Olhos Felinos escrita por Jodivise


Capítulo 50
Capítulo 49 Sacrifício de sangue


Notas iniciais do capítulo

Finalmente dentro do templo de Sekhmet, Lara, Jack, Darius e Teague seguem no encalço de Mary Rose, torcendo para que não seja tarde demais. Mas, no meio de decisões difíceis, alguém sempre fica para trás...



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Capítulo 49: Sacrifício de sangue

Yo ho, yo ho! A pirate's life for me… A vozinha infantil era a única coisa que se ouvia naquele túmulo, naquela câmera alta a vários metros da superfície, onde um cheiro pesado a mofo se fazia. Encostada a um dos cantos da jaula onde se via presa, Mary Rose elevara os olhos assustados e ao mesmo tempo curiosos, olhando atentamente a figura colossal da deusa com cabeça de leoa. Não entendia o porquê de alguém ter uma cabeça de leão em vez de uma cabeça normal, mas tudo ali lhe soava pesado e frio. Sentia falta de sua mãe, falta de seu pai, falta de todos aqueles que a rodeavam.

Cantarolando baixinho, a menina percebera qualquer movimentação se fazer algures na sala, apoiando-se às grades douradas a enroscar seus dedos pequeninos por ali. – Olá? – seu chamado não fora atendido e tudo o que ouvia era qualquer rastejar e um silvo fino que a deixaram em pânico. E mais pânico sentira quando percebera uma sombra negra se fazer pelo chão. A pele escamosa daquele réptil brilhava sobre as piras acesas, testando a temperatura ambiente com a língua bifurcada.

- Vai embora! – assustada com a presença da cobra atraída por seu calor humano, Mary recuara de novo, tentando achar algo que afastasse a serpente que se movia ao encontro da jaula onde se encontrava.

Choramingando, ela vira o animal travar junto às grades, como se analisasse se deveria passa-las ou não. Naquele limite, Mary vira a naja erguer-se, dilatando as abas que possuía logo abaixo da cabeça. Tinha medo, mas mesmo assim não desistia. – Vai embora, coisa feia!

O síbilo da naja tornara-se mais forte, numa ameaça a mostrar as presas pontiagudas à menina, mas tudo o que Mary Rose vira quando já se preparava para gritar, fora uma outra sombra negra atacar a serpente, atrelando-se a esta no chão, numa luta feroz. Aquilo que Mary percebera ser um felino, um gato negro, atacara a naja pelo pescoço, mordendo o réptil, fazendo-o rabiar a tentar soltar-se sem sucesso. Quase numa brincadeira, o gato a largara, fazendo a serpente se afastar mas tendo sempre o felino lhe instigando com a pata, fazendo-a rebolar na areia até conseguir escapar por qualquer orifício entre o chão e as paredes.

- BA! – num berro, Mary se agarrara às grades, percebendo a gata de Ranya voltar-se a si quando a serpente desaparecera. Lentamente, o felino se abeirara da menina, deixando que uma das mãos pequenas de Mary lhe alcançasse o pelo numa festa, ronronando a fechar os olhos amarelos. – Você está aqui!... Isso quer dizer que meu pai me vem buscar? – como se a gata lhe fosse responder, Mary piscara os olhos mareados, vendo a gata sentar-se à sua frente, como se guardasse aquela jaula. Algo no animal lhe fazia lembrar uma pessoa. A forma como mirava tudo ao redor, inclusive a estátua da deusa com cabeça de leoa. – Eu quero sair daqui… aquela mulher má quer me matar…

"Circe não te fará mal, minha linda…"

A voz que ecoara na cabeça da criança confusa fizera-a levar as mãos aos ouvidos, olhando todos os cantos e não percebendo ninguém a não ser a gata que a olhava fixamente, abanando lentamente a cauda comprida. – Quem está aí…?

"Sou eu… aquela que julgas ser apenas a gata de Ranya…"

Descendo o olhar, Mary abrira a boca para o felino. – Tu… falas?

"Só na sua mente, Mary Rose." E conforme uma doce voz feminina ecoava na mente de Mary, Ba inclinava a própria, como se analisasse a filha de Sparrow. "Meu nome é Bastet, mas pode-me tratar por Ba…"

- Se é uma deusa… como a Calypso… - os olhos da menina brilharam. – Pode dizer se meu pai e minha mãe me vêm salvar?

