Diário de Semideusa escrita por Giulietta


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, me expliquei no capítulo anterior (:
Boa leitura.



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Sentei em um pulo na cama, ofegante e suada. Era o mesmo sonho! E eu nunca conseguia ver o que me fazia gritar. Eu queria ver, desejava ver.

Olhei para o chalé, observando mais atentamente com a claridade do sol nascente. Era muito bagunçado, com vários beliches, alguns com pessoas dormindo, outros bagunçados, provavelmente a pessoa já havia acordado. A maioria das pessoas no chalé era parecida: loiras, de olhos azuis, nariz fino, orelhas pontudas e um sorriso sacana no rosto.  Mas havia alguns com cabelos castanhos, ruivos, o que reconheci como não pertencendo a esse chalé. Como foi que o Quíron disse? Indeterminados, deveriam ser isso.

Reconheci Travis e Connor Stoll vindo sorridentes em minha direção e me lembrei do provável interrogatório que iria sofrer.

- Posso trocar de roupa primeiro? – pedi antes que Travis falasse.

- Claro, claro. Mas ande logo, vai tocar a sineta do café da manhã e queremos respostas antes disso! – Connor respondeu impaciente.

Assenti, mas me lembrei que não havia trazido malas e nem nada, e que provavelmente a roupa com que dormi era a única que eu tinha. Os gêmeos deram risinhos entre eles, e apontaram para os pés da minha cama. Franzi a testa e olhei.

- NON ACREDITO! – berrei, correndo até a mala. Abri, dando de cara com minhas roupas lindas. – Quem trouxe? – perguntei entusiasmada.

- Hedgar trouxe enquanto você estava na Casa Grande. Ele soube do, ahn... incidente com sua mãe e foi na sua casa. Pediu para dizer que infelizmente teve de arrombar a porta. – Travis deu de ombros.

Olhei para a mala. Eu não iria mais voltar para casa. Será que tudo estava aqui? Revirei um pouco a mala e conclui que realmente Hedgar havia colocado tudo, até mesmo minhas maquiagens. Olhei para o lado esquerdo da mala e vi uma caixinha que imediatamente reconheci. Peguei-a apressada e a abri. Lá estava todas as minhas fotos e de minha mãe. Meus olhos marejaram, mas segurei as lágrimas. Fechei a caixa e guardei no fundo da minha mala.

Escolhi uma roupa confortável ( http://www.fotonomy.com/Runway/photo/2cdf2beb/ ), ignorando os apelos dos irmãos Stoll para colocar a camiseta feiosa do Acampamento Meio-Sangue.

- Oui, vamos lá. – suspirei, me sentando na cama defronte aos dois irmãos, que se inclinaram ansiosamente para mim.

- Qual o seu nome inteiro? – perguntou Connor.

- Victoria Delacour e antes que perguntem, tenho 13 anos.

- Que você tem 13 anos é meio óbvio. É francesa? – perguntou Travis. Achei seriamente que eles combinavam de cada vez um perguntar.

- Non, minha mãe era francesa. Acabei pegando um pouco das palavras. – dei de ombros, com o buraco da ferida pela morte de minha mãe aberta no peito.

- Humm... Gosta de calor? Sol? Ou prefere ler um bom livro? – perguntou Connor.

- Sim, prefiro o calor, mas adoro um tempo nublado. Livros? Não, tenho dislexia, não consigo ler. Se bem que o livro do Sr. D. eu entendi o que estava escrito sem dificuldades... – falei distraída.

- Seu cérebro foi programado para entender o grego antigo. – respondeu Travis pacientemente. – Bom, ao que parece você não é filha de Atena e nem Apolo.

- Atena e Apolo? – franzi o cenho.

- É, a maioria dos filhos deles são loiros. – disse Connor distraído, me estudando. – Você pode ser nossa irmã, é loira e tem olhos azuis.

- Não, nossa irmã ela não deve ser, Connor. – discordou Travis. – Papai a teria reconhecido ao entrar no nosso chalé. Pode ser filha de Afrodite.

- Afrodite? Deusa do amor e da beleza? – arregalei os olhos. – Sinceramente, não! Não me acho bonita e não gosto de revistas de beleza.

Connor e Travis pareceram intrigados. Até que Connor arregalou os olhos como eu.

- Travis, olhe os olhos dela! Ela só pode ser filha de... – suas palavras foram interrompidas pelo soar de uma trombeta, ou concha, pelo barulho, ao longe. Os gêmeos pularam animados da cama, me esquecendo momentaneamente.

- Vamos lá Connor, vamos encher a pança. – e saíram andando para a porta do chalé.

