O Menino que Sobreviveu escrita por gelmo


Capítulo 16
Horcrux




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- Não Draco, eu te proibo. Entendeu?

- Narcisa, procure entender...

- Vocês é que não estão entendendo Lucio. Eu ja disse minha última palavra, e ela é NÃO. Draco é apenas uma criança.- Narcisa Malfoy estava a beira da histeria, lágrimas corriam por seu rosto, o cabelo, geralmente penteado de formas exóticas, encontrava-se todo desgrenhado, a maquilagem parcialmente lavada pelas lágrimas e fundas olheiras eram testemunhas das horas sem dormir - Voce não tem o direito de pedir isso ao seu próprio filho.

- Acontece Cisa, que não fui eu quem pediu.

- Não?

- É oque estou tentando lhe explicar. O Lorde das trevas em pessoa me pediu para avisar o Draco da honra que iria lhe conceder.

- O Lorde das trevas?

- Sim querida, eu mesmo me ofereci para tomar o lugar do nosso filho.

- E oque ele disse?

- Apenas riu de mim e disse para me contentar com minha posição. Ambos olharam ao mesmo tempo para o filho, que encontrava-se sentado em frente a lareira apagada, fitando as cinzas frias. As mãos no colo tremiam um pouco, mas era a única manifestação de que Draco ainda era capaz de sentir alguma coisa. Seu rosto vazio e olhos sem expressão deixavam transparecer que todo medo e desespero que havia sentido nas últimas horas, ja o havia abandonado, restara apenas a resignação. E isso era oque mais doía em Narcisa, ver seu único filho resignado a aceitar a imposição de um destino pior que a morte.

- Pois eu não vou aceitar isso, deve ter alguém que possa fazer algo a respeito.

- Não.

Lucio e Narcisa viraram-se abruptamente em direção a Draco, que desde o momento em que ouviu o pai transmitir-lhes o plano de Voldemort, não havia pronunciado uma unica palavra sequer. E agora, ainda que com um tremor involuntário na voz, mostrava mais que resignação e medo, mostrava decisão e até mesmo uma nota de orgulho.

- O que você quer dizer com "não" Draco? E sou sua mãe, não poderei deixar...

- Você não entende mãe. O Lorde das trevas vai me conceder uma honra que nunca concedeu a ninguém. Eu quero ajuda-lo, e com esse plano, ele me tornará uma peça chave para seu futuro governo, serei um de seus mais importantes homens. Ou melhor ainda, serei seu mais importante general, seu segundo em comando. E NInguém irá me tirar isso mãe.

- Mas filho...

- O menino tem mais coragem e juizo que vocês dois juntos. - Sibilante e gutural, a voz apanhou os Malfoy de surpresa, abraçados um ao outro, procuravam sua origem em vão, com o coração descompassado, viram as sombras no canto da sala tornarem-se mais escuras e modelarem um corpo de trevas vivas, que rapidamente ganhou as feições tão conhecidas quanto temidas do lorde das trevas. - Você bateu às portas da traição hoje Narcisa, deve saber que Lord Voldemort ja matou pessoas melhores por menos palavras. Sua sorte mulher é que desda vez, as palavras de sua cria lhe salvaram.

- Meu Lorde.

- Cale-se Lucio, pensa que não me apercebi de sua abjeta covardia também? Quanto a você Draco, hoje falou como um verdadeiro Comensal deveria falar. Eu sempre soube apreciar a bravura num homem, e suas recompensas serão ainda maiores que suas expectativas. Agora vá e me espere, ainda tenho algumas instruções para dar ao seu pai. - com apenas um gesto, Voldemort fez com que o menino palido desaparecesse, para reaparecer do outro lado do país.

- Senhor, ele é apenas uma criança.

- Deixe de choramingar Narcisa, e agradeça ao seu marido por isso. Agora Lucio, preste bem atenção em minhas palavras. Nem mesmo o maior oclumente do mundo pode esconder seus pensamentos de mim por muito tempo, e foi presunção sua pensar que podia. Lembra-se de quando eu lhe disse que tinha um agente meu infiltrado no Colégio Imperial de Feitiçaria Luz D’ouro, e que esse agente estava encarregao da missão de pegar minha Horcrux que esta escondida em Hogwarts?

