Quando Ela Conta a História escrita por Hidden M


Capítulo 4
Convivência




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  Cheguei à sala comunal e não reconheci o clima. Todo o time da grifinória estava ali, parado ao redor da lareira como se não soubesse o que fazer. Mas eu percebi que não era bem assim. Peakes grunhia baixinho com a cabeça apoiada no joelho e Demelza cerrava os punhos. No fundo, eu sabia que estavam todos frustrados, se sentindo impotentes por não conseguirem fazer nada pelo capitão nem contra o McLaggen.

  Dino estava encostado no braço de uma poltrona e ergueu a cabeça quando entrei. Sem dizer uma palavra, sentei ao lado dele e ele passou o braço pela minha cintura, permitindo que eu deitasse a cabeça em seu ombro. Eu sabia que ele estava ressentido e arrependido, e sabia também que ele continuava achando o acidente engraçado mesmo sabendo o que aconteceria se Coote e Peakes não tivessem segurado Harry. Mas ninguém mais queria brigas. A não ser com uma pessoa.

  Eu duvidava que McLaggen sequer entrasse na sala comunal naquela noite. O restante do time parecia pensar o mesmo, e foi se retirando pouco a pouco. Dino se despediu de mim com um beijo e foi para o dormitório, me deixando sozinha contemplando o fogo.

  Não sei quanto tempo fiquei ali lutando contra o sono. Acho que eu ainda tinha alguma esperança de que a partida tivesse sido só um pesadelo. E me perguntei por quanto tempo a situação continuaria daquele jeito.

  O duplo sentido das minhas palavras foi a última coisa racional que pude registrar. Me lembro, porém, de ter tentado acalmar a mim mesma me convencendo de que o dia seguinte seria melhor.

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  O dia seguinte não foi melhor.

  Hermione me acordou às seis e meia da manhã porque eu dormi de frente para o retrato e estava bloqueando a saída. Matei sem querer a aranha de Helen Sharpener quando me apoiei no cotovelo para responder a uma pergunta da professora McGonagall depois de um cochilo, escapando de uma detenção por pouco. E Snape me deu metade da nota que eu merecia em Defesa Contra as Artes das Trevas por causa de três palavras erradas no trabalho.

  Mas não foi perda total. Rony passou a querer se livrar da namorada grudenta, Lilá Brown, e se assustava com qualquer garota que se aproximasse dele. Na verdade, ele tremia até com alguns garotos. A melhor parte foi quando ele se escondeu atrás do Harry quando uma garota do terceiro ano veio entregar a ele um misterioso bilhete.

  Harry, aliás, parece só ter duas coisas (melhor dizendo, pessoas) na cabeça: Draco Malfoy e o Príncipe Mestiço. Hermione me disse que ele passa cada minuto fora da sala comunal tentando seguir Malfoy e descobrir o que ele anda fazendo; e cada minuto dentro dela lendo o tal livro com as anotações do Príncipe. Eu me perguntava onde, nessa confusão somada aos treinos de quadribol, às aulas e aos deveres, ele arranjava tempo para respirar.

  Os outros dias se passaram mais rápido do que eu podia prever. Dino e eu estávamos bem, mas havia um clima estranho entre nós. Andávamos brigando por qualquer coisa, e mal conversávamos à mesa. Enquanto Dino e Simas conversavam animadamente e mal davam pela minha presença, eu observava Harry, Rony e Hermione, que estava sempre de posse de um Profeta Diário. Os dois sempre perguntavam a ela sobre as notícias, mas eu já não abria mais o jornal para isso.

  Primeiro: todas as notícias atingirão de alguma maneira alguém da escola, então ficaremos sabendo de qualquer maneira sobre tudo o que os Comensais da Morte estão fazendo. Segundo: já ficou bem claro que o Profeta é controlado pelo Ministério. Desde o ano passado, quando o jornal afirmava diariamente que os avisos de Dumbledore e Harry sobre a volta de Você-sabe-quem eram truques para chamar a atenção e desmoralizar o Ministério, devia ter ficado claro para toda a comunidade bruxa que o jornal não escreve por conta própria.

  Depois de um bom tempo, Dino pareceu se lembrar de mim. Ofereceu-se para me acompanhar até minha próxima aula. Aceitei de bom grado, mas meu sorriso desapareceu quando ele tornou a passar o braço em torno da minha cintura. Eu podia caminhar sozinha. Me afastei e ele me encarou, magoado. Eu olhei de volta e segurei sua mão. Ele relaxou, mas percebi que não estava nem um pouco satisfeito.

  Virei o rosto e deixei escapar um suspiro. Dino Thomas ainda me daria muito trabalho.   


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