Acompanhei-os, vendo todos saírem em uma fila indiana, fiquei por último na fila do chalé 11. Estava distraída, pensando na frase que Connor não completou. “Olhe os olhos dela! Só pode ser filha de...” Se fosse mais um segundo eu descobriria o meu possível progenitor olimpiano, com base nas informações dos gêmeos Stoll. Estava tão distraída que acabei trombando com alguém, que segurou meus braços antes que eu caísse.

- Você realmente é bem desastrada. – disse a pessoa rindo. Olhei para cima e vi a cara de Nico. Ele também não usava a camiseta do Acampamento, o que me fez sentir melhor. Sorri junto.

- Désolé. Estava pensando em outras coisas... – ele arqueou a sobrancelha. – Ok,ok, eu sou desastrada. – falei me rendendo. Ele riu novamente.

- Como passou a noite? Suponho que meio desconfortável, já que é a sua primeira vez aqui. – fomos andando a um pavilhão que conclui ser o de refeitório, pois todos se dirigiam para lá.

- Na verdade passei a noite bem. Acho que o cansaço ajudou um pouco. – admiti. – Mas você, afinal, é filho de quem? – perguntei interessada.

Nico sorriu de lado.

- Espero que não perca uma amiga. – falou rindo para dentro. – Sou filho de Hades. – ele me estudou atentamente, receando minha reação.

- Sério? Não tem cara de ser filho de Hades. – menti ocasionalmente.

- Suas mentiras não colam comigo, senhorita Delacour, que me chamou todo o caminho até aqui de emo. – falou Nico rindo.

- Tá, eu sei. Não ligo quem é seu pai, mãe, periquito – Nico riu, - não vou parar de ser sua amiga em um dia por causa disso. – conclui alegre.

Nós entramos no pavilhão e vi várias mesas dispostas no espaço aberto. Vi a mesa onde o chalé em que estava e me dirigi para lá, acenando para Nico, que foi se sentar sozinho a outra mesa. Conclui que eram colocadas para cada deus olimpiano e seus respectivos filhos, pois em todas as mesas havia uma característica predominante.

Na mesa em frente a que eu estava todos pareciam grandes e fortes, e ficavam mexendo com metais, dobrando-os tão facilmente que fiquei boba de ver. Em outra mesa, todos eram loiros e bronzeados, com sorrisos colgate no rosto, alguns recitando horríveis poesias e outros cantando. Em outra mesa, ninguém era muito parecido, exceto pelo detalhe de que todos pareciam muito bonitos e ficavam se olhando no espelho a cada cinco minutos. Na mesa ao lado, pareciam todos intelectuais, pois quase todos liam livros e eram loiros, com olhos cinzentos. Reconheci a tal Annabeth ente eles, com uma carranca no rosto. Em uma mesa próxima a das pessoas bonitas, havia somente dois meninos, que pareciam muito o Sr. D. Percebi que ao longe as mesas continuavam, assim como os chalés, e não me dei ao trabalho de olhar o restante. Percebi que algumas mesas estavam vazias. Mas somente uma em particular me chamou a atenção.

Era uma mesa ao lado da dos filhos que concluí serem de Apolo. Havia somente garotas, e nenhuma era parecida, e olhavam com nojo para os meninos que passavam. Reconheci Thalia no meio delas, conversando com uma menina ao seu lado. Cutuquei a pessoa ao meu lado.

- De quem é aquela mesa? – apontei.

- De Ártemis. Ela jurou ser eternamente uma donzela, então não tem filhos. Somente as Caçadoras ficam em sua mesa e chalé, como estão agora. Não são muito de ficar no Acampamento, mas nos últimos dias alguma coisa aconteceu no Olimpo e a deusa teve que ir para lá, então as Caçadoras vieram para o Acampamento. – deu de ombros. – Aliás, meu nome é Lílian. Lílian McLaggen. – sorriu para mim.

Finalmente fui reparar na Lílian. Ela tinha os cabelos loiros, como Connor e Travis e os mesmos olhos azuis. Tinha um sorriso sacana no rosto.

- Victoria Delacour. – retribui o sorriso.

- É, eu vi você chegando ontem. Tinha uma expressão abatida. Sinto muito pela sua mãe. Pelo menos, ela só morreu. – Lílian baixou os olhos. Olhei em choque para ela.

- Pelo menos ela só morreu? – perguntei estarrecida. – O que pode ser pior que isso?

- Torturas. Podem ser bem piores que a morte. Minha mãe foi torturada por uma dracaenae há dois anos, quando ela não deixou eu ser levada para o lado de Cronos. A mulher-cobra teve o prazer de deixá-la louca depois de tanta tortura.  – ela encolheu os ombros. – Agora, minha mãe fica em um hospício em Nova York, e não me reconhece mais quando vou vê-la.

