulho surgia em sua voz.

- Seus filhos são dois capetas Arthur, mas pelo visto são bem mais inteligentes do que qualquer um suspeitava. O contrato me selecionou para ser homem de campo, ou seja, terminarei meu treinamento como soldado, eles no entanto foram selecionados para Jogos Táticos. Isso é inteligência militar meu amigo, eles sairão do treinamento como Tenentes e serão parte do estado maior, eles não irão lutar nessa guerra, irão planejá-la.

Arthur agora, com inconfundível orgulho no rosto ainda teimava em perguntar:

- Você tem certeza de que não correrão perigo Tiago?

Remo e Sirius voltavam a rir até perderem o fôlego.

- Como que um soldado raso poderia saber Arthur? Ele não é qualificado para saber de coisas importantes.

- Quero ver quando os dois imbecis forem se alistar, que cargo pegarão.

- Por que eles foram fazer isso comigo Lilian? Por quê?

- Calma Molly, nada de ruim vai acontecer aos meninos. Você vai ver

Lilian segurava a mão de Molly e lhe dizia palavras de conforto, e de vez em quando lançava olhares enviesados para os homens, que agora brindavam ao futuro dos jovens oficiais Weasley. Arthur já tinha esquecido sua solene promessa de matar os filhos e exibia um sorriso orgulhoso, como se ele próprio tivesse recebido uma medalha de menção honrosa.

- Tem certeza que não esta mais bravo com eles Arthur?

- Claro, claro Tiago. Meus filhos são oficiais do exército. Não estou bravo, estou orgulhoso.

- Certo... – Tiago foi até a porta e a abriu-a dizendo, podem entrar.

Um silêncio desconfortável instalou-se entre os presentes no momento em que perceberam o que as palavras de Tiago queriam dizer. Fred e Jorge Weasley entraram lentamente na sala, de cabeça baixa e mãos nos bolsos. Tinham no rosto, um ar de profundo arrependimento, que teria enganado qualquer pessoa do mundo. Isto é, se a pessoa em questão não os conhecessem. Trajavam uniformes idênticos, que se diferenciavam da farda de Tiago apenas por um detalhe na lapela, onde na de Potter havia apenas uma jóia da fênix estilizada, a deles, trazia também uma estrela prateada. Arthur, com anos de experiência, ao ver os olhos de Molly, afastou-se prudentemente alguns passos, Lilian, mais perto dela, notou os olhos faiscando, e até mesmo pensou em alertar os três homens que estavam perto demais dos gêmeos, mas decidiu-se por permanecer calada, eles mereciam o que estava por vir.

- Meus meninos, venham cá... – o tom calmo e persuasivo na voz da mãe, foi o primeiro indicio de que a coisa ia de mal a pior – Deixem mamãe ver esses indos soldados mais de perto.

Sem aviso prévio, uma bola de fogo azulado surgiu do nada e acertou os incautos e indefesos homens em cheio. Arthur Weasley, numa agilidade insuspeita, abrigou-se atrás do sofá com apenas um pulo. Os cinco restantes viram se envoltos em chamas azuis que não os incendiava, mas davam-lhes a mesma sensação de um fogo comum. Como se o castigo infringido não fosse o suficiente, a Sra. Weasley continuava lançando pequenas bolas de eletricidade, que explodiam ao tocar seus corpos.

Quase uma hora depois, com Molly mais calma, e os filhos devidamente postos de castigo, os Weasley se despediam de todos:

- Bem Tiago, desculpe-nos pelos estragos em sua sala. Quando Molly fica nervosa desse jeito, acaba perdendo um pouco a noção das coisas.

- E ela estava certa Arthur. Nós entendemos, fique tranqüilo. – respondeu Lilian pelo marido.

Depois da saída da conturbada família, Sirius não se conteve:

- Cara, tenho dó daqueles traseiros militares. Eu preferia enfrentar um batalhão de dementadores a encarar a Molly hoje.

- Depois do que aqueles meninos passaram hoje durante os testes de seleção, nada do que a Molly lhes fizer vai incomodá-los. – concluiu Tiago de forma enigmática.

O costumeiro embarque depois do natal, não foi festivo como costumava ser, pois muitas famílias não mandaram seus filhos de volta a escola. Alguns por medo, outros por motivos ainda mais sinistros. Ouve casos de famílias inteiras terem sido encontradas mortas.  Muitos haviam fugido para o exterior.

O clima sempre alegre e festivo da plataforma nove e meia da King’s Cross, estava sombrio e as poucas famílias ali, estavam taciturnas e nervosas, olhando para os lados a toda hora, como se algum comensal pudesse saltar de trás de um pilar a qualquer momento.