"É claro, minha pequena. Estou aqui para protegê-la e nada nem ninguém irá fazer mal a você, Mary Rose."

Quando finalmente conseguira atravessar o túnel estreito e sufocante, Lara percebera-se numa antecâmara, iluminada pelo olho que Jack trazia em mãos e por uma pira à entrada que jazia acesa. – Foi aqui! – Jack exclamara, para aqueles que surgiram atrás de si. – Esse foi o último local em que cheguei juntamente com o Barbossa e onde aquela sonsa da Ranya nos roubou o Olho.

- Cuidado, Sparrow… - Darius lhe soara bem próximo, erguendo o sobrolho a passar à sua frente. – Não deve desdenhar dos deuses.

- Eu lá sabia que ela é uma deusa… - numa careta, Jack sentira o objeto em suas mãos tremer. – Esse é o problema dos deuses. Chegam sempre de mansinho e nunca se apresentam!

- Ptah, Ramsés e Sekhmet. – Lara caminhara até às estátuas, passando a mão por estas. Seus orbes castanhos foram atraídos então para os hieróglifos à parede e tal como na Ilha de Páscoa, ela os entendera perfeitamente. - "Três grandes, eles são. Dominam a terra e o céu…"

- "O que os dois construíram, ela destruirá. Mas só quando à visão esta retornar…" – Darius a concluíra, levando a mão aos mesmos hieróglifos.

- Ranya disse o mesmo. – Jack se aproximara.

- É sobre Sekhmet. O que Ramsés construiu com a protecção de Ptah, ela irá destruir se libertada for. – Darius explicara. – É a entrada para o templo de Sekhmet.

- Debaixo do templo do seu parceiro divino. – Lara voltara-se novamente à estátua, mas antes que mais dissesse, Teague a interrompera.

- Quanta certeza tens de que Barbossa está morto, Jackie?

Fechando a cara, Jack semicerrara os olhos escuros para o progenitor. – Um monte de pedra caiu sobre ele e esmagou aquela cabeça de abóbora. Quando entramos, o corpo dele não estava por aí… porque talvez alguma ratazana gigante o comeu, savvy?

- Se uma ratazana o comeu… porque não há um rastro de sangue? – Teague lhe sorrira, apontando depois à parede, fazendo os outros três perceberem uma pedra empurrada a revelar uma passagem secreta. – Ratazanas… não comem ratazanas, Jackie.

- Ratazana ou não, a última coisa que ele me disse foi que o Olho caberia nesse nicho aí… - Jack apontara a uma reentrância abaixo das mãos de Sekhmet e Ramsés. – E foi aí que a Cleópatra de mentira me tirou o Olho.

- É a entrada. – Darius falara. – Me dê…

- O quê? – o pirata esbugalhara os orbes, afastando-se a agarrar o objeto. – Você não coloca as mãos no Olho! Eu nunca sei de que lado você está.

- Sinceramente, Jack! – Lara o barrara. – Circe tem nossa filha, não é hora de desconfianças. Temos de entrar.

Olhando os cantos, Jack carregara no semblante de desconfiança, antes de olhar o objeto místico em suas mãos. Pé ante pé, ele se aproximara da estátua, esticando os braços. A aproximação do Olho ao nicho produzira uma intensidade maior na luz que este emitia. O núcleo laranja parecera ganhar vida, como qualquer mini sol em breves erupções, estremecendo nas mãos do pirata.

- Talvez… ele entre a direito… com o núcleo direto no… - Darius tentara falar, fazendo Jack se afastar.

- Eu sei o que estou fazendo, rapaz! – Sparrow berrara. – Lá porque bebeu uma poção da juventude, não venha dar uma de génio, Senhor Étel!

- Como queira… - num estreitar de olhos, Darius afastara-se. Suas sobrancelhas seguiam arqueadas e para Lara, podia jurar que este se desfazia em ansiedade por dentro.

- E se… - a milímetros da entrada, Jack voltara a recuar de novo, agarrando-se ao Olho. – Do outro lado estiver outro daqueles monstros? – e arregalando os orbes tão escuros, ele esganiçara.

