The Only Exception escrita por Andy


Capítulo 5
O jogo de queimada!


Notas iniciais do capítulo

Enquanto estiver lendo este capítulo, se encontrar alguma palavra japonesa ou alguma coisa marcada com asterisco (*), procure nas notas finais do capítulo.



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  Assim, os dias foram passando, e eu não fazia mais nada além de estudar, comer e dormir; deixei até mesmo de treinar, para aproveitar o máximo de tempo possível para tentar ver se conseguia entender a bendita matéria. Eu acordava cedo, e dormia tarde; isso estava acabando comigo, e mesmo assim eu agia como se estivesse tudo bem, para que ninguém (especialmente a Rika-chan) percebesse nada: não queria responder perguntas e não queria que ela soubesse que eu também não tinha entendido nada da matéria – não quando ela diz que me acha inteligente.

  Quanto às aulas, só prestava atenção mesmo à de Matemática; as outras não me interessavam, e eu ficava revisando a matéria de Álgebra, fingindo que prestava atenção e fazia anotações das aulas. E enfim chegou a sexta-feira. Por mais que eu tivesse me matado de estudar e soubesse agora a matéria de cor e salteado, ainda achava que podia ter feito melhor, ter estudado mais – mesmo que eu soubesse que isso não era verdade, que eu havia dado o melhor de mim e feito tudo o que podia, era assim que eu me sentia.

  Eu ansiava por aquela que seria a última aula de Matemática, antes de ter de explicar para a Rika-chan a matéria; mas antes dela ainda tinha a Educação Física. Era uma das matérias de que eu mais gostava, porque pelo menos tinha um pouco de ação, porém naquele dia tudo o que eu queria era que passasse o mais rápido possível.

  Estávamos todos esperando pelo professor na quadra, enquanto as (poucas) meninas que eram líderes de torcida também aguardavam que sua professora chegasse, do lado de fora da quadra. Rika-chan, é claro, era uma dessas meninas. De repente, percebi que a professora de História vinha em direção à quadra. Não me diga que a aula de Educação Física foi substituída por História!

  – Alunos! Alunos! Sua atenção, por favor!

  Lentamente e com o maior desânimo, todos foram se dirigindo ao lugar onde nossa “amada” professora se encontrava. Então, quando todo mundo já estava lá, falando ao mesmo tempo, perguntando do professor, ela pediu silêncio e explicou:

  – Não serei eu quem dará aula a vocês agora. – (aqui, alguns não puderam se conter e deixaram escapar um suspiro de alívio) – Mas o seu professor viajou para uma cidade próxima para assistir a algumas palestras e deve estar de volta já na semana que vem... Por hoje, vocês vão... – mas foi interrompida.

  – E quanto a nós? – foi Rika-chan quem perguntou, se referindo às líderes de torcida.

  – Querida, não me interrompa! – o tom de voz dela sugeriu que Rika-chan não era nada “querida” por ela. Eu lhe lancei um olhar mortal. Agora eu gostava menos ainda daquela mulher. – Como eu dizia, por hoje todos vocês vão fazer um jogo de queimada. Meninos contra meninas. – (aqui, alguns começaram a dizer que não era justo, que os garotos eram muito mais fortes e podiam acabar machucando as garotas, mas a professora os calou com um gesto) – O zelador da escola irá fiscalizar o jogo, para garantir que ninguém fique à toa. E com todos, eu me refiro também às líderes de torcida, entendeu, Suzuki-san? A professora de vocês também foi assistir às palestras. E troquem essas roupas indecentes! – dizendo isso, ela se virou, resmungando algo parecido com “Como a escola deixa que elas usem aquelas saias super curtas? Se eu fosse a diretora...” e seguiu para encontrar a pobre turma que a aguardava. Rika-chan se encolheu quando ela se dirigiu a ela com tanta rispidez, e eu cerrei os punhos, tentando me controlar, porque a vontade que eu tinha era de esganar aquela mulher. Como ela ousava tratar uma garota tão doce como a Rika-chan daquela maneira?

  Ela ia saindo, meio assustada, para trocar de roupa no vestiário feminino, rodeada por suas amigas, mas eu a alcancei bem a tempo.

  – Rika-chan!

  Ela se virou para mim, e as amigas dela começaram a dar irritantes risadinhas; nós dois coramos.

  – Kyon-kun...