- Sim meu lorde.

- Pois bem Lucio, na ocasião, você não ficou surpreso em saber que eu tinha feito uma Horcrux, e o mais estranho, parecia saber que existia mais de uma.

- Senhor?

- Acontece meu lacaio, que apenas duas pessoas no mundo detinham essa informação. Eu mesmo e aquele arremedo de bruxo que se autodenomina herdeiro de Slytherin. Apesar de todos os meus conselhos e de minha amizade incondicional para com sua familia, você me traiu Lucio, e estava trabalhando para meu inimigo, enquanto fingia trabalhar para mim.

- Não meu Lorde, devo confessar que o garoto Riddle ja havia comentado comigo sobre as Horcrux, e era meu dever ter-lhe contado isso, mas...

- Então você sempre foi meu servo fiel?

- Sim senhor.

- Explique-me então Malfoy, porque Riddle matou todos no trem? Por que ninguém de Durmstrang foi tocado? Por que não houve feridos na comitiva de Beauxbatons? Por quem você me toma Malfoy? Por um estúdido?

- Não meu senhor, eu... eu...

- Pois bem seu verme, o espião lusitano era apenas uma isca, para testar até onde ia sua lealdade. Não havia nenhum homem meu lá. E como você era o único que detinha essa informação...

- Mas meu Lorde, o senhor nos contou isso durante uma reunão com varios de seus homens, estavam presentes até mesmo alguns rostos que eu nunca vi, como o senhor pode afirmar que eu, seu mais fiel servidor seja cumplice dessa traição?

- Quais homens estavam lá Lucio? Esses?

Num gesto rápido e violento toda a mobilia da sala voou pelos ares, indo se chocar com estrondo na parede oposta onde se estilhaçou completamente. No meio do saguão, agora vazio, surgiu uma mesa comprida, que Lucio reconheceu como sendo a mesa de reuniões dos comensais da morte, no centro da mesa havia uma gaiola com mais de dez ratos. Assim que a portinhola se abriu, os camundongos, como numa dança sincronizada, dirigiram-se ao mesmo tempo, cada uma para uma cadeira, e rapidamente se metamorfosearam em um homem diferente, que apenas resmungavam baixinho e acenavam em concordância. Em choque e com medo crescente, Lucio percebeu que fora engado pelo Lorde das Trevas, naquela reunião fatídica, ele era o único homem presente à mesa. Seu destino estava selado, não havia desculpas para os traidores nas fileiras de Voldemort.

- Bem Lucio, a hora das punições ainda vai chegar, mas no momento, você vai ser mais útil para mim vivo. Riddle tem dois sétimos de minha alma, e eu as quero de volta, Lorde Voldemort vai ter de volta todo o poder que seu por direito.

- Perdão meu lorde, mas o senhor esta errado.

- OQUEEEE???

Temendo a morte iminente que podia ver nos olhos inumanos de seu mestre, Lucio tomou coragem e continuou:

- O Herdeiro tem três oitavos de sua alma milorde.

- Nunca... mais.. atribua.. qualquer ... titulo... àquele... verme...

- Perdão milorde, isso não se repetira.

- Agora explique-se.

- Ele me contou que quando o senhor era ainda um adolescente, bolou o plano de savaguardar-se da morte, dividindo sua alma em sete pedaços. Seis deles seriam escondidos em objetos e guardados em segurança, enquanto o último ficaria animando seu próprio corpo, mas aconteceu algo que o senhor não esperava.

- Continue.

- Quando o senhor matou a familia Longbottom, e tentou matar o garoto, sem querer milorde criou mais uma Horcrux, que ficou presa no corpo do bebê, dividindo assim sua alma em oito e não em sete, como havia planejado anteriormente. Quando Riddle saiu de seu diario, ele por si só ja era uma parte completa de sua alma, ao absorver toda a energia vital do garoto Longbottom, ele absorveu também a parcela de alma que animava aquela Horcrux viva. E finalmente, quando conseguiu o anel, tornou-se tres partes inteiras da mesma alma.

- Interessante, você começa a demonstrar o mínimo de utilidade para mim Lucio.

