The Only Exception escrita por Andy


Capítulo 6
Segredo revelado!


Notas iniciais do capítulo

Enquanto estiver lendo este capítulo, se encontrar alguma palavra japonesa ou alguma coisa marcada com asterisco (*), procure nas notas finais do capítulo.



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  Quando vi que Rika-chan ia esbarrar em Yuki, minha boca se abriu num grito mudo: não saiu som algum. Eu queria chamar a atenção dela, eu tinha que chamar a atenção dela. Mas... Como? O desespero tomava conta de mim, e eu não conseguia pensar em nada que eu pudesse fazer. Então, assim como na escola, fechei meus olhos, esperando ouvir um grito; contudo, assim como na escola, nada aconteceu. Na verdade, o que ouvi foram sons abafados, de alguém pisando forte no assoalho. Abri meus olhos, e não pude acreditar no que via: ela estava tentando pisar nele! Se meu choque não fosse tão grande, eu teria rido; era uma cena cômica: o rato-Yuki corria em círculos desesperado, enquanto Rika-chan tentava esmagá-lo.

   Tohru também ficou olhando chocada e nenhum de nós dois nos mexemos para ajudar Yuki, espantados com a reação da garota. Shigure também veio ver o que estava acontecendo, mas ele também ficou apenas olhando, sem mover nenhum dedo para ajudar. Até que Yuki finalmente conseguiu sair correndo em outra direção; porém, ao fazê-lo, tampouco conseguiu escapar de Rika-chan, que se jogou no chão e por pouco conseguiu pegá-lo, segurando-o com as duas mãos.

   A isso, seguiu-se um minuto de silêncio, em que Yuki se debatia com todas as forças na mão dela, e nós olhávamos a cena, atordoados. Como ninguém falava, Rika-chan resolveu começar:

  - Então... Ninguém vai me explicar? - ela agora segurava Yuki no alto, pelo rabo. Nenhum de nós respondeu, todos aparentemente sem fala. Nós não conseguíamos acreditar na reação dela. Nunca houve na história da família Sohma alguma garota que reagisse assim ao descobrir o segredo, sempre elas gritavam, ou se assustavam. Mas Rika-chan parecia completamente indiferente à magia ali presente. Vendo que ninguém iria respondê-la, ela se virou para mim. - Kyon-kun?

   - Er... - eu não conseguia pensar em nada para responder, ainda estava em choque.

  Passaram-se mais uns dois minutos de silêncio, até que alguém tomou uma atitude - foi a Tohru. Ela estendeu a mão para Rika-chan, que ficou simplesmente olhando-a com cara de quem não estava entendendo.

   - Dê-me o Yuki. - Tohru disse em alto e bom som, para que a outra entendesse. Teria sido uma cena realmente cômica, se não fosse naquela situação. Só então que eu fui prestar atenção no rato. Ele já estava ficando verde, de tanto ficar de cabeça para baixo, segurado pelo rabo; parecia muito enjoado.

   - Ah... Sim... - Rika-chan entregou-o para Tohru, que o aninhou nas mãos. Passado mais um momento de silêncio, ela pediu novamente. - Por favor, alguém me explique o que está acontecendo aqui.

   - Te explicaremos num momento. Vou levar Yuki para o quarto dele, onde poderá voltar ao normal... - me surpreendi ao ver a Tohru tomando atitude, normalmente ela não fazia nada... Mas ela parecida decidida. Lançou um olhar para mim e saiu, carregando o rato-Yuki e suas roupas.

   - Aqui estamos nessa situação novamente... - foi um comentário solto do Shigure, que falava pela primeira vez desde que voltara à sala.

   Logo Tohru voltou e se juntou a nós. Passaram-se mais cinco minutos, nos quais ninguém falou, até que Yuki retornou, já de volta à forma humana, porém ainda parecendo muito enjoado. Ele se sentou ao meu lado.

   - Então... - Rika-chan estava visivelmente ansiosa por respostas. Também, era de se esperar, qualquer um no lugar dela também ficaria curioso.

   Eu suspirei: não me restavam escolhas.

   - Bom... Rika-chan, não há mais como esconder este segredo de você. Eu irei explicar tudo. - e, olhando para os outros, praticamente supliquei: - Por favor, me ajudem.