  – Não ligue para aquela megera velha! Ninguém gosta dela, você sabe... É uma mulher horrível! – eu nem sabia bem o que dizer, mas não queria vê-la daquele jeito. Para meu alívio, parece que minhas palavras tiveram o efeito desejado, porque logo em seguida ela sorriu para mim.

  – Obrigada, Kyon-kun! Agora vou me trocar, para o jogo de queimada... – e sorrindo mais uma vez, acompanhou as amigas, que davam risadinhas e faziam comentários que eu não podia ouvir, ao vestiário.

  “Mas estava muito linda...”, eu murmurei, não conseguindo parar de olhar para ela, até que sumisse de vista. Depois fiquei apenas esperando para que pudéssemos começar logo. Queimada, eu era bom nisso... Mas, infelizmente, não teria a chance de queimar o ratinho enjoado... De repente, me ocorreu que Rika-chan podia se machucar, e eu me preocupei com isso. O que eu não sabia é que essa preocupação era totalmente desnecessária...

  Quando as líderes de torcida voltaram, agora com o outro uniforme de Educação Física, o zelador mandou-nos começar o jogo logo de uma vez. Garotos versus garotas, uma luta um tanto quanto injusta. Tohru, desastrada do jeito que é, foi a primeira a ser queimada na equipe das garotas, por ninguém mais, ninguém menos que Yuki. Acho que ele teve a mesma ideia que eu tive para proteger a Rika-chan: “Vou queimá-la logo, antes que outro alguém faça isso, é só não usar muita força, e ela não se machucará.” Mas não seria tão fácil quando imaginei...

  Depois que Tohru foi queimada, a equipe das garotas ficou com a bola, e os garotos tiveram que desviar. Eu, como sempre, apenas fiquei longe da multidão, sabendo que dessa forma estaria a salvo: as pessoas sempre tentam jogar a bola nas aglomerações, porque a possibilidade de acertar alguém é muito maior. Eu nem prestava muita atenção ao jogo, até que Rika-chan tomou a posse da bola; eu a vi lançar outro olhar mortal ao Yuki (que, como eu, tentava se manter longe das aglomerações de alunos que tentavam se esconder uns atrás dos outros) e compreendi o que ela pretendia: era especificamente ele que ela queria queimar, e não qualquer garoto; por algum motivo, ele era o alvo dela. Só não entendi o porquê disso.

  Então ela jogou; Yuki, pego de surpresa, só conseguiu se desviar por pouco, e Tohru, que já havia sido queimada, recuperou a bola e tentou atirá-la para as companheiras, mas Iwasaki-san, um garoto de nossa equipe, conseguiu pegar e queimou outra garota. Uotani, amiga de Tohru que é ex-membro de uma gangue de delinquentes, xingava Iwasaki-san, e algumas garotas reclamavam com Rika-chan por sua “burrice”, mas ela não estava sequer ouvindo: mantinha os olhos fixos em seu alvo.

  Iwasaki-san conseguiu queimar outra garota, e elas recuperaram a bola, conseguindo queimar mais um garoto... E assim o número de pessoas em cada equipe foi diminuindo. As garotas não deixavam mais Rika-chan pegar a bola quando podiam evitar, mas sempre que isso acontecia, ela tentava acertar o Yuki. Infelizmente, tenho que admitir, ele é bastante ágil e conseguiu escapar por um triz várias vezes, até que, quando restavam apenas cinco de nós no time dos garotos e seis garotas, Rika-chan finalmente conseguiu acertá-lo, por mais que ele tenha tentado desviar. Yuki simplesmente sorriu e foi para o outro lado da quadra, onde ficavam os que tinham sido queimados. Ela lhe lançou outro olhar mortal. Eu a entendi: esse jeitinho “gentil e educado” dele irrita muito!

  Depois que Rika-chan queimou o Yuki e deixou de persegui-lo, ela se mostrou uma ótima jogadora, porque, além de continuar com as ótimas defesas, ela também conseguiu queimar outros dois garotos, de modo que só sobramos eu e o Saito-san na equipe. Então Saito-san conseguiu queimar mais uma garota, e eu duas, de forma que só sobrou a Rika-chan. Ela, para vingar a amiga que ele tinha queimado (que era uma das melhores amigas dela), acertou a bola em Saito-san, e só restei eu na equipe dos garotos também.

