Quando Ela Conta a História escrita por Hidden M


Capítulo 5
O fim




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  Acordei com o sol batendo no meu rosto. Maggie Ricchards me chamava.

  _ Gina, anda! Vai perder a hora de novo.

  Me sentei na cama e esfreguei o rosto no travesseiro.

  _ Perder a hora para quê? Só temos aula à tarde.

  Ela me olhou como se eu tivesse um sério problema de entendimento.

  _ Gina... o treino de quadribol, lembra? Harry Potter marcou treino para hoje. Eu te disse isso ontem três vezes.

  Joguei as cobertas para o lado. Ela tinha razão: Harry tinha marcado treino para hoje de manhã. 

  Enquanto vestia as roupas, eu tentava convencê-la de que estava bem.

  _ Maggie, é sério. Eu só dormi mal ontem, fiquei acordada até tarde. Não tem nada de errado comigo.

  _ Como, nada de errado? Você nunca se esqueceu de um treino até hoje. O que está acontecendo com você?

  Peguei a vassoura.

  _ O que está acontecendo é que estou atrasada. Obrigada por me lembrar, Maggie. O time da Grifinória não gosta de se atrasar para os treinos.

  Saí sem dar explicações. Pelo canto do olho, vi que ela me olhava como se eu fosse explodir a qualquer instante. Passei pelo buraco do retrato quase correndo para que ela não viesse atrás de mim.

  Quando estava a uma distância segura da torre, conferi o relógio. Eu chegaria na hora se não acontecesse mais nada. Voltei a pensar, então, no que tinha me mantido acordada a noite toda e ainda me assombrado em sonhos. Puxa vida, por que eu não podia simplesmente esquecer o  Harry? Dino era meu namorado e eu nem devia pensar nele de outra forma a não ser como o melhor amigo de Rony e o capitão da equipe. Hermione tinha razão: era essa a atitude mais saudável a tomar.

  Mas toda essa determinação morria quando eu o via. Eu não costumava pensar tanto no Harry, mas eu não podia dizer que a minha situação com Dino ia às mil maravilhas. Com o namoro pra lá e pra cá, um outro amor, bem mais antigo, abria espaço, e dominava minha mente.

  Definitivamente era mais fácil não pensar nisso.

     ************************************************** 

  Dino ia a Hogsmeade depois do treino para fazer o teste de aparatação, assim como a maioria dos alunos do sexto ano. Influenciada por Hermione, pus deveres em dia e organizei minhas coisas de escola. Aproveitei também para pensar. Mas, novamente, não cheguei a conclusão nenhuma.

  Dino voltou horas depois. Eu já estava entediada com as partidas de Snap explosivo de Aaron e Colin na sala comunal. Afinal, elas só tinham graça com Fred e Jorge. Ele me contou, animado, que conseguiu aparatar a três metros do ponto onde tinham que chegar, a casa de chá de Madame Pudifoot, e me levou para comemorar em um lindo dia ensolarado de primavera. Ficamos conversando por um tempão, eu perguntando sobre cada um que fez o teste e ele me contando os casos mais engraçados. Mas a noção de graça de Dino se estendia aos estrunchamentos, o que para mim não era nada engraçado, e isso me fez lembrar o acidente de Harry. Fiz uma careta e ele percebeu. Antes que o clima ruim virasse briga, me levantei. Ele fez o mesmo. Demos as mãos e fomos andando rumo à sala comunal.

  Estava prestes a dizer a senha quando ouvi uma voz estridente. Quando o retrato se abriu, percebi que era Lilá Brown gritando com Rony, que estava ao lado de Hermione. Pelo que pude entender, ela achava que os dois estavam sozinhos no alto da escada, e queria satisfações. Parei de prestar atenção, porém, quando Dino, pela milésima vez, tentou me ajudar a subir.

  _ Não me empurra, Dino, por favor - exclamei aborrecida. Agora aquela história passava dos limites. - Você sempre faz isso, posso perfeitamente entrar sozinha...

  _ Ah, Gina, me ajuda! - revidou ele enraivecido. - Mas que fixação! Isso já está ficando chato, sabia?

  _ Eu não sou uma incapaz, Dino! Eu tenho duas pernas, eu sei andar sozinha!

  _ E alguém aqui falou que você é incapaz?

  _ Diretamente não, mas eu não preciso de ajuda para andar! Eu já sou bem mais que uma garota indefesa!

  _ Legal, ótimo para você! Então você se vira sozinha, é isso que você quer me dizer?

  Trinquei os dentes. Não queria chegar a esse ponto. Mas já era tarde demais para me impedir de dizer o que eu sabia há muito tempo, mas não queria admitir.

  _ O que eu quero dizer é que há tempos estamos sustentando um namoro sem futuro! Não dá mais para empurrar com a barriga como estamos fazendo! 

  Os olhos dele se arregalaram, mas ele não deu o braço a torcer.

  _ Precisa mesmo de todo esse drama, Gina? Você já está exagerando nessas suas reações impensadas...

  _ Exagero nenhum, Dino - era hora de colocar um ponto final naquela história. - Acabou.

  Ele nem reagiu; parecia chocado demais. Puxei meu braço do dele e corri para o dormitório, esbarrando sem querer em Rony, que ainda esgoelava com Lilá.

  Bati a porta do quarto com força. Não consegui me sentar: estava nervosa demais. Fiquei andando de um lado para o outro tentando aliviar a raiva, bufando quando lembrava das palavras de Dino.

  Então você se vira sozinha, é isso que quer me dizer?

  Precisa mesmo de todo esse drama, Gina?

  Mas que fixação! Isso já está ficando chato, sabia?  

  E então, sem aviso algum, a raiva se transformou em tristeza. A fraqueza que me tomou quase me atirou ao chão. Juntando todas as minhas forças, abri a janela, de onde eu podia ver o campo de quadribol, e inesperadamente comecei a chorar. Os soluços vinham cada vez mais alto, e as lágrimas desciam pelo rosto com destino ao chão. Eu não me arrependia de ter terminado, nem de ter dito o que disse, mas mesmo assim eu gostava do Dino. E as palavras dele tinham me magoado muito.

  Eu tinha que admitir que não adiantaria nada ficar segurando aquele namoro. Eu tinha mentido demais para mim mesma. Não era o Dino que me completava, não era dele que eu precisava. Mesmo gostando dele, sabia que desde o começo ele só fazia o papel do estepe, substituindo o amor que faltava para mim.  E o que mais me doía era saber que havia sido em vão. Ninguém poderia completar aquele vazio dentro de mim, pensei entre soluços. Eu teria que aprender a conviver com ele. 

  Acabei dormindo ali mesmo, encostada na janela e sonhando com partidas de quadribol.       


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