   Então comecei a explicar tudo para ela, sobre as 12 crianças especiais, sobre eu ser o signo do gato, sobre a gente ter que guardar o segredo, sobre a inexorável maldição que havia sobre a família Sohma... Ela não me interrompeu nenhuma vez, embora às vezes franzisse ligeiramente a testa, como se não compreendesse. Quando eu terminei, auxiliado por Yuki, Shigure e Tohru, nós três olhamos para Rika-chan, esperando uma reação dela. E a reação dela foi concluir:

   - Mas tem uma coisa que não se encaixa nessa história toda...

   - O quê? - eu perguntei, mesmo já sabendo da resposta.

   - Eu já abracei você e você não se transformou! E no dia em que nos conhecemos, eu esbarrei em você e não aconteceu nada!

   - Ah... Bom... É...

   - Nós também achamos estranho. - foi Yuki quem entrou na conversa para explicar. - Nunca antes na história da família Sohma tinha acontecido algo assim... Mas nós pesquisamos no Livro da Família e descobrimos que um de nossos antepassados tinha uma teoria interessante... 

  - Teoria?

   - Sim. Ele acreditava que, se uma pessoa com grande influência de seu signo na vida dela encontrasse o Sohma do grupo dos doze que representasse esse signo e o abraçasse, ele não se transformaria.

   - "Influência"? Que quer dizer?

   - Acho que ele queria dizer fortes características do signo... Especialmente se isso influenciasse de alguma forma na vida da pessoa. Pelo menos, é assim que nós interpretamos.

   - Ah... Bom, faz sentido.

   - Como assim? - foi Tohru quem perguntou. - Você tem algum motivo para concordar? - ela parecia desconfiada, o que não era típico dela.

   - Bom... É... É a única explicação que temos, ne? - Rika-chan me pareceu embaraçada ao dizer isso. Será meramente a minha imaginação?

   - É, é verdade... - dizendo isso, Tohru olhou para o relógio - Nossa! Como o tempo passou rápido! Suzuki-san, você ficará para jantar, ne?

   - Ahnm...

   - Por favor, fique. - eu pus gentilmente a minha mão sobre a dela.

   - Tudo bem, se o Kyon-kun está pedindo... - ela sorriu para mim, corando levemente. Tão linda...

   - Certo, eu irei fazer o jantar, então! - dizendo isso, Tohru saiu em direção à cozinha.

   Enquanto ela preparava o jantar, eu preparei alguns exercícios para a Rika-chan treinar. Nesse meio tempo, eu e Yuki começamos a discutir e lutar novamente; nós realmente não nos damos bem... Bom, isso já é mais que normal.

  Finalmente, uma hora depois, Tohru nos chamou, e nós fomos jantar. Ela tinha feito peixe, prato preferido meu e de nossa convidada. Acho que foi de propósito... Bom, não importa. Depois do jantar, veio a sobremesa; e depois, satisfeitos e cansados de estudar, paramos para conversar. Assim as horas foram passando sem que nos déssemos conta disso, até que Shigure notou, olhando para o relógio:

  - Nossa! Rika-kun, não estou querendo te mandar embora, longe disso, uma convidada tão adorável, tão legal, tão bonita... - eu lhe dei um tapa na nuca, com força. - Ai! Tá, parei! Mas... Já está bem tarde, seus pais devem estar preocupados, não?

  Ao ouvir isso, Rika-chan, que sorria para mim, de repente mudou sua expressão e abaixou a cabeça, tristemente.

  - Não... Minha mãe não... Não se importa...

  - Que é isso! Ela com certeza está sentindo sua falta agora, não?

  - Não, é sério... Minha mãe não... Liga para mim... Ela deve estar é rezando para eu não voltar mais...

  - Suzuki-san, o que está dizendo...? - Tohru a olhava com um olhar de quem estava morrendo de pena.

  - É que... É... É tudo minha culpa... Minha culpa... - eu vi as lágrimas brotarem nos olhos dela, enquanto murmurava palavras desconexas. Não sabia o que fazer; eu queria fazê-la se sentir melhor, mas não sabia como.