  Os olhos dela faiscaram para mim, e só então eu fui compreender: estávamos lutando um contra o outro agora. Eu não queria isso. Então, quando Saito-san atirou a bola para mim, e eu a peguei, fingi tropeçar em mim mesmo e errar sem querer – mas ela percebeu:

  – Ah, Kyon-kun, você pode fazer melhor que isso! Vamos, isto é um jogo! Se quiser ganhar, vai ter que tentar me acertar! E, acredite, não vou pegar leve com você só porque é meu melhor amigo. Então não é para continuar errando de propósito também! – e deu um sorrisinho desdenhoso, enquanto me lançava um olhar de desafio.

  As garotas deram vivas à Rika-chan, e os garotos começaram a gritar para eu “largar de ser idiota e ganhar logo esse jogo”, “não a deixar humilhar os garotos assim” e “mostrar que nós somos melhores que elas”. Aquilo foi demais para mim, afinal eu tinha meu orgulho, ne?

 – Ah tá! Você é quem pediu! Depois não venha chorar dizendo que a culpa é minha tá? – e lancei um olhar mortal para ela.

  As amigas delas vaiaram; os outros me apoiaram, gritando.

  – Até parece! – e jogou a bola.

  Eu desviei. Aquilo para mim era moleza: a agilidade é uma das características do gato. Infelizmente, Rika-chan herdou essa característica também. Nós dois éramos esplêndidos jogadores e nunca nenhum dos dois conseguia acertar o outro, mesmo que escapasse por um fio. A cada instante, o jogo ficava mais cansativo para nós e mais emocionante para a torcida (que agora já tinha até inventado musiquinhas e gritos de guerra).

  No fim, o sinal bateu, e o jogo terminou em empate. Vários colegas que normalmente não falavam comigo vieram me parabenizar, e as amigas se reuniram em torno da Rika-chan. Então, enquanto todos se dirigiam aos vestiários para trocar de roupa, ela veio falar comigo.

  – Foi um bom jogo, ne?

  – É...

  – Mas saiba que se o sinal não tivesse batido, eu teria ganhado!

  – Ah! Até parece! – eu disse, em tom de deboche.

  – Lógico que ia! Eu já estava quase ganhando! – ela estava deixando todo aquele jeitinho doce dela para trás.

  – Não, eu estava! Teria ganhado se não tivessem interrompido o jogo!

  – Não estava! De qualquer forma, no próximo jogo eu vou acabar com você! – ela lançou um olhar mortal a mim.

  – Quero só ver! – eu retribuí o olhar mortal. Perdendo totalmente a cabeça e sendo grosso com ela novamente. Tenho um gênio muito forte, como vocês já devem ter percebido. Ela também tem.

  – Ótimo! É só esperar! – e, batendo o pé, foi em direção ao vestiário feminino.

  Eu fui trocar de roupa também. Enquanto fazia isso, tive tempo para refletir e me arrependi profundamente de ter sido tão rude com a Rika-chan. Queria pedir desculpas antes da aula começar, mas demorei demais no vestiário e tive que correr para a classe antes que o sinal batesse. Assim, eu passei a aula toda de Matemática aborrecido, e nem consegui me concentrar direito. Quando acabou, corri a falar com ela:

  – Rika-chan!

  – Hnm? ­– ela se virou para mim, com uma carinha irritada. Isso me desconcertou. Esqueci o que ia falar.

  – Er... – então eu me desesperei. Sem saber o que dizer, simplesmente a abracei.

  – Kyon-kun?

  – Me desculpa... – eu disse ao ouvido dela – O que acha de deixarmos a disputa só para o próximo jogo? – as palavras simplesmente vinham à minha mente, e eu as repetia, surpreendendo a mim mesmo.

  – Claro... – e começou a fazer carinho em meus cabelos.

  Nessa hora, alguém pigarreou alto. Yuki.

  – Ahnm... Desculpa interromper o casalzinho apaixonado, mas nós temos que ir.

  – Não somos um casalzinho apaixonado!! – nós dois replicamos, em uníssono, ambos corando.

  Durante todo o percurso até nossa casa, Rika lançava olhares mortais ao Yuki enquanto andava ao meu lado. Quando enfim chegamos e entramos na sala, eu desejei que Shigure ao menos uma vez na vida agisse como uma pessoa normal. Mas foi em vão.

  – Seja bem-vinda à minha humilde casa!!! – ele chegou “dançando” e fez uma reverência muito exagerada. – Sou Sohma Shigure, chefe desta casa!

  Ela riu e o cumprimentou.

  – Boa noite! Sou Suzuki Rika, amiga e colega de classe do Kyo.

  – Ele tem muita sorte! Você é muito bonita! – disse ele, sorrindo.