Eu estava completamente chocada. Tudo bem que não fazia idéia do que era dracaenae ou passar para o lado do tiozinho Cronos aí, mas ainda assim fiquei chocada. Realmente isso pode ser pior do que a morte, ver sua mãe em um estado desses, quando não reconhece nem a própria filha. Em um ato de consolo, abracei Lílian, que começou a chorar em meu ombro.

- Desculpe – fungou ela. – Você é a primeira pessoa que eu falo isso, depois de Quíron. O próprio foi me buscar quando soube do ocorrido através de meu pai. Só... não conte para ninguém, está bem?

- Non, tudo bem. Prometo não contar. – sorri para ela.

Lílian sorriu junto e depois se animou. Será que ela é bipolar?

- Animada para o seu primeiro dia no Acampamento Meio-Sangue?

- Eu realmente não sei. É claro que ainda estou triste pela m-morte... – minha voz falhou e Lílian afagou meu ombro. – Mas acho que eu supero. Ou melhoro, com o tempo. – sorri para ela. – Já faz tempo que vem ao Acampamento, Lílian? – perguntei curiosa.

- Ah, me chame de Lili, ou qualquer outro apelido que você quiser inventar – ela riu e ri junto. – Bom, eu sou uma campista de ano inteiro desde o acontecimento com minha mãe aos meus onze anos. Então, dois anos. – sorriu radiante.

- Você parece gostar muito daqui – disse, observando sua devoção ao falar do Acampamento.

- Ah, sim. Eu amo esse lugar! É a minha casa agora - deu de ombros.

Quando ela acabou de falar, Quíron se levantou da mesa em que estava e todos imediatamente ficaram em silêncio. O cara tem moral. Ele pigarreou e olhou para o Sr. D., que assentiu.

- Gostaríamos de dizer que nós temos uma nova campista entre nós. Ela chegou ontem, e já estava meio tarde, além dos... acontecimentos da noite – ele olhou com pesar para mim. Acenei com a cabeça em um gesto de agradecimento. – E agora ela está em seu primeiro dia no Acampamento, ainda indeterminada. Por favor, Victoria Delacour, se levante.

Todos os olharem se dirigiram para a mesa em que eu estava, a mesa de Hermes. Fiquei vermelha e olhei para Lílian, que sorriu encorajadamente para mim. Levantei-me de cabeça baixa. E nesse momento aconteceu.

Eu senti todos os presentes do refeitório prender a respiração. Levantei a cabeça confusa, e todos olhavam espantados para algo acima da minha cabeça. Olhei para cima e vi um símbolo azul, com um raio no meio. Eu conhecia o bastante de mitologia para saber de quem era aquele símbolo. Zeus.

- Ao que parece, - Quíron falou com a voz ainda tensa e olhando preocupado para mim. – a senhorita Delacour acaba de ser reconhecida pelo seu pai olimpiano. Zeus, deus do céus e senhor dos deuses.

Todos me encaravam, o que me fez ficar desconfortável. Eu não gostava de atenção, sempre dizia para Missy que meu tamanho era ótimo para mim, mas neste momento ele pareceu insignificante com todos sentados e eu de pé. Eu não agüentava mais aquilo, me virei, e saí correndo do refeitório em direção ao chalé de Hermes.

Entrei com tudo, batendo a porta, e corri para minha mochila, pegando o meu diário. Eu não queria mais ficar no chalé 11, sentia que não pertencia aqui. Sai andando para o lado em que senti o cheiro de maresia, e encontrei uma praia bonita. Sentei-me na areia e abri o meu diário.

“Querido Diário,

Acabei de ser reconhecida pelo meu progenitor olimpiano, e foi o deus que eu menos esperava que fosse. Quer dizer, Zeus é deus dos deuses, e eu não tenho muito instinto de liderança... eu acho.

Eu ainda não consigo acreditar, parece impossível. Todos me olharam como se fosse a pior coisa do mundo um filho de Zeus estar no Acampamento agora. Sinto que não vou conseguir passar despercebida, depois de hoje.

Eu não estou conseguindo pensar direito, vou ver se esfrio minha cabeça e depois volto a escrever.”

- Me desculpe por estar fazendo isso com você. Eu realmente não queria. – disse uma voz ás minhas costas.

Me virei assustada, e vi um homem em torno dos seus trinta anos, com cabelos curtos pretos e uma barba rala, mas com os olhos azuis elétricos iguais aos meus. Mesmo nunca tendo o visto, eu o reconheci.

- Pai?


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Notas finais do capítulo

o que será que a Vic vai falar pro pai? *eu xingava* HIHI'
desculpem a demora pra postar os capítulos, mas como eu disse, ando muito ocupada com trabalhos, provas, concursos, vestibulinhos, fica uma loucura ;~
AH! e deixem um review, por favor *olhinhos brilhando*