- Há mais uma coisa senhor.

- Prossiga.

- Apesar de não saber com certeza os locais que o senhor depositaria as outras Horcruxes, Riddle tinha um bom palpite de onde seria. E logo depois que recuperou o anel, ele se dirigiu a uma caverna num penhasco, nenhum de nós poderia imaginar oque aquele local tinha de especial para o senhor, mas percebemos logo que uma magia muito poderosa o guardava. Quando chegamos ao centro do lago no entanto, Riddle descobriu que o medalhão original que o senhor havia depositado lá, havia sumido, e uma cópia sem poder algum, estava em seu lugar, desde então ele procura a localização desse relicário.

- Quem estava presente à essa expedição à caverna?

- Eu, Goyle, Crabbe e o próprio Riddle senhor.

Voldemort encarou Lucio por varios minutos. Este percebeu que seu mestre varria sua mente usando legilimencia a procura de falhas ou mentiras em sua história. Finalmente o Lorde Escuro se deu por satisfeito:

- Certo Malfoy, talvez você não seja um completo inutil. Mas apenas para mante-lo no bom caminho da lealdade, deixe-me lhe dar algo para pensar. Eu estou indo de encontro ao Draco, e irei fazer dele, a minha mais nova Horcrux. Ele esta certo em pensar que estou fazendo dele um de meus generais mais valiosos e importantes. Nem os homens do Ministério da Magia, nem os integrantes da Ordem da Fênix matariam uma criança, nem mesmo que essa fosse a única forma de me deter. Seus valores morais os impediriam disso. Mas acredite-me Lucio, se aquele moleque que você chamava de mestre descobrir oque seu filho se tornou... a vida de Draco não valeria meio sicle furado, e pensando nisso você, e sua bela esposa Narcisa, não apenas irão procurar preservar mais meus segredos, como acredito que se empenharão o maximo possivel em descobrir se existem outros traidores entre meus homens, estou certo? Agora sumam da minha frente.

Sem esperar novo comando, Lucio e a esposa sairam rapidamente do recinto, Narcisa ja fazia uma lista mental das pessoas certas a serem torturadas para descobrir possíveis delatores. ela era uma mãe, e iria proteger seu filho a qualquer custo. Com um olhar frio e calculista para o marido, ela jurou a si mesma que o mataria com as próprias mãos se Riddle descobrisse o segredo de Draco, afinal, era culpa de Lucio que eles estivessem nessa situação.

Enquanto isso, Voldemort também remoia seus pensamentos. Malfoy dissera a ele mais informações do que pretendia. Sem  perseber, havia lhe dito a maior fraqueza de seu inimigo. Quando adolescente, Voldemort havia passado por uma fase de insegurança, e por um curto período, pensou em procurar Dumbledore e pedir auxilio. Essa fraqueza momentânea foi logo esquecida, quando matou pela primeira vez, e percebeu que seus poderes só teriam os limites que ele próprio se impusesse. Desde então, Voldemort nunca confiou seus planos a mais ninguém. Riddle no entanto, confiava o suficiente nos seus homens mais próximos para lhes fazer confissões e até mesmo os levar ao local sagrado de sua infancia, aquela deliciosa caverna de tão boas recordações de tortura e pilhagem. Riddle ainda estava inseguro, e essa seria sua ruina.

Se suas fontes dentro do ministério estivessem certas, sua versão mais jovem acabava de cometer um dos erros mais aberrantes de sua curta carreira, ele dera um ultimato no ministro. Ou este lhe entre entregava o poder, ou Riddle começaria uma guerra aberta contra bruxos e trouxas. Voldemort tomaria providencias para que o ministro jamais cedesse, a essa chantagem, obrigando seus inimigos a lutarem em duas frentes. Com uma gargalhada fria, Voldemort foi de encontro a Draco. Mas antes, daria uma parada em Azkaban, dar uma palavrinha com seus servos dementadores.