  Naquele momento, eu tive vontade de voar nele e matá-lo. Não que ele estivesse mentindo. Rika-chan é linda: além de ter aqueles lindos olhos felinos, tem o cabelo preto comprido até metade das costas, muito liso, e é alta. E o jeito normalmente meigo dela contribui ainda mais para que ela seja completamente maravilhosa... Mas mesmo assim Shigure não devia falar isso! O que ela ia pensar de mim?

  – Ah... Obrigada! – ela sorriu, ficando levemente corada. Eu podia adivinhar quais eram seus pensamentos.

  – Então, você veio estudar, ne? Isso pede um chá! – Shigure exclamou daquele jeito dele todo animado.

  – É mesmo! Vou preparar! – Tohru se levantou bruscamente e foi em direção à cozinha.

  – Leite para mim, Tohru! – eu avisei.

  – Tudo bem, Kyo-kun!

  – Er... Para mim também, se não tiver problema... – pediu timidamente a visitante.

  – Claro, Rika-chan! Os outros querem chá, ne?

  – Leite para todo mundo, então! Vamos acompanhar a Rika-kun! – Shigure sorriu para Tohru, que saiu da sala. Eu lhe lancei um olhar irritado; ele não devia chamar Rika-chan pelo primeiro nome, considerando que acabou de conhecê-la, mas ela pareceu não se importar com isso...

  – Então, Kyon-kun, você entendeu a matéria...?

  – Sim, consegui entender... Na verdade é bem simples se você...

  – Ficar acordado até 3h da manhã trancado no quarto estudando? – o vira-lata completou a minha frase.

  – Shigure!!! – eu realmente perdi a paciência desta vez: não era para ela saber!!

  – Ué, mas é a verdade, não? – Yuki resolveu se meter também. Ótimo!

  – Ah, não se meta, rato nojento! – a essas palavras, os outros dois prenderam a respiração, e só então eu notei. Chamara Yuki de rato. Ops! Mas Rika-chan pareceu não perceber nada, ainda bem! Pelo contrário, ela parecia totalmente alheia ao que eu tinha dito.

  – Kyon-kun... – e olhou feio para mim – Você não esteve por acaso se matando de estudar só para me ensinar, esteve?

  – Não, eu ia mesmo estudar para a prova... – ainda bem que eu sabia mentir convincentemente.

  – Ah, então tudo bem... Eu não ia gostar que você tivesse se esforçado demais por minha causa. – e sorriu docemente para mim.

  – Er... Será que a Tohru morreu? Vou verificar! – Shigure se levantou e saiu dançante para a cozinha.

  Pouco depois, os outros voltaram, trazendo copos de leite para todo mundo. E mais tarde, quando viu que ninguém queria mais conversar, o vira-lata se deu por vencido e começou a trabalhar em seu próximo livro, deixando-nos estudar em paz.

  Tudo ia muito bem, até que resolvemos fazer uma pausa, e Yuki se levantou para ir beber água na cozinha. Rika-chan resolveu ir ao banheiro e se levantou também. Depois tudo foi muito rápido: Rika-chan tropeçou no pé da mesa e acabou sem querer esbarrando em Yuki, que se transformou.

  Naquele instante, o desespero tomou conta de mim: eu tinha que desviar a atenção da Rika-chan para outra coisa, mas nada me vinha à cabeça. Ou melhor, vários pensamentos passavam em alta velocidade por minha mente, e assim eu não conseguia pensar em nada realmente. E se ela descobrisse o segredo? Akito mandaria Hatori apagar a memória dela? Eu seria proibido para sempre de falar com ela? Ela esqueceria tudo sobre mim? Não!!! Eu não queria isso!!! Mas pareceu-me que era tarde demais agora, ela iria descobrir o segredo, e eu não poderia fazer nada a respeito. Era o começo do fim.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram deste capítulo? Pareceu mera enrolação, ne? Bom... Realmente, eu resolvi "enrolar" mais um pouco antes da Rika descobrir o segredo, mas é que achei que assim ficaria mais interessante a história. E vocês têm que admitir que o jogo de queimada até que foi legal (bom, ao menos eu espero que tenha sido '-')! XD
No próximo capítulo, Rika enfim descobre o segredo, qual será sua reação? Estejam prontos para a história de Suzuki Rika da próxima vez! ;D

Por favor, comentem! Não custa nada! ^-^

Obrigada por lerem!
SakuraHime