- Se estiver, o combateremos, Jack. – e pedindo pelo objecto, Lara o tirara das mãos. Estava quente, como se começasse a queimar por dentro e conforme olhara o núcleo dentro deste, os orbes de Lara adquiriram qualquer tom alaranjado a reflectir aquele magma. Lentamente, ela imitara Sparrow, com um pouco mais de sobriedade, convicta naquilo que faria. Queria rever Mary acima de tudo. Queria salvá-la, nem que para isso tivesse de morrer.

Como se sempre tivesse pertencido ali, o objeto mágico em suas mãos era puxado em direcção aquela saliência, e, a pouco mais de um milímetro de distância de se fundir com esta, daquela pequena bola incandescente, um raio parecera ter-se feito, como o anterior em que lhes abrira passagem àquele túnel. Aproximando o rosto, Lara percebera qualquer ponto em meio aquele nicho se tornar mais reluzente, tornando-se dourado a expor uma espécie de circunferência. Quando esta se tornara totalmente visível, aquele feixe de luz laranja terminara, regressando ao interior do Olho e fazendo este se fechar novamente, acabando com aquela iluminação.

- Não abriu… - a brilhante conclusão de Jack viera em seguida. – O Olho fechou-se de novo e essa coisa NÃO ABRIU! – apontando esgazeado às estátuas dos três deuses, Jack berrara, puxando da própria pistola, pronto a disparar qualquer estrago e só sendo detido por Teague. – Me largue, homem!

- Não vai ser assim que adiantará as coisas, Jackie! – o velho lobo do mar lhe agarrara o pulso com força, não denotando minimamente qualquer peso da idade. – Nem tudo acontece automaticamente.

- Isso é uma conspiração? – estreitando os olhos, Jack sorrira. – Só me calha gente que fala difícil?

- Sei… - Lara bufara, olhando o Olho e voltando-se a Jack. – O que podemos dizer de ti, então? – e voltara-se de novo à estátua. – Nada abriu mas apareceu uma espécie de símbolo, ali… - e apontara, fazendo os outros três se inclinarem.

Darius fora o que mais se inclinara, reconhecendo o que jazia gravado naquela circunferência. A cabeça de uma leoa, onde se podia perceber os olhos e o nariz felino, em cuja cana se podia perceber uma espécie de hastes que partiam deste e se abriam até à fronte da cabeça. – É o símbolo de Sekhmet. – o atlante falara. – É aqui. É a entrada…

- Isso… já sabemos, grego…

Não ligando à provocação do capitão do Black Pearl, Darius pousara o indicador naquela superfície, sentindo o alto-relevo daquela imagem esculpida. Forçando, ele carregara na circunferência, notando-a deslizar para o fundo. A ativação de qualquer mecanismo fora instantaneamente percebida por este e pelos três piratas atrás de si, ouvindo qualquer som se fazer e afastando-se.

A estátua composta pela figura dos três faraós se movera, iniciando qualquer espectáculo aos olhos presentes. Primeiro, as figuras do deus Ptah e do faraó Ramsés recuaram, separando-se da imagem da deusa Sekhmet. Depois, como guiada por qualquer mecanismo ao chão, esta deslizara para a frente, colocando-se na frente de Ramsés. Quando o fizera, as duas estátuas atrás de si se separaram, movimentando-se para a esquerda e para a direita, entrando em qualquer saliência na pedra e deixando a de Sekhmet recuar até onde estas haviam estado, parando ali. Dois caminhos se abriam agora às laterais da estátua da deusa leoa, convidando-os a entrar no mais escuro dos bréus.

- Bem vindos ao templo oculto de Sekhmet. – num timbre quase sumido, Darius iluminara com a tocha aquele caminho.

- Direita ou esquerda, direita ou esquerda… - Jack roera uma unha, mas o atlante já havia seguido pelo da direita, com Lara a não hesitar. – Love… eu confio mais no da esquerda.

Mas esta não lhe dera ouvidos. Lara sentia-se absorta. Em si, o desejo de salvar Mary lhe ocupava todas as prioridades, mas também algo lhe revolvia o ser. Uma vontade enorme de conhecer o que estivesse para lá e o pior de tudo, seguir Darius sem nem sequer dar ouvidos a outros. Era como se dentro do seu corpo, duas pessoas lutassem para vir ao de cima.