  - Por favor, Rika-kun, se acalme... E nos conte essa história direito... O que é sua culpa? - o vira-lata pelo menos uma vez na vida agiu sensatamente e não fez nenhuma piada. Pelo contrário, ele foi gentil com ela, tentando acalmá-la. Acho que, como Tohru, ele sentia pena dela e queria ajudá-la.

  A garota respirou fundo, mas sem conseguir conter as lágrimas. Nós esperamos em silêncio, até que ela se acalmasse o suficiente para falar. Então, inspirando lentamente novamente, ela disse:

  - Tudo bem, eu vou contar... Uma vez, quando eu tinha quatro anos, saí para brincar no jardim e vi meu pai de costas, olhando para o nada; quando o chamei, vi que estava chorando. Eu perguntei o que tinha acontecido, então pude ver o ódio com que ele olhava para mim... Ele me chamou, e eu, inocente, cheguei mais perto. De repente, começou a me bater; eu não entendia o motivo daquilo. O que eu tinha feito, afinal? Meu pai me batia muito, e eu, no desespero, gritei, chamando minha mãe. Ela veio em meu socorro, viu o que estava acontecendo e brigou com ele, diante de meus olhos. E eu fiquei ali, assistindo a cena e chorando muito. Não queria que fosse assim. - Rika-chan agora chorava ainda mais intensamente.

   Eu estava desesperado para consolá-la, mas ao mesmo tempo não sabia o que dizer. Ela continuou:  - Então, depois daquele dia, era só briga atrás de briga, e meu pai sempre que podia dizia... Dizia que me odiava por estar fazendo aquilo. Eu não sabia o que tinha feito para ele me odiar tanto, mas não me atrevia a contar para a minha mãe, com medo.

   "Mas, mesmo que eu não tivesse dito nada, não tinha mais jeito... Eles se separaram, pouco antes de eu completar cinco anos. Contudo, minha mãe amava meu pai e me culpou por causa do que aconteceu. "Seu montro!", ela dizia, "Você fez seu pai me odiar também!". Eu continuava não entendendo, e isso doía, muito mais do que apanhar. Afinal, o que eu tinha feito?

   Ela fez uma pausa, imagino para tentar controlar os soluços que agora sacudiam todo o seu corpo. Nós três a olhávamos com pena, porém ninguém disse nada. Inesperadamente, ela resolveu continuar, chorando ainda mais agora:

  - Chegou um dia em que eu não aguentei mais! Eu tive que perguntar o porquê daquilo! Perguntei para minha mãe, e ela me disse: "Você não percebeu ainda? É uma pequena monstrinha! Quantas crianças você já ouviu falar que tenham olhos como os seus??? Francamente! Você achou que era uma menina normal?" e virou as costas para mim. Eu fiquei ainda mais confusa que antes. Meus olhos?    Então parei para pensar. Tudo bem que a cor de meus olhos era inexplicável, considerando que meu pai tinha olhos castanho-escuros e minha mãe, azuis. Mas mesmo assim, poderia ser esse o motivo? Eu era pequena e, não entendendo nada de genética, achei que aquilo devia acontecer com freqüência por aí, e meus olhos são meio azulados, de qualquer forma. - Rika-chan começou a chorar e soluçar mais ainda, o que eu julgara ser impossível àquela altura, e escondeu o rosto nas mãos. Quase podíamos sentir seu sofrimento. Ela continuou, aumentando o tom de voz, quase gritando:

  - Mas aí anoiteceu, e eu entendi o que minha mãe estava falando! Eu pensei que era realmente normal, mas as palavras da minha mãe chamaram a minha atenção! Eu comecei finalmente a ver a verdade! Eu realmente sou um monstro! Eu acabei com o casamento dos meus pais!! É culpa minha que mamãe seja tão infeliz!! É tudo minha culpa!!! - enquanto gritava isso, ela se encolhia, pondo as mãos na cabeça, como se ela estivesse se protegendo de algo que pudesse cair sobre ela a qualquer momento.

   Eu não tinha entendido muito bem, mas também não importava: não estava suportando vê-la daquele jeito; não sabendo o que dizer, eu simplesmente a abracei. Ela se agarrou à minha blusa, encostou a cabeça no meu peito e ficou ali, chorando desesperadamente enquanto eu lhe acariciava os cabelos. Os outros ficaram nos olhando sem reação. Passou-se um bom tempo, até que Rika-chan se acalmou e, secando as lágrimas dos olhos, se afastou de mim.