Draco sentiu como se dezenas de cintos o apertassem ao mesmo tempo, em diversas direções diferentes, por um momento achou que iria vomitar, mas antes que isso acontecesse, o mundo girou num turbilhão de formas e então se centralizou novamente, e o garoto ja não estava mais em sua casa, mas num casarão abandonado. A poeira de varios anos cobriam os móveis, um fogo baixo crepidava na lareira. Uma imensa cobra se enrolava no tapete em frente a uma poltrona velha e corroida, Draco reconheceu Nagini, a cobra de estimação de Voldemort. O garoto se sentou na poltrona mais afastada possivel do animal, e ficou remoendo seus pensamentos. Ele tinha muito medo do que estava prestes a acontecer, mas sabia perfeitamente que não tinha escolha. Desde o momento que Voldemort concebeu seu plano, Draco sabia que seu destino estava traçado. Enquanto os pais discutiam, ainda em sua casa, ele pensou em fugir, procurar Dumbledore e contar tudo ao diretor; tinha certeza que o velho professor o ajudaria  e o protegeria, mas também tinha certeza que toda a furia de Voldemort recairia sobre seus pais. Como não havia saida da situação, ele fingiu aquele arroubo de coragem, não sabia se Voldemort tinha engolido suas bravatas, mas com aquela atitude, esperava manter os pais em segurança da ira do lorde das trevas.

Depois do que pareceram horas sozinho com Nagini, um estalo surdo o arrancou de seus devaneios. O Lorde Negro chegara, e trouxera consigo alguns convidados. Dois dementadores escoltavam um bruxo negro e atarracado que Draco reconheceu como Quim Shacklebolt, um dos auror encarregado da segurança dos alunos de Hogwarts, ele mostrava sinais de luta e espancamento, sangue ainda fresco escorria num filete de sua boca. Fechando a sinistra comitiva, o cadaver animado de Neville Longbottom:

- Vá meu jovem, sua jornada é longa, só volte me trazendo a cabeça do jovem Potter, e então poderá descançar, eu prometo. Sem uma unica palavra o cadaver saiu se arrastando com caretas de dor, os dementadores se afastaram a um aceno de cabeça do Lorde das Trevas. Este, sentou-se indolentemente em sua cadeira em frente ao fogo, com a mão esquerda acariciou a cabeça da cobra, enquanto bincava com um sanguinolento pedaço de carne crua com a outra mão, depois de alguns segundos deste espetaculo macabro, Voldemort entregou a carne para a cobra comer, limpou as mãos e se levantou:

- Agora, jovem Malfoy... Vamos aos negócios. Esse é o Sr. Shacklebolt, ele foi encarregado pelo próprio ministro da magia a encontrar o covil de Riddle, infelizmente não conseguiu, mas o sr. ministro não sabe disso não é mesmo Quim? Vamos homem, responda a pergunta? O que houve? O gato comeu sua lingua? Oh! Desculpe, na verdade foi a cobra. - Draco percebeu com um arrepio, que o petisco que Nagini acabara de comer era na verdade, a lingua do auror.

- Bem, ja que o sr. não tem mais nada a acrescentar a essa reunião... - enquanto falava, Voldemort andava em circulos em volta de Shacklebolt, por fim se posicionando atrás do homem, que ficou entre o Lord das Trevas e Draco Malfoy - Avada Kedavra.

A maldição da morte atingiu o bruxo nas costas, Draco viu perfeitamente quando a vida abandonou seus olhos. Como num sonho ruim, o menino viu quando uma névoa verde perolada saiu dos olhos e da boca de Voldemort, atravessaram o corpo do auror e atingiu seu peito. Uma sensação de nojo e excitação invadiram sua cabeça. E então, tudo estava terminado, Draco Malfoy era agora uma Horcrux de Voldemort. O bruxo das trevas, dirigiu-se até o cadaver do homem do ministério, e com carios floreios da varinha, decepou suas mãos, pés e cabeça; depois os empilhou de uma forma elegantemente doentia, e na testa do cadaver escreveu com fogo:

"Assim morrerão todos os inimigos do Herdeiro" nas duas bochechas, colocou o brasão que o jovem Riddle tinha adotado. Um brilho de compreensão se fez aos olhos de Draco:

- Acreditando que o moleque seja o culpado por essa morte, tudo que resta ao ministro fazer, é declarar guerra sem trégua a Riddle.

- Começa a pensar como eu Malfoy, isso me deixa muito feliz.  


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