- Tanto faz ir pela direita como pela esquerda, Jack. – passando ao lado da estátua, Lara o chamara. – Vai dar ao mesmo caminho. Vem… - e esticara a mão, convidando-a a segui-lo.

O corredor que se abria jazia no breu, fazendo Darius levar a mão a uma das paredes, apalpando qualquer saliência. Encontrara-a um pouco acima dos seus joelhos, iluminando-a com a tocha feita. Aproximando o fogo daquela espécie de pequena pira em pedra em forma rectangular, Darius deixara uma reacção química se fazer com o óleo que ali jazia. A labareda que se formara percorrera uma vasta extensão pela parede, onde um estreito caudal que partia da pira, permitia iluminar todo o caminho.

- Povinho esperto esse… - Sparrow resmungara, vendo o atlante de intensos olhos azuis repetir o mesmo gesto na parede contrária.

- Até parece que nunca achaste um tesouro antigo, Jackie. – atrás de si, a voz arrastada de Teague se fizera. – Cada um protege suas preciosidades como pode.

- Claro… nisso eu sou mais competente que você… - Jack sorrira de canto, andando aos ziguezagues. – Minha mulher está aqui… - e agarrara-a pela cintura. – E vamos salvar nossa filha. Como certa vez eu disse… nem todos os tesouros são de ouro e prata.

- Essa frase é minha. – o velho pirata estreitara os orbes escuros.

- É da família Sparrow, logo é minha também. – agitando os dedos, Jack percebera o avanço que Darius já levava. – Ei! Ó cheio de dentes! Espere por nós.

Seguindo-o, Lara percebia o atlante passar os dedos pelas paredes, analisando os altos e baixos relevos das imagens e hieróglifos que ali se faziam. – O que dizem?

- Contam a história da deusa Sekhmet. – num tom suave, calmo até, Darius lhe explicara. – Lendas dizem que foi ela que criou o deserto através do seu sopro… - e apontara a um alto relevo onde tal cena era ilustrada. – Deusa das vinganças e das doenças… acredito que talvez isso adviesse da protecção que ela dava ao faraó e ao deus Rá.

- Fama de temível… - Lara sorrira, apontando a outra cena que se seguia esculpida na parede. Via-se claramente um ser superior, representado num disco solar e mais abaixo a deusa com cabeça de leoa, como punindo as figuras humanas a seus pés, feitas em bocados.

- O castigo de Rá. – Darius explicara a imagem. – Essa foi a origem do nascimento de Sekhmet. Criada para punir os homens pelos seus pecados.

- Incrível colocar uma mulher para punir os homens quando elas são as maiores causadoras dos pecados dos homens. – Jack sorrira, não encontrando graça igual nos restantes. – Era uma piada…

- Sekhmet acabou descontrolando-se e matou indiscriminadamente. Homens de bens, mulheres, crianças, idosos… - Darius suspirara, caminhando a seguir a luz cuja linha de fogo acesa emitia, produzindo as suas sombras à parede. Uma outra cena surgia, rodeada de hieróglifos, mostrando a deusa com uma espécie de copo na mão, como qualquer oferenda daqueles mais pequenos que ela, de mãos estendidas à sua figura. – Como o deus Rá recusou-se a ajudar os homens e os outros deuses a parar com essa chacina, decidiram então fazer uma bebida da cor do sangue, enganando-a e embebedando-a. – sem notar, Lara seguia atrás de Darius, fascinada com a forma como este contava a história mitológica.

- Eu cheguei a ler a lenda que contam no meu mundo. Foi recolhida por Rá, adormecida e aprisionada para sempre. – ela concluíra. – Porque Circe a quer libertar? Nem sequer do mesmo panteão são…

- Como eu disse… mulheres! – passando na frente de ambos, Jack caminhara com seu ar afectado, dando pouca importância ao que o rodeava, louco para chegar ao fim daquele corredor. Mas num reflexo, um segundo apenas, seus orbes da cor do mais escuro dos chocolates, captaram a última representação gravada na pedra, incitando suas botas a frearam. – Oh… bugger…

Na parede da cor da areia, adquirindo qualquer tom dourado pela iluminação do fogo, Jack percebera a mesma figura com cabeça de leoa. Sekhmet apresentava-se com os braços para baixo, uma autêntica estátua. A seus pés, a figura de uma mulher cujos braços jaziam flexionados e em mãos, uma forma ovular, reconhecida de pronto. – É o Olho de Tigre…

- Na verdade… - subindo os olhos ao hieróglifos acima da figura, Darius os lera. – Esse nome foi dado porque Circe ficou tomando conta deste no seu castigo. "Olhos felinos se abrirão, quando um outro mais luminoso os libertar. Sangue derramado não será em vão, para a grande leoa retornar."