Quando acordara de manhã, o pai já havia saído, quem levara Harry para a estação fora a mãe. Assim que passaram pela entrada na plataforma, o menino correu até os Weasley. Molly, com os olhos vermelhos de quem tinha chorado a noite inteira, dava conselhos aos filhos:

-... tenham juízo, e obedeçam os professores. – virando-se aos gêmeos, que estavam estranhamente comportados – Quanto a vocês...

Com um soluço abafado, a mulher tapou o rosto com as mãos e voltou a chorar. Os dois filhos a abraçaram com grande ternura, e cada um deu-lhe um beijo nas faces:

- Vai ficar tudo bem mamãe, vários professores entraram também, escreveremos para a senhora todos os dias.

Sem entender a cena, Harry afastou-se puxando Rony pela manga. O amigo estava com uma expressão que mesclava, incredulidade, orgulho e medo:

- Que estava acontecendo Rony? -  Murmurou o amigo.

- Cadê seu pai? Você não está sabendo?

- Depois te conto. Vem, vamos procurar uma cabine vazia.

- Vai indo, vou me despedir de minha mãe.

Ao se aproximar, notou que a Sra. Weasley agora chorava no ombro de sua mãe:

- Tchau mamãe. – Lilian, ainda dando tapinhas nas costas da amiga, abaixou-se ligeiramente para dar um beijo no filho.

- Comporte-se Harry, e me escreva.

- Enxugando os olhos, Molly Weasley pareceu só então notar Harry ao seu lado, enxugando os olhos com as costas da mão, deu lhe um sorriso triste.

- Olá querido, tenha um bom período letivo, e por tudo que há de sagrado, veja se você e Rony não se metam em mais confusões.

Com um sorriso e um aceno, o menino correu para o trem que soltava seus últimos avisos da partida iminente. Correu até a cabine que Rony tinha se instalado e acenou para as duas senhoras que estavam ficando cada vez menor na estação que se distanciava. Ainda de pé, encostado no vidro da janela, virou sua atenção para os amigos que dividiam o compartimento com ele: Rony, Hermione e  Gina.

- Oi Mione - cumprimentou com aceno de mão a amiga, e então, antes mesmo de perceber o que fazia,  num gesto simples e natural, abaixou-se e depositou um beijo rápido e inocente sobre os lábios de Gina.

- Mas que diabos você pensa que está fazendo cara? – A surpresa e indignação de Rony rapidamente se transformavam em raiva e ciúmes.

Sem saber exatamente por que fizera aquilo, Harry não soube explicar seu ato, e ficava cada vez mais atrapalhado; sentia as orelhas pegando fogo. Gina, pega de surpresa, também ficou completamente vermelha, levantou-se e se dirigiu pra fora da cabine:

- Quer saber Rony, você é um tapado. Tudo que Harry fez foi me cumprimentar. – Assim dizendo ganhou o  corredor batendo com força a porta quando saiu, mas Harry poderia jurar que a ruivinha tinha um sorriso de satisfação no rosto.

Voltou-se para seus dois melhores amigos ainda sem jeito pela cena que acabara de protagonizar. Hermione o observava com olhar divertido, e Rony bufava indignado:

- Então, você me disse que depois me explicaria o que estava acontecendo La fora...

- Escute aqui ô beijoqueiro, você mantenha esse beiço descontrolado longe da minha irmã, entendeu?

- Ta bem Rony, ta bem. Desculpe. Mas me conte, qual era o motivo de tanta tristeza.

Ainda desconfiado, Rony não queria dar o assunto do beijo por encerrado, mas pareceu se convencer do arrependimento do amigo, então começou a explicar, lançando olhares carrancudos para Harry de vez em quando, só para lhe mostrar que ainda não o havia esquecido.

- Foi por causa de ontem. Minha mãe ainda não se conformou. Ela fez meu pai mandar corujas para todos os contatos dele no Ministério, para ver se conseguia anular a aceitação de Fred e Jorge, mas ninguém pode fazer nada, parece que é uma decisão definitiva.

Harry tentava com afinco prestar atenção às palavras de Rony, mas tudo que ouvia era um zumbido gostoso. Por um breve segundo teve os lábios de Gina sobre os seus. Macios e gostosos. Ele realmente não sabia por que tinha agido daquela forma, mas sabia que faria de novo assim que tivesse outra oportunidade, de preferência longe de Rony, para quem sabe, não tentar algo mais demorado.

- Aceitação? Que aceitação Rony? – Hermione que prestava mais atenção as explicações do amigo, estava sem entender.