  - Ahnm... Desculpe, Suzuki-san, mas... O que quer dizer? - foi Yuki quem perguntou, e eu percebi que ele tentava pesar as palavras, não querendo ser indelicado com ela. Afinal ninguém melhor do que nós, membros do grupo dos doze, para saber como é terrível se considerar um monstro, especialmente eu...

  Rika-chan hesitou. Ela olhou para mim, pedindo apoio sem falar, e eu segurei sua mão. Ainda sem dizer nada, ergueu uma mão, apontando para o interruptor. Por um momento, ninguém entendeu, mas então Shigure, que estava mais perto, estendeu o braço e apagou a luz, deixando a sala iluminada apenas por uma fraca luz que vinha do corredor. Só então nós pudemos entender o que ela quis dizer.

  Mal pude acreditar no que meus olhos viam. Eu olhei para os outros e eles também pareciam incrédulos: Tohru tinha até levado as mãos à boca, como se tentasse evitar gritar. Depois, voltei meu olhar para Rika-chan de novo. Ela tinha abaixado a cabeça e olhava para o chão, mas mesmo assim eu pude ver: os olhos dela brilhavam refletindo a luz, exatamente como os de um felino. E mais: ela tinha orelhas e um rabo de gato, como se eles sempre existissem ali, mas tivessem passado despercebidos antes. "Impossível", eu pensei. Devia ser um sonho muito estranho, logo eu acordaria e riria daquilo. Mas não era sonho, era real demais; eu podia sentir a mão dela na minha.

  - Essa é a minha verdadeira forma. - ela estava com uma voz chorosa e percebi que logo voltaria a derramar lágrimas. Então se virou para mim, com aqueles olhos brilhantes e chorosos: - Eu não queria que você soubesse, Kyo. - e começou a chorar novamente.

  Shigure reacendeu a luz, e imediatamente Rika voltou ao normal. Ela ergueu a cabeça, olhando para mim. E pela primeira vez eu sabia exatamente o que dizer.   - Isso não faz de você um monstro.

  - Ahnm? - ela arregalou os olhos para mim.

  - Ninguém melhor do que eu para te entender, Rika. Você não é um monstro. Uma garota tão doce como você...? Desculpa, mas se há algum monstro nessa história, é seu pai e também sua mãe, por fazerem você sofrer por causa de algo que não é sua culpa. Por favor, Rika, não chore mais.

  - Kyon-kun!

  - É, Suzuki-san, o Kyo tem razão! Você não teve culpa de nada! - Yuki me apoiou.

  - Verdade, Suzuki-san! - Tohru também.

  - Sim, Rika-kun. E, acredite, nós entendemos você. - até mesmo o Shigure, quem diria...

  - Gente... - seus olhinhos verdes "brilharam". - Quer dizer que vocês não vão me expulsar? - e se virou para mim: - Nem se afastar de mim?

  - Claro que não, Rika-chan! - eu ri, sem muito humor. - Eu não viveria longe de você. - e sorri para ela.

  - Arigatou, Kyon-kun! - corando e recomeçando a chorar, ela me abraçou.

  - Ei, ei, não chore! - ah, não! Ia começar de novo?

  Depois disso, Rika ficou mais um pouco conosco e depois eu a acompanhei até a saída do "bosque" onde fica nossa casa. Quem poderia acreditar que ela também guardava um segredo, assim tão parecido com o nosso? Mas uma coisa ainda me preocupava... Ela tinha descoberto nosso segredo. E agora, o que acontecerá? Akito será assim tão cruel a ponto de mandar Hatori apagar a memória dela também?


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Notas finais do capítulo

Nossa! Eu "viajei" muito neste capítulo, ne? >.<"
De onde veio essa ideia maluca de fazer a Rika também ter um segredo desses? Nem eu sei... (risos)
Sei que este não foi um dos melhores capítulos,mas espero que tenham gostado mesmo assim.
Por favor, se possível, comentem! Não custa nada (na verdade, vocês só ganham comentando, ne?) e fará uma pessoinha (eu) muito feliz! ^^
Então por enquanto é isto. Ah! E estejam preparados para um POV da Rika no proximo capítulo! ;D

Obrigada por lerem!
SakuraHime