- O Olho-de-Tigre é a chave para a libertar. – Lara engolira em seco, percebendo a cena que se seguia. – Deus do Céu… Jack! - A figura deitada de uma criança, cujo coração arrancado jazia nas mãos de Sekhmet, a deixara apavorada. Mas muito mais a deixara o grito que ecoara naquelas paredes. – MARY!

- Jesus, Maria e José… - correndo atrás de Lara, Jack a seguira, procurando a fonte daquele grito. O corredor parecia não ter fim e por mais que as paredes estivessem iluminadas, aqueles dois rios de fogo apontavam ao infinito.

- Esperem! – numa exclamação, aquele que seguia em último no grupo freara os pés. – Há algo acontecendo...

- É CLARO QUE HÁ ALGO ACONTECENDO! – Jack berrara para Teague. – Minha filha está berrando e essa deusa louca quer comer o coração dela!

- Jack... vai com calma. – seu pai lhe estreitara os olhos, desviando depois a mirar os cantos.

- Calma... – Jack chegara a fechar os olhos, unindo as mãos sobre os lábios. – Lá porque deixou um filho ao Deus dará e a própria mulher morrer, não pensa que eu vou fazer o mesmo, Teague.

O mais velho ali presente sentira o peso das palavras do próprio filho, quedando-se estático, com uma expressão indecifrável no rosto cansado e enrugado. – Não fales daquilo que não sabes, Jackie.

- Ah... eu sei de tudo, Teague. – Jack lhe sorrira irónico. – As coisas mais cabeludas, mais pernudas e mais soturnas dessa história.

- Eu acho que talvez não precisem mais de mim...

- É isso mesmo!

- Parem! – numa voz segura, Lara se colocara no meio dos dois piratas. – Não vêm que a vida de uma criança está em perigo? A vossa filha, a vossa neta! Mary Rose que nada tem a ver com os erros que no passado possam ter sido cometidos. – e olhara o marido. – Não é hora de acertar contas, Jack... e por favor... já perdemos muita gente por causa dessa maldita Circe. Thomas... e sabe-se lá o que aconteceu com o Will, a Liz e o Norrington. Não, chega de mortes!

Parecendo ter sido o único a entender a chamada de atenção de Teague, Darius levara as mãos à parede, passando os dedos pelos pequenos buracos estrategicamente colocados em meio aos relevos desenhados. – Lara... Jack... eu acho que devíamos ir... – e quase como se lhe juntasse ao pedido, um barulho antes nunca ouvido pelos piratas fora detetado.

O primeiro instinto de Lara fora olhar o teto, reconhecendo qualquer bater de asas. Mas dali nada viera. – Parecem... baratas... – fora a conclusão, olhando os próprios pés a notar o zunido intensificar-se.

- Na verdade... parece um batalhão delas, love. – Jack piscara um dos olhos a abrir a boca.

- Merda... – notando algo sair de um dos buracos, Darius praguejara. – São escaravelhos! CORRAM!

Mas correr era a última coisa que poderiam fazer. Os pequenos buraquinhos à parede logo se entupiram com a saída em cascata de uma espécie de besouro negro, do tamanho da palma da mão e cuja quantidade de patinhas pequenas e bater de asas produzia tal som horrendo. Costas com costas, os quatro se juntaram no meio, com Teague a acertar alguns tiros na direção daqueles pequenos devoradores. – Fogo. Afastem-nos com o fogo. – Lara dera a sugestão, usando sua tocha para conseguir afastar os insectos.

Vendo as paredes tornarem-se negras, Darius mordera o próprio lábio. – Não vai resultar. São demasiados e estão por todo o lado...