- Para a OF, os dois se alistaram ontem, junto com o pai de Harry.

A menção de seu pai, os devaneios do garoto evaporaram-se, e ele finalmente começou a prestar atenção à conversa ao seu redor:

- O que tem meu pai?

- Se alistou na OF ontem. Você não escutou o que eu falei? Por que não escutou o que eu falei? No que você estava pensando? Tava pensando em beijar minha irmã de novo, não é seu salafrário?

- É... quero dizer não... Escuta aqui, que negócio é esse de OF? Você tem certeza que meu pai se alistou?

- Claro. Quando meus pais chegaram da sua casa ontem, a briga que minha mãe teve com os dois foi tão alta e barulhenta que acordaria até uma coruja empalhada. Todos nós levantamos. Fred e Jorge ainda estavam de uniforme. Eles me disseram depois, que seu pai vai ser homem de campo, numa espécie de tropa de soldados de elite, mas ele não tinha dito isso pra sua mãe, para não lhe dar mais motivos de preocupação.

- E para onde foram designados seus irmão? – quis saber Mione.

- Jogos Táticos.

- Caramba Rony, isso é...

- Inteligência militar...

- ...Sabemos disso – Os gêmeos acabavam de entrar na cabine, e não tinham nenhum traço de arrependimento no rosto. – Vocês estão olhando para os futuros Coronéis da OF.

- Apenas seis meses de treinamentos...

- ...E já seremos oficiais.

- Mas podem ficar sossegados, não iremos exigir continência de vocês. -  Começou Fred.

- Pelo menos não sempre. – Continuou o irmão. – E sabem o que vai ser mais legal?

- Vamos ganhar para continuar fazendo a coisa que mais gostamos...

- ... inventar coisas para enganar os outros. Só que agora, vai ser brincadeiras mais sérias.

- Me digam uma coisa – Harry entrou na conversa – E como vocês vão ser treinados se estão indo para a escola junto conosco?

- Ahhh! Isso é segredo militar...

-...pobres civis como vocês jamais entenderiam.

- Vocês não sabem, não é mesmo? – Hermione deduziu.

- Não fazemos a menor idéia – Admitiu Jorge, numa tremenda cara de pau.

O resto da viajem transcorreu tranqüilo, com o assunto sempre girando em torno de como seriam as aulas daqui pra frente.  Quando finalmente chegaram a estação, estavam famintos, pois já era noite, e o almoço a base de doces, comprados no carrinho do trem, eram agora uma vaga lembrança apenas. Antes de desembarcarem no entanto, Gina voltou à cabine pegar seus trajes para se trocar. Harry nem mesmo tentou disfarçar que estava olhando para a menina, sem conseguir suportar mais tempo, Rony bufou ameaçadoramente.

- Agora escutem aqui vocês dois... – começou Rony

- O que foi Roniquinho? – Gina sacou a varinha e enfrentou o irmão mais velho – Vai encarar?

- Eu... eu...

- Ah, vai catar piolho em dragão

Gina foi embora como um furacão vermelho tempestivo. Harry virou-se mudo para os três Weasley na cabine. Fred e Jorge levantaram as sobrancelhas de modo indagador:

- Quer nos contar alguma coisa Potter?

- Quem? Eu? Não. – Harry tentou colocar sua melhor cara de inocência, mas Riny já começava novamente.

- Esse safado beijou a Gina. NA BOCA!!!

- Deixa de ser crianção Rony, - interveio Mione – Foi um gesto de amizade, poderia ter sido comigo.

- ELE QUE SE ATREVA. EU LHE ARREBENTO ESSE NEGÓCIO QUE ELE CHAMA DE CARA.

As orelhas do jovem weasley, passaram do vermelho tomate, para o roxo beterraba em questão de segundos, ele inconscientemente procurava a varinha com uma mão enquanto ameaçava Harry com o punho fechado da outra

- Rony, meu pobre irmãozinho desprovido de cérebro...

- ... Nos explique uma coisa: Por que você está com mais ciúmes da Mione do que da sua própria irmã?

 Sem uma resposta satisfatória para dar aos irmãos, Rony simplesmente saiu da cabine também, tentando passar a mesma indignação que Gina:

- Ah! Vão catar dragão  em piolho.

Harry e os gêmeos explodiram em gargalhadas, o menino percebeu que Mione se abrigara atrás do grande livro que tinha nas mãos as orelhas vermelhas como uma legitima Weasley. Mas não sem antes ele notar o mesmo sorriso de satisfação que pensou ter vislumbrado no rosto de Gina.


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Notas finais do capítulo

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