- Não podemos simplesmente calcá-los e sair correndo? – Jack protestara, berrando quando um dos bichos lhe caíra ao nariz. – Argh! Maldito deserto!

- Precisamos... – e o atlante suspirara. – Vão na frente.

- O quê? – Lara jazia ombro a ombro com Jack e Darius, olhando este último. –Que raio pensa que vai fazer, Darius?

- Eu sou imortal, lembra-se? – e os orbes tão azuis, a refletir o dourado do ambiente, se cruzaram com os seus. – Eles querem comida. Vão tê-la.

- Oh senhor tubarão... desculpe meter-me na sua comovente hora de sacrifício, mas a última vez que desapareceu deu a merda que deu! – Jack lhe apontara um dedo. – Além de que é o único que pode matar a ninfomaníaca ruiva. – mas, sentindo qualquer vazio se fazer às suas costas, Jack olhara por cima do ombro. – Ei, onde pensa que vai...Teague?

Sorrindo de canto, Teague se afastara na direção contrária, caminhando de costas a sorrir de canto, tão parecido com Sparrow. – Eu não sou assim tão necessário, Jackie. Vão e salvem a pequena. Tenho pena de não a ter conhecido.

- Não! – Lara exclamara, agarrando o braço de Jack com força, notando-o gelado. – Faz alguma coisa, Jack!

Mas o pirata mais excêntrico dos sete mares não conseguira se mover. Não dera um único passo na direção daquele que, de braços abertos, recuava, sempre com os olhos em si, deixando aqueles pequenos assassinos lhe tomarem, subindo por suas pernas. Algo parecera ter ocorrido na cabeça de Jack Sparrow, em meio aquela visão. Sentira-se agarrado pelos ombros, arrastado para longe de Teague, cuja figura tornava-se cada vez mais oculta. Ouvia também a voz de Lara, distante o suficiente para não a perceber, mas tão próxima a deixá-lo sentir seu calor.

- JACK! – quando tudo se desvanecera, quando os escaravelhos se eclipsaram de seus pés, Sparrow tivera seu rosto tomado por Lara, fazendo-o olhar fundo nos orbes castanhos da morena. – Jack, pelo amor, fala algo!

- Ele...

- Sacrificou-se para que conseguissemos sair. – Darius lhe dissera, afastando-se daquele momento do casal. – É isso que os pais fazem pelos filhos...

- Jack... meu amor... – e abraçando-o, Lara o confortara. – Eu sinto muito, mas... o que o Teague fez não foi em vão.

- Ele se matou e nem saberemos se sairemos daqui vivos, love. – Jack sorrira sem vontade nenhuma, abanando a cabeça e buscando Darius. – Esse corredor não tem fim, grego?

Girando os olhos nas órbitas, Darius lhe respondera. – Tem sim, Sparrow...

- É capitão! Capitão Jack Sparrow.

- Pois bem... capitão Jack Sparrow... – Darius erguera um braço, como se lhe apresentasse a algo. E como se algo abrisse os olhos de Sparrow, percebera duas enormes piras à sua frente, cujo rio de fogo descia a iluminar uma escadaria e culminava numa câmara muito maior, alta e cuja única coisa que poderia ver mais à frente, era o semblante de uma cabeça de leoa, ameaçadora para si a vários metros de altura do chão. – Chegamos. Eis o templo e túmulo oculto da deusa Sekhmet.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Oi leitoras e leitores! Me desculpem pelo atraso que não chegou a ser tão monumental como o anterior, mas mesmo assim peço que me perdoem a demora em postar novo capítulo na Olhos Felinos. Agora que tive tempo, consegui me dedicar melhor a esta história e embora tenho tido uns problemas de inspiração, ele saiu! =)

Agradeço a todos que leram e comentaram, e, agradeço em especial, e como sempre, à Olg'Austen, pelo comentário no anterior capítulo e sobretudo, pela força que me deu nestes últimos dias quando eu me vi completamente sem inspiração na Olhos Felinos. Obrigada amiga. Você já faz parte desta história como leitora, comentadora, fã e conselheira!

Agradeço de coração as recomendações na Olhos Felinos, feitas pela Anitta L, Yasmin Vampire e YasMakee!

Espero que gostem e por favor, comentem!
Saudações Piratas!!! :